Resposta a Lucia Helena Issa, por Marcos L Süsskind

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Resposta a Lucia Helena, por Marcos L Süsskind

Não posso calar frente às inúmeras mentiras publicadas por Lucía Helena Issa em seu artigo de ontem. Ela usa um fato verdadeiro (Dir Yassin) para envelopar dezenas de mentiras que precisam ser retificadas em nome do bom Jornalismo.

Comecemos pela mais grave, o terrorismo no Oriente Médio. 

Posso entender que a Sra. Issa, Árabe Muçulmana, tenha ódio dos Judeus e de Israel. Mas não posso aceitar que use este ódio na qualidade de jornalista. O bom jornalista trabalha com fatos e não com distorções intencionais.

Ao contrário do que ela escreve, o primeiro ato terrorista na disputa entre Árabes e Judeus ocorreu em março de1908, na cidade de Jaffa. Neste dia mais de 100 árabes invadiram o Hotel Spector onde se realizava uma cerimônia Judaica, vandalizaram o local e feriram homens, mulheres e crianças Judias a pauladas e facadas. Foi exatamente este episódio que levou os Judeus de Jaffa a abandonarem a cidade e iniciarem uma nova cidade (com 100 famílias) um pouco ao norte – Tel Aviv, fundada em 1909. Hoje Jaffa é um bairro de Tel Aviv. Haj Amin El Hussein, o Mufti, incitava as massas árabes a agirem com violência. Em 1928 os Nassashibas derrotaram El Husseini em eleições para a liderança Árabe. Buscando retomar sua proeminência, Haj Amin El Husseini voltou a insuflar as massas. 130 Judeus foram fuzilados, centenas feridos, centenas de propriedades Judaicas foram queimadas, danificadas ou demolidas. Algumas aldeias Judaicas foram abandonadas por não conseguirem resistir aos ataques de bandos árabes armados. Entre 1936/39 houve a grande revolta Árabe. Durante este período Haj Amin El Husseini exigiu que os Árabes da região fossem chamados de Cidadãos da Síria do Sul já que, em suas palavras ao Parlamento Inglês, “o termo Palestinos só se aplica a Judeus e não aos Árabes locais”.

Na 2ª Guerra Mundial Haj Amin El Husseini uniu-se a Hitler e inclusive estimulou a incorporação de dezenas de milhares de Muçulmanos às Gestapo (SS nazista). Em reunião de 28/11/1941 Hitler e Haj Amin El Husseini acordaram sobre o combate contra os judeus dentro e fora da Europa. Os seguintes trechos dessa reunião são declarações de Hitler ao Mufti:

“A Alemanha defende uma guerra intransigente contra os judeus. Isso naturalmente inclui a oposição ativa ao lar nacional judaico na Palestina…”

Haj Amin al-Husseini tornou-se o colaborador árabe mais proeminente com o Eixo. Tinha amizade com nazistas de alto escalão, incluindo Heinrich Himmler, Joachim von Ribbentrop e Adolf Eichmann. Ele contribuiu para os serviços de propaganda do Eixo e para o recrutamento de soldados muçulmanos e árabes para as forças armadas nazistas, incluindo três divisões de SS, constituídas por muçulmanos da Iugoslávia.

Fica portanto claro quem introduziu o terrorismo e o ódio racial na região, corrigindo a desinformação intencional da Sra. Issa.

Com respeito ao uso de rodovias, outra mentira. Nas rodovias Palestinas é terminantemente proibido o trânsito de qualquer veículo com placas de Israel. No entanto, o mesmo não é verdade nas estradas israelenses. Ainda ontem viajei de Jerusalém ao Mar Morto. Vi inúmeros veículos com placas da Palestina (branca e verde) em ambos os sentidos tanto na Rodovia 1 como na 90. Há duas semanas vim de Beit Shean para Tel Aviv. Usei a Rodovia 60 e depois a 55 e também vi inúmeros veículos Palestinos nos dois sentidos. No entanto os veículos Israelenses (placa Amarelo e Preto) são absolutamente proibidos de entrar em Jenin, Nablus, Jericó ou Ramallah. A Sra. Issa poderia facilmente consultar a legislação Palestina tanto em Árabe como em Inglês – é pública! Como também é pública a lei Palestina que determina o encarceramento de qualquer Árabe que venda terras a Judeus.

A Sra. Issa escreve sobre refugiados Árabes na guerra de Independência. Ela “esqueceu” de mencionar os 750.000 Judeus expulsos dos países árabes em consequência daquela guerra. Nenhuma indenização por suas propriedades até hoje. Trata-se exatamente do mesmo número de Árabes deslocados, mas NENHUM Judeu é refugiado. Foram acolhidos, receberam nacionalidade Israelense, puderam estudar, trabalhar, progredir. Nenhum foi colocado em campos de refugiados. Já os Árabes que saíram de Israel são refugiados até hoje. Estão ainda acampados no Líbano, na Síria, no Iraque, no Yemen. Nenhum país Árabe lhes deu nacionalidade, praticamente nenhum deles lhes permite posse de terras, muitos sequer lhes permitem trabalhar fora dos campos de refugiados. Há uma única exceção: Jordânia. A Sra. Issa também “esqueceu” disto?

Creio que a verdade precisa ser restabelecida e espero ver esta matéria publicada.

Atenciosamente

Marcos L Süsskind

Redação

5 Comentários

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  1. Senti falta de um link para o artigo de Lucia Helena Issa aqui refutado. Imagino ser este aqui:

    https://jornalggn.com.br/noticia/quem-foram-os-milicianos-judeus-que-ha-73-anos-deram-inicio-ao-massacre-de-palestinos-e-ao-apartheid-em-israel-por-lucia-helena-issa/

    Como nada sei sobre a história do conflito em questão, não sei dizer quem pode estar com a razão. Mas essa atitude de ficar apontando o dedo pro outro lado, tentando achar “quem começou primeiro”, parece uma discussão meio infantil, né? Como isso pode ajudar a resolver o conflito presente que vêm a décadas ceifando vidas de ambos os lados?

    Ambos me parecem parciais: o uso do termo “milicianos judeus” no artigo de Issa, e a atribuição, de plano, de que esta nutriria “ódio aos judeus e Israel”, por conta de sua ascendência étnica, me parece um imenso jogo de espelhos muito pouco profícuo.

    Penso aqui no Talmud, na sabedoria do rabino Hillel, quando ensina ao gentio a essência da doutrina judaica em toda sua concisão: “não faça aos outros aquilo que não quer para você; o resto é interpretação: vai e estuda!” E não duvido que, como na Bíblia Católica, que repete no seus termos esse mesmo ensinamento, não haja algo parecido no Alcorão.

  2. Você está certíssimo Andre. Não dá para
    discutir uma questão dessa com a faca nos dentes.
    Penso que o Susskind poderia ter sido mais diplomático.

  3. Pois é. E tão pouco diplomático que nem percebeu a leviandade que também cometeu: disse ser Issa muçulmana, quando ela mesma dizia no texto dela ser cristã. Ao tentar atabalhoadamente “reestabelecer a verdade”, produz ele outra série de confusões, como essa entre religiões e nacionalidades (Israel-judaísmo / Palestina-islamismo).

  4. Pela lógica de Marcos Susskind, Israel tem autorização histórica para cometer genocídio. Um argumento raso, apelativo, covarde e vitimista que ignora sombriamente a realidade e a desproporcionalidade de forças e propósitos do momento presente.

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