AI-5: 50 anos de uma página infeliz que manchou a história do Brasil

do PT no Senado

AI-5: 50 anos de uma página infeliz que manchou a história do Brasil

Nesse período, o Brasil conheceu a predominância da violência, intimidação e o terrorismo como meios de eliminar qualquer traço de oposição ou resistência

Os anais da história do Brasil registram meio século do Ato Institucional nº 5 (AI-5), imposto pelo governo do general-presidente Arthur da Costa e Silva, no dia 13 de dezembro de 1968. O ato ditatorial marcou a total ausência de liberdade, com repressão e desprezo a qualquer garantia fundamental. O Brasil conheceu a predominância daviolência, intimidação e o terrorismo como meios de eliminar qualquer traço de oposição ou resistência.

Para os parlamentares do PT Wadih Damous (RJ) e Erika Kokay (DF), além da retirada dos direitos políticos, o AI-5 inaugurou um processo de radicalização autoritária na Ditadura Militar (1964), com predominância de prisões, torturas, assassinatos e fechamento do Congresso Nacional.

Damous explicou que como o ordenamento jurídico da época não deixava expressa a prática de atos que significassem o domínio ditatorial, o governo se valia de atos institucionais. “O AI-5 foi o mais duro desses atos, pois facilitava – embora não previsse – a prática de tortura, de desaparecimento, porque aboliu o habeas corpus para os chamados crimes políticos. Então, os advogados, os cidadãos em geral, não tinham como dispor de HC, que servia até para localizar onde estava um preso”, lembrou Wadih.

Para o deputado, ao abolir o habeas corpus, o AI-5 deixou a “feição da ditadura” mais nítida. “Ali, de fato, a ditadura mostrou todos os seus dentes, mostrou tudo que era capaz”.

A deputada Erika Kokay afirmou que a edição do AI-5 foi um momento sombrio que manchou a história do Brasil. Além de tortura, prisões, desaparecimento, o AI-5 “atuou como salvo-conduto para que as pessoas pudessem reprimir, impedir a própria liberdade”.

“É preciso deixar evidenciada a completa ausência de liberdade para entender o que foi o AI-5. E para além dos exílios, torturas, descobre-se que as medidas não ficavam nas salas escuras, nos porões da ditadura, elas eram, discutidas na própria Presidência da República. Portanto, nós vivenciamos um período em que as liberdades ficaram cerceadas, onde a tortura foi institucionalizada e onde tivemos centenas de desaparecidos”, lamentou Erika.

A deputada recordou ainda do alerta de Pedro Aleixo, vice-presidente civil do general Costa e Silva, para ilustrar esse momento obscuro, em que a força bruta das elites sangrou a alma do País: “Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o País; o problema é o guarda da esquina”, alertou o vice-presidente, momentos antes da votação da medida no conselho de ministros.

A deputada reafirmou que a ditadura representou um salvo-conduto para que “os guardas da esquina se sentissem à vontade para reprimir, para calar e para torturar”.

Mulheres

No momento em que o País celebra 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Ana Perugini (PT-SP), constata a necessidade de se promover mudanças para garantir e ampliar os direitos humanos das mulheres.

“É necessária uma mudança mais rápida naquilo que é elementar, simples, como tudo que é importante: partilhar a renda por políticas públicas inclusivas e garantir uma educação emancipadora. Não é aceitável sob qualquer argumento o aumento da fome de um lado, e de outro a concentração de renda crescente nas mãos de poucos aqui no Brasil e no mundo”, afirmou.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Recent Posts

CEE e CRIS marcam participação da Fiocruz nas discussões sobre Saúde do G20

A Saúde está na pauta do T20, em especial, nas Forças-Tarefa 1 e 6, tendo…

36 minutos ago

Dólar chega a R$ 5,28 após anúncio de nova meta fiscal

Mercado financeiro não recebeu bem o déficit zero proposto pelo Planalto; tensão no Oriente Médio…

1 hora ago

Advogados da Petrobras implicam Dallagnol em processo nos Estados Unidos; leia o depoimento

Advogados da Petrobras contaram em depoimento ao CNJ os bastidores da cooperação da Lava Jato…

2 horas ago

Comissão do Senado proíbe uso de bens públicos para homenagens à ditadura militar

Prédios, rodovias federais e bens públicos da União também não podem receber nomes de militares…

2 horas ago

Conib visita o presidente de Israel após retaliação do Irã

Formada por líderes da comunidade judaica, a delegação defendeu a pluralidade política interna, mas que…

3 horas ago

Ataque à embaixada iraniana mostra violação contínua da legislação internacional por Israel

Conflito no Oriente Médio tem se concentrado nos ataques do Irã a Israel, ignorando o…

3 horas ago