Xadrez da volta do Brasil velho de guerra, com Supremo e com tudo, por Luis Nassif

Por mais que tentem, em nossos olhos cansados haverá no meio do caminho, sempre a imagem de 650 mil mortos, de 120 mil crianças órfãs, de centenas de milhares de vulneráveis abandonados pelas políticas públicas.

Ontem foi um jorrar de informações jornalísticas, boatos, rumores de toda ordem. Juntando todos os elementos em uma narrativa lógica, é possível entender o  que está por trás das loucuras e do recuo de Jair Bolsonaro.

Peça 1 – Bolsonaro perde os caninos

A peça central dessa ópera bufa são as investigações das fake news, conduzidas pelo Ministro Alexandre de Moraes. Elas continuaram avançando, aparentemente chegaram ao destino final – os financiadores – e colocaram na alça de mira o filho Carlos Bolsonaro e o próprio Jair.

É esse fato que gerou todos os desequilíbrios de Bolsonaro e induziu-o aos desafios à democracia, nos eventos de 7 de Setembro, e à sua tentativa de antecipar o golpe de Estado marcado para 2022.

No evento, Bolsonaro repetiu o valentão de todos os tempos. Com os seguidores, sentiu-se fortalecido, bradou, blasfemou, ameaçou. No dia seguinte voltou à realidade, ele sozinho contra as instituições.

Os abusos do dia 7 provocaram riscos de ruptura em dois pontos de apoio de Bolsonaro: as Forças Armadas e o Centrão. Há menção na mídia de recados que teriam sido passados pelo Alto Comando a Bolsonaro, sobre os riscos de jogar o país na anarquia.

Por outro lado, houve manifestações em defesa das instituições da parte do presidente da Câmara Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Procurador Geral Augusto Aras.

Barroso não é Alexandre Moraes, capaz de correr riscos em pleno apogeu de Bolsonaro.  Barroso só caminha em terreno firme. Aliás, o comportamento de Barroso lembra o clássico “O homem que matou o facínora”. James “Luís Roberto Barroso” Stewart desafia o pistoleiro Lee “Bolsonaro” Marvin. Mas quem atira, de fato, é John “Alexandre Moraes” Wayne.

Ontem, o duríssimo discurso do Ministro Luís Roberto Barroso claramente refletiu os novos tempos. Sem a garantia expressa de que Bolsonaro tinha perdido seus dois caninos – o que foi confirmado poucas horas depois – Barroso jamais avançaria na retórica daquele modo desafiador.

A única diferença é que, no filme, o advogado mocinho desafiou o pistoleiro de peito aberto, sem a garantia de que teria respaldo do outro mocinho.

Peça 2 – o fator Michel Temer

Se Barroso é basicamente um personagem de marketing, seu colega Gilmar Mendes é o conhecedor das entranhas do poder. Provavelmente foi um dos tecelões do novo pacto que se está montando, tendo como parceiro Arthur Lira, presidente da Câmara, Ciro Nogueira, o PGR Augusto Aras e fontes militares confiáveis.

Como dissemos em outro Xadrez, Bolsonaro não tinha envergadura política, nem alcance intelectual, sequer para negociar uma anistia ampla pós-governo, para ele e sua família. Ele é um bruto, um tosco que só sabe resolver diferenças no braço.

No braço, no caso, foi organizar as manifestações de 7 de Setembro, estimular a participação de policiais armados e, depois, dar-se conta de que a fantasia se esfumaçou no dia 8. Aí entrou em pânico.

Não foi de Bolsonaro a iniciativa de chamar Temer. Ele a aceitou como bóia de salvação e entrou no pacto pagando um alto preço.

Peça 3 – o falso pastor Jim Jones

O pacto acertado impôs a Bolsonaro sua mais dura derrota. Exigiu-se dele:

  1. A carta à Nação, pedindo desculpas até o limite da humilhação.
  2. O humilhante telefonema a Alexandre Moraes,

Não foi apenas um gesto de recuo tático. Com sua decisão, Bolsonaro se queima com seus seguidores. Até então, os fanáticos eram a única arma com a qual ele contava. Para manter esse ponto de apoio, valia tudo.

Logo após a divulgação da carta, youtubers bolsonaristas, líderes da quadrilha que invadiu o Planalto, das quadrilhas que atuaram nas rodovias, o próprio Zé Trovão, trataram de desautorizar o, até então, chefe maior. Sem liderança, nem rumo, deram declarações confusas de que manteriam as manifestações contra o STF, e não de apoio a Bolsonaro, uma incongruência à altura do seu nível intelectual. 

