Consciência negra, para feministas brancas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Consciência negra, para feministas brancas

Desde cedo entendi o que era o racismo. Filho de uma mãe um tanto racista, numa família racista de negros, mulatos e descendentes de espanhóis, meu pai — de pele bem branca, olhos azuis e cabelo bem cacheadinho — fazia questão de pontuar que todos eram iguais e se horrorizava com o racismo. Minha mãe, nascida de uma mistura de europeus diversos e indígenas, sempre reforçava atitudes anti-racistas e criticava abertamente indivíduos e comportamentos discriminatórios. Quando comecei a me envolver em movimentos sociais, na adolescência, descobri o movimento negro e suas mais do que legítimas reivindicações. Só recentemente, porém, depois de muitos anos de militância, compreendi que talvez meu papel principal, nessa luta, seja mais óbvio e muito mais difícil do que eu imaginava: me reconhecer branca.

Quando nascemos, nós, pessoas de pele e fenótipo socialmente lido como “brancos” (doravante aqui denominados apenas “brancos”, pra facilitar a leitura) somos ensinados que existem pessoas negras. Somos ensinados que têm a pele diferente da nossa. Em todas as formas de transmissão de cultura — escola, televisão, conversas em família, entre outros — a cor da nossa pele nunca é tratada como uma questão. É como se não tivéssemos cor. Nesse pensamento está baseada a expressão racista “pessoa de cor”, que pressupõe que nós brancos e brancas não temos cor.

Sem perceber, passamos a vida acreditando verdadeiramente nessa mentira. Quando conseguimos alguma coisa, não associamos a conquista à nossa identidade ou classificação racial, mas a um mérito individual que simplesmente não existe. Isso não quer dizer que nenhum de nós brancos sejamos bons no que fazemos, calma aí. Significa apenas que uma pessoa negra tão boa quanto, ou melhor, ficou de fora na seleção em que nós passamos. Por diversos motivos. Foi quando tomei contato com o feminismo negro de Patricia Hill Collins e Bell Hooks que tomei consciência (não, não é um trocadilho) desses motivos. Estes são alguns deles:

  • Eu nunca fui tratada por meus professores e professoras como um projeto de bandida, rainha de bateria ou faxineira; aprendi daí que a escola era mesmo o meu lugar.
  • Nunca precisei passar por processos dolorosos e tóxicos para adequar meu cabelo às exigências de qualquer empregador sob a ameaça de passar fome; aprendi daí que meu cabelo não precisa ser corrigido.
  • Fui tratada como mãe das crianças brancas de que cuidei como baby-sitter; aprendi daí que eu não precisava realizar nenhuma outra tarefa doméstica que não fosse cuidar das crianças.
  • Nas novelas, filmes, revistas e outras mídias que constroem o imaginário popular e as nossas identidades e anseios, sempre havia personagens como eu, brancas, que tinham sucesso profissional em diversas áreas; aprendi daí que eu podia ser o que quisesse.
  • Na escola e em todos os espaços públicos, especialmente naqueles em que frequentavam majoritariamente ou exclusivamente mulheres, sempre me senti confortável e incluída e sempre me deram a palavra; aprendi daí que eu podia e devia falar sempre que desejasse.
  • Em espaços domésticos, as pessoas que desempenhavam funções de serviço pesadas como empregada doméstica mensalista, muitas vezes mal pagas e em condições de vida deploráveis, não eram do meu bairro, não eram minhas vizinhas, não eram minhas parentes; aprendi que aquilo não era pra mim.
  • As revistas de moda e cabelo sempre tinham diversas sugestões e opções de maquiagem, penteados e cortes que se adaptavam facilmente aos meus tons de cabelo e pele, segundo as regras iluminadas dos editoriais; aprendi daí que eu sou normal, que eu sou a regra, o fiel da balança, o neutro pelo qual de deve medir os demais.

Construída nessa e em outras situações, minha identidade racial ficou escondida. Toda a sociedade me dizia que “raça” simplesmente não era uma questão que me tangia. O gênero sim, já que como mulher eu estava do lado oprimido. Sendo branca, então, eu realmente acreditava que não tinha nada a ver com a discussão racial, exceto para defender “elas”, as mulheres negras.

Daí que um dia elas gritaram. Apontaram minha raça e eu, em minha ignorância racista, que como sociedade acabamos por desenvolver de maneira doentia em todas as pessoas brancas deste país, me senti ofendida. Eu não gostava de ser lembrada de que era branca. Dizia inclusive que isso seria racismo. Era muito mais fácil acreditar que tudo que eu tinha conseguido tinha sido por mérito próprio. Que eu, mulher, não podia jamais ocupar o lugar de opressora nesta sociedade. Era o esquema perfeito: me colocava enquanto vítima e recusava deliberadamente a função de algoz. Conforto pouco é bobagem.

Depois de espernear, me lembrei de um debate sobre cotas na época do ensino médio. Eu era, então, contra as cotas raciais. Meu melhor amigo — também ligado à militância de movimentos sociais — me disse uma das coisas mais interessantes que eu já ouvi sobre políticas públicas: “Estou do lado dos fodidos, Marília. A gente tem que estar do lado dos fodidos”. Nós, que nem fodídos éramos. Ele, que tinha olhos azuis e sobrenome italiano.

Decidi ouvir o que as fodidas tinham a me dizer, pelo afeto que nutro por essa figura branca (sim, racista também isso). Botei o ego de lado. Pisei fora da zona de conforto, do meu esquema explicativo perfeito de mártir (existe feminino de mártir?). Escutei a Hill Collins. Reli Alice Walker. Fui atrás da Rosa Parks. Pesquisei Nina Simone. Me enfiei na história dos Panteras Negras. Assisti de novo Mississipi em ChamasUma Outra História Americana, tudo que eu tinha do Spike Lee. Me inscrevi em feeds de sites e blogs brasileiros sobre racismo e identidade racial – esses que antes eu sequer acessava, já que “não eram dirigidos a mim”, pela mesma visão limitada de quem acha que, sendo branco, não tem nada a ver com o dia da consciência negra. Peguei o Darcy Ribeiro da estante. Quase vomitei com a memória de tudo aquilo que meu cérebro havia, de forma traiçoeira, relegado “aos outros” quando aprendi na escola.

Não eram os outros. Era eu.

Nas páginas de Casa Grande e Senzala, eu era a moça na liteira. Eu era o personagem de Di Caprio em Django Livre, ou era também o branco salvador da pátria (ou pior, dos negros) interpretado por Chirstopher Waltz — ambos essencialmente racistas. Eu era a sinhá que eu tanto desprezava nas novelas de época. Eu era a imigrante italiana da novela, cujos descentes puderam acreditar no mito do mérito, já que sua cor de pele lhe dava contrato, trabalho assalariado, possibilidade concreta de compra de terras e direito de frequentar escolas, o que não era assegurado às populações negras na mesma época. Eu era, enfim, de volta ao século XXI, a moça que podia andar na rua sem ser abordada pela polícia. Que sabia que, a qualquer sinal de problema, chamar a polícia representava mais risco ao outro do que a mim mesma.

Era eu, a moça feminista que não entendia por que “tanto escarcéu” das feministas negras, já que eu não era racista. Que tinha o privilégio racial mais imenso e cruel de poder ignorar a própria racialidade, e fingir que o racismo não existe enquanto ele feria minhas convicções e meu conforto como militante.

Demorei meses, mas vocês têm um dia pra tentar: não dê parabéns a ninguém em 20 de Novembro, como pedimos que não nos deem rosas no dia 8 de Março. Use seu tempo para contribuir com a luta antirracista de maneira extremamente mais eficaz: reconheça-se branca, cale-se pela primeira vez na vida e escute o que as mulheres negras têm a dizer.

PS.: esse texto, como escrito a partir da experiência de gente branca, necessariamente apresentará alguns racismos sutis; peço desculpas de antemão por eles e espero que possa, no diálogo com minhas companheiras negras, corrigi-los em breve.

PS2.: escrever esse texto e provocar a discussão pública sobre privilégio racial branco não é um ato de heroísmo, nem de coragem: é o mínimo que precisa ser feito por pessoas brancas na luta antirracista.

PS3.: os dois vídeos abaixo colocam em cheque o privilégio racial que nós brancos fingimos não ver; divirtam-se.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

29 Comentários

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  1. Se a autora veste a carapuça

    Se a autora veste a carapuça por livre e espontânea vontade, direito dela, isso não discuto. Cada um sabe o que faz com sua má consciência. Que faça o melhor na luta contra o racismo, tudo bem, é louvável. Mas que não queira vestir essa mesma carapuça nos outros. Com relação à questão racial, tenho ZERO de má consciência. Tudo o que eu, HOMEM e BRANCO, consegui até hoje na minha vida (relativamente pouco em termos absolutos, mas muita coisa vendo de onde eu saí) foi mérito meu SIM, foram conquistas minhas SIM, não foi porque um negro ou índio ou marciano mais qualificado foi alijado da competição comigo. Qual é, minha senhora? Afirmo isso em qualquer lugar, alto e bom som, pra quem quiser ouvir. E quem for me atribuir adjetivos infames (porque a gente sabe como essa gente de bom coração, militantes de boas causas, fica quando é contrariada…), já tome a resposta antecipadamente: “opressor”, “racista” ou o que for é a senhora meretriz que te deu à luz.

    Resumindo: vá se catar, minha senhora!

          1. Não, reamente não entendi.

            Não, reamente não entendi. Tudo o que você pode dizer é que concorda com ela e discorda de mim. Tá no seu direito. E estamos conversados. Mas enquanto o dono deste espaço permitir, direi o que penso. E se tem uma coisa que me torra é essa gente de bom coração que adora passar pito nos outros. Dispenso o pito e digo que dispenso, com todas as letras, pra não restar dúvida. E é só.

          2. O que eu quis dizer é que

            O que eu quis dizer é que você é que vestiu a carapuça muito rápido. Sentiu-se afetado pessoalmente pela auto-descoberta da moça e reagiu com uma intensidade desnecessária.

            O que soou estanho para alguém que se declara tão tranquilo em sua própria posição sobre o assunto.

            Sacou?

          3. Eu não vesti carapuça, amigo.

            Eu não vesti carapuça, amigo. Quem saiu botando a carapuça nos outros foi a autora do texto, do alto da sua pretensa autoridade moral por ser uma branca militante de causas tidas como justas. Se fiz algo, metaforicamente, foi dizer em alto em bom som que eu não boto a carapuça, não, e nem deixo que ela o faça. Que não dou a ela nem a ninguém o direito de me passar pito.

          4. > Apontaram minha raça e eu,

            > Apontaram minha raça e eu, em minha ignorância racista, que como sociedade acabamos por desenvolver de maneira doentia em todas as pessoas brancas deste país, me senti ofendida.

            Voilà.

             

      1. Nada mais necessário do que

        Nada mais necessário do que um bom combate, amigo. Nunca deixou de existir esse tipo de gente que quer falar sozinha por se julgar portadora de uma mensagem superior. No passado, falavam em nome da “religião”, da “família”, da “moral e dos bons costumes”. Nos dias atuais, é gente que se adonou dos “direitos humanos”, do “progresso”, da “justiça social”, etc.  Como se consideram defensores de causas justas e têm uma visão acabada de como esse mundo justo deveria ser, têm pouquíssima, pra não dizer nenhuma, tolerância com o contraditório. Não raras vezes, atribuem más intenções ou obscurantismo a quem os contradiz. O que é um modo que tem se revelado eficiente, convenhamos, de calar quem discorda, de interditar debates. Na lógica pedestre de muita gente, quem se opõe ao que diz um defensor dos direitos humanos só pode se opôr… aos direitos humanos, certo?

        O texto todo meiguinho e cheio de mea culpa dessa moça não me comove. Não reconheço nela autoridade nenhuma de passar pito em mim ou em quem quer que seja. Se ela se acha racista por causa disso e daquilo, problema dela. Eu não acho que ela seja racista. É apenas uma tola politicamente correta. E como os demônios, ela faz parte de uma legião…

  2. Creio que não é por aí.

    Esse discurso está muito contaminado.

    Mas vamos lá, deixa ver se eu entendi, então, uma pessoa branca que nunca se considerou racista, vinda de uma família não-racista, que não tem consciência de ter tido atitudes racista alguma vez na vida e, mais do que isso, milita contra o racismo deve se considerar racista porque é branca?

    E ainda além, deve desculpar-se publicamente pelo seu racismo, racismo esse que ela não tem idéia de qual seja, mas que sem dúvida existe nela já que trata-se de uma pessoa branca?

    Tenho a impressão que não é bem por aí. 

     

    1. Entendo que a ideia central

      Entendo que a ideia central do texto é mostrar como o racismo está entranhado na sociedade, nos comportamentos e na linguagem.

      A autora notou que ser branco é a norma e o que desvia disto é o diferente, inadequado, isuficiente, etc.. Mas como estamos cercados por este estado de coisas e por estas espectativas o tempo todo, nem notamos o fundo preconceituoso por trás.

