Sufoco nacional no transporte público, aponta pesquisa do Idec

O Idec testou o transporte público em Recife e no Rio de Janeiro e constatou que os serviços são bastante problemáticos: foram identificadas quase 500 irregularidades nos ônibus e no metrô das duas cidades

Demora e superlotação. É fácil saber do que estamos falando, pois basta embarcar no metrô ou no ônibus em horários de pico para deparar com uma dessas situações (ou com as duas juntas). O cenário, infelizmente, é uma realidade nacional. É o que mostra a segunda etapa da pesquisa do Idec sobre transporte público, que, desta vez, avaliou os ônibus e o metrô de Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ).

Os resultados agora foram muito piores do que os da primeira pesquisa, que testou os serviços em São Paulo (SP) e em Belo Horizonte (MG): no total, foram identificadas 490 infrações, ante a 146 da anterior. “A quantidade muito maior de irregularidades se deve, por um lado, ao fato de que essas duas capitais contam com vasta legislação relacionada ao transporte público. Mas, por outro, também indica que as regras que visam à prestação de um bom serviço são amplamente desrespeitadas”, explica João Paulo Amaral, pesquisador do Instituto responsável pelo levantamento.

Amaral destaca que os problemas identificados na capital pernambucana e na fluminense são similares aos já constatados em São Paulo e BH. “Isso mostra que o desrespeito aos usuários é um problema em todo o país”. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2011, confirma essa percepção. Segundo o levantamento, cerca de 40% da população brasileira desaprova o transporte de sua cidade, considerando-o ruim ou muito ruim. “A insatisfação reforça que é necessário conscientizar os passageiros para que possam exigir um transporte digno e de qualidade”, diz o pesquisador.

Entre as centenas de irregularidades identificadas no Rio e em Recife, algumas são bastante graves e chegam a ameaçar a segurança dos passageiros. Outros problemas são mais brandos, mas também afetam a qualidade e a utilização do transporte. Veja os resultados a seguir.

COMO FOI FEITA A PESQUISA

Com o apoio da ClimateWorks Foundation e do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, na sigla em inglês), a pesquisa avaliou a qualidade do serviço de ônibus e de metrô em Recife (PE) e no Rio de Janeiro (RJ), capitais que figuram entre as cinco maiores regiões metropolitanas do Brasil. Foram considerados parâmetros relacionados à estrutura do ponto ou da estação, à estrutura do meio de transporte, à qualidade da viagem e do atendimento ao usuário, todos baseados em regulamentos específicos do transporte de cada cidade e também nas regras previstas no Código de Defesa do consumidor (CDC).
Nos ônibus, os testes foram realizados por pesquisadores entre os dias 19 e 26 de março, nos horários de pico matutino e noturno (entre 7h e 10h e entre as 17h e 20h). Os trajetos (10 no total) foram definidos com base na densidade demográfica e comercial do município. No caso do metrô, foram realizadas de oito a dez viagens em cada cidade no decorrer dos horários mais críticos.

Confira a pesquisa na íntegra aqui.

Redação

16 Comentários

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  1. Moando em BH vejo diariamente

    Moando em BH vejo diariamente as imagens do trânsito pela manhã nos dois corredores que focalizam – Cristiano Machado e Antonio Carlos – coincidentemente onde estão sendo implantaadas as linhas do BRT. Simplesmente vemos o coredor do BRT vazio e as vias laterais (carros e outros ônibus) engarrafadas. Eu sinceramente desejo ver outra realidade, ainda mais depois dos incentivos oferecidos a décadas a aquisição de carros – que ao que paece virão mais. Mas acho que o planejamento não é o forte de BH. E estou sendo extremamene generoso.

