Destaque Secundário

Os Vilões de Mario Sérgio Conti, por Jorge Alberto Benitz

Os Vilões de Mario Sérgio Conti

por Jorge Alberto Benitz

    Mario Sergio Conti achou os vilões culpados pelos males do Brasil, a religião e o futebol Brasil começou a desmoronar quando o PT aderiu à volúpia do futebol – 30/04/2021 – Mario Sergio Conti – Folha (uol.com.br). A religião porque, segundo ele, ela submete seu rebanho aos ditames nada cristão de pastores mais interessados no dinheiro deles e no poder político que representa conduzi- los eleitoral mente do que em edificantes valores civilizatórios e igualitários que pode – alguns dizem, deve – nortear um verdadeiro cristão.

    O futebol, diz ele, acusando o PT como o ponto zero do desmoronamento da nação. Para defender esta tese ele coloca o partido como culpado da tomada do poder pelas empreiteiras “que, em vez de casa, hospitais e escolas, pôs de pé pirâmides —os estádios de futebol responsáveis pela grande ira de 2013. ”

    Repetindo e endossando a tese contida no ensaio “O Sentido da Vida – Uma Brevíssima Introdução” do crítico literário inglês católico e marxista Terry Eagleton, ele diz que o futebol “dá sentido à vida de milhões de pessoas porque tomou o lugar da “soberania nacional, honra pessoal e identidade étnica”. E oferece no seu lugar “rivalidade tribal, rituais simbólicos, lendas fabulosas, heróis icônicos, batalhas épicas, beleza estética, feitos físicos, satisfação intelectual, espetáculos sublimes”.

    Revisando Marx, defende que o futebol é hoje o ópio do povo; e o fundamentalismo religioso, o crack das massas. Noutro livro, “A Tarefa do Crítico”, diz que só com a interdição do futebol as multidões se politizarão e sairão às ruas. E admite que, pelo jeito, sairão às ruas para exigir a volta do futebol…”

    Sobre a religião, faltou ele dizer que ela como um todo não se encaixa neste paradigma, embora devamos nos preocupar com o crescimento deste tipo de doutrina farisaica. A seu favor, ele pode arguir que somente se baseou no lado mais preocupante e reacionário da religião que está assumindo um protagonismo maior no mundo atual.

    Quanto ao futebol, vejo aí o mesmo raciocínio que levou Lima Barreto no início do século XX a criticar o futebol por substituir o tempo de lazer dos trabalhadores para se reunir e discutir política. Não deixa de ser uma crítica procedente, mas tenho dúvidas quanto a sua atualidade.  Minha dúvida e se o sujeito comum, caso não tivesse futebol para ver e se interessar, não os substituiria por entretenimentos alienantes de igual desvalia cultural como Reality Shows ou programas de auditório popularescos tipo Ratinho, Silvio Santos, Faustão e por aí vai. A propósito, porque ele não incluiu a TV como uma das principais culpadas dos males do Brasil? Interessante, não é?  span>

    Da minha parte, penso que o problema não é a religião nem o futebol os culpados por nossa desgraça como povo e nação. Embora não seja religioso, respeito quem seja. Gosto de futebol e nem por isso sou um alienado sem senso crítico e conheço muitas pessoas como eu. Como, também, conheço muitos que não professam nenhuma religião e são uns rematados conservadores e defensores do status quo.

    O furo é mais embaixo. Antes de buscar culpados, façamos uma reflexão sobre quem se beneficia deste modelo de sociedade construída e preocupada em mais formar consumidores do que cidadãos; deste modelo de sociedade formadora de pessoas sem capacidade crítica, ao invés de etiquetar esta ou aquela instituição. Uma busca que parece mais um diversionismo para evitar que olhem para os verdadeiros culpados que não são isoladamente nem a religião, nem o futebol, ainda que tenham uma parcela significativa de culpa de nossos males. Já quanto a TV, que ganhou mais força e/ou sobrevida durante e devido a pandemia, e tem um peso especifico muito maior como culpado pelos males de nossa sociedade, creio que se torna imperativo inclui-las no rol dos culpados elencados por nosso ilustre articulista que, suponho, sofreu uma ligeira amnésia quando escreveu e assim esqueceu de citar esta nada invisível e poderosa instituição.

Jorge Alberto Benitz é engenheiro e escritor.

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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