Bloqueada, Telexfree contrata Bruno e Marrone para tocar em cruzeiro

Do iG

Mesmo com bloqueio, Telexfree terá cruzeiro com show de Bruno e Marrone
 
Empresa, acusada de ser pirâmide financeira, teria pago R$ 500 mil; dupla não comenta
 
Vitor Sorano
 
A dupla sertaneja Bruno e Marrone foi contratada para fazer três shows num cruzeiro da Telexfree , empresa acusada de ser uma pirâmide financeira . O cachê, que seria de R$ 500 mil, já está pago. O 2º Extravaganza Telexfree acontece nos dias 15 a 18 de dezembro.
 
“A gente fez até um preço legal para eles”, disse um representante do escritório que representa a dupla, sem saber que falava com a reportagem. O contrato teria sido firmado “em maio ou em junho”, afirmou. Metade do cachê foi pago no ato. “Eles demoraram um pouquinho, mas honraram o compromisso [ e quitaram o resto ]. Mas eles pagaram direitinho.”

 
Devedores 
 
A Telexfree está com as contas bloqueadas desde junho por decisão da 2ª Vara Cível do Acre. O congelamento alcança também os sócios Carlos Wanzeler, Carlos Costa, James Merryl e Lyvia Wanzeler.
 
Desde então, a Telexfree deixou de pagar seus divulgadores, como são chamadas as pessoas que colocaram dinheiro no negócio. Até o início de outubro, ao menos 50 conseguiram , na Justiça, o direito de reaver o investimento, mas as decisões não estão sendo executadas em razão do bloqueio judicial.
 
Procurados, os representantes da Telexfree não quiseram comentar as informações sobre o contrato com a dupla de sertanejos. Eles sempre negaram irregularidades nas atividades. A assessoria de imprensa de Bruno e Marrone confirmou apenas a realização do show, mas não o valor e as datas dos pagamentos.
 
Extravaganza
 
A imagem da dupla sertaneja foi usada para simbolizar que a situação da Telexfree está melhor. No último domingo (20), a empresa postou numa rede social a foto dos cantores com a frase “Os ventos voltam a soprar a favor da Telexfree”. Em outra imagem, Marrone aparece autografando uma camiseta da Telexfree.
 
O 2º Extravaganza Telexfree, que será realizado pela MSC Cruzeiros, não é o único grande evento que a empresa vai realizar apesar do bloqueio. Nos dias 1º e 2 de novembro, a empresa fará o “1º Extravaganza USA”, nos Estados Unidos, onde os donos da empresa no Brasil fundaram, em 2002, um negócio que mais tarde foi rebatizado de Telexfree Inc.
 
Pirâmide financeira 
 

No Brasil, a Telexfree foi criada em 2010, mas só deu início às suas atividades efetivamente em 1º de março de 2012, de acordo com a Justiça do Espírito Santo, onde fica a sede da empresa. Desde então, cerca de 1 milhão de pessoas pagaram para aderir ao negócio, com a promessa de lucrar na revenda de pacotes de telefoniaVoIP , na colocação de anúncios na internet e no recrutamento de mais revendedores.

Os representantes da empresa afirmam que o negócio se trata de marketing multinível, um modelo legal de varejo em que representantes autônomos são premiados pelas vendas de outros representantes. Mas para o Ministério Público do Acre (MP-AC), responsávelo pelo pedido de bloqueio, a Telexfree é, possivelmente, a maior pirâmide financeira da História do País.

Em ação civil pública proposta logo depois do congelamento das contas, o MP-AC pede o fim da Telexfree e a devolução das verbas aos divulgadores. O caso, entretanto, ainda não foi julgado nem tem data para ocorrer. No início de outubro, a defesa da empresa conseguiu uma decisão que permitirá a análise do bloqueio peloSuperior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) .

O caso chamou a atenção para a existência de uma série de outros negócios apresentados como marketing multinível, mas que levantaram suspeitas de promotores e procuradores da República. Cerca de 80 empresas estão sob escrutínio e, além da Telexfree, outras três – BBom , Priples eBlackdever – já tiveram as contas congeladas. Nenhuma delas admite irregularidades.

 

Redação

2 Comentários

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  1. Propaganda exagerada de lucros

    Do Terra

    24 de Outubro de 2013•16p0 • atualizado às 16p2
    Advogado da Telexfree reconhece propaganda exagerada de lucros

    De acordo com nota divulgada pela Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, o advogado André Andrade, representante da Telexfree, disse aos deputados da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) que no Acre houve uma publicidade exagerada de lucros excessivos para quem entrasse como vendedor da empresa, o que poderia dar a impressão de pirâmide financeira. Contudo, segundo a nota, o advogado afirmou que a empresa condena essa prática.

    Andrade afirmou à comissão que a Telexfree ganha dinheiro com mensalidades do serviço de voz pela internet, e não com taxas de adesão, além de informar que a empresa tem patrimônio de R$ 72 milhões, registrados em seu nome.

    Entenda
    A Justiça do Acre impediu em junho a atividade da TelexFree sob pena de R$ 100 mil a título de multa por nova adesão por considerar que a empresa atuava com o intuito de formar uma pirâmide financeira.

    No início de julho, os advogados da empresa levaram o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na tentativa de derrubar a liminar, mas o STJ decidiu que ainda falta esgotar a instância judicial local para que o STJ possa avaliar qualquer medida urgente relativa ao caso.

    A empresa alega que a atividade não é “pirâmide financeira”, mas sim marketing de rede, fato que o STJ não pode avaliar no processo porque envolve análise de circunstâncias factuais. De acordo com a medida cautelar pedida pela empresa, a TelexFree atua desde 2012 e tem alto grau de satisfação entre usuários e divulgadores. Para a empresa, a ação civil pública movida pelo Ministério Público do Acre seria com base em “ocorrências isoladas” registradas no Procon local. A medida cautelar impediria “grave dano”, como a quebra da empresa.

    Segundo o Ministério da Justiça, a empresa estaria ofendendo os princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor, como o dever de transparência e boa-fé nas relações de consumo, além de veiculação de publicidade enganosa e abusiva. Caso seja confirmada a violação aos direitos e garantias previstos no Código de Defesa do Consumidor, a empresa poderá ser multada em cerca de R$ 6 milhões.

  2. Pirâmide continua

    Nassif, só para informar, o pessoal continua vendendo a pirâmide. Basta clicar na bandeirinha dos EUA no site que consegue fazer tudo como era antes. Estão burlando a liminar!

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