  2. Eu, como usuária do metrô e

    Eu, como usuária do metrô e ônibus no Rio, afirmo categoricamente que a qualidade de vida do carioca despencou nos últimos anos devido a piora no transporte publico e no transito . As pessoas sao tratadas como gado, a lotação favorece apenas os empresários e o poder publico é conivente com essa situação . O transito é caótico porque ninguém que tenha carro vai querer se sujeitar à um transporte publico tão ruim e caro. Se eu colocar na ponta do lápis, sai mais em conta o G V gasto no meu deslocamento até o trabalho do que as passagens que eu gasto. Se eu dirigisse, certamente usaria o carro

  3. Quanto a ônibus lotados,

    existe ainda um aspecto de economicidade neste conturbado relacionamento passageiro x empresa: como quase sempre o preço da passagem é definido externamente à empresa de ônibus, diferentemente do que ocorre nas voadoras, as empresas, por questão de sobrevivência, tem que obter lucro de alguma forma. E ônibus lotado é que dá lucro, caso a receita da empresa é por passagem, e não por viagem.

    A grande maioria do tráfego de passageiros é um pouco antes e um pouco depois do chamado “horário comercial”. Fora dessas faixas de horário, muitas empresas recolhem ou paralisam os seus ônibus, pois uma viagem com poucos passageiros acaba não pagando as despesas geradas. 

    Por exemplo, em Belo Horizonte, do lado oposto ao BH Shopping existe o Supermercado Extra, e na frente dele, fora do horário comercial costumam estar parados uns 10 ônibus da mesma linha praticamente o dia inteiro. Estão lá, porque não geram receita se trafegarem e se fossem recolhidos à garagem, gerariam despesa para chegar ao final da linha e pegarem passageiros.

  4. Sufoco nacional

    Sufoco nacional generalizado.

    E as propagandas politicas na tv?

    Cinismo, deboche, substimando com a inteligencia do telespectador.

    Sera que alem do cinismo eles não tem um pouquinho de criatividade?

  5. de vitória a BH,

    os buzus velhos dos capixabas são enviados a BH, pois a legislação daqui ES, não permite uso superior a 5 anos, ja em MG, eles aceitam tolerantimente os velhos daqui.

  6. Sufuco nacional do transporte

    Sufuco nacional do transporte público.

    Falando dessa maneira dá a impressão que a culpa é do governo federal, como já vi muitos maus informados dizerem.

    A concessão do transporte público é dado pela prefeitura ou pelo estado, portanto, o governo federal está fora.

    1. “… portanto, o governo federal está fora”.

      “… portanto, o governo federal está fora”.

      Está fora nada!!

      “Falando dessa maneira dá a impressão que a culpa é do governo federal”

      E também é mesmo! Não dá mais para fingir que isso é um problema municipal, ele afeta duramente a totalidade das cidades brasileiras, desconheço exceção. A contribuição do governo federal para o problema está na sua omissão. Lava as mãos ao fazer uma interpretação burocrática do problema: estabelece que a questão é da esfera municipal e ponto final, tira o corpo fora por faltar coragem para enfrentar a questão. A maioria da população do país vive nas áreas urbanas, necessita de um transporte coletivo eficaz, que não encontra nos sistemas implantados nas cidades brasileiras. Não há exceção, a tragédia do péssimo serviço de transporte coletivo urbano é realidade cotidiana, na vida da imensa maioria dos brasileiros, as autoridades federais não têm o direito de se omitirem, de fingirem que não é com elas. Cadê o congresso, onde está o executivo e seu ministério das cidades que não atuam? A questão dos precários transportes urbanos deve ser enfrentada como uma pandemia, trata-se de uma tragédia que afeta todas as cidades brasileiras, as autoridades federais não podem se omitir diante de uma pandemia que varre o país. Entenda, os problemas comuns às cidades e, portanto, aos cidadãos, eles são problemas federais.

      Como pode um governo dito “popular”, que sabe muito bem criar incentivos ao automóvel, que somente aumentam o faturamento e lucro de corporações multinacionais automobilísticas a custa do engarrafamento das cidades, se esquecer dos mais humildes que dependem do transporte público precarizado? Qual direito tem o governo federal de se omitir, diante de um problema social que afeta no cotidiano – todo dia é um sacrifício – a vida da maioria da população urbanizada do país?

