A negação da Ciência é um absurdo, ou qual a ciência é mais importante?, por Rogério Maestri

A pergunta verdadeira que deveria ser feita é o porquê a ciência vale para poucos e não vale para a maioria?

Usuarios e motoristas de transporte público, utilizam máscara de proteção, durante pandemia da Covid-19 no Rio

A negação da Ciência é um absurdo, ou qual a ciência é mais importante?

por Rogério Maestri

Digito esse texto com um desktop não moderno como um vídeo gamer deve ter para jogar na internet, porém a minha conexão em fibra ótica comportaria muito bem essa diversão, moro numa confortável casa que foi construída por meu falecido sogro e reformada, tenho um pequeno carro relativamente novo que me permite sair com tranquilidade nesse período de pandemia, tenho um plano de saúde que me atendeu tanto na pequena obstrução de veias levando a um pequeno ataque cardíaco que confirmou-se até o momento não impossibilitar uma vida de um velho aposentado, da mesma forma um pequeno AVC que pode ou não ter sido causado pelo nosso amigo Covid-19, porém como não resultou em nenhuma sequela, fico levando a vida de alguém que não é mais jovem. 

Todos e mais outros contratempos de saúde que me ocorreram foram devidamente testados por uma série imensa de exames dos mais diversos tipos possíveis me levam a confiar na ciência moderna mais que nos médicos que consultei, logo não tenho por que negar a ciência, mas se não tivesse as condições econômicas que tenho e tivesse uma renda abaixo do que tenho, teria que penar no deslocamento até a um posto de saúde, esperar semanas para fazer os exames, me deslocar de ônibus até outra parte da cidade (sem pagar a passagem, por ser idoso) para retornar no fim do dia para uma casa de duas ou três peças em que sofreria a baixas temperaturas do inverno gaúcho. Em resumo, se sobrevivesse todas essas peripécias (que provavelmente sobreviveria), com uma pequena diferença, me perguntaria: 

Para que serve a ciência? 

O negacionismo da ciência não é uma debilidade mental, muito menos uma estupidez, é uma questão lógica que tem qualquer pessoa que fica distante de todos os confortos que a vida moderna de menos de 10% da população mundial está sujeita. 

Se fosse mais jovem e sem condições de vida que os mais afortunados têm, certamente, sem máscara, estaria todos os dias me expondo ao risco do Coronavirus, ou seja, todas as vezes que ouvisse alguém dizendo fique em casa e respeite a ciência, perguntaria. 

E vou viver de que? 

Somente uma pequena parte reduzida da população brasileira e mundial tem todas as condições de respeitar a ciência, porém a maior parte da população que não tem como fazer essa opção do lema “fique em casa” pois essa parte do pressuposto que possa trabalhar em teletrabalho, ou mesmo numa sala convenientemente isolada com todas as condições de isolamento social. 

A pergunta verdadeira que deveria ser feita é o porquê a ciência vale para poucos e não vale para a maioria? 

Se estivéssemos no Vietnã, onde as fronteiras foram fechadas antes que o vírus lá chegasse e a consigna do isolamento social foi devidamente respeitada, também poderíamos acreditar na ciência, logo fica claro que o respeito da ciência não é uma posição racional se não for entendida como uma consequência situação política e não científica. 

Dois países ilhas, Grã-Bretanha e Nova Zelândia, com mesma estrutura política, mesma língua, e praticamente mesma condição econômica tiveram reações completamente diferentes, a primeira governada por um primeiro ministro conservador e a segunda por uma primeira ministra trabalhista tiveram reações do governo totalmente diferentes, o conservador ministro britânico pensou que deixando o povo se contaminar teve a maior crise econômica da Europa, já a senhora primeira ministra, assumindo uma posição inversa reduziu a um mínimo as mortes no seu país, ou seja, os Ingleses tem todo o direito de não confiar na ciência, pois apesar da velocidade com que foram produzidas vacinas pela tradicional academia inglesa a presença dessa vacina que foi uma das mais rápidas do mundo, foi mais lenta do que o vírus, Já o fechamento rápido de portos e aeroportos da Nova Zelândia praticamente impediu o ingresso do vírus. Mais uma vez na Nova Zelândia as pessoas podem e devem acreditar uma ciência mais de centenária, que é a quarentena. 

Não podemos e não devemos culpar as pessoas pelo negacionismo da ciência, pois se essa não tem condições de protegermos e ao mesmo tempo não entendemos que uma mera quarentena, se lançada a tempo, é ciência assim como as modernas vacinas e que é outra ciência que não a epidemiologia ou a virologia que devemos acreditar, mas sim a POLÍTICA. 

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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