Cientistas inserem cromossomos humanos artificiais em ratos

Jornal GGN – Uma equipe de cientistas dos EUA, Inglaterra e Japão anunciaram a criação de ratos geneticamente modificados por meio da inserção, no DNA dos roedores, de cromossomos humanos sintéticos, criados em laboratório. É a primeira vez que cromossomos humanos criados “a partir do zero” são misturados ao de animais, por meio de manipulação genética. Segundo os cientistas, a técnica de misturar cromossomos artificiais humanos (HACs, na sigla original, em inglês) em DNA natural pode revolucionar a medicina.

Quem explica é a cientista Natalay Kouprina, do Instituto Nacional do Câncer, dos EUA, que faz parte da equipe que produziu, com sucesso, ratos geneticamente modificados com HAC. “Potencialmente, (uso de cromossomos humanos artificiais) tem aplicações para a terapia genética, para a correção da deficiência de gene em seres humanos. Sabe-se que existem muitas doenças hereditárias devido à mutação de determinados genes”, afirma a pesquisadora.

Os HACs são criados em laboratório a partir de blocos químicos de construção, sem usar cromossomos humanos naturais. De acordo com os cientistas, o desenvolvimento de cromossomos humanos sintéticos indicam grande avanço no campo da biologia sintética. Atualmente, cientistas trabalham também na criação de uma levedura (fungo) artificial, com vistas a criar novos tipos de materiais biológicos, tais como antibióticos ou vacinas.

Recursos

A área de biologia sintética já conta com apoio do governo britânico, que anunciou nesta quinta-feira (11) que vai investir 60 milhões de libras no campo de estudo, incluindo 10 milhões de libras em um novo centro de inovação para converter pesquisas acadêmicas em processos industriais e produtos e 1 milhão de libras especificamente no projeto internacional de fungos sintéticos – que pretende construir todos os 16 cromossomos individuais do fungo, a fim de produzir o primeiro organismo sintético com um complexo genoma.

Os pesquisadores, contudo, já enfatizaram que não há planos para construir células humanas sintéticas a partir dos cromossomos humanos, tal como está sendo feito com o projeto de fungos artificiais. Tal questão não teria aprovação ética no Reino Unido, segundo os próprios cientistas.

Levedura para além de pão e cerveja

Os cromossomos humanos artificiais também são chamados pelos cientistas de “cromossomo 47”, porque o complemento normal de cromossomos nas células humanas naturais são de 46 ligações. Os pesquisadores garantem que o HAC é compatível ao cromossomo natural, mas é muito mais simples em comparação biológica. “Até onde eu sei, ninguém é capaz de sintetizar quimicamente um cromossomo humano completo, totalmente reformulado. Se estivéssemos propondo isso, teríamos de obter a aprovação ética”, afirma Paul Freemont, do Imperial College de Londres, um dos líderes do projeto dos fungos sintéticos.

Sobre o projeto das leveduras sintéticas, Freemont explica que tais fungos têm sido usados, “por milhares de anos” para fazer pão e cerveja, mas agora acredita que elas podem ir além. “Agora temos a oportunidade de adaptar as leveduras para mais longe, transformando-as em máquinas previsíveis e robustas o suficiente para a fabricação de produtos complexos que precisamos para a vida moderna”, disse, ressaltando que esperar que a primeira levedura sintética feita com um conjunto completo de 16 cromossomos artificiais e 6 mil genes possa ser anunciada em 2018.

Redação

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