Os modelos de exportação de material bélico

Por Motta Araujo

Comentário ao post “Para entender a compra dos Gripen

http://www.defense.gouv.fr/actualites/dossiers/l-espace-au-profit-des-op…

O MODELO DE EXPORTAÇÃO DE MATERIAL BÉLICO – A França tem o melhor sistema de exportação de material bélico pós 1945. Consiste numa organização, a Delegação Ministerial para o Armamento, que coordena todas as tarefas que levam à uma exportação, começando na diplomacia, depois no fabricante e nos mecanismos de financiamento, tudo conduzido de forma centralizada nesse organismo, subordinado ao Ministério da Defesa. A exportação é considerada essencial porque permite amortizar os custos de desenvolvimento de novos equipamentos.

O Brasil no regime militar tambem tinha um bom sistema de exportação coordenado pelo Governo através do EMFA.

Quando se iniciaram as vendas de material bélico para o Iraque, usados como moeda para o Brasil pagar o petróleo que o Iraque exportava ao Brasil, era nosso maior fornecedor, Saddam Hussein exigiu de Brasília a nomeação de um Embaixador especial, um General da ativa. O recado foi dado ao Ministro João Camilo Penna que já estava na escada do avião em Bagdá para retornar ao Brasil, foi retirado e pediram que ficasse mais alguns dias em Bagdá, sem dizer porque. Dias depois apareceram alguns oficiais no seu hotel, de madrugada e pediram que os acompanhasse. Camilo Penna foi recebido por Saddam que pediu mil descupas por retê-lo em Bagdah e solicitou verbalmente que comunicasse ao Presidente do Brasil (Geisel) que o Governo do Iraque se sentiria mais confortável se um General do Alto Comando brasileiro fosse o Embaixador em Bagdá.  Recado transmitido (há muitos detalhes saborosos no meio), o Iraque era crucial para o fornecimento de petróleo à Petrobras, o 2º parceiro comercial do Brasil nos anos 70, foi enviado a Bagdá o General Samuel Alves Correa, que foi nosso prestigiadíssimo Embaixador em Bagdá, gozando de acesso especial junto a Saddam, nos banquetes se sentava próximo a Saddam, prova de especial deferência. Foi dentro desse contexto que a Avibras encontrou no Iraque seu maior cliente para lançadores de mísseis, além de fornecimento de veículos brasileiros em grande quantidade.

 

Redação

7 Comentários

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  1. DGA

      O sistema de exportação francês difere do americano no sentido que após a aprovação pelo MinDef, a palavra final é do 1o Ministro, sem a necessidade de consulta a Assembléia Nacional, mas desde a década de 80 foi alterado relativo a exportação de alguns equipamentos, os classificados como “colaborativos”, ou seja , que foram desenvolvidos em conjunto com outros estados europeus, mesmo que sejam fabricados ou finalizados na França.

       A organização do MinDef -France encarregada da exportação de material bélico é a DGA (www.defense.gouv.fr/dga), já a organização pan-européia que autoriza a exportação de material de origem “colaborativa”, é a OCCAR.

        Em linhas gerais, um exemplo seria: Adquirindo-se o Rafale, a negociação é diretamente com a DGA, mas se desejar o Rafale equipado com misseis ar-ar Meteor ou ar-terra Scalp/Storm Shadow, os contratos relativos a estas armas e sua integração, passam pelo crivo da OCCAR.

        Brasil, DGA, OCCAR: Excetuando-se os sistemas táticos – estratégicos, com alcance acima de 300 mn, o Brasil é autorizado a adquirir qualquer equipamento OCCAR.

         E meu filho, comentar nosso “periplo iraquiano” dos anos 70/80, sem comentar o Brig. Piva e o João Verdi, apenas os embaixadores e generais, é perder parte da história.

    1. Agradeço sua sempre valiosa

      Agradeço sua sempre valiosa colaboração, relatei o caso do General Samuel Correa porque conheci o General no Iraque

      na Missão Galveas de 1981, quando foi fundado o Banco Brasileiro Iraquiano S.A., eu estava na Missão e o relato do Ministro Camilo Penna me foi contado pelo proprio. Não conheço detalhes da biografia do Brigadeiro Piva e do João Verdi embora saiba do papel fundamental dos dois nessa fase de nossa industria bélica.

