Caro Dr. Valois, por Boeotorum Brasiliensis

Receba toda a minha solidariedade e um abraço fraterno, estendido a todos os irmãos brasileiros quem, como nós, têm como ambição a construção de uma sociedade mais inclusiva, mais justa e mais livre.

Caro Dr. Valois, por Boeotorum Brasiliensis

Comentário ao post “Desfaz-se com a Constituição a fronteira do absurdo, por Luis Carlos Valois

Caro Dr. Valois,

Sua angustia é a nossa, a minha. Seu desespero é compartilhado. Como compartilhado é o sentimento de impotência que acompanha a vontade, ou melhor, a necessidade de parar-se a insensatez.

A sensação é de isolamento, de desemparo ao vermos que não somos protagonistas do nosso destino, essa ilusão cultivada pela minha geração. Iniciamo-nos na política, na conscientização do nosso papel de cidadãos, como agentes do avanço da Democracia e do que chamamos princípios civilizatórios nas escolas e universidades desse país, nas fábricas e nas ruas. Esse despertar se deu quando dos estertores da ditadura ao que seguiram-se a Constituição Cidadã e governos eleitos. Andando com dificuldades, pela falta de hábito, avançamos. Óbvio, não alcançamos os objetivos, em muitas áreas nem chegamos perto, em outros parcialmente registramos êxitos. Porém, com todos os percalços, com todas as dificuldades inerentes a um processo de transformação social tínhamos a certeza de que estávamos andando, de que o caminho estava sendo percorrido e de que, cedo ou tarde, chegaríamos a um bom destino. Se essa chegada triunfal não acontecesse em nosso tempo, aconteceria no tempo de nossos filhos ou de nossos netos, não importava quando. O que de fato importava era que chegaria e que sabíamos estar contribuindo para um hoje melhor que ontem e de ter contribuído para um amanhã melhor. Isso bastava.

De repente o tombo, a rasteira e a dor. Não da queda, a essa estamos acostumados, mas, pela primeira vez em muitas décadas e pela primeira vez na nossa geração, a dor da derrota. Não uma simples derrota, mas uma derrota que se consolidada far-se-á definitiva, ao menos para nós, os da geração na qual muitos ousaram a construção de um Brasil diferente.

O que fazer agora? Não sei. O que sei é que não podemos desistir. Seria abrir mão de todos os nossos princípios e do que trouxe-nos até aqui. Não há como deixar de herança um pais lobotomizado. Sem líderes nem projeto de futuro, entregue à própria sorte.

Quando frente a um desabafo como o seu, frente às minhas próprias inquietações, em primeiro sinto-me só e desassistido, para, em seguida, reagir raciocinando. Se ambos pensamos de forma semelhante e temos os mesmo anseios eu não estou só, se somo 1+1 já são 2. Suponho que existam outros e, passo-a-passo, vejo-me em meio a uma multidão. Somos milhões! Isolados, separados, desamparados e perdidos. É preciso não resignarmo-nos, irmos à luta a brigar pelos nosso ideais. Fazermos dessa luta um rotina de inconformismo, denúncia e combate diário, onde quer que estejamos e nas oportunidades que nos derem. Enquanto o espírito de luta permanecer bastará a oportunidade surgir e estaremos unidos e prontos. Basta não desistirmos.

Receba toda a minha solidariedade e um abraço fraterno, estendido a todos os irmãos brasileiros quem, como nós, têm como ambição a construção de uma sociedade mais inclusiva, mais justa e mais livre.

 

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. EU tive um projeto de futuro. Foi estuprado 24 horas por dia por 10 anos por causa dele. Continuo sendo.

    Ja vi todo o bem que “a humanidade” teve pra me oferecer. Todinho.

    Eh por isso que eu quero ela morta.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador