Contra organizações indígenas, pastor é nomeado coordenador de índios isolados da Funai

O pastor evangélico Ricardo Lopes Dias foi duramente criticado por representatividades indígenas

Foto: Redes

Jornal GGN – O pastor evangélico Ricardo Lopes Dias foi nomeado para comandar a Coordenação de Índios Isolados da Funai, nesta quarta-feira (05), pelo ministério da Justiça.

A escolha já vinha sido alvo de duras críticas das entidades e representações indígenas, entre elas a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), a Indigenistas Associados (INA), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), e inclusive um órgão ligado a ingrejas, o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil).

Além disso, a Defensoria Pública havia pedido explicações à Funai para as nomeações. A etnia da qual Dias atuou dentro da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), na evangelização de indígenas na Amazônia nos anos 50, a matsés destaca a atuação negativa do hoje escolhido para chefiar o setor de índios isolados no Brasil.

O cacique Waki, líder dessa etnia, disse que os missionários do qual Dias fez parte tentaram acabar com os costumes e heranças dos indígenas. “Eu não quero o Ricardo na Funai. Conhecemos bem o Ricardo. Ele aprendeu a nossa língua. Nós não queremos a igreja aqui porque não posso pintar meu rosto, não posso tomar rapé, não posso usar veneno de sapo. Por isso que não quero deixar”, disse, em entrevista por telefone à Folha de S.Paulo.

“Gostaria de relatar aqui que o senhor Ricardo nunca teve autorização para entrar em nossa aldeia. Ele manipulou parte da população matsés para que fosse fundada uma nova aldeia, chamada de Cruzeirinho. As lideranças tentaram ir até essa nova aldeia, em busca de um diálogo, mas foram expulsas com violência”, afirmaram, ainda, os caciques matsés em carta aberta divulgada nesta terça (04).

Redação

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