Sete anos do 7 a 1 e a metáfora de um país em queda livre, por Carolina Maria Ruy

O 7 a 1, aquele retumbante vexame internacional, ocorrido em pleno Mineirão, no coração do Brasil, foi um presságio de todo o mal que viria.

Sete anos do 7 a 1 e a metáfora de um país em queda livre

por Carolina Maria Ruy

Na mesma semana em que o Brasil perdeu para a Argentina o título de campeão de Copa América em um campeonato envolvido em polêmicas sobre sua realização e realizado sob pressão de um presidente (brasileiro) descomprometido com o bem comum, o fático 7 a 1 chegou ao 7º aniversário.

Nada a comemorar. Muito a lamentar, refletir e a aprender.

O 7 a 1, aquele retumbante vexame internacional, ocorrido em pleno Mineirão, no coração do Brasil, foi um presságio de todo o mal que viria. Hoje é a grande metáfora de um país que nestes sete anos se deslocou para o lado oposto daquele do desenvolvimento e da esperança que marcaram os anos anteriores àquela semifinal entre Brasil e Alemanha.

No bojo de um nefasto movimento “Não vai ter Copa” e da vulgarização de ofensas machistas à primeira presidente mulher da história, a nossa seleção de meninos mimados, imaturos e desnacionalizados desonrou nomes como Heleno de Freitas, Mané Garrincha, Pelé, João Saldanha, Zico, Falcão, Casagrande e Sócrates.

Foi uma formidável coreografia de más intenções e má vontade. A ganância que sequestrou nosso futebol por um lado, o excesso de vaidade e autoconfiança por outro.

E essa foi a toada do Brasil desde aquele espetáculo deprimente: a carta do vice decorativo, a aposta de que o impeachment não viria, o circo da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o governo Temer, a deforma trabalhista, o ataque mortal aos sindicatos, a PEC do teto que fez explodir o número de sem-teto, a prisão injustificada do Lula, as eleições de 2018, Bolsonaro: a caricatura do mal, desemprego recorde, fome, miséria, pandemia, quase 600 mil mortos pelo coronavírus. Foram sete anos de azar para místico nenhum botar defeito.

Passou? Ainda não. Mas hoje já temos sinais concretos de luz no fim do túnel. As denúncias do The Intercept Brasil sobre a Lava jato, em 2019, desmontou a farsa que abriu caminho para a extrema direita. A derrota de Donald Trump ecoou por aqui. O juizeco de Curitiba recolheu-se à sua insignificância. A crescente impopularidade do inominável e o retorno de Lula à política faz nascer de novo a esperança.

Alguns prefeririam esquecer daquela tarde de 8 de julho de 2014. Aquela tarde em que o Brasil assistiu atônito uma dolorosa repetição de gols da Alemanha. Apesar de tudo, entretanto, fazemos bem, nós que queremos a volta do desenvolvimento com soberania e justiça social, em lembrar.

Que coloquemos tal efeméride em um lugar onde possamos ver todos os dias, para que todos os dias possamos refletir sobre ela. Refletir sobre o que aconteceu com o Brasil e buscar melhorar para que aquele trágico marco deixe de ser uma ferida aberta e se torne uma marca de aprendizado e de crescimento.

Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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