Com bombas, PM volta a atacar usuários e prende oito na cracolândia

 
Jornal GGN – Na noite de ontem (17), a Polícia Militar, com sua tropa de choque, usou bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para dispersar os dependentes químicos na região apelidada de cracolândia, no centro da cidade de São Paulo.
 
A confusão começou por volta das 21h, quando os policiais pretendiam liberar a via, no cruzamento entre a Rua Helvétia e a Alameda Dino Bueno. De acordo com a PM, alguns dependentes começaram a atirar objetos contra uma base comunitária da polícia. Também afirma que, com a chegada de reforço, agentes foram agredidos, levando a uma ação de “contenção”. 
 
Oito pessoas foram presas na ação e um policial ficou ferido. De acordo com a Agência Brasil, a polícia não tem informações sobre feridos entre os moradores. 

 
Segundo o portal G1, no meio da confusão haviam crianças, que correram quando as bombas começaram a ser atiradas. Durante a correria, lojas foram invadidas e saqueadas na região da Santa Ifigênia.
 
Moradores de rua relataram que os policiais provocaram a reação dos usuários, de acordo com informações da Folha de S. Paulo. Raphael Escobar, integrante do A Craco Resiste, grupo que trabalha na defesa dos direitos humanos na cracolândia, afirma que a prática é comum. “Ficam chutando os moradores de rua, instigando uma reação”, disse.
 
Roberta Marcondes, antropóloga que também trabalha junto aos usuários, relata que um policial ameaçou atirar na direção do grupo “Estávamos tentando passar e ele mandou a gente voltar. Falei ‘a gente é dos direitos humanos’ e ele respondeu ‘foda-se!’”.
 
De Braços Abertos
 
O prefeito João Doria (PSDB) havia anunciado que encerraria o programa De Braços Abertos, criado pela gestão de Fernando Haddad (PT) para atender os usuários. O tucano disse que pretendia ampliar a presença policial na cracolândia. 
 
Na última semana, Doria disse que lançaria o programa Redenção para substituir o De Braços Abertos. De acordo com a Prefeitura, o programa terá a participação da Polícia Federal e vai atuar em cinco eixos: policial, social, medicinal, urbanística e de zeladoria.
 
Também na semana passada, Mágino Barbosa, secretário estadual de Segurança Pública, afirmou que as ações da PM na região seriam pontuais, descartando uma grande operação. “Nós não podemos realizar hoje uma ação dentro do que se convencionou chamar fluxo [aglomeração de usuários de crack, dentro da Cracolândia], porque o resultado seria extremamente danoso”, disse. 
 
O programa De Braços Abertos atende 467 pessoas, integrando os usuários a frentes de trabalho, com remuneração pelos serviços prestados, além de oferecer alojamento.
 
Já o programa Recomeço, do governo estadual, busca dependentes nas ruas para levá-los a tratamento. Em alguns casos, são utilizadas internações compulsórias. 
 
Redação

8 Comentários

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  1. Estão de parabéns

    os paulistas e paulistanos, trocaram o “De Braços Abertos”  de Haddad pelo fascismo travestido de “Redenção” de Doria e do PSDB.

    Estamos a passos largos regredindo, como país e como coletividade, para os anos 30 ou 40 do século passado.

  2. Total falta de credibilidade

    Total falta de credibilidade …

    A PM tem a credibilidade da NSA, da CIA, do MI6 quando acusa. 

    Não sempre, mas frequentemente, a PM diz isto e aquilo para acobertar seus mau-feitos. Mata inocente, mas inocente atirou primeiro.

    Mata negro inocente, mas o negro estava em atitude suspeita …

    Agride professores, mas foram os professores que ameaçaram a vida do PM com a caneta e o livro.

    Quem é que ainda acredita nestas crendices da PM?

    São uns brucutus fardados que nada entendem além de ser pau-mandado de governantes e cumprir ordens cegamente.

    Não duvido que se o governador mandar um PM matar o filho que ele faça isto até com um pouco de sadismo.