  2. Pode ser o melhor sistema mas

    Pode ser o melhor sistema mas o maior exportador deve ser os USA. Quanto ao Iraque, resta saber se o Brasil recebeu pelo que entregou. Salvo engano uma construtora começou a construir uma estrada ou ferrovia e com guerra Irã/Iraque teve que sair correndo e até pouco tempo ela ainda tentava receber do governo brasileiro via Justiça o que achava de direito. Mas esta é outra historia. Mas o Brasil não é tão brilhante na hora de comprar material bélico. Pelo que ouvi falar os USA despejou no Brasil parte do que sobrou da 2a. Guerra. E devemos ter pago como se fosse material de primeira. E, pelo historico – vide as memorias daquele militar torturador francês – sempre alguem levava um trocado.

    1. A construtora Mendes Junior

      A construtora Mendes Junior transferiu seus equipamentos no Iraque ao Banco do Brasil Cayman por contratos de leasing de mdo que o Banco do Brasil ficou com o prejuizo e a Mendes se ressarciu de uma parte de seus ativos no Iraque.

      Não precisa perguntar em que Governo isso aconteceu.

      Quanto aos equipamentos ameicanos que sobraram da Segunda Guerra , especialmente tanques Sherman e aviões C-47, convertidos em civil como DC-3, foram doados ao Brasil assim a muitos outros Paises que apoiaram o esforço de guerra.

      No periodo 1945 a 1953 os EUA tambem venderam trigo ao Brasil porque a Argentina preferiu vnder a peso de ouro na Europa e não fornecia ao Brasil. Os Estados Unidos venderam esse trigo dos estoques do Governo americano mediante pagamentos em cruzeiros que foram depositados no chamado Fundo do Trigo no Banco do Brasil. O governo dos EUA doou esses recursos para constituir o capital do BNDE, que foi uma recomendação da Comissão Mista Brasil EUA, chamada de Missão Abbink; nesse sentido o trigo fornecido entre 1946 e 1953 foi doado, o Brasil não pagou nada.

  3. O “Histórico” deve contar

    Não é chamada a concorrência para uma ponte a empresa que tenha, no seu histórico, duas pontes recentemente construídas e já destroçadas no chão. A França não merece muita credibilidade bélica depois de ter apanhado duas vezes da Alemanha, em poucos dias de combate. França caracteriza-se mais pela sua discutível posição de “luz” da civilização ocidental, e cujo idioma é aplicado pomposamente em reuniões diplomáticas, mas, no campo da tecnologia, seja de carros ou de qualquer outra coisa, fica sempre a impressão de que a França vive apenas de aparências. Em compensação, mesmo sem identificar-se como nação bélica, a Suécia nos apresenta hoje exemplos modernos de tecnologia global que geram enorme credibilidade ao mercado.

    1. Negativo. A França e um dos

      Negativo. A França e um dos poucos paises que fabrica turbinas para jatos, de excelente qualidade, com fabricas muito solidas e de altissimo nivel tecnico, a SNECMA e a TURBOMECA, hoje unidas, nem a Alemanha e nem a Suecia tem essa capacidade.  A Turbomeca foi fundada em 1911, fabricava motores de aviao a pistao, a França e um dos centros mundiais de aviaçao civil e militar, tambem fabrica satelites e avionics, alem de ser a base do AIRBUS, projeto multinacional mas com eixo central na França, em Touluse, produz tambem submarinos nucleares e tem acordo com o Brasil para isso.

      A França e a maior fabricante de usinas nucleares do mundo, atraves da FRAMATOME, hoje 73% da energia eletrica da FFrança e nuclear. A tecnologia francesa de trens bala, navios, produtos quimicos, medicamentos e do mais alto nivel. E a França perdeu uma guerra e nao duas, perdeu nao por causa do armamento e sim pela maquinaçao politica dos derrotistas do Marechal Petain e Pierre Laval.

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