Governo chama de “tendenciosa” a crítica da ONU sobre ações da polícia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Midia Ninja

Da Agência Brasil

Por Paulo Victor Chagas

O Ministério das Relações Exteriores reagiu à crítica de órgãos internacionais de direitos humanos sobre a atuação da polícia brasileira em recentes episódios no país. Por meio de nota à imprensa, o Itamaraty classificou de “tendencioso” e “desinformado” o conteúdo do comunicado emitido nesta tarde pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

As entidades condenaram o “uso recorrente da violência” para reprimir as manifestações contra o governo do presidente Michel Temer na última quarta-feira (24), para a retirada de dependentes químicos da área conhecida como Cracolândia, em São Paulo; e durante uma ação de reintegração de posse que terminou em chacina no interior do Pará, ambos no mesmo dia. De acordo com o Itamaraty, as críticas afastam-se de princípios como o “respeito à verdade dos fatos”.

“Em momento algum os autores da nota se preocuparam com a ameaça à segurança de funcionários públicos e de manifestantes pacíficos sujeitos à violência sistemática e claramente premeditada”, disse o governo brasileiro, sobre o protesto ocorrido em Brasília.

O ministério afirmou que, diante da depredação de prédios públicos e da “ação organizada de criminosos” em meio aos “manifestantes pacíficos”, o governo federal agiu para garantir a “integridade física de milhares de funcionários públicos” e dos próprios manifestantes.

O Itamaraty também classifica de “atitude que beira a má-fé” a menção da nota à operação que culminou com a morte de 10 trabalhadores rurais no município de Pau d’Arco (PA). Segundo o governo, o conflito agrário “já está sendo apurado” pelas autoridades competentes. Nesta sexta-feira (26), o governo paraense afastou 29 policiais militares e civis que participaram da ação.

Sobre a ação na Cracolândia, o Ministério das Relações Exteriores acusou as entidades de capitalizarem o episódio de forma cínica e “fora de contexto”, com “fins políticos inconfessáveis”. “O combate ao tráfico de drogas, bem como o apoio a dependentes químicos, enseja atuação da máxima seriedade, que é a marca das reconhecidas políticas públicas brasileiras no enfrentamento ao problema mundial das drogas”, escreveu o governo brasileiro.

A prefeitura de São Paulo e o governo estadual anunciaram a implantação de um programa para tratamento de usuários de drogas na região e revitalização da área. As ações têm sido alvo de críticas de organizações de direitos humanos e do Ministério Público. 

“É surpreendente e condenável que nota subjetiva e distante da realidade sacrifique o compromisso de seriedade e imparcialidade de organismos internacionais cuja ação o Brasil apoia e promove”, afirmou ainda o Itamaraty, depois de reafirmar que o país toma atitudes com base na Constituição Federal e seguindo os princípios internacionais de proteção aos direitos humanos.

Publicado conjuntamente pelas duas entidades, o comunicado convoca o Estado brasileiro a proteger a integridade física dos manifestantes e condena também o decreto assinado por Temer autorizando a atuação das Forças Armadas para conter o protesto.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. HAHAHA

    A ONU sempre foi comunista, tem sede nos EUA para disfarçar seus reais propósitos que é instalar o stalinismo no Mundo. Ass Escola das Américas.

  2. Lamento pelos bons

    Lamento pelos bons jornalistas mas algo me diz que aquele órgão que faz um ranking mundial sobre liberdade de imprensa também não vai, mais uma vez, dar uma boa nota ao Brasil.

    Mesmo assim Otavinho Frias pode se fngir de desentendido e alegar que quase todas as firmas de produção e venda de notícias, no mundo todo, são firmas familiares. E que a jornalista inglesa é petista, tão petista quanto a ONU.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=usPgv2M4ZlE%5D

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