Emissões de CO2 elevam acidez dos mares árticos

As emissões mundiais de dióxido de carbono estão tornando, em níveis irreversíveis, os mares da região ártica mais ácidos, o que pode resultar em impactos no ecossistema da região e afetar a vida de milhares de espécies. O alerta, feito esta semana por cientistas do Center for International Climate and Environmental Research em Oslo, na Noruega, acontece pouco tempo após o anúncio da Organização das Nações Unidas (ONU), no fim de abril, de que as emissões de CO2 estão muito perto de atingir a maior concentração da História da humanidade desde o início da Revolução Industrial.

Os cientistas noruegueses vêm monitorando mudanças na composição química das águas em vastas porções dos oceanos da região e, de acordo com as análises da concentração de dióxido de carbono absorvido pelas águas, mesmo que as emissões cessassem agora, levaria milhares de anos para que os mares árticos voltassem à sua composição química original. Os cálculos apontam que, desde o começo da Era Industrial, o pH dos oceanos está 30% mais ácido.

Nos mares da Islândia e Barents, a equipe de pesquisadores monitorou diminuições de cerca de 0,02 no pH da água a cada década, desde o final dos anos 60. Efeitos químicos associados à acidificação também foram encontrados nas águas de superfície do Estreito de Bering e Bacia do Canadá do Oceano Ártico central. Apesar do alerta, os cientistas não sabem ao certo que impactos a acidez das águas geraria no ecossistema da região. Especula-se que que algumas espécies, como as borboletas do mar, podem ser prejudicadas, enquanto outras podem ser beneficiadas.

A própria temperatura da água facilita a absorção de CO2, de acordo com os cientistas. Quanto mais fria a água, mais fácil a absorção do dióxido de carbono. Os pesquisadores constataram que várias áreas dos mares nórdicos estão se tornando ácidas, em especial as regiões de menor profundidade. Outro fator que compromete no processo de aumento da acidez dos mares árticos, de acordo com o coordenador do relatório, Richard Bellerby, é a redução das geleiras, que funcionam como uma “tampa” que impede a absorção do CO2.

Ainda de acordo com os pesquisadores envolvidos nas análises dos mares árticos, o processo está cada vez mais intenso, atingindo “níveis críticos”. “Já ultrapassamos limites críticos. Mesmo se pararmos as emissões agora, a acidificação vai durar milhares de anos. É um experimento imenso”, explica Bellerby.

Concentração ‘crítica’

No fim de abril, a ONU anunciou que as concentrações mundiais de dióxido de carbono estão muito perto do limite considerado “aceitável”, podendo chegar, ainda este mês, à maior marca da História da humanidade desde a Revolução Industrial. No último cálculo da entidade, constatou-se que a concentração chegou à marca de 399,72 partes por milhão (pmm), sendo que o limite aceito pela ONU é de 400 pmm. O anúncio ocorreu em evento que reuniu delegados de 190 países. O dióxido de carbono é um dos grandes responsáveis pelo chamado “efeito estufa”, que gera o aquecimento gradual de todo o planeta.

Redação

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