       

       

  3. Existe mesmo mérito?

    Ou o que existe é um conjunto de fatores, políticos, econômicos, sociais, culturais e até religiosos, que determina o tipo de lutas e concorrências em que as circunstâncias da vida nos colocam? Se todas as cores, classes e credos tivessem as mesmas condições de vida dentro da sociedade, ao longo do tempo, minhas concorrências não seriam muito maiores? Não teria que disputar os vestibulares e concursos com muito mais, e mais preparados, candidatos? Creio que, neste caso, seria mérito meu vencê-los e minha cor parda nada teria a ver com isso. Do contrário, e aqui creio estar nossa realidade, as melhores vagas dos vestibulares (medicina, direito, odontologia, psicologia, etc) não estariam ao alcance de minha classe média (bem) baixa, assim como as vagas nos concursos do Judiciário, das grandes academias militares e das mais famosas universidades públicas. Seria, por assim dizer, um campeonato nacional de futebol só com os times do RJ e SP e, dentre esses, eu seria a Portuguesa, que em 1996 chegou à final. No caso dos afro-descendentes, eles são mantidos na segunda divisão do certame. Nem chegam na disputa principal.

    1. Sim, Eduardo, o mérito

      Sim, Eduardo, o mérito existe. Só com seu esforço pessoal, dependendo das suas condições de partida, concordo que pode não ser fácil, ou algumas vezes ser mesmo impossível, ir muito longe. As circunstâncais têm seu peso, que pode ser o maior. Mas não dá pra desmerecer o resultado da luta e da perseverança do indivíduo, atribuindo puramente à sorte (de nascer branco, ou numa família de classe média, ou o que for) as conquistas de quem tem logra obter algum sucesso na vida.

    2. Eduardo
      Qualquer história de sucesso depende de três fatores:

      Talento

      Trabalho duro

      Sorte ( condições iniciais inclusas)

      Se algum dos três faltar, danou-se.

  4. > Claro, todos nós temos

    > Claro, todos nós temos méritos. Mas vç já deve ter ouvido falar no homem e as circunstâncias.

    Sim, e te garanto que as minhas foram as piores possíveis. Se eu confiasse que ser homem e branco me traria alguma grande vantagem, essa enorme vantagem que a autora do texto parece querer enxergar (como se a condição econômica familiar não fosse muito mais importante), ao invés de um doutorado na Europa (que obtive depois dos 30), estaria é trabalhando até hoje como auxiliar de escritório, ganhando salário mínimo e sem carteira assinada, que foi onde comecei.

    Há muitos fatores que podem te ajudar ou te atrapalhar na sua caminhada. A cor da pele é apenas um deles. Importante em alguns casos, completamente irrelevante em outros. Cito um desses casos:  concursos públicos (ao menos, antes da onda de cotas). Se há — e há — pouquíssimos negros ocupando cargos públicos bem remunerados (juízes, promotores, fiscais), o racismo não tem nada a ver com isso. Mas no discurso militante, essa é mais uma “prova” de que somos um país muito racista. Como se negros preparados não passassem em concursos com a mesma facilidade que brancos preparados. Fato é que “racismo”, no discurso militante, mantém só sua conotação negativa; seu significado há muito foi esvaziado.

    Ninguém que mereça ser levado a sério nega a existência do racismo, ou seus prejuízos para sua vítimas. Mas um problema pode ser já bastante ruim sem a necessidade de exagerá-lo. Ainda mais quando esse exagero vem sob a forma de um dedo acusador apontado indiscriminadamente para quem cometeu, como único crime, ter a pele clara. E olha que a minha nem é tão clara assim…

    1. Fez doutorado na Europa…
      Sou situar a conversa: Sou branco e tb tenho doutorado na Europa.

      Agora ao ponto:

      É verdade que trabalho duro é – quase sempre – necnecessário pra se transformar chance em realidade. Mas não é disso que o texto fala. O texto fala da chance! E sem a chance, não há trabalho duro que baste meu chapa.

      Sobre a sub-representação negra em cargos públicos concursados: Se não é racismo a csusa primária, o que é então? Que nome vc dá pra uma etnia ser sub-representada na educação superior? Ou pra essa mesma etnia ser estatisticamente pior remunerada que outras? Ter piores oportunidades de emprego? Morar em lugares menos equipados com escolas ou acesso à cuidados médicos?

      Se isso não é racismo é o que?

      Meu caro … Não estamos a falar de casos isolados! São evidências estatísticas fortíssimas (aliás estatistica parece ter passado longe do programa de doutorado).

      Se vc fez seu “doutorado na Europa” e passou em concurso, parabéns pra vc! (quem sabe um afaginho no ego aplaca sua sede por reconhecimento)! Aproveitou sua chance; mas o significado da tua história para por ai!

      Existem dezenas de milhares de negros por ai, tão bons quanto vc ou melhores, que não tiveram se quer a chance de entrar no jogo. Que sequer puderam começar com um salario mínimo. Que ficaram no meio do caminho por pobreza, violência e/ou falta de incentivos/estimulos corretos. Queira vc, com dr. na europa e tudo, ou não.