Nos próximos dias, assistirão, bestializados, as milícias que pararam as rodovias sendo caçadas pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal por todo o país.

O efeito do recuo de Bolsonaro sobre seus fiéis seria o mesmo que o reverendo Jim Jones, depois de induzir 900 seguidores ao suicídio coletivo, voltasse atrás e deixasse os fiés estrebuchando. A diferença é que Jim Jones era um fanático autêntico e Bolsonaro apenas um manipulador do fanatismo alheio.

O pacto não se resumiu a isso. 

Há mais pontos de interesse unindo os principais personagens:

  1. 1. Ontem mesmo, Alexandre de Moraes determinou ao Conselho Nacional do Ministério Público a suspensão da análise de pedido de investigação contra o PGR Augusto Aras. Aliás, quem conhece Aras sabia, desde o início, que a blindagem a Bolsonaro era uma questão tática.
  2. 2. Arthur Lira está nas mãos de Gilmar Mendes. Três ações de improbidade administrativa contra Arthur Lira estão paradas no STF, suspensas pelo Ministro Gilmar Mendes. Outras ações, que o acompanham desde o início da década de 2010, também paradas no Supremo.

O pacto permitirá a Lira manter a presidência do Congresso e a articulação do Centrão; blindará Aras contra as ações judiciais que pipocariam em todas as instâncias, depois que ele deixasse o comando da PGR; garantirá algum tempo a mais para a concretização dos grandes negócios da privatização. E, principalmente, haverá uma reaglutinação da direita contra a ameaça Lula.

Peça 4 – a nova etapa do jogo

Bolsonaro sossegará o facho? Sossegará. Ele é mente primária, valentão de torcida organizada. Terá outras recaídas, berrará, baterá a cabeça na parede, mas não assustará mais nem as emas do Palácio, nem avançará nos arroubos retóricos públicos.

Como malandro-que-se-faz-de-louco que é, sabe que Alexandre de Moraes continuará com a bala de prata, pronto para atirar no primeiro filho a qualquer novo exagero retórico.

Além disso, depois da enorme mobilização para os comícios de São Paulo e Brasília, para a invasão da praça dos Três Poderes, e de ver dois dias depois o chefe maior se humilhando perante os adversários, que seguidor repetirá o ato de solidariedade?

Definitivamente, Bolsonaro virou carta fora do trabalho, perdão, do baralho também.

A partir de agora, em cima do vácuo criado pelos episódios, haverá dois movimentos políticos relevantes.

Do lado dos Centrões – o político, o militar e o jurídico – a tentativa de reconstruir o pacto com Supremo e com tudo, para enfrentar o adversário comum: a candidatura Lula. E, principalmente, para terminar a obra de desconstrução nacional, consolidando o grande negócio da privatização. 

A direita órfã, que provavelmente irá desaguar ou no PSDB – espelho mais sociável do bolsonarismo – ou nos DEMs da vida. E se limitará a louquinhos de palanque.

Peça 5 – Brasil e sua melhor tradução

Agora, o Brasil velho de guerra volta a se manifestar. O pacto será a imagem de Michel Temer, a melhor tradução do país institucional. O presidente que foi gravado indicando um intermediário para um encontro com o subornador; o intermediário gravado saindo do encontro com uma pasta com R $500 mil, o político pequeno, encantador do baixo clero, o deputado eleito pelo jogo de bicho, que passou toda sua vida política se alimentando do feudo do porto de Santos, voltará a frequentar o panteão dos grandes nomes nacionais.

Até a gloriosa Ordem dos Advogados do Brasil e seu aguerrido presidente, Felipe Santa Cruz, prestam loas a Temer, a cara do Brasil.

Só há um porém.

No meio do caminho há 650 mil vítimas da Covid e dos demandos de Bolsonaro; políticas públicas essenciais desmontadas; retrocessos imensos em todos os campos, nas políticas sociais, na educação, na política econômica. enriquecimento explícito dos filhos. E há sócios nessa  tragédia, por ação ou omissão: militares, políticos, magistrados.

Tudo terminará em pizza novamente, com Supremo e com tudo? Os 650 mil mortos serão apenas uma peça a mais do jogo político? 

Por mais que tentem, em nossos olhos cansados haverá no meio do caminho, sempre a imagem de 650 mil mortos, de 120 mil crianças órfãs, de centenas de milhares de vulneráveis abandonados pelas políticas públicas.

