Jornal GGN debate caso de estupro coletivo

Jornal GGN – A palavra ‘estupro’ nunca foi tão digitada nas redes sociais, ferramentas de busca e plataformas online como na última semana. O machismo vem sendo debatido e desconstruído, assim como a cultura do estupro, a cultura do “meu prazer é meu templo”. A discussão é muito mais ampla e, por vezes, nem um pouco agradável. 

https://www.youtube.com/watch?v=Xf3vWM0CiIE height:394

O GGN apostou no debate. Pode não ter sido aplaudido em todas as matérias, mas trouxe à baila as questões que precisam ser debatidas. Houve estupro? Sim, houve. E houve a exposição de uma menina nas redes também. E também houve um início de investigação atropelado por machismos e pré-julgamentos e sandices.

Mas, e o debate? Devemos fugir dos pontos que cercaram a situação por ter sido encampado pelos movimentos sociais o grito de basta de impunidade? É lógico que não. E é aqui que entramos na discussão mais pertinente: a falta de debate e conhecimento dos pontos básicos levou uma infinidade de pessoas para as ruas. E deram força para que um golpe ocorresse neste país. 

Vamos fugir ao debate? 

Ou vamos contribuir para que ele seja completo?

Eis algumas matérias publicadas aqui, no GGN.

A notícia continua sendo estuprada para não atrapalhar as manchetes, por Luis Nassif

Hangout: o jornalismo e o estupro, por Luis Nassif

O jovem homem e a cultura do estupro, por Danilo Strano

A cultura do estupro e o silêncio masculino, por Ricardo Cavalcanti-Schiel

Cultura do estupro revela machismo 2.0, por Wilson Ferreira

Estupro: como garantir o devido processo legal? por Fábio Peres

A cultura do estupro, por Elisabete Regina de Oliveira

Cultura do estupro e cumplicidade por omissão, por Dorrit Harazim

Professoras e professores contra a cultura do estupro, por Maria Izabel Noronha

Cultura do estupro vem de séculos e precisa ser combatida, por Roberto Tardelli

 

 

Redação

58 Comentários

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  1. Bom, repito o comentário

    Bom, repito o comentário posto em outra oportuniddade

    Sinceramente, tenho muita dificuldade de identificr essa tal de “cultura do estupro”. Sei é que existem estupradores, e isso é outra coisa.

    Nunca ouvi alguém justifiicar, justificar: “tem mais é que estuprar mesmo!” Ou: “fez bem. É isso aí. Bem feito!” E obter concordância expressa de terceiros.

    Quando se fala em “cultura da violência”, por exemplo, a referência é a justificativa, justificativa muito comum e generalizada, em variados contextos, expressa e explícita, indisfarçada, mediante formas variadas do “tem que matar!”

    Nunca ouvi nada parecido em relação ao estupro.

     

    1. Ë mesmo, Lucinei?

      Nunca ouviu ninguém relativizar um estupro, ou um ato de violência contra uma mulher, insinuando que ela mereceu? (era vadia, estava de saia curta, provocou, etc?). Que feliz vc é, deve viver em Marte onde nao há dessas coisas…

      Em grau menor, nunca viu ninguém nao só justificar o assédio mas defendê-lo ativamente? (Aqui mesmo no Blog, várias vezes) Denunciar condutas invasivas seria “histeria”, idem para  ser contra piadas machistas, fiu-fius e outras agressoes “leves”. Tudo isso leva à idéia de “direitos” do homem sobre a mulher, como se ela existisse para servi-lo e para o prazer dele. 

        1. As mulheres nao sabem o que dizem, nao é?

          O fato delas nao quererem, fazerem campanhas sobre isso, etc., nao tem a menor importância, o que vale é o desejo dos homens. Arre!

          O exemplo dado no vídeo, em primeiro lugar, se dá entre pessoas conhecidas, nao na rua e entre desconhecidos. E a mulher é de uma posiçao hierárquica superior. Ou seja, nao envolve riscos, e ela pode, se quiser, dar o maior fora no cara. Depois, vc pode achar lindo esse galanteio, mas é de uma banalidade! Tipo da fala vazia que certos homens acham que as mulheres merecem ouvir.

          1. Cada um tem o que merece!

            Como é feio, triste e miserável o mundo em que você vive, Dona Anarquista!

          2. Ë mesmo? Que coisa, nunca notei. Tou bem satisfeita com ele…

            Há uns pequenos percalsos, certos imbecis que nao tem a menor noçao de ridículo e falam sobre o que nada sabem, mas isso faz parte da vida, a gente atura sem problemas. Passa fora, cara.

          3. Outro mundo é possível

            Não é nesse mundo azedo que eu quero viver.

            Não é nessa sociedade azeda que eu gostaria de morar.

          4. Já eu gostaria de um mundo sem abusados, ainda + chatos

            Será que um cara ainda acha que agrada a uma mulher com um papo furado desses? Que coisa antiga, no mau sentido. Quando um homem realmente quer agradar a uma mulher, e nao apenas se fazer de idiota, sabe encontrar a abordagem adequada. Se a conhece, há mil assuntos de que pode falar com ela e entreter aproximaçao. Se nao a conhece, mas está num ambiente que permite a aproximaçao, saberá falar com ela numa boa, se apresentando sem gracinhas e palhaçadas, e, sobretudo, aceitando um nao se ela nao estiver interessada. Se nao está num ambiente que permita isso sem agressao — na rua, por exemplo — se for um homem educado NAO A AMOLARÁ.

    2. Paulo Maluf disse: “Estupra, mas não mata”

      Paulo Maluf disse: “Estupra, mas não mata”

      Como você classificaria esta afirmação do bandido Maluf? Ele a faria, assim gratuitamente, se não houvesse uma cultura do estupro?

  2. Façam o que “eu” (Nassif) digo, nao o que faço…

    “a falta de debate e conhecimento dos pontos básicos levou uma infinidade de pessoas para as ruas. E deram força para que um golpe ocorresse neste país”

    Mas ele mesmo divulga coisas FALSAS, como quando faz diferença entre estupro e “atentado violento ao pudor” (vejam no Hangout). A lei atual nao faz mais essa diferença, e esse discurso  de “só” atentado ao pudor, nao estupro, sempre foi usado para relativizar estupros, é uma ameça às mulheres ficar apelando para ele. É exatamente esse tipo de coisas que dá forças à cultura do estupro.