      É preciso, ao lado de disponibilizar recursos para o sistema, lançar medidas políticas de coragem cívica, para suprimir o atual modelo privado de transporte público ineficiente, social e moralmente falido, corrupto e trágico ao povo brasileiro. Colocar recursos no sistema nefasto existente não resolverá o problema. Onde o sistema de transporte coletivo funciona a contento ao redor do mundo, ele é um serviço estatal, a começar pelas sedes do capitalismo neoliberal, Nova York e Londres, aquelas que derramam pregações privatizantes mundo afora. Já mais do que passou a hora de estatizar o negócio, simples: o modelo privado de transporte público não funciona! Sacrifica o povo nas cidades. Isto é constatado na prática diária brasileira, no flagelo que o sistema impõe aos usuários e, também, aos não-usuários, que perdem horas em trânsitos super-engarrafados. A prova é recolhida, todos os dias, por qualquer um que vive nas grandes cidades do país, e fica mais evidenciada ainda a ineficácia do sistema, quando se compara seu funcionamento com modelos estatizados de outros países, então, por que não estatizar? Impeditivo ideológico?

  7. Aqui no ES,

    Na grande vitória temos um dos melhores atendimentos aos usuários do país, senão for o melhor, não vou entrar em detalhes; mesmo assim temos a convivência diária com os atrasos e ônibus lotado, não é a quantidade, nem a qualidade dos veículos, mas sim primeiramente das vias mal planejadas e sinalizadas e o conlui do governo a políticos e sindicato em manter os ganhos financeiros as partes; Queria que todo usuário soubesse que o transporte é público,  mas os ônibus é privado; alguém ja viu algum empresário reclamar que colocaram fogo em um de seus ônibus? claro que não, pois o governo paga outro, com o dinheiro do povo, da saude, da educação; isso serve também para os puladores de roleta, os empresários jamais perdem receitas; então vamos vivendo assim, um enganando o outro e o cidadão que pode compra um carro e deixa parado no trânsito ou fica perdido numa bliz da PM, pois policial tem porcentagem por autuação.

  8. Direitos do Consumidor

    Por ter sido feita pelo Idec, essa pesquisa me fez pensar o seguinte: por que os PROCONS não se encarregam de atender reclamações de usuários do transporte público?

    Os serviços de telefonia são fornecidos, ops, vou utilizar uma palavra mais adequada, explorados por empresas privadas, que têm a concessão do poder público.  Essas empresas estão sempre entre as mais reclamadas nas estatísticas dos PROCONS.

    Os serviços de transporte também são explorados por empresas privadas e cooperativas, também mediante concessão do poder público.  A qualidade é tão péssima quanto a das telefônicas, com o agravante de que no transporte há risco à vida e à integridade física dos consumidores.

    Lembrando que os PROCONS têm poder inclusive para multar as fornecedoras de produtos ou serviços por descumprimento ao Código de Defesa do Consumidor.

    Talvez esteja faltando orientação aos usuários para formalizarem reclamações sobre o assunto, ou os PROCONS não se atentaram a esse setor da economia, ou, ainda, estão fazendo vista grossa, para não mexer em vespeiros.

  9. No transporte falham todos os poderes

    Em BH poderíamos ter mais percursos do metrô – se os que deveriam tê-lo expandido cressem que teriam de usar adequadamente o dinheiro destinado às obras sob pena de serem incomodados, presos, esculhambados pelo Ministério Público, AGU,  Justiça, PF e mais quem fosse. Como tinham certeza de que nada lhes aconteceria, dinheiro veio mas obras correspondentes não foram tocadas, ou foram começadas e paralizadas.

    Nos tempos do Newton Cardoso propagandeou-se a instalação em BH do frescão (apelido do ônibus elétrico, que captava a energia com uma espécie de chifre). Alguns exemplares foram comprados, algumas pistas foram abertas…

    e nada.

    Ao tentar contar  a  história daquelas obras iniciadas mas não terminadas, o jornal Estado de Minas sofreu uma ação judicial do Newton – que ganhou a causa. Dali em diante não mais se falou do período do Newton Cardoso no governo de Minas.

    O governo federal libera toneladas de dinheiro para novas expansões do transporte urbano (ou, pelo menos, anuncia isto ao quatro ventos) mas aparentemente não acompanha  o uso dessa grana; os fiscalizadores, até onde a gente fica sabendo, não fiscaliza; os governos do estado e do município vão deixando a coisa correr mansamente.

    E a população se ferra de todo jeito: ora esperando muito, ou se espremendo impiedosamente nos coletivos, e por aí vai.

    Um pequeno exemplo: Aécio fez o tal centro administrativo, que não apenas não acolheu tudo o que havia sido dito que acolheria, como também não contou com transporte adequado, rápido e condizente tanto para usuários quanto para funcionários do centro. A linha de metrô que já vai até o Vilarinho (pertinho do Centro Administrativo) não foi estendida até ao Centro e a Cristiano Machado ficou mais entupida de ônibus e carros.

  10. Caro Nassif e

    Caro Nassif e demais

    Meusdeuses.

    Isso é parte da elite casa grande. O que é público, tem que lucrar o máximo com o minimo esforço.

    E é isso que tem que mudar, e é isso que não querem mudar.

    Saudações

  11. Demora e superlotação só nos

    Demora e superlotação só nos horários de pico? Seja o horário que for, há isso no transporte coletivo durante a semana. E fala aqui alguém de Goiânia, onde os problemas ainda não estão tão caóticos como nas grandes capitais, mas mesmo assim há um enorme desrespeito com os passageiros.

    Como querem resolver o problema da superlotação do trânsito se não se preocupam com a melhoria do transporte público, o qual faz parte da qualidade de vida dos cidadãos?

  12. Atualmente
    Atualmente sonho com o dia que não terei que pegar metrô aqui em São Paulo. Sempre lotado (linha leste), falhas quase que diárias, lentidão que se aproxima dos ônibus fora dos corredores … É mais cansativo uma hora de metrô que oito de trabalho.

    Ainda na gestão do Kassab, os ônibus engarrafados entre os carros era menos sufocante. Hoje utilizo o corredor da 23 de maio com a faixa exclusiva (sempre criticada pela grande mídia) e digo que dá gosto andar de ônibus. Quem dera o metrô tivesse a mesma velocidade dos ônibus na faixa exclusiva.

  13. O certo era oferecer
    O certo era oferecer transporte público acessível, confortável e eficiente, mas, isso e a realidade? Não, paremos para observar a qualidade dos ônibus e do metrô em São Paulo (SP) e em Belo Horizonte (MG) iremos perceber, sim, há muitos problemas, como superlotação, atrasos e falta de informações sobre o itinerário – situações a que os passageiros já estão “habituados”, mas que representam desrespeito aos seus direitos. Estratégias para tentar contornar tais situações são colocadas em pratica como, por exemplo, a criação de corredores de ônibus faz parte da solução para tentar equilibrar o espaço na cidade para os carros e o transporte público.
    Podemos citar as principais reclamações das pessoas que utilizam o transporte publico: o tempo de espera por ônibus de determinadas linhas, casos em que os motoristas não atenderam ao pedido de embarque e desembarque de passageiros, motoristas que dirigem de forma perigosa ou que tem algum outro tipo de conduta inadequada, atraso ou cancelamento de viagens. Medidas devem ser tomas para tentar mudar essa situação ainda mais agora em um período que haverá uma maior circulação populacional devido a Copa do Mundo. Uma medida para tentar melhorar o serviço pode ser a oferta de cursos de capacitação, vistoria dos ônibus por agentes capacitados, investimentos em infraestrutura e nos sistemas de transporte público urbano entre outras que irão melhorar um pouco a situação dos transportes públicos de hoje em dia.

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