Cresce apoio a ideias progressistas e à esquerda, diz levantamento

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (03) pelo Instituto Datafolha mostra que o brasileiro retomou o equilíbrio entre posições políticas, com 40% da população dizendo ser de centro-esquerda e esquerda, diante de 41% de centro-direita e direita.
 
O levantamento foi feito três anos após o último que buscou traçar como pensa os eleitores brasileiros e suas inclinações ideológicas e políticas. Em setembro de 2014, 45% se alinhava à direita frente 35% que se posicionavam como esquerda.
 
O questionário feito com 2.771 pessoas, entre os dias 21 e 23 de junho, também mostrou que o crecimento da esquerda está relacionado ao aumento do apoio a ideias de viés mais progressistas, em contrapartida às denominadas conservadoras.
 
São 77% dos entrevistados os que acreditam que a pobreza está relacionada à falta de oportunidades iguais para todos. Há três anos, a porcentagem era de 58%. Já aqueles que acreditam que a pobreza é vinculada à preguiça para trabalhar caiu de 37% para 21%. Também houve um acréscimo daqueles que são tolerantes à homossexualidade (74%), aceitação de migrantes pobres (70%) e rejeitam a pena de morte (55%). 
 
De acordo com o cientista político e professor do curso de administração pública da FGV, Cláudio Couto, o resultado da pesquisa DataFolha mostra que a direita não obteve benefício com a queda de Dilma Rousseff.
 
“As medidas de ajuste propostas após a queda de Dilma são muito duras e ainda não demonstraram efeitos nítidos para a população. Isso abalou a imagem da direita. E ficou comprovado que o PT não detinha o monopólio da corrupção”, disse à Folha.
 
E, para além dos posicionamentos de esquerda ou de direita, as opiniões relacionadas a ideias progressistas não representam um única bandeira, disse Couto. “Esses valores foram se tornando mais abrangentes, não apenas bandeiras exclusivas da esquerda. A direita também foi se apropriando dessas causas. Ao mesmo tempo, o discurso radical foi se deslegitimando na sociedade.”
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Que os céus ouçam isso e ajudem…

    A longo prazo, a única esperança de mais justiça social e menos opressao por outras causas reside na maior e melhor consciência coletiva.

    1. Mudanças

      Para um país com tais contradições como o nosso não há outra saída. E não é por divergência ideológica, eu me considero um conservador, religioso e contra radicalismos. Porém, querer perpetuar as condições de um Império colonial escravista é de uma cegueira atroz, um passaporte para o desastre social, a negação da paz. Não há outro caminho, há que se corrigir nossas distorções e contradições internas, lutar pela dignidade e não pelos privilégios de classes dominantes e obtusas. Pelos caminhos pacíficos, antes que seja tarde.

  2. “O resultado é baseado em

    “O resultado é baseado em índice criado a partir das respostas a 16 perguntas. É de esquerda, por exemplo, quem responde que a pobreza ‘está ligada à falta de oportunidades iguais’. A resposta da direita é que a pobreza ‘está ligada à preguiça de pessoas que não querem trabalhar’. A resposta de que a pobreza é consequência de desequilíbrios estruturais do capitalismo não é uma alternativa.

    Questões sobre economia, sobre direitos e sobre valores são misturadas livremente. Foi considerado de direita quem concordou com a afirmação ‘quanto menos eu depender do governo, melhor será minha vida’, interpretada como uma oposição aos programas sociais. Mas quem discordaria dela, sabendo que os benefícios recebidos do Estado podem a qualquer momento ser ameaçados por algum governo golpista? Melhor não depender mesmo.

    Em suma, a pesquisa é um planetário dos erros metodológicos e da ingenuidade epistemológica que caracteriza grande parte dos surveys e da construção de índices, algo sobre o qual falei outro dia. Creio que seu valor como perscrutação das posições ‘ideológicas’ (posição no eixo esquerda-direita não é ‘ideologia’, mas essa é outra discussão) dos brasileiros tende a zero.”

    — Luis Felipe Miguel

    https://www.facebook.com/luisfelipemiguel.unb/posts/10209666763646784

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