    Mesmo que nao sejam 33 estupradores, pelo menos os que aparecem no vídeo sao claramente culpados, deviam ter sido preso em flagrante. Um deles entrou na delegacia fazendo o V de vitória com as maos, tao orgulhoso estava do seu “feito” e tao confiante na impunidade, protegido pelo machismo geral.

     

    1. Deixo claro no hangout que

      Deixo claro no hangout que sendo estupro ou atentado violento ao pudor, a gravidade é a mesma.

      Se não são 33 estupradores, e se só 3 aparecem no vídeo, há pelo menos 30 inocentes, ou não? Você é uma alma seca, incapaz de entender sequer o dramaq de crianças com deficiência, quanto mais os direitos de favelados de terem a presunçào da inocência. Você é a mesma pessoa que defendia o blogueiro de Nova Orleans, acusado de atebtado violento ao pudor contra dezenas de mulheres. E que nào teve a coragem de pronunciar-se quando suas ações foram denunciadas.

      O sujeito que entrou fazendo o V de vitória, não tinha a menor ideia do que estava sendo acusado.

      1. Como sempre, parte p/ o ataque pessoal em vez de rebater o dito

        E é de uma MÁ FÉ cavalar. NAO EXISTE MAIS essa categoria legal de atentado violento ao pudor, e é sobre o seu apelo a ela que o meu comentário fala especialmente. Mas vc apela para tudo e diz FALSIDADES.

        Claro que entendo o drama de crianças com deficiência, o que nao quer dizer que tenha que concordar totalmente com as SUAS idéias a respeito. Cansei de me pronunciar sobre o caso Idelber, o que qualquer um pode ver entrando na minha página. Nao sou contra presunçao de inocência dos jovens para os quais nao há provas — e serem favelados ou nao é irrelevante aí –, mas nao é o caso dos que apareceram no vídeo, o vídeo em si mesmo é uma prova. E o pobre inocente que fez o V nao tinha noçao nenhuma, né, do que estaria sendo acusado? Ele “só” tinha participado de uma “orgia” (com uma menor desacordada…), como poderia imaginar que estaria sendo processado?. Pobre rapaz injustiçado!

         

        1. Se quiser praticar

          Se quiser praticar estelionato intelectual, faça longe das provas. Em nenhum momento falei da inocência dos que estavam no vídeo. Em nenhum momento. O questionamento é sobre a lenda dos 33 estupradores que motivou uma caçada humana no morro, pegando inocentes.

          1. Nao sou vc, para agir assim… Nao apelo p/ tudo ao discutir

            Para mim discutir com boa fé é uma questao de honra. Que me adiantaria ganhar uma discussao se eu mesma saberia que os argumentos nao eram válidos/ Quem parte para o ataque pessoal ao discutir é vc, e nao é a primeira nem a segunda vez.

            Eu nao disse que vc alegou inocência dos que estavam no vídeo. Disse que vc está apelando para um discurso antigo, o da diferença entre estupro e atentado ao pudor, discurso que sempre foi usado para relativizar estupros. Tb no primeiro tópico, embora reconhecendo que bolinar uma moça desacordada era ilegal, sugeriu que que era algo menor, que nao poderia ser comparado a um “verdadeiro” estupro (nao sao suas palavras literais, mas era o que estava claro na sua fala). E eu nunca disse que aprovava essa caçada, apenas que a palavra da moça nao podia ser desconsiderada — ou seja, é necessário INVESTIGAR quantos participaram do estupro, e nao simplesmente afastar a palavra dela, como vc nao fez EXPLICITAMENTE, mas muitos comentaristas fizeram. 

             

      2. O possível estupro ocorreu apenas no tempo do vídeo, Nassif?

        O possível estupro ocorreu apenas no tempo do vídeo, Nassif?

        A dúvida decorre desta sua afirmação: “Se não são 33 estupradores, e se só 3 aparecem no vídeo, há pelo menos 30 inocentes, ou não?”. Que parece muito ousada, por ignorar o que pode ter acontecido antes da filmagem.

        1. NAO, Francisco!  NAO. 

          NAO, Francisco!  NAO.  Primeiras coisas primeiro!  E o que esta no video eh 3 pessoas!  Isso eh ponto tecnico, policial, que esta escancarado na frente de todo mundo e ninguem viu o ponto do Nassif ainda?!?!?!

          Se a policia brasileira nao sabe sequer seguir protocolos nacionais e internacionais de investigacao, porque nao vao fazer tricot ou crochee e somem do mapa?

          1. Você não me entendeu, Ivan

            Você não me entendeu, Ivan

            Estou dizento que o que está no vídeo não permite concluir sobre o que não está no vídeo, como sugeriu o Nassif. Ou você sabe o que aconteceu com a garota e que não foi filmado?

          2. “Estou dizento que o que está

            “Estou dizento que o que está no vídeo não permite concluir sobre o que não está no vídeo, como sugeriu o Nassif”:

            Precisasmente O QUE nao esta no video que o Nassif esta sugerindo que eu nao entendi entao?  O Nassif avisa desde o (salvo engano) terceiro dia que so tem amadores envolvidos na investigacao e que ela vai terminar com uma cassa aas bruxas, como terminou mesmo, e…  eh ele que esta concluindo sobre o que NAO esta no video?  Entao eu tambem concluo isso:  nao ha no video a presenca de 30 homens.  E os 3 que estao la nao foram presos imediatamente porque o delegado nao sabia se a vitima desacordada gosta ou nao de trepar em grupo -ate agora nao temos nenhuma outra explicacao!

            Se o que voce ta falando eh que a investigacao ja tinha que comecar dos 27 que nao estao la e que vao ter que provar sua inocencia…  ja comecou -vide o jogador de futebol que levou a vitima pra casa dela.  Eh um caso simples de corte de pequenas causas:  o cara ve uma mulher pelada desacordada, corre pra tirar uma selfie pra todo mundo pensar que ele anda trepando ultimamente com seu pipiuzinho, e posta na internet sem consentimento da vitima;  depois disso, ai ele eh todo elegante.

            Em outros paises, a mulher lhe depenaria numa corte de pequenas causas e mesmo assim o juiz levaria em conta que ele a tirou de la e a levou pra casa.  Estritamente corte de pequenas causas pela publicacao da foto sem consentimento.

            No Brasil…

            O Brasil eh uma sucessao infindavel de erros tecnicos.  Todos escabrosos.  Vide supreminho.

          3. Mal informado

            A polícia não está procurando 30 nem 33. Está procurando tantos quantos participaram e cada um será denunciado e julgado com as agravantes e atenuantes que a lei permite.

