A Guerrilha do Araguaia merece respeito, por Ivan Seixas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A Guerrilha do Araguaia merece respeito
 
por Ivan Seixas 
 
A Guerrilha do Araguaia pode ser criticada por vários motivos. Da escolha da região a ser implantada até a estratégia adotada, passando pelo preparo de seus integrantes. No entanto, NINGUÉM pode criticar as guerrilheiras e guerrilheiros, que mostraram uma dedicação integral e um comportamento irretocável. A repressão brutal só produziu 2 (duas) deserções entre as fileiras da Guerrilha.
 
Disciplinadamente, todas as pessoas envolvidas se mantiveram na luta enfrentando uma força muitas vezes superior e cruel do que a Guerrilha. Para se ter uma ideia, dezenas de participantes foram assassinados depois de capturados, dezenas de camponeses foram assassinados por aderir à guerrilha e a população sofreu a barbárie da repressão do Estado ditatorial. O número de mortos das forças armadas, em combate, não passa de 10 (dez) e o massacre é desproporcional sempre.

 
No entanto, de vez em quando aparece esse jornalista Hugo Studart com uma história fantasiosa, que suja a imagem das pessoas, da Guerrilha do Araguaia. Há um tempo atrás, ele contou que houve deserções e que essas pessoas desertoras estariam vivas e protegidas pelas Forças Armadas. Agora ele surge outra vez com essa fantástica cena romântica entre uma guerrilheira e um assassino repressor, que na hora da execução beijou sua vítima e chorou copiosamente pelo trabalho sujo que iria fazer a seguir.
 
Essa mentira é igual a contada pelo coronel Newton Cerqueira em seu Relatório Pajussara em que descreve o cerco e as supostas circunstâncias da morte do Comandante Carlos Lamarca, no sertão da Bahia. Nesse relato, o coronel torturador teria perguntado sobre sua família, sobre a morte de Yara Iavelberg, diz que Lamarca seria um traidor da Forças Armadas e o executa a seguir. Não esconde que foi uma execução sumária, mas inventa um diálogo para legitimar o assassinato.
 
Hugo Studart é filho de um militar repressor da própria Guerrilha do Araguaia, o tenente aviador Jonas Correia. As fontes de pesquisa para suas afirmações são, provavelmente, o seu próprio pai, colegas de seu pai e documentos escondidos pelas Forças Armadas, que afirmam terem sido destruídos. Ou seja: Hugo Studart é um farsante que conta a história do ponto de vista do repressor.
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1.  
    …”a maior causa nobre é a

     

    …”a maior causa nobre é a vida.”…

    Embora na época tenha discordado, entendo que aqueles que optaram pelo enfrentamento armado aos gorilas de 64. Entendo que merecem todo o respeito dos brasileiros dígnos sim senhor !   Além do mais, qual nobreza haveria na vida de um verme como o Cabo Anselmo?

    Orlando

  2. Comentário fascistoide
    Sr anarquista:
    Sério, vida escravizada, consentida, pode?
    Tá me parecendo um anarquista que não suporta as diferenças…portanto se esconde sob o manto do anarquismo digital:
    Vosmecê simpatiza com o fascismo,ou já é fascista desde criancinha?

  3. Resposta aos comentários de Ivan Seixas

    Ivan Seixas, observa-se claramente que tua crítica ao meu livro “Borboletas e Lobisomens” foi feita sem que você tenha lido uma linha sequer do livro, mas somente e tão-somente por surto ideológico em defesa de uma amiga indefensável, sem ter a menor ideia do conjunto da obra.

    Construi uma obra de 660 páginas depois de nove anos de pesquisa de campo, no qual desvendei um acervo com cerca de 15 mil páginas de documentos secretos da ditadura e entrevistei mais de 100 pessoas, entre guerrilheiros sobreviventes, camponeses e militares, cujos nomes estão citados no cap Referências, como também no Apêndice IV, no qual apresento a cadeia de comando.

    Entre as revelações relevantes, o saldo do fratricídio: dos 59 guerilheiros desaparecidos, 29 morreram em confronto na mata e 22 foram executados depois de preso; um guerrilheiro foi justiçado (executado) pelos próprios companheiros e sete deles sobreviveram depois de fazer delação premiada e trocar de identidade. Revelo que o saldo de camponeses mortos pode chegar a 36. Revelo as circunstâncias das prisões, tortura e morte de quase todos (sendo 22 executados, repito)

    O episódio que você chama de “fantasioso” é o depoimento de um militar relatando como interrogou e depois executou a guerrilheira Aurea Valadão. Ele conta que se apaixonou por sua vítima e que chorava muito quando teve que executá-la. 

    Sei que você escreveu esse post inconsistente por que, no capitulo no qual discuto a questão de quem teria traído a guerrilha, apresento informaçoes novas que inocentam por completo José Genoíno e, ao mesmo tempo, relato que a guerrilheira Criméia Almeida, tua amiga, manteve por pelo menos três anos um caso amoroso com o sargento Joaquim Artur Lopes, o Ivan, chefe da Equipe Jiboia de interrogatório e execuções. Relato que Ivan enviou uma passagem para Criméia, com verba secreta do CIE, e que ela foi sozinha para Marabá. De lá, guiou Ivan e outros três militares por sete dias pelos locais estratégicos do Destacamento A, dentre eles as posses dos camponeses Vanu e Abelinho. Dias, depois, quando os militares retornaram ao Araguaia, foram direto às terra de Vanu, onde mataram quatro guerrilheiros, dentre eles André Grabois, pai do filho de Criméia. Mais alguns dias, e mataram Sônia nas terras de Abelinho.

    Por todas essas razões, te aconselho a ler o livro antes de arriscar colocar tua mão no fogo por quem quer que seja

    Hugo Studart
    Historiador
    PS – vou publicar no Facebook o trecho completo do caso amororo da Crimeia com o sargento chefe da equipe de tortura e execuções. 
    PS 2 – se voce quiser, peço para a editora te enviar um livro de presente para que voce comece a ser mais prudente.

     

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