      PS: Desde quando fazer “Doutorado na Europa” é motivo pra ficar pagando de bonito? Como em qualquer lugar do mundo, a Europa tá cheia de universidade de 3.a categoria. E qdo se começa com esse papinho genérico de “doutorado na europa” já viu.

      1. > O texto fala da chance! E

        > O texto fala da chance! E sem a chance, não há trabalho duro que baste meu chapa.

        Volto a repetir: ser branco não fez qualquer diferença para as poucas chances que me sorriram na vida, as quais agarrei com sofreguidão. Se eu fosse negro e tivesse a mesma postura, daria no mesmo.

        > Sobre a sub-representação negra em cargos públicos concursados: Se não é racismo a csusa primária, o que é então?

        Se você tem uma tese, cabe a você mostrar porque deveríamos acreditar nela. Perguntar “se não é como eu digo que é, é como então?” não ajuda em nada a sua tese. O que é “racismo” nesse seu discurso, afinal? Dependendo de como você define racismo, até o fato de que certas doenças prevalecem nas populações negras é prova de que, sei lá, a Natureza é racista.

        > Meu caro … Não estamos a falar de casos isolados! São evidências estatísticas fortíssimas (aliás estatistica parece ter passado longe do programa de doutorado).

        Se, pra ficar num exemplo, a porcentagem de negros na população é X e a porcentagem de médicos negros e Y << X , o que as estatísticas mostram é que… a porcentagem de negros na população é X e a porcentagem de médicos negros e Y << X. As causas (assim mesmo, no plural) dessa discrepância tão grande têm de ser investigadas, não dá pra postular (é racismo!) da forma como você faz.

        Minha estatística vai bem, obrigado. Até porque é um importante instrumento de trabalho pra mim.

        > quem sabe um afaginho no ego aplaca sua sede por reconhecimento

        Eu tenho sede é por dinheiro, meu amigo. Eu tenho sede é de gozar as boas coisas da vida. Reconhecimento você pode ficar com ele todo pra você.

        > Existem dezenas de milhares de negros por ai, tão bons quanto vc ou melhores, que não tiveram se quer a chance de entrar no jogo.

        Sim, concordo. E dezenas de milhares de brancos, também. Ou não existe branco ferrado neste país? Eu conheço vários; se você não for um esquerdinha de BMW, um desses militantes de iPad na mão, que só conhece pobre de vista, deve conhecer muitos brancos ferrados também. Qual o ponto aqui? O branco ferrado é ferrado por, sei lá, incompetência; o negro é ferrado por causa do racismo?

        Dito isto, eu nego que haja racismo e que a população negra seja vítima dele no Brasil? De modo algum. Só não superdimensiono a coisa. Talvez porque pra mim racismo só exista quando alguém (ou um grupo de “alguéns”) discrimina outro alguém (ou um outro grupo de “alguéns”) por causa da raça.

        > Desde quando fazer “Doutorado na Europa” é motivo pra ficar pagando de bonito?

        Se tenho motivos pra ter orgulho disso? Claro que tenho. Por vir de onde eu vim, com certeza tenho todos os motivos. E se tivesse topado viver com a mixaria que me ofereceram, teria tido muito orgulho de dizer que fiz meu pós-doutorado em Chicago (mesmo que estivesse congelando agora). Infelizmente, isso não rolou. 

  5. 2 video Blue Eyes – Brown Eyes (legendas em português)

    Published on Feb 25, 2013

    Poucos aqui no Brasil sabem o que aconteceu numa pequena escola na cidade de Riceville no interior do estado de Iowa nos EUA no dia 5 de abril de 1968. Talvez muitos saibam o que aconteceu no dia anterior, que foi a ignição para o evento que desejo narrar aqui: o assassinato de Martin Luther King Jr. Muita gente na época comemorou, outras não se importaram e muita gente se lamentou, mas pouquíssimas reagiram como Jane Elliott. Inconformada com o preconceito e o racismo em nossa sociedade, ela resolveu tomar uma atitude e ensinar os alunos de sua escola o que significa de fato esse comportamento tão abominável.

    Munida apenas de suas habilidades como professora de 34 anos, de sua determinação em levar as situações até o limite e de sua conhecida máxima: “Oh, Grande Espírito, não me deixe jamais julgar um homem antes de andar em seus sapatos.”, ela elaborou uma dinâmica para realizar com seus alunos do ensino elementar na manhã seguinte.
    [video:http://www.youtube.com/watch?v=QD5HrT8PNr4%5D

     

  6. Filmes

    Veiga veja os filmes provavelmente, imagino que após  vc se questionará. caso isto não aconteça, não tergiverse se assuma como um racista convicto.

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