            Uma análise pela polícia técnica do áudio do vídeo, pelas vozes, já comprova que havia mais gente no local do que aparece na imagem.  A polícia quer saber quem são e o que faziam lá.

            Quanto a velha ladainha de em outros países blá-blá-blá, ou seja, quanto a viralatismo, lembremo-nos que Julian Assange está há 5 anos preso na Embaixada do Equador em Londres, e vai ficar até 2020, porque a polícia da Suécia ( Ah, os nórdicos, tão limpinhos e cheirosos ) resolveu contratar duas mulheres para acusá-lo de estupro.

    2. Nao ha qualquer falsidade
      Nao ha qualquer falsidade para quem sabe que a lingua falada nao e escrava do codigo penal. Felizmente podemos usar palavras com duplo sentido, usar de figuras de linguagem, etc. Por exemplo ninguem vai corrigir alguem que disse que foi roubado por um punguista so porque o codigo penal classifica o crime como furto pela ausencia de violencia e ameaca…
      Quanto aos seus comentarios, consistentemente opostos ao seu codinome, vao alem de meras inconsistencias verbais em relacao ao codigo penal, mas atropelam completamente a lei. Ninguem pode ser preso em flagrante sem flagrante. Um video apresentado dias depois nao caracteriza flagrante.
      Outrossim a juncao das duas figuras (estupro e atentado violento ao pudor) serviu para colocar o homem vitima de sodomia no mesmo caso, ou seja, de certa forma diminuiu o machismo do codigo penal ao colocar homens e mulheres em igualdade.
      Incrivel a sua persistencia em atacar pessoas em vez de discutir ideias. Nunca um anarquista seria tao autoritario e uma pessoa lucida tao deselegante.

  3. Se uma mulher é contra o manifesto?

    É porque já sofreu ou sofre o estupro dentro de casa. E o aceita por questões familiares…

    O Brasil está passando por momento de transição e idéis absurdas vão ser apresentadas…

  4. Remember o caso Charlie Hebdo

    Nunca havia ouvido falar mesmo que remotamente do Charlie Hebdo e sua trupe, e de sua importância e relevância nos anos 60. Quando houve a matança, a histeria coletiva, mais uma vez, instalou-se nas redes sociais. Não participei, fiquei de fora do tiroteio, assitindo de camarote, seria muita impostura de minha parte participar de algo de que nunca ouvira falar. Toda e qualquer tentativa de algumas pessoas, ponderadas, argumentarem que o CH tinha pesado demais a mão, mexeram com símbolos sagrados de uma comunidade pouquíssimo afeita a tolerância, era interpretado e entendido como “justificativa” para a chacina. Pronto, daí era pedrada de todo lado, e o debate completamente interditado. Assisti de camarote, de longe. A história se repete. 

    1. Mas, Fernando…

      …Não se trata exatamente de debater a objetividade do fato em si, mas sim as contingências que ele desvela no que respeita às dinâmicas sociais e institucionais em que estamos irremediavelmente metidos.

    1. Concordo com Edu e acho

      Concordo com Edu e acho lamentável o tempo que o GGN está dedicando a este factóide policial. Não é para ler este tipo de coisas que a maioria dos leitores frequenta N vezes por dia o site do GGN, acompanha pelo Twitter, etc. O GGN revelou-se uma imensa e notável fonte de informação a respeito dos bastidores da política brasileira. Agora, esta coisa de insistir no assunto do estupro coletivo, e pior ainda, de insistir na hipótese machista de que “a culpa foi da moça”, pelo amor de Deus, bola fora do GGGN, gol contra do GGN!

      Além disso, discordo completamente da abordagem que o Nassif está dando ao caso, me parece uma postura extremamente machista.

      Admiro muito o Nassif, acompanho o Brasilianas todas as semanas (ou melhor, acompanhava, até o advento do governo Tabajara). Porém, na minha opinião Nassif quebrou a cara com a insistência no assunto do estupro coletivo e com a sua postura.

  5. Bem apelativo este vídeo de apresentação da matéria

    Bem apelativo este vídeo de apresentação da matéria

    Principalmente se a cena mostrada no seu início for a da garota estuprada, menor de idade.Não fica bem para o Jornal GGN.

    É o que acho.

  6. Oportunidade

       No caso em tela as discussões assessórias vão muito alem do próprio “crime” individual, elas sugerem varias pautas, varias analises, não apenas sobre o comportamento da midia a insulflar o “espirito de manada”, do justiciamento dos suspeitos ou da vilipendiação da vitima, pode-se até afirmar que tais manifestações, vistas de modo amplo, refletem a polarização da sociedade, que são ações correntes nos ultimos tempos, incluindo a Lava – Jato.

        Uma oportunidade cedida a nós, que mesmo sendo apresentado como um fato individual, criminoso, propicia varias analises, tanto de como nossa midia atua, como nossa policia e judiciario são despreparados e tangidos pela “opinião publica “, e esta sendo forjada pela midia, portanto um circulo vicioso foi estabelecido, e a mecanica deste caso, pode perfeitamente ser extrapolada, para a forma como estão sendo conduzidas varias operações policiais no País, incluindo as anti-corrupção.

         Os “casos pequenos ” :  A midia e até governos pouco importam-se com “casos pequenos”, não dão audiência, não dão teses academicas, intelectuais pouco ou nada importam-se, MAS :

          Nos anos ’90, após a saida dos russos do Afeganistão, o páis ficou uma bagunça, com “senhores da guerra” a dominar provincias, um destes “exércitos irregulares” invadiu uma cidade, fez campanha de estupros, mas próximo a esta cidade, acho que Grazni, tinha um jovem imã, cego de um olho pelo combate aos soviéticos, ele juntou uma tropa de estudantes (talibanis em pasthu ) e foi recuperar esta cidade, matou a todos os invasores, a midia nem ligou – foi um mero pé de página -.

           Deste caso pequeno, nasceu Mullah Omar, unificador do Taliban.

           Procurar entender “casos pequenos”, com ótica macro , multiplicando o foco, é fundamental para qualquer analise, para pelo menos tentar compreender o que ocorre, poderá ocorrer, está ocorrendo, em uma sociedade.

           Portanto o GGN, portal ao qual tenho ressalvas, não está discutindo/debatendo o estupro, mas sim varias outras attitudes, tanto da midia, segurança publica e social, judiciario, politica…etc.

          

  7. Uai!? Não dá para entender.

    Ainda hoje existe uma postagem com o título: A ginástica dos jornais para sustentar a versão do estupro coletivo

    Onde a crítica da cobertura da imprensa abre com a frase: “Os poucos veículos que persistem no caso do suposto estupro coletivo, estão praticando grandes malabarismos para persistir na versão”.

    Agora nesta postagem está dito: “Houve estupro? Sim, houve”.  Deixou de ser “suposto”.

    Quem é que está fazendo ginástica para sustentar alguma coisa? Se houve um estupro com muitos participantes, isto não é estupro coletivo?

      1. Importa o número?

        Se fosse um “coletivo de um”, para minha indignação bastaria, para a sua parece que não . Houve crime, as cenas filmadas e mostradas na rede configuram estupro e nelas existe uma participação plural de violadores sexuais, vulgo estupradores. Os relatos que surgiram de supostas testemunhas, que afirmam, para aliviar a situação dos participantes, que foi “relação consentida”, com a vítima submetida a excesso de drogas, ou seja, em estado mental que dificulta manifestar sua livre vontade, configuram também indício de violação da liberdade sexual prevista na Lei.

        A violação foi tão intensa, que os violadores fizeram dela objeto de escracho, para ser exibido em redes sociais como algo esvaziado da sua essência humana. Eles a apresentaram como uma cadela vadia, em nossa cultura de estupro, mulher dadeira é tratada assim; o bacana é ser homem comedor, desses que se vangloriam de um estupro em entrevista para meios de comunicação e depois são convidados, como profissional de excelência reconhecida na área da cultura do estupro, para apresentarem sugestões ao usurpador de cargo que está ministro da “educação”.

  8. Já avançamos no debate

    A introdução deixa clara a convicção de que houve estupro. E isso deveria estar fora de discussão desde o início, como escrevi em meu comentário no primeiro post sobre o assunto no blog, que infelizmente não está linkado ai acima :

    https://jornalggn.com.br/noticia/e-se-nao-houve-estupro-a-estranha-historia-de-policiais-que-respeitam-a-lei?page=1

    Pode se discutir quantos foram, se a cobertura da mídia foi uma merda ( seguindo os padrões dela ), se a polícia não soube agir e se comunicar, etc, etc, etc

    Só não pode se discutir uma coisa : Se houve ou não infração ao Artigo 213 do Código Penal, que define crimes sexuais e trata igualmente e prevê desde 2009 o mesmo tratamento e as mesmas penas para conjunção carnal ou bolinação ( os antigos estupro e atentado violento ao pudor ) mediante violência ou sem consentimento.

    O machismo mais escancarado está na fala do advogado de defesa de um dos acusados, um tal de senhor Eduardo Antunes : “O conceito jurídico de estupro tem ganhado uma elasticidade nos últimos tempos que eu acho indevida, particularmente”,

    Ora, vejam só. Então esse cidadão acha que estão alargando muito o estupro. Ou seja, será que ele imagina que uma pessoa ( não vou falar mulher porque nossa legislação finalmente não prevê mais diferenciação de gênero em violência sexual ) se sentirá menos pior se, sob violência ou coação, tiver que manipular um pênis ou ter suas partes íntimas manipuladas do que se for penetrado. Meu Deus ! O que machuca, o que fere a dignidade não é esse pormenor ! Conheço uma moça que foi vítima de um crime que está se tornando comum, foi abordada por um  motoqueiro armado e obrigada a fazer sexo oral. Ora, então não foi estupro, diria o nobre advogado ( e outros ), foi apenas atentado violento ao pudor.

    Convido a todos que defendem essa tese a procurar uma pessoa que tenha sido vítima apenas de atentado violento ao pudor, com um pênis na sua boca, um revolver em sua testa e sêmen em sua garganta. 

    Quanto as críticas a investigação, nenhuma vez a polícia disse que vai prender 30 ou 33. A delegada foi bem clara em dizer que vai buscar tantos quantos participaram do evento, seja qual for o número e que cada um terá suas agravantes e atenuantes levadas em consideração pelo julgador. Nada mais certo.

    Inclusive, uma análise de áudio no vídeo permitiu a polícia técnica identificar quantas vozes diferentes haviam no local. Não importa se as imagens mostram apenas 3 ou 4.

    Quanto aos pobres coitados, sem acesso à justiça, um deles tem 10 passagens, está condenado por assalto com reféns e cumpre em liberdade. Quem será que advogou para ele nesses casos todos. Aqueles advogados pagos pelo tráfico para defenderem as quadrilhas ??

    Mas, como disse lá no outro comentário, estamos perdendo empo mesmo é de debater porque uma menina de 16 anos e esses jovens estão expostos a esse ambiente que permite que aconteça um ato bárbaro como esse.

     

     

  9. A nova redação do CP para os Crimes Contra a Liberdade Sexual.

    O Nassif está mal informado do que diz a lei sobre Crimes Contra a Liberdade Sexual, conforme a redação da Lei nº 12.015, de 2009, em pleno reinado de Dom Lula I.

    Não existe mais atentado violento ao pudor, foi revogado e o estupro é definido contra qualquer ato libidinoso, não apenas quando há penetração ou conjunção carnal, ou seja, o atentado violento ao pudor passou a ser encarado como estupro. Pela nova redação da Lei, o estupro fica definido como violação sexual “mediante violência ou grave ameaça”, que são métodos agravantes da violação sexual.

    O Artigo 215 trata dos casos em que há violação sexual, sem emprego de violência ou grave ameaça, mas “mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. Alcoolizar ou drogar excessivamente a vítima, por exemplo, pode ser encarado como um meio para dificultar sua “livre manifestação de vontade”.

    Conheçam a nova redação e as modificações realizadas, para evitar besteiras em comentários, sublinhei o que caiu e negritei o que está em vigor:

    DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
    (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Estupro

    Art. 213 – Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:

    Pena – reclusão, de três a oito anos.

    Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)

    Pena – reclusão de quatro a dez anos. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) (Revogado pela Lei n.º 9.281, de 4.6.1996)

    Pena – reclusão, de seis a dez anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

    Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    § 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

    § 2o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Atentado violento ao pudor  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Art. 214 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão de dois a sete anos.  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)   (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)         Pena – reclusão de três a nove anos.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)  (Revogado pela Lei n.º 9.281, de 4.6.1996

    Pena – reclusão, de seis a dez anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Posse sexual mediante fraude

    Art. 215 – Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude:

    Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

    Pena – reclusão, de um a três anos.

    Parágrafo único – Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos:

    Pena – reclusão, de dois a seis anos.

    Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Atentado ao pudor mediante fraude (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Art. 216 – Induzir mulher honesta, mediante fraude, a praticar ou permitir que com ela se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:

    Art. 216. Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de um a dois anos. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Parágrafo único – Se a ofendida é menor de dezoito e maior de quatorze anos:  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Pena – reclusão, de dois a quatro anos.  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Parágrafo único. Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)  

    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)  (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

    Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.” (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

    Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

    Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

    § 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

    Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#parteespecialtitulovi

    1. Apesar de correto o seu
      Apesar de correto o seu comentario do ponto de vista do codigo penal este nao prevalece sobre a linguagem. A fala do Nassif esta antes centrada na superficialidade da cobertura jornalistica a deixar superflua a tecnicidade da interpretacao juridica do codigo penal.

  10. diferença estupro e atentado violento ao pudor

    apenas um esclarecimento de uma pessoa da área jurídica sobre diferença entre estupro e atentado violento ao pudor.  Do ponto de vista da gravidade, nunca houve essa diferença. Até a recente modificação do artigo do código penal sobre o estupro, os crimes de estupro e atentado violento tinha a mesma pena e o mesmo grau de reprovabilidade. O estupro ocorria com a penetração vaginal, enquanto o atentado ocorria com outro ato sexual invasivo, como sexo anal ou sexo oral, A nova tipificação do estupro colocou tudo num artigo só do código penal. Assim, quando o Nassif num artigo anterior falou do ato cometido contra a moça como atentado violento ao pudor apenas utilizou uma terminologia de um tipo pena anterior equiparado ao estupro. Hoje, é tudo a mesma coisa. 

    1. Uma breve correção: Há uma sutil diferença na Lei anterior.

      Em meu comentário abaixo, postei a redação dos antigos Artigos 213, Estupro, e 214, Atentado Violento ao Pudor, ambos mereciam a reprovabilidade do legislador, mas quanto as penas, aparecem sutis diferenças atenuantes no segundo artigo.

  11. Ricardo,
    Cada um vive no
    Ricardo,
    Cada um vive no mundo que prefere. Ha pessoas que se dizem lucidas mas que educadamente mandam os outros passarem fora, o que em se tratando da stalinista obscura foi extremamente gentil, pelo menos para quem a conhece de priscas eras.
    Grande filme esse. Recomendo tambem Cuento Chino, imperdivel.

    1. Caro Olrik

      Certas pessoas pautam sua existência apenas pela vontade de aborrecer.

      A indigitada do seu comentário é apenas mais uma fanática a quem faltam as luzes do discernimento. Nem lúcida nem translúcida, o caso dessa pessoa é de opacidade crônica.

  12. Etimologia, talvez filologia

    Prezadxs:

    Para engrossar o caldo… a palavra ‘estupro’ tem por radical ‘estu’, que dá origem a estulto, estúpido, estupor, estupefação, estupendo e, ao analisar diretamente no latim, ‘stu’, chega-se ao entendimento de ‘paralisia’ ou ‘o que paralisa/causa paralisia’. Apesar de leitura rasa, é possível depreender daí pq o estúpido é aquele sujeito de olhar para o nada, que estupefação é paralisar-se em um maravilhar-se, estulto é próprio dos paralisados intelectualmente e assim vai, com atenção dobrada para estupor: imobilidade súbita diante de algo que não se espera; grande surpresa, espanto, assombro.

    Assim, a palavra estupro, nesse fenômeno de mudar a posição do ‘r’, é a paralisia diante de um ato que objetiva seu corpo. E assim poderíamos ampliar o entendimento ao extremo, partindo não apenas da paralisia da vítima, mas também da sua não-concessão em ser afetada por outrem, isto é: não te permito o olhar, desvie-o, do contrário, é estupro.

    Realmente, dada a comoção que gerou, o entendimento não pode mais, não deve mais, ficar atrelado apenas a questão jurídica, mas também a vivência/experiência da Palavra. Pensar assim parece fugir da questão principal ou adotar uma tática de ‘cortina de fumaça’ para o real problema, porém é preciso pensar que o Direito Moderno vale-se justamente do entendimento das palavras e sua aplicabilidade na forma da lei. Tanto é que, não muito tempo atrás, homens (falo biologicamente, sem entrar na questão de gênero) não sofriam estupro, mas o tal do atentado violento ao pudor ou caiam em questões mais ‘nubladas’ (afinal, homens gays são estuprados também, e as travestis etc). Há uma certa moral sexual aí…

    De positivo, todxs estão falando sobre assunto espinhoso, principalmente as mulheres. E sobre moral sexual. Prostitutas são estupradas e nada se diz. Homens gays são estuprados, nada se diz. Travestis. Crianças. Deficientes. Cadáveres. Animais. A lista não seguiu nenhuma ordem e no entanto, sofremos nós. E na comparação (errada?) de sofrimento, quem deve sofrer mais, a vítima ou os possíveis culpados/inocentes?

    Tempos passionais… não deveríamos dar respostas passionais.

  13. Fatos e versões

    Os fatos, ainda mal explicados, ilustram uma situação grave e que causou grande comoção. Houve radicalismos ao extrapolar para ambos os lados as hipóteses levantadas. Mesmo com a frieza com que o primeiro delegado enfrentou o caso, acredito deva ter sido esse o caminho a ser seguido, esclarecendo fatos, com calma, sem criar muita comoção pública e, ainda, protegendo inocentes. A pressão e a demagogia contribuíram para a troca do delegado, colocando como titular uma jovem relativamente inexperiente, que levou o caso para um “estupro coletivo” geral, plural, mundial, de ódio contra o machismo no planeta. Esta visão extrema é tão censurável como o comentário daqueles que afirmam que aí nada houve.

  14. Faltou ao goeverno Dilma

    Faltou ao goeverno Dilma alterar o Código Penal quanto à tipificação de ofensas e preconceitos às mulheres, negros e homossexuais. Caso esta medida fosse tomada, acredito que haveria mais cuidado no momento de chamar ou apelidar alguém pelos seus traços físicos. E, principalmente inibiria os assédios que tanto incomodam as mulheres. No entanto, caso estas ações fossem implementadas, certamente sobraria para o pedreiro que assoviou para a garota e nunca para o empresário que chama seu subalterno de “negão”.

  15. Faltou ao goeverno Dilma

    Faltou ao goeverno Dilma alterar o Código Penal quanto à tipificação de ofensas e preconceitos às mulheres, negros e homossexuais. Caso esta medida fosse tomada, acredito que haveria mais cuidado no momento de chamar ou apelidar alguém pelos seus traços físicos. E, principalmente inibiria os assédios que tanto incomodam as mulheres. No entanto, caso estas ações fossem implementadas, certamente sobraria para o pedreiro que assoviou para a garota e nunca para o empresário que chama seu subalterno de “negão”.

  16. Leitor ou Ser Humano

    Nassif!

    Não me leve a mal, tentei fazer a transcrição de parte do que disse no vídeo e gostaria que analisasse.

     

    Segue:

    “As posições multifacetadas cinzas, cinzentas, como é a vida, elas complicam a cabeça do leitor”

    Talvez eu não tenha entendido, mas acredito que declarações como essa, ainda que involuntárias e dentro de um contexto maior, são equivocadas.

    A compreensão de um fenômeno será tão difícil quanto forem o número de variáveis do fenômeno.

    Porém a complexidade é uma característica do fenômeno e a compreenção ou entendimento pleno do mesmo uma limitação humana.

    Essa diferenciação entre leitor e não leitor(Jornalistas/Especialistas) cria uma barreira que não é real, dado que qualquer um pode compreender ou ser confundido a depender da complexidade do fenômeno.

    Não acha?

    Obrigado!

  17. Contra fatos, não há argumentos.

    Até a presente data, só há um crime consumado: Expor, produzir, distribuir vídeo, material de áudio, fotografias de adolescentes e crianças em sitiuação vexató0ria ou pornográfica. Tutela prevista pelo ECA (Lei 8069). Acho que é 244-A ou 242, não me recordo.

    Nesse caso, pouco importaria se a menina estava mentindo sobre o abuso ou em outras palavras, se o vídeo é fake (bom lembrar que nada, eu REPÌTO, NADA é impossível, ainda mais se tratando de vídoes de internet), mesmo assim, colocar vídeo na rede, mesmo com o consentimento dela é crime. Vejam, não estou dizendo que isso aconteceu, mas que pouco importa para fins da persecução (processo).

    Não há certeza se foi estupro ou posse sexual mediante fraude.

    Nãõ há certeza de quantos autores foram.

    Não há certeza de nada.

    Só especulações.

    As provas materiais são frouxas e pobres. Laudos e exames não revelam a dinâmica do evento, mas so atestam lesões. que podem ser causadas por sexo violento, seja ele consensual ou não.

    A (im)postura da delegada só ajuda a defesa.

    Vaginas sangram por vários motivos, inclusive por fluxo mesntrual.

    Não é possível a  ninguém saber a diferença (por um vídeo) entre alguém que fez sexo à força, ou com força.

    Por isso os investigadores perguntam sobre os hábitos da vítima (para traçar seu paradeiro, amigos, amigas que possam ser testemunhas, outros possíveis parceiros que podem ser colocados na cena do crme, etc). Não confundir o estudo da vítima (vitimologia) com criminalização da vítima.

    Garotos se gabam de suas idiotices o tempo todo na rede, mas REPITO: expor as imagens é crime.

    Os abusos sexuais devem ser provados.

    O ônus da prova é do Estado e subsidiariamente de quem alega o abuso (e vejam que inclusive há previsão legal para quem alega dolosamente ter sido vítima de um crime, sabendo que não houve crime, e são as condutas tipificadas ccmo calúnia ou denunciação caluniosa, que é mais grave).

    Todos contra o sexismo e cultura da violência contra mulher? Óbvio que sim.

    Todos contra o linchamento de supostos “culpados”, sem direito a processo legal? Óbvio que sim.

    Temos que encontrar o tom entre esses dois bens jurídicos que estão em conflito pelo açodamento de feministas contra machistas, mas esses princípios podem e devem ser cmplementares: Presunção de não-culpabilidade com cuidado com as diferenças de gênero.

    O resto é elocubração e palpitologia de quem não tem a menor ideia de como funciona uma investigação policial.

    1. Parece que o que eram certezas inabaláveis começam a fazer água

      No UOL:

      Jogador acusado de estupro é solto no Rio. Polícia não vê indícios do crime

      Suspeito de participar de um estupro coletivo de uma garota de 16 anos, o jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte, 20 anos, foi solto nesta sexta-feira (3). Lucas deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro, nesta tarde. Ele estava preso temporariamente desde segunda-feira e foi liberado após a polícia entender que não há indícios suficientes para sua detenção, solicitando a revogacão de sua custódia.

      A delegada Cristiana Bento, que hoje comanda as investigações sobre o estupro coletivo, foi quem pediu a libertação de Lucas após ouvir depoimentos de testemunhas. A liberação do jogador, por volta das 18p0, teve o apoio de um promotor público e foi autorizado pela 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro.

      “O depoimento de uma nova testemunha [na última quinta] reforçou o que defendemos. Lucas não participou do caso. A delegada se convenceu disso. Mostramos conversas de celular que a vítima informa que o meu cliente não estava lá”, explicou Eduardo Antunes, advogado de Lucas Perdomo.

      A mãe, o pai e a namorada do jogador estiveram em frente ao Complexo aguardando Lucas desde o início da manhã.
      “Estamos muito aliviados. A gente tem certeza de que o Lucas não tem nada a ver com isso. Vamos provar que ele é inocente”, disse ao UOL Esporte o pai do atleta, Silvio César Duarte Santos, de 50 anos.

      O caso

      Em depoimento à polícia, a vítima do estupro – menor de idade – disse ter sido drogada e violentada por um grupo de homens no último dia 21, após ter ido visitar o jogador Lucas, em comunidade conhecida por morro da Barão. Segundo o primeiro relato da jovem às autoridades, quando ela acordou após ser dopada, viu cerca de 30 homens armados de pistolas e fuzis em um imóvel.

      O caso ganhou repercussão depois de imagens do ato terem sido vazadas na internet.

      Agora responsável pela investigação, a delegada Cristina Bento, que substituiu o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), declarou na segunda-feira que tem certeza da ocorrência de crime. “Minha convicção é de que houve estupro”, disse, em entrevista coletiva. “Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina”.

      Seis ordens de prisão foram expedidas pela Justiça. Além de Lucas Santos, Rai de Souza, Michel Brasil, Raphael Belo, Marcelo Corrêa e Sergio Luiz da Silva Junior são os alvos. Esse último, também conhecido por “Da Rússia”, é apontado como chefe do tráfico do morro da Barão.
       

      1. Choque de culturas.

        Bem, e o tempo que ele ficou lá, qual causa militante ou qual cultura de Direitos Humanos vai repor ou indenizar?

        Aliás, quais humanos merecem a presunção de não serm culpados?

        Cultura do estupro? Pode ser.

