Alegoria das longas colheres ensina a partilhar o alimento

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Enviado por Mara L. Baraúna

Campanha “Alimento para todos”

Baseado em uma história antiga sobre a fome e partilha, este vídeo de animação faz parte da campanha da entidade Caritas “Uma família humana, Alimento para Todos“. A “alegoria das longas colheres” nos ensina que quando lutamos para alimentar apenas nós mesmos, todo mundo passa fome. Mas quando nos concentramos sobre a fome do nosso vizinho, descobrimos há maneiras de alimentar a todos.

Caritas Brasileira

http://www.youtube.com/watch?v=qhU5JEd-XRo width:700 height:395

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O DESPERTAR DOS SOCIOPATAS

       PSICOGRAFADO DE NELSON RODRIGUES
    Até o início dos anos 2000, o sociopata era apenas o sociopata e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se sociopata era o próprio sociopata e tinha vergonha disso. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a levantar um dedo, ou atirar uma bolinha de papel em alguém. Em 20 anos de redemocratização, nunca um sociopata ousou revelar suas opiniões. Simplesmente, não pensava, vegetava. Acuado pela democracia e aversão à ditadura que assolara o Brasil por 20 anos, o sociopata, andava mudo, de cabeça baixa, se escondendo pelos cantos.E uma das cenas mais fortes que vi, em toda a minha infância, no final da década de 80, foi a de uma autoflagelação. Um sociopata arrependido por bater na mulher, berrava, atirando rútilas patadas: — “Eu sou um quadrúpede!”. Nenhuma objeção. E, então, insistia, heróico: — “Sou um quadrúpede de 28 patas!”. Não precisara beber para essa extroversão triunfal. Era um límpido, translúcido sociopata assumido.E o sociopata como tal se comportava. E, como todos sociopatas, não podiam emitir opinião, muito menos agir. Tinha-se como certo que só uma pequena e seletíssima elite de sensatos podia pensar e agir. A vida política tinha sido reservada aos democratas expressos, que poderia até ser um sociopata travestido, mas era obrigado a fingir que não. Só os democratas ou que se diziam  democratas ousavam o gesto político, uma candidatura, o ato político, o pensamento político, a decisão política, o crime político.Por saber-se sociopata, deslizava rente à parede, envergonhado da própria inépcia e da própria burrice. Não passava do quarto ano primário. E quando cruzava com um sensato, um complacente, um piedoso, um compassivo, um benevolente, um solidário, só faltava lamber-lhe as botas como uma cadelinha amestrada. Nunca, nunca o sociopata ousaria emitir e escrever opiniões, além de limites ferozes. No cinema, assistia no máximo um Rambo I, um Chuck Norris.Vejam bem: — o sociopata se enxergava como tal. Havia plena acomodação entre ele e sua hediondez. E admitia que só os de bom-senso podem pensar, agir, decidir. Pois bem. O Brasil foi assim, entre 1986 e 2002. Há coisa de dez ou doze anos, um brutamontes de esteróides me dizia humilde: — “Eu não tenho o intelectual muito desenvolvido, senhor”. Não era queixa, era uma constatação. Meu pobre rapaz! – Dizia eu. Foi talvez o último sociopata  confesso do nosso tempo. Deve-se à imprensa brasileira o formidável despertar dos sociopatas e de toda sua fúria até então contida, a partir de 2002. Jornalistas pagos para inventar personagens sociopatas como Datena, Marcelo Resende, Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, e agora até os roqueirinhos tupiniquins Lobão e Roger Ultraje, estão ressuscitando e encorajando os sociopatas. Estes descobriram que são maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 20 anos, limitava-se a espumar sua baba raivosa na gravata, impotente, e roía seu ódio , como um vira-lata amedrontado rói seu osso num beco escuro, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente. Agora estufa o peito e berra aos quatro ventos o seu ódio, suas palavras de ordem, seus slogans fascistas, decorados dos trechos de seus mentores.Está havendo, em toda parte, a explosão triunfal dos sociopatas, já elegeram políticos como Bolsonaro, Feliciano Ramos, Sargento não sei o quê, Major tal, Coronel, Bispo etc, como se vivéssemos ainda na ditadura, regime de governo no qual o sociopata é promovido a herói, chefe, diretor, governador, presidente, além de torturador, é claro. E, certo dia, um sociopata, oriundo de redes sociais, resolveu testar o poder numérico ao vivo: — trepou num caixote e fez um discurso: “Morte aos veados! Pena de morte aos pivetes! Senzala para os negros! Cadeia para vagabundo! Pau-de-Arara para paraíbas!” Logo se improvisou uma multidão. O orador teve a solidariedade fulminante dos outros sociopatas. A multidão crescia como num pesadelo. Em quinze minutos, mugia, ali, uma massa de meio milhão.Se o orador fosse Cristo, ou Buda, ou Maomé, não teria a audiência de um vira-lata, de um gato vadio. Teríamos de ser cada um de nós um pequeno Cristo, um pequeno Buda, um pequeno Maomé. Outrora, os sociopatas faziam platéia para os libertários, os solidários, os humanistas. Hoje, não. Hoje, só há platéia para o sociopata. É preciso ser sociopata indubitável para se ter  atenção alheia, amantes e amigos.Quanto aos “bons de coração”, os sensíveis, os condolentes, os solidários ou mudam, e imitam os cretinos, ou não sobrevivem.  E, de fato, estes explodem por toda parte: são militares, religiosos, professores, sociólogos,  magistrados, cineastas, industriais, servidores públicos, taxistas reacionários. O dinheiro, a fé, a ciência, as artes, a tecnologia, a moral, tudo, tudo está nas mãos dos truculentos.E, então, os valores da vida começam a apodrecer: a solidariedade, o amor ao próximo, a compaixão pelos humildes, o respeito às minorias, o direito dos deficientes. Outro dia um bombadão, fechou o carro de uma velhinha e tomou a vaga reservada aos idosos e ainda deu uma rasteira no andador de um velhinho que protestou. Sim, os valores cristãos estão apodrecendo nas nossas barbas espantadíssimas. Os direitos humanos vão ruindo como cúpulas de pauzinhos de fósforos. E nem precisamos ampliar muito a nossa visão. Vamos fixar apenas a questão do Bolsa Família. A filantropia, a caridade, a solidariedade, a camaradagem entre conterrâneos foi o que possibilitou a vida em comunidade.  Tal sentimento precisa ser preservado senão a nação não dura mais de quinze minutos. No dia em que um grupo de brutamontes linchar um gay, um menor de rua, uma velhinha que foi receber o Bolsa, estuprar coletivamente uma brasileira, ou reunirem-se numa marcha de 100 mil, entitulada hipocritamente de “Marcha com Deus e pela Família” será exatamente o fim.É o que está acontecendo. 

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador