Cientista brasileiro descobre asteroide com anéis em nosso Sistema Solar

Jornal GGN – Observações feitas por astrônomos na América do Sul, liderados pelo pesquisador brasileiro Felipe Braga-Ribas, descobriram um asteroide cercado por anéis, sendo o quinto e menor corpo celeste do nosso Sistema Solar com tal característica. Os outro quarto corpos celestes são bem maiores: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno – todos planetas, portanto. Os detalhes da descoberta foram publicado nesta quarta-feira (26) na edição online da revista Nature.

De acordo com o Observatório de La Silla, ligado ao ESO (Observatório Europeu do Sul), o asteroide, chamado de Chariklo, é cercado por dois anéis densos e estreitos. Os cientistas só não sabem ainda a origem destes anéis, mas eles sugerem que a formação possa ser o resultado de uma colisão que criou um disco de detritos ao redor do corpo celeste.

A novidade acontece depois de anos de intensas pesquisas para saber se outros corpos celestes em nosso Sistema Solar. “Nós não estávamos procurando por um anel, e não achava que pequenos corpos, como Chariklo, poderiam tê-los. Por isso a descoberta – e a incrível quantidade de detalhes que vimos no sistema – veio como uma surpresa completa”, diz Felipe Braga Ribas, do Observatório Nacional do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação (MCTI), no Rio de Janeiro, que planejou a campanha de observação e é autor do novo estudo.

Chariklo é o maior membro de uma classe conhecida como os Centauros, e orbita entre Saturno e Urano, no chamado Sistema Solar exterior. Previsões haviam mostrado que ele iria passar na frente da estrela UCAC4 248-108672, em 3 de junho de 2013, com boas chances de ser bem avistado da América do Sul.

Os astrônomos, então, usaram telescópios em sete locais diferentes, incluindo o dinamarquês de 1,54 metros, e telescópios do Observatório de La Silla, no Chile. Com isso, eles foram capazes de observar a estrela aparentemente desaparecer por alguns segundos, já que sua luz havia sido bloqueada poe Chariklo (eclipse). Tal estratégia, na astronomia, é muito utilizada para identificar exoplanetas orbitando ao redor de estrelas muito distantes.

No entanto, os cientistas acabaram encontrando muito mais do que esperavam. Momentos antes do eclipse, e novamente momentos depois, haviam ocultações menores no brilho aparente da estrela. Algo em torno de Chariklo estava bloqueando a luz. Ao comparar o que foi visto a partir de diferentes locais, a equipe pôde reconstruir não apenas a forma e o tamanho do objecto em si, mas também à forma, largura, orientação e outras propriedades dos anéis recentemente descobertos.

A equipe descobriu que o sistema é composto por dois anéis fortemente confinados, de apenas sete e três quilômetros de largura, separados por um espaço claro de nove quilômetros. Para efeito de comparação, os anéis de Saturno estão 250 quilômetros da superfície do planeta.

“Para mim, foi bastante surpreendente perceber que fomos capazes não só de detectar um sistema de anéis, mas também identificar que ele consiste de dois anéis claramente distintos”, diz Uffe Grae Jørgensen, do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que também esteve envolvido no trabalho. “Eu tento imaginar como seria estar na superfície deste objeto gelado – pequeno o suficiente para que um carro esporte rápido possa alcançar a velocidade de escape e sair para o espaço – e contemplar um sistema de anéis de 20 quilômetros de largura e mil vezes mais perto que a Lua [está da Terra]”.

Embora muitas questões ainda permaneçam sem resposta, os astrônomos pensam que este tipo de anel é suscetível de ser formado a partir de restos que sobraram após uma colisão. Os pesquisadores já sugerem que Chariklo tenha pelo menos uma pequena Lua esperando para ser descoberta, na avaliação do brasileiro Felipe Braga Ribas.

Os anéis podem ser parte de uma série de eventos que podem, mais tarde, levar à formação de uma pequena Lua. Tal sequência de eventos, em uma escala muito maior, pode explicar o nascimento da nossa própria Lua nos primórdios do Sistema Solar, bem como a origem de muitos outros satélites ao redor dos planetas e asteroides. Os anéis estão sendo chamados, provisoriamente, de Oiapoque e Chuí, dois rios localizados nos extremos Norte e Sul do Brasil.

Com informações do ESO.

Redação

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