  3. Quem trocou Suplicy por JS, troca Haddad por João Dólar. Na boa.

    Prezados,

    Morei e trabalhei em São Paulo e não costumo falar mal do estado ou da maior cidade brasileira. Porém é preciso reconhecer que do ponto de vista sócio-político São Paulo (o estado e a cidade) se transformaram na vanguarda do atraso, no centro nervoso da intolerância, do ódio nazifascistóide, do anti-petismo e anti-esquerdismo patológicos. Os governos tucanos de SP transformaram o sistema prisional do estado em células de organizações criminosas que funcionam com o tácito conhecimento e consentimento das autoridades. Estudiosos já demonstraram que o PCC jamais existiria como tal se não fosse a condescendência das autoridades paulistas (SSP, polícias, governo do Estado, MPE, PJ e sistema prisional). Embora o governo do estado negue, é evidente que o PCC fez um acordo com o governo de SP, em 2006, para por fim à carnificina que ocorria, vitimando policiais e pessoas pobres da periferia. Mais grave é que SP exportou o PCC para outros estados. Alexandre de Moares, que foi SSP-SP na época em que o PCC se fortaleceu e passou a dominar as penitenciárias paulistas, advogou pra a Transcooper, uma cooperativa de vãs, de fachada, controlada pelo PCC; em pelo menos 123 processos, o escritório de advocacia que tinha Alexandre de Moraes como um dos sócios prestou serviços de assitência jurídica a essa empresa. Já se tornou público que além de roubos de carga e assalto a carros fortes, uma das atividades do PCC é o narcotráfico.

    Mas no bilionário negócio das drogas não é o PCC ou outra facção criminosa surgida nas prisões e nas periferias que controlam as transações internacionais, envolvendo os fornecedores e os consumidores que compram os produtos de maior valor agregado e que proporcionam maiores lucros. Como mostrou o jornalista Luís Nassif, há gente graúda, de colarinho branco (da política, das forças armadas, das polícias, do judiciário, do ministério públicos, da banca financeira, etc.) que de fato controla as grandes e internacionais transações envolvendo entorpecentes. Atribuir a facções como PCC e CV o controle do tráfico de drogas é uma tática para desviar o foco dos verdadeiros e grandes chefões, muitos deles em posições de mando neste País rico, mas que mantém a maior parte da população na pobreza, quando não na miséria.

    São Paulo, o estado, trocou o senador Eduardo Matarazzo Suplicy por José Chirico Serra; São Paulo, a cidade, trocou Fernando Haddad, considerado o melhor prefeito do mundo, por João Dória Jr., esse que se fantasia de gari e que contrata um ator para fazer o papel de morador de rua, para que possa se aproximar e cumprimentá-lo. Ou alguém acredita que aquilo não foi uma encenação? As ações desastradas de João Dória, como a da reintegração de posse que resultou na mais do que abusiva detenção de Guilherme Boulos, e agora essa investida contra os usuários de drogas, antes tratados com dignidade e oferta de oportunidades pela administração de Fernando Haddad, mostra o estágio de degradação em que se encontram a sociedades paulista e paulistana.

  4. Brutalizar usuários é sempre
    Brutalizar usuários é sempre mais fácil e seguro do que reprimir o tráfico de drogas em escala de toneladas.
    Os mega-traficantes pagam pedágio para os Coronéis da PM e para o Secretário de Segurança Pública de Alckmin?

  5. Isso é uma boa lição para

    Isso é uma boa lição para aquela esquerdinha que achava o Haddad de “direita”. A direita de fato, quando está no poder, não brinca em serviço. Fora o golpe de Temer e do PSDB, produzindo os efeitos que já conhecemos, temos o Doria que nem esquentou ainda a cadeira de prefeito atacando brutalmente pessoas que precisariam de auxílio do poder público. A desocupação de terreno pedida por ele, jogando na rua 700 famílias, é outro exemplo. E são covardes, pois somente agem assim contra aqueles que estão em condição mais frágil.

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