Anistia Internacional pede proteção a profissionais do sexo agredidas pela polícia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A Anistia Internacional levantou uma ação para a defesa de profissionais do sexo, despejadas e agredidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. No dia 23 de maio, os policiais invadiram um prédio onde moravam 300 profissionais do sexo, roubaram seus pertences, estupraram-nas, e plantaram evidências para incriminá-las falsamente. A denúncia foi feita por Isabel, nome fictício de uma das profissionais, em uma audiência pública no Rio de Janeiro.

Isabel contou que além do estupro e da extorsão, elas foram detidas sem mandados de interrogatório, sem a possibilidade de acompanhamento de advogados, e tiveram seus apartamentos trancados como “cenas do crime”. O prédio estava sendo fechado por defeitos estruturais, mas somente os andares e residências das profissionais do sexo foram invadidos e barrados.

As 300 mulheres estão hoje sem moradia. Tentando apresentar queixas contra a polícia na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, elas foram negligenciadas, a delegacia recusou-se a registrar as suas alegações.

Depois das denúncias, Isabel foi ameaçada com novas agressões. No dia 21 de junho, ela foi sequestrada por quatro homens, forçada a entrar em um carro e, durante 30 minutos, os homens usaram lâmina de barbear para ferir os braços de Isabel, mostraram fotos de seu filho na escola e mandaram que ela parasse de acusar os policiais e de falar com jornalistas.

Desde a ameaçada, Isabel não voltou para casa e não fala do assunto, com medo de represálias à família.

“A violência, extorsão, detenção arbitrária e despejos ilegais cometidos pelas autoridades brasileiras violam os direitos humanos das profissionais do sexo quanto à integridade física,  segurança pessoal, saúde, habitação e não discriminação. O sequestro, a violência e a intimidação contra Isabel por denunciar a ação policial violam seus direitos humanos – direito à liberdade e segurança pessoal, integridade física, saúde e liberdade de expressão”, disse a nota da Anistia.

A entidade busca, agora, mobilizar autoridades da Secretaria de Segurança Pública do Estado e o apoio da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, por meio de cartas enviadas pela população, exigindo a proteção de Isabel e a investigação de seu sequestro, a apuração imediata das denúncias às profissionais e o cancelamento do fechamento ilegal dos apartamentos.

Para mais informações, acesse o site da Anistia Internacional.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. PEDIR PROTEÇÃO PARA QUEM? PROFISSIONAIS?

    Devem pedir proteção para o ser humano acgredido pela polícia, e assim deve ser para qualquer um que for agredido, Quanto a PROFISSIONAIS DO SEXO, ai é brincadeira né pessoal. O nome de luxo não tira o escarnio que é a agressão que isso verdadeiramente é.

  2. Sempre os mais fracos

    Uma turma de policiais corrupta, violenta e covarde sempre ataca os mais fracos, os em situação mais frágil. Se mostram sempre machões e tal, mas são mesmo covardes. Estupram, mas vivem mesmo é ficando de quatro para os ricos e poderos.

    Na minha terra, macho é feito de outra madeira, não esta podre, que se verga ao mais forte com uma facilidade. Esses machos aí são de bambu. Doem no lombo dos fracos porque vivem nas mãos dos fortes.

    Os policiais honestos, cada vez mais serão confundidos com essa corja, toda vez que se calarem frente aos abusos dos bandidos policiais.

    Reajam pessoas honestas.

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