Definitivamente, o Brasil não se suicidará novamente.

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Não vou discordar da leitura feita.Talvez,até,essa seja mesmo a leitura correta.
    De qualquer forma,atrevo-me a colocar uma outra leitura,esta ,bem mais favorável ao ocupante do Palácio do Planalto.
    Antes do presidente Lula ser solto da masmorra política em que foi trancafiado discutia-se que iria disputar a presidência da república contra esse sujeito.
    Após a soltura do presidente Lula, e seus indicadores em todas as pesquisas realizadas até o momento,a pergunta mudo e,agora,é a seguinte:quem irá disputar as eleições presidenciais contra o presidente Lula.
    Juntamente com os índices favoráveis ao presidente Lula apareciam os índices cada vez mais desfavoráveis ao sujeito que ocupa o Palácio do Planalto e isto fez com que as luzes, que nunca foram verdes,passassem a um tom quase avermelhado no meio dos golpistas de sempre.
    Ocorre que,se recordarmos bem,desde o início de seu mandato,esse sujeito,que elegeu-se dizendo-se contra a reeleição,não fez nada diferente do que tentar dia a dia fazer uma campanha para tal.
    Os atos realizados,que muitos fizeram uma leitura do tudo ou nada,foram,na realidade,atos contra o tudo ou nada só que,um tudo ou nada não contra a democracia ou as instituições (não que ele não pudesse tentar se sentisse a necessidade),o ato do tudo ou nada foi para deonstrar que não haverá espaço para uma terceira via.
    O sujeito,percebendo que poderia ser jogado ao mar,demonstrou que os golpistas,para sobreviverem no poder,precisarão contar com ele.Ele e mais ninguém.
    As recentes “visitas” de emissários golpistas dos falcões do norte podem ter servido de munição para esta intentona.
    Nesse ponto,podemos dizer que o ocupante do Palácio do Planalto saiu amplamente vitorioso em seu campo golpista.As manifestações,convocadas ao longo de quase dois meses e com ampla publicidade na mídia golpista e na alternativa e um custo sabe-se l-a advindo de onde,provavelmente dos mesmos porões ainda encobertos de sua campanha a presidência,tiveram um sucesso estrondoso e inegável. Estrondoso porque um sujeito que todas as pesquisas indicam em franca decadência na opinião publica jamais conseguiria reunir essa quantidade de gente,ou seja,existe toda uma estrutura paralela que independe desta popularidade e,pior ainda,parece que essa gente tem a chave para acender a loucura de um segmento importante de nossa sociedade.
    Assim,a ida do mordomo do Palácio do Planalto,golpista de primeira hora, a Brasília ,nada mais foi do que uma carta de capitulação deste outro lado do golpismo que,agora,sentiu que não haverá outro barco para entrar que não seja o desse sujeito.
    O presidente Lula atingiu sozinho aquilo que parece ser seu topo e agora busca apoios para impedir que esse sujeito possa continuar a governar o país por mais 4 anos.
    Pela ida do mordomo do Palácio do Planalto ontem a Brasília e a entrevista dada pelo presidente dos bicudos emplumados, a tarefa não será nada fácil.
    A única diferença é que essa gente terá que realmente mostrar as penas,os bicos e tudo mais.
    Será uma batalha difícil,mas será contra esse sujeito e não outro engomadinho qualquer.

  2. Se a cada menção que o Nassif faz às grandes realizações artísticas, musicais, cinematográficas, ou quaisquer outras, do passado, recente ou remoto, houvesse um estímulo às pessoas – principalmente os mais jovens – para que entrassem em contato com tais obras, creio que ele – e eu, na carona – sentiríamos que sim, vale a pena mencionar e estudar o passado, para iluminar o presente e ser capaz de vislumbrar o futuro.
    “O Homem que Matou o Facínora” é um dos últimos filmes de John Ford, numa fase em que ele estava destruindo, um a um, todos os mitos e clichês do Faroeste – que ele mesmo difundiu, quando não criou, destinados a glorificar o avanço genocida do pioneiro americano para o Oeste.
    Já disse alguém que a obra de todo grande criador termina em falésia – ou seja, mostrando à posteridade a face mais abrupta de seu gênio. Ford fez isso, ainda que a custa de reconhecer ter feito parte de uma construção – narrativa, se diria hoje – destinada a demonizar um “inimigo”, no caso, os índios. Dois anos depois, Ford realizou “Cheyenne Autumn” – “Crepúsculo de uma Raça”, aqui no Brasil, que avançava ainda mais resolutamente na demolição desses mitos, chegando a expô-los ao ridículo, em uma sequência cortada do original, e hoje disponível em DVD.
    Vale a pena assistir essas obras. Vale a pena conhecer o que se passou, e como os artistas podem – caso assim o desejem – ser a vanguarda de uma tomada de consciência.
    Mas, se se trata de relacionar nossa desgraça atual a um filme, sigo com a opinião de que nós estamos imersos na trama de “M”, de Fritz Lang, de 1931. Nesse clássico, o grande Peter Lorre interpreta um criminoso psicopata, um outsider – é fácil identificar o nosso “outsider” – cujos crimes horrorosos forçam a polícia a agir no submundo, perturbando os negócios dos chefões, e também suas relações nada republicanas com esses mesmos agentes da lei.
    Vejam o filme, e vejam se o que acontece com Peter Lorre, no final, não é o que vai acontecer com o nosso outsider, em breve.
    Com Supremo, com tudo.

  3. Nassif gosto muito das suas analises, que não são superficiais. Por isto mesmo este post me causo desgosto em viver. Se mais uma vez, tal qual foi com o golpista Temer, o golpista Bolsonaro sair incolume de toda está farsa, de todo este drama, onde depois do golpe de 2016, capitaneado por Temer com STF e tudo, só tivemos retrocesso vai deixar um gosto amargo na boca de novo.
    Ai o jeito é tocar fogo em tudo: Se não for para todos, não será para ninguém.

  4. é lamentável o silêncio de todos sobre a maior destruição: a do serviço público, q se passar e continuar vai acabar com o país dos serviços essenciais e ainda permitirá a perpetuação dos mesmos destruidores nos poderes.

  5. Nassif, faltou na tua análise mostrar como ficam os militares, das FFAA e das PMs, que embarcaram firmes na aventura golpista.
    Eu sinto que essas forças têm um papel político semelhante às SA e SS no começo do governo de Hitler. Assim como nossos militares e PMs, os membros dessas duas forças eram, do ponto de vista da cultura política, broncos completos. Seu entendimento dos mecanismos da Política era mínimo ou inexistente, ou, pior ainda, uma série de preconceitos e fantasias que se retroalimentavam no confronto com a realidade. Enquanto a grande burguesia alemã fazia acordos e conchavos para manter as esquerdas longe do poder, e imaginavam estar enquadrando o ditador, este, amparado em suas milícias armadas, em suas tropas ilegais e irregulares, se preparava para a tomada do poder. SS e SA não faziam parte dos conchavos da direita alemã. No exército grassava um anticomunismo bitolado (como aqui), capaz de aceitar qualquer coisa para impedir a chegada das esquerdas ao poder.
    Bolsonaro se enfraqueceu, é verdade. Mas, nem ele, nem seus fanáticos, se guiam pela lógica política da direita tradicional. Para eles, todo esse discurso de Instituições, Estado Profundo, Alta Burguesia, Mercado, tudo isso é bobagem, miragens que tentam lhes enfiar olhos a dentro para que não possam exercer seu sagrado direito de oprimir a todos nós, direitistas e esquerdistas. Uma provável perda de força dentro das FFAA, por conta do chamamento à baderna e à indisciplina, isto deve ter sido o estopim para o “recuo” de Bolsonaro. Um Alto Comando que lhe tenha feito saber que a prisão de algum filho não seria impedida, a não ser dentro dos limites dos códigos processuais, e que qualquer baderna e indisciplina de PMs seria inaceitável, pode ter sido o estopim para esse comportamento. Duvido que tenha sido o medo político.
    Mesmo o recuo de Jair Messias não foi assim tão espetacular. Não houve rendição, e essa gente só compreende a derrota quando ela significa aniquilação. Houve um armistício, e Jair conservou todas as armas de que dispôs até agora.
    Eu pessoalmente acho que não vai demorar muito e ele vai cruzar de novo o paralelo 38. E de novo, e de novo, e de novo. E finalmente, quando saírem os resultados das eleições, no ano que vem, e depois de ele ter, por mais de um ano, podido articular as ações de seus fanáticos de farda (e sem farda), nesse então é que nós veremos se realmente a burguesia brasileira tem alguma mínimo pudor democrático, ou, como a alemã, aderirá com alegria ao Duce dos trópicos…

