Assange recusou oferta de assistência consular da Austrália

Por alfeu

Assange recusou oferta de assistência consular da Austrália

Diplomacia australiana já se diz preparada para agir caso Estados Unidos peçam extradição do jornalista

De  Fillipe Mauro, da Redação do Opera Mundi

O Governo da Austrália revelou neste sábado (18/08) que procurou Julian Assange em oito ocasiões desde que o jornalista se refugiou na Embaixada do Equador em Londres. De acordo com o ministro das Relações Exteriores australiano, Bob Carr, o último contato ocorreu nesta terça-feira (14/08), apenas dois dias antes de o Equador ceder a seu pedido de asilo diplomático. Na ocasião, Assange teria recusado uma oferta de auxílio consular australiano.

A diplomacia de Canberra alegou, em nota, que já está preparada para uma eventual extradição de Assange para os Estados Unidos, onde responderia criminalmente pela revelação de documentos sigilosos de estado.

O grupo australiano Fairfax Media também publicou nas últimas horas documentos oficiais da embaixada da Austrália em Washington que comprovam que o país estava ciente de uma investigação de 18 meses feita pelos Estados Unidos contra Assange. Daí a razão pela qual “leva a sério” a possibilidade de extradição do jornalista para território norte-americano.

Esse dossiê também revela que o governo de Camberra ainda não se posicionou sobre uma possível extradição e que pediu apenas para ser notificado com antecedência caso a medida seja adotada. O ministro do comércio, Craig Emerson, confirmou as informações à emissora pública ABC e alegou que “a embaixada está fazendo seu trabalho e se preparando para a possibilidade de extradição”.

Repercussão na Austrália

Depois do anúncio feito pelo governo equatoriano, o Partido Verde da Austrália afirmou que a decisão de Quito de conceder asilo diplomático a Assange supunha oferecer-lhe a proteção que o governo de seu país não lhe deu. O senador Scott Ludlam, porta-voz do Partido Verde na Câmara Alta da Austrália, avaliou que a decisão do Equador foi de forma “inequívoca e detalhada condenatória para a Austrália”.

Ludlam indicou que, após a concessão do Equador, o governo britânico deveria retirar a polícia dos arredores da embaixada equatoriana e garantir a livre passagem de Assange em um veículo diplomático até o aeroporto de Heathrow. Horas antes do anúncio feito pelo Equador, o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Bob Carr, falou que seu país não interviria na disputa entre Equador e Reino Unido.

“A Austrália certamente não é uma das partes da decisão. Trata-se de um assunto entre o senhor Assange e os governos de Equador e Reino Unido”, limitou-se a dizer Carr.

O caso

Assange, que lançou o Wikileaks em 2010, é procurado pela Justiça da Suécia para responder por um suposto crime sexual. Ele ainda não foi acusado ou indiciado. No Reino Unido, ele travou uma longa batalha jurídica contra sua extradição para o país escandinavo, que se recusava a interrogá-lo em solo britânico. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado. Há sete semanas, o jornalista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres, em uma jogada classificada como “tenaz” pela imprensa local.

Assange teme que, após ser preso na Suécia, os Estados Unidos peçam sua extradição, onde poderá ser julgado por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos. O Wikileaks obteve acesso e divulgou centenas de milhares de arquivos diplomáticos norte-americanos, muitos deles confidenciais.

(*) Com informações da Agência Efe

Luis Nassif

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