        Cultura do prende o preto/pobre e pergunta depois? Sempre.

        Cultura da favela território bárbaro? Sempre.

        Agora, a verdade nada importa. Vai ser a corrida para cada um susentar a versão que vendeu aos afobados.

        Coitada da realidade, vai apanhar até confessar.

  18. Dediquei a manhã para

    Dediquei a manhã para acompanhar as discussões que foram postas aqui no site pelo Nassif e me impressiona e me entristece como tem pessoas que deixam de lado a apuração real dos fatos se preocupam somente com uma toamda de posição e prol de A ou B independente dos fatos. Parece mais do que claro que esse caso necessita de investigação mais profunda e que ninguém aqui tem condições de dar nenhuma posição definitiva e o Nassif nas suas observações foi bem claro nisso. No entanto, aqui e em outros espaços o que se vê são muitas pessoas ou desqualificando totalmente o relato da moça ( criminalização da vítima ) ou comprando a versão dela sem questionamentos só por uma questão de empatia e solidariedade pseudo feminista. E a verdade ? Parece que para alguns ela é só um detalhe.

  19. Li os comentários.
    Continuo

    Li os comentários.

    Continuo sem ter elementos suficientes pra caracterizar como uma “cultura”, com valores e princípios orientadores das condutas de molde a jus-ti-fi-car o estupro.

    Repito: estupradores existem, mas não dá pra dizer que multidões de homens estão batendo palmas e dando congratulações. Não é à toa que o estupro é tipificado como crime nos ordenamentos jurídicos há séculos, mesmo desde quando as mulheres eram consideradas – também juridicamente – incapazes.

    Ou seja, não foi a “pressão social” feminina que definiu o estupro como uma conduta reprovável.

    Uma coisa é denunciar o machismo, que realmente existe, embora declinante [sei que há muita contestação deste fato]. Outra coisa é alegar que se trata de uma “cultura” estruturada que incorpora o estupro como prática “normal” e defensável

    Criminosos, esses, sim, existem. Saber evitá-los não é relativizar nada. Também em grau menor, qualquer um que se aventurar em uma área perigosa com objetos de valor ouvirá que “deu mole” se for roubado. E isso, insisto, não é relativizar nada. Tampouco significa “culpar a vítima”. O ladrão continua sendo o ladrão.

    Não é, portanto, por causa de sociopatas como Bolsonaros ou de tolos completos como Malufes que pode-se dizer que há justificação para o estupro. Tanto é que a grita toda não foi a favor do que estes escroques falaram, mas claramente contra. E, por favor, não digam que foram somente as mulheres que o fizeram.

    Exigir civilidade, respeito e urbanidade é o caminho. Criminalizar o desejo e a admiração que os homens têm pelas mulheres não vai dar em nada.

    1. Concordo inteiramente com você, Lucinei

      O termo “cultura do estupro” (que aliás vai no título de um texto meu linkado acima na coletânea, apenas para fazer eco ao outro texto ao qual ele se contrapõe) não é mais que um constructo retórico de caráter sensacionalista, que, a meu ver, não tem nenhuma fundamentação sociológica ou antropológica.

      É apenas mais uma dessas convenientes farsas militantes.

      O fenômeno do assédio sexual, movido pela lógica do machismo, encontra seu sentido em outros fundamentos sociais bem mais amplas, de uma sociedade patriacal regida pela lógica do privilégio, que em algo especificado e, dessa forma, universalmente operante como se pretende apresentar a tal “cultura do estupro”.

      Como você bem disse, esse fenômeno parece ser da ordem do singular, e não da ordem do geral.

      Esse recorte, tal como nomeado (“cultura do estupro”), parece fundamentalmente enganoso e destituído de substantividade.

  20. O Nassif está de parabéns.

    O Nassif está de parabéns. Bateu de frente com os discursos decorados e estimulou o debate pra valer. Muito mais do que em qualquer outro lugar. Quem dera as “redes sociais” fossem sempre assim…

  21. Já comecei a escrever e
    Já comecei a escrever e apaguei algumas vezes em tópicos passados e agora se repete mas talvez eu envie esse.
    Não é fácil. É triste. Parece que o caminho preferido dos comentários tem sido “e se for mentira?”
    É triste ler certas coisas aqui. Até se o sangue da garota é proveniente de relação forçada ou menstruação foi aventado. Não que não seja uma possibilidade, mas o chocante é ler até onde vai o um ser humano não diretamente relacionado com esse fato em sua capacidade em colocar em dúvida a denúncia da garota e o vídeo.
    Não seria isso a “cultura do estupro” que as pessoas querem entender o que significa? Não seria essa cultura colocar em dúvida a palavra dessa menina apesar de tudo indicar o contrário?
    O conceito de estupro, como já foi exaustivamente colocado em outros posts, foi atualizado. Não significa somente quando a penetração. É difícil de entender? Leia o post de um usuário que anteriormente colocou a situação de uma moça sendo a ameaçada por uma pessoa armada obrigada a praticar sexo oral. Pense. Se for com vc (homem ou mulher) vc gostaria que esse crime fosse relativizado ou fosse caracterizado como um crime menor como atentado violento ao pudor? Pense isso ocorrendo com alguém próximo. É menos grave? Ter esperma no seu rosto ou garganta de alguém que vc ou sua mãe, pai, irmã não consentiu é menos grave do que se o esperma estiver em sua bunda/vagina/boca/ânus? Ou se for “só” um dedo no seu ânus? Ou no ânus da sua mãe? Ou do seu pai? É “só” atentado violento ao pudor?
    Esclarecendo essa questão (espero), agora o caso da menina: E se for verdade? Vc tem consciência do quanto sua desconfiança em relação ao depoimento dela tem a ver com a tal “cultura do estupro”?
    E temos isso em vídeo. Imagine se não houvesse o vídeo. Daqui a pouco vão analisar que, olhando com cuidado pelo vídeo, não se pode afirmar que ela estava em sono REM e poderia ter reagido ao ter seu órgão sexual exposto sujo de sangue (menstruação, “sangue do diabo” – talvez o fosse um número de mágica…)
    Fico pensando se uma garota qualquer com vida sexual ativa, usuária de drogas e pobre sofra um crime desse tipo mas não tenha um vídeo exposto na internet. Quais seriam as chances dela ser considerada uma cidadã com direitos de acionar a justiça e colocar na cadeia seus algozes? Pelo que leio aqui: nenhuma chance.
    Tenho sérias dúvidas que essa garota mantenha a denúncia. Ou ela será comprada ou as ameaças a farão voltar atrás. Mas o pior é a mensagem que ficará e já está sendo colocada na cabeça da meninada por aí: “a menos que vc seja uma virgem puritana ou aparente isso, sua palavra sempre será posta em dúvida. Sempre.
    Depois ficam aí bancando revoltados quando a mídia em geral enaltece as belas, recatadas e do lar mas quando a antítese mostra as caras, a posição natural é desacreditar e condenar.
    “Aprendam” isso garotas: se você é bela, recatada e do lar estupro é crime. Se não, estupro é acidente de percurso.

