Comissões da Anistia e de Mortos e Desaparecidos propõem federalização dos crimes de maio

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Paulo Abrão e Eugênia Gonzaga, presidentes das comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos, propuseram ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma agenda de memória e verdade, Justiça e Transição e fortalecimento da democracia dos próximos anos. A proposta foi feita em reunião ocorrida na quinta-feira, dia 16.

O encontro ocorreu na seda da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e foi o primeiro de uma série que tem por objetivo consolidar uma agenda política comum para atender às recomendações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e às determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), entre outras obrigações.

Além disso, as comissões defendem o apoio à criação das Comissões da Verdade da Democracia, o resgate da memória e referente aos 40 anos da Operação Condor, e o desarquivamento e federalização dos crimes de maio de 2006, quando uma série de homicídios ocorreram na Baixada Santista, Guarulhos e na cidade de São Paulo e que ainda não foram esclarecidos.

No documento apresentado a Janot, as duas comissões repudiaram os pedidos de intervenção militar feitos nas recentes manifestações anti-PT ocorridas no país. Desta forma e neste contexto, os representantes destacam a importância e necessidade de afirmação dos valores democráticos, reforçando as políticas de memória.

Paulo Abrão afirma que a articulação entre as duas Comissões é um dever de Estado que assume um papel especial neste contexto em que algumas vozes defendem o retorno de uma ditadura militar. “A luta contra a impunidade dos crimes do passado é a mesma em relação aos crimes do presente”, explica. “Qualquer defesa de quebra da ordem democrática não é solução verdadeira para quem aspira um país sem violência”. 

Eugênia Gonzaga destacou o interesse demonstrado por Janot no tema. “O procurador-geral apresentou ótima receptividade às nossas considerações”, comemorou a presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos. “Estamos certos de que está sendo dado um importante passo para a concretização da justiça de transição”.

Comissão – Criada em 2001 para reparar moral e economicamente as vítimas de atos de exceção, arbítrio e violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, a Comissão de Anistia é vinculada ao Ministério da Justiça e composta por 25 conselheiros, em sua maioria agentes da sociedade civil ou professores universitários. Até janeiro de 2015, a Comissão havia recebido mais de 74 mil pedidos de anistia, declarando mais de 43 mil pessoas anistiadas políticas, com ou sem reparação econômica. 

Com informações do Ministério da Justiça

Serviço: Acesse aqui documento com a agenda comum das duas comissões.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Uma coisa não tem a ver com a outra

    A onda de homicídios ocorrida em maio de 2006 tem a ver com o envolvimento de policiais com quadrilhas de criminosos, não se trata de uma ação planejada pelo Estado, como foi a Operação Condor. Uma coisa não tem a ver com a outra. O Estado não pode ser responsabilizado neste caso! Os crimes não tiveram motivação política, nem as vítimas eram perseguidos políticos, eram bandidos comuns. Será que agora teremos que pagar indenizações a bandidos, que irão prontamente repassa-las à chefia de suas organizações criminosas?

    Mas também isso não me espanta: desde o fracasso da luta armada nos anos setenta, que não teve o apoio dos trabalhadores, os ativistas de esquerda têm procurado angariar seu novo público entre os marginais, aqueles a quem Marx denominava o lumpen-proletariado e afirmava, com razão, serem imprestáveis como revolucionários. Sai guerrilheiro, entra quadrilheiro. Isso é chamar urubu de meu louro.

    1. Quem te garante que todas as

      Quem te garante que todas as vítimas eram bandidos ? Baseado em que ?

      Isso é discurso fascista camarada.

  2. Histeria de um bando de gente

    Histeria de um bando de gente DESAVERGONHADA que fala na necessidade de combater a ditadura militar enquanto apoia a ditadura Cubana, e regimes cada vez mais totalitarios como a falida Venezuela.

    São cinicos e mentirosos, pois se tivessem um compromisso minimo com a verdade entenderiam que nunca houve luta por democracia por parte da esquerda e que Lamarca e Marighela são tão assassinos quanto seus algozes e tao , defendsores de ditatura quanto eles e nunca , JAMAIS em momento algum foram democratas…

  3. Toda justiça que houver nessa vida.

    Eu ia responder ao leonidas, mas… Passo. Como diria o poetinha: pau seco e gente besta é coisa que não acaba no mundo. Nesse caso, além da tonteira, pode ser ma-fé também.

    Espero que a luta das Comissões da Anistia e de Mortos e Desaparecidos não termine [totalmente] em vão. Como Janot perdeu muito da pouca credibilidade que tinha por aqui; a gente so espera que haja um pouco de consideração do Judiciario por essa luta. Um pouco de Justiça.

  4. Nossa!

    Marighella e Lamarca são tão assassinos quantos seus algozes. E isso ganha estrela ? O blog tornou-se mais uma apêndice para as filhas da ditadura sairem-se com a velha historia de que não ha nada a se fazer quanto à anistia e justiça aos torturados e assassinados, pois nessa historia, todos seriam iguais. Humpf!

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