Médica é a primeira brasileira eleita para a Academia de Ciências dos EUA

Pela primeira vez em mais de 150 anos de atividades, a Academia de Ciências dos Estados Unidos (NAS, na sigla em inglês) elegeu uma cientista brasileira como membro da instituição. A médica Ruth Nussenzweig, professora na Universidade de Nova York, se junta este ano aos outros 12 cientistas brasileiros – todos homens – que já tiveram a oportunidade de ingressar na academia. Entre eles, está Michel Nussenzweig, da Universidade Rockfeller, filho da pesquisadora brasileira. O anúncio foi feito no dia 30 de abril e divulgado nesta segunda-feira (6).

Perto de completar 85 anos de idade, Ruth é professora no Departamento de Parasitologia da Escola de Medicina da Universidade de Nova York e trabalha com seu marido, o também pesquisador Victor Nussenzweig, desde os tempos de estudante na Faculdade de Medicina da USP. Reconhecida mundialmente por suas pesquisas pioneiras em malária, doença transmitida por mosquitos Anopheles infectados com parasitas Plasmodium, Ruth começou desenvolvendo um modelo experimental para estudo da imunidade contra o parasita.

A primeira contribuição da cientista no controle da doença ocorreu na década de 60, quando a médica imunizou camundongos com esporozoíto irradiado, incapaz de se multiplicar, e em seguida infectou os mesmos animais com esporozoíto normal, retirado da glândula salivar do mosquito, mostrando que os animais não desenvolviam a malária. Em seguida, isolou o antígeno responsável por proteger os animais da doença, e a partir daí passou a trabalhar em vacinas e tratamentos. Por seu pioneirismo, Ruth tem grande influência em diversas áreas da biologia experimental incluindo imunologia, biologia parasitária e desenvolvimento de vacinas.

Sempre usando técnicas de fronteira, Ruth e seu grupo foram os primeiros a clonar um antígeno de parasita e produziram o primeiro anticorpo monoclonal contra o antígeno de parasita. Outro legado do casal Nussenzweig para a ciência, em especial a brasileira, tem sido o treinamento de vários estudantes e pós-doutores que hoje são importantes líderes na área de imunologia, vacinologia e parasitologia.

De volta ao Brasil

Agora Ruth Nussenzweig e o marido se preparam para voltar a pesquisar no Brasil, após décadas radicados no exterior, em um projeto apoiado por meio do São Paulo Excellence Chairs (Spec), programa-piloto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que busca estabelecer colaborações entre instituições do Estado de São Paulo e pesquisadores de alto nível radicados no exterior. “A FAPESP tem sido muito generosa e temos tido facilidade para trabalhar em colaboração com colegas mais jovens. Hoje em dia não fazemos mais a pesquisa, discutimos, e é dessa maneira que temos uma certa influência”, disse Ruth, em entrevista à Agência FAPESP.

Outros cientistas brasileiros também foram eleitos, este ano, para ingressar na Academia de Ciências dos EUA. Na categoria “Associado Estrangeiro”, o país também teve como representante eleito Vanderlei Bagnato, professor titular no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Centro de Ciências Ópticas e Fotônica (CePOF), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP. Em setembro de 2012, Bagnato já havia sido eleito membro da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano.

Redação

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