  6. Porque ainda se acredita que este país, um dia, ainda vai virar um país decente, justo, inclusivo com sua população. Não é lógico que, a grande possibilidade, é que ele seja sempre assim até desaparecer (pois toda nação desaparece com os séculos)? Será que, a solução mais sensata e correta não seria que, quem puder mudar para algum país decente (europa ocidental, Canadá, austrália, Nova Zelândia), tem mais é que parar de investir fichas neste país desumano com a maioria de seu povo? Não é solução, simplesmente, ir ser cidadão humilde em um país onde mesmo os pobres, tem ainda direitos e dignidade? Eu não vejo lógica em acreditar que o Brasil possa um dia, ser diferente. E não sei como alguém ainda vê. O Brasil não vai mudar profudamente se suas estruturas centenárias não forem completamente demolidas, e não veja força política nem engajamento popular mínimo que prossibilite isso (nem consigo ver nada, de factível e realista, que possa fazer isso mudar)

  7. Boa noite, Nassif.
    Parabéns pela análise lúcida, como sempre.
    Nossa esperança é que o povo se levante. E não esqueça, como sempre acontece, esse genocídio causado por esses criminosos, sendo o vírus um mero coadjuvante. Ocorre que a sociedade brasileira já se habituou a aceitar e a se conformar com o genocídio cotidiano. Há muito tempo. Pois é certo que somente uma sociedade como a nossa é capaz de permitir que uma pessoa como o atual presidente permaneça no cargo como se nada tivesse acontecido. Até quando?

  8. Então….

    “Tudo terminará em pizza novamente, com Supremo e com tudo? Os 650 mil mortos serão apenas uma peça a mais do jogo político?”

    Sim.

    Ou alguém acha meeeeeesmo que o conclame, ao final do texto, dará conta de produzir arrebatamento generalizado do povo em direção a protestos pedindo o sangue dos crápulas todos??? Nem se tiver 500 Nassif’s espalhados por todos os veículos de mídia. E se tinha energia no povo pra arrastá-lo às ruas, o Bozo já a gastou. E se não gastou tudo, aparentemente, ele é ainda quem detém a rédea pra gastar o resto. Ninguém tá comentando da manifestação rolada no Anhangabaú, né?!

    Aliás, até mesmo se tiver uma mídia massacrante propagandeando o Lula pra 2022, de hj até aquela data, o que definitivamente não é o caso, e o Lula ganhar, nhaaaaaaaa….. acho pouco provável que ele consiga não ser também signatário do tal pacto com supremo e com tudo… mesmo ele morrendo de vontade de vingança por ter passado o que passou na cadeia, não?

    E um episódio “Getúlio 2, a missão” só é esperado por gente com a mesma mentalidade de quem tava comemorando o Bozo “decretando” Estado de Sítio, do nada (kkkkkkkkkkkk tô rindo dessa tosqueira até agora), no 7 de setembro.

    Brasil velho de guerra mesmo, mas nem tão velho assim, né? Cês esperariam coisa diferente?

  9. “Definitivamente, o Brasil não se suicidará novamente”.

    Sinceramente, chega a ser risível esse otimismo do Sr. Luis Nassif. Agora eu pergunto, quem é esse brasil ou qual é esse brasil (e deve ser grafado com minúscula mesmo) de quem ou do qual ele fala? Com certeza não é o povo brasileiro ou (para ser mais exato) a população brasileira (já que nesse país, em realidade, não existe um povo como entidade política determinante, mas sim uma população dispersa e de uma forma geral alienada politicamente, e com interesses igualmente dispersos e voláteis, e que é contudo o elemento fundamental para a constituição de qualquer idéia de futuro nacional) haja vista que povo e população simplesmente inexistem nas análises políticas do Sr. Luis Nassif, isto é, não são minimamente considerados como figuras políticas por ele. Assim, parece então que o Brasil ao qual o Sr. Luis Nassif se refere não é senão o velho brasil institucional, o brasil da sua crença ou fé particular nas “instituições republicanas”
    (mesmo que nessa crença ou fé, tais instituições apareçam como entidades político-burocráticas fanstasticamente abstratas e autodeterminadas por uma espécie de racionalidade-republicana-democrática congênita, pois exatamente aí, nessa crença ou fé, ele faz uma completa abstração histórica da falência técnico-administrativa, do caráter essencialmente antidemocrático e mesmo antipolítico e da mediocridade histórica dos grupos dirigentes de tais instituições e do funcionamento das mesmas. É preciso lembrar que até pouco tempo atrás o Sr. Luis Nassif apostava em Rodrigo Maia como o “garantidor das instituições republicanas do brasil” e também apostava no STF. Bem, no STF ele ainda aposta.

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