  22. Mais um pitaco: comparar esse
    Mais um pitaco: comparar esse caso ao da escola base em Brasília parece-me completamente inapropriado.
    No caso de Brasília tivemos pessoas inocentes sendo acusadas de vários crimes e nesse caso, já de partida, analisando somente a divulgação de vídeo erótico com pessoa com menos de 18 anos, já não se trata de inocentes. O que se trata é a extensão da culpa, sem considerar toda nossa complacência sobre a gravidade do crime cometido e seus possíveis atenuantes – a justiça não costuma chegar até essas pessoas acusadas, toda o abandono do estado até se criar o caldeirão onde ocorreu…
    Acho que entendi o que é a “cultura de estupro” em que estamos inseridos. Acho que é essa desconfiança prévia da acusação com base no comportamento da garota. É a pergunta do delegado feita a denunciante durante a investigação “você gosta de fazer sexo grupal?” É achar que de alguma forma ela teve o que mereceu devido a seu comportamento mesmo que isso não seja dito com palavras mas de forma difusa ao perdoar publicamente de antemão os prováveis agressores sem considerar o quanto isso pode estar sendo cruel com a vítima e de lambuja ainda passando recado às outras mulheres: vejam como serão questionadas “as impuras”. Vejam como, para essas, tudo será relativizado. Vejam como mesmo com um vídeo que é uma prova em si (divulgação de ato pornográfico com uma menor de idade) ainda usaremos um caso de linchamento moral de inocentes por erro grave de investigação como justificativa para toda nossa benevolência com esses acusados e automaticamente colocaremos você, que não é nem recatada nem do lar, em dúvida.

  23. Sem evidências.

    Recomendo o filme que passou na HBO (vi a indicação em editorial do MIno Carta, citando as violações constitucionais feitas no caso do impeachament de Dilma). O nome é Sem Evidências.

    3 garotos são acusados de estuprar e matar, sob a alegação de satanismo.

    Ou seja, o estilo de vida estimulou a histeria, assim como a visão que temos dos morros.

    Claro que satanistas, traficantes, motoristas, todos podem estuprar e matar.

    O engraçado é a estereotipização, que permite que médicos, como aquele libanês que ganhou HC do STF para fugir, gozem da presunção de serem boa gente, enquanto declaramos traficantes e admiradores de funk como estupradores, muçulmanos como terroristas, policiais como machistas e violentos, etc, etc, etc.

    30 são acusados sem provas, enquanto o jaleco branco estuprava 300 madames, que demoraram a acreditar que fosse possível, Se fosse em uma favela, bastava o fantasma assobiar para um traseiro siliconado que seria estupro.

    Já que está na moda o termo, é  a cultura do estereótipo, ou a cultura do pense na caixa.

  24. Dorrit só levantou a bola…
    Nenhum espanto. Me abstive de alimentar a discussão por desconhecer todos os meandros do caso, mas a Dorrit hoje n’O Globo trouxe uma faceta da questão que não vi abordada – ressalvo não ter lido todos os comentários neste e em outros vários posts a respeito. De fato, desconfio seriamente de panfletagem que envolve aspectos tão subjetivos. Pelo artigo percebo mais comum do que supomos uma visceral hipocrisia – conveniência e má fé também – no posicionamento de algumas mulheres em relação aos “direitos e integridade” aviltados PELOS MACHISTAS. Ora, misoginia e machismo exacerbado encontramos nas mulheres que defendem seus “direitos”, reclamam de opressão e “abuso psicológico e moral” por parte dos homens, mas que não se constrangem em aplicar-lhes, na mesma medida, a outras mulheres. Qualquer ameaça torna a outra mulher uma vagab*, sonsa, vamp, para ficar no “publicável” (desculpe Nassif). O incrível é verificar que “direitos sobre o corpo”, escolhas, agressiva afirmação de vontades, conquista vexatória através de exposição corporal e sedução barata são aceitáveis quando praticadas porque representativas da “liberdade individual das mulheres sobre seus corpos e sexualidade”. No entanto, no momento em que outra mulher se imponha – ou exista – e lhes ameace as posses e afetos, aquela torna-se uma mulher menor???? Conveniente. Hipócrita. E base de minha indiferença pelo “movimento”. Me bato pelo direito à vida e ao viver bem. Pelo respeito e pelo arbítrio. Fora isso, é “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Panfletagem de boteco. As mulheres apresentadas por Dorrit são regra – pelo que vejo nas redes – e não exceção.

    E é claro: não estou abrindo debate a respeito. Apenas constatando. Bem sabemos que não há o que discutir. E mais não me alongo.

    ————-

    Faroeste digital
    Metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher

    05/06/16 – 00h00 | Atualizado: 05/06/16 – 09h01
    Era inevitável. Antes mesmo da investigação sobre o estupro da adolescente de 16 anos em uma favela da Zona Oeste do Rio tomar qualquer rumo, o caso adquiriu uma segunda vida. Virou letra de funk, com sua variante de letras chulas de abatedouro machista e degradação da vítima. Também surgiram garotas da comunidade portando cartazes de apoio aos acusados, em manifestação seis dias após o estupro.

    Na enxurrada de comentários postados nas redes sociais, nem todas foram de empatia, dor e solidariedade com a jovem. Nem era de se esperar que o fossem. O que chama atenção, porém, é o volume de vozes femininas — ou pelo menos que se identificam como mulheres nos posts — a hostilizar e xingar cruamente a adolescente.

    Pelo jeito, revela um estudo divulgado dias atrás na Inglaterra, trata-se de uma tendência global.

    O Demos é um conceituado instituto apartidário de análises, pesquisa e formulação de políticas públicas. Fundado em Londres há mais de duas décadas por um marxista, isso não o impede de ter conselheiros até mesmo do governo David Cameron.

    Seu Centro de Análises de Mídia Social (Casm) é especializado em pesquisas avançadas sobre o universo digital. A mais recente coletou e analisou 1,5 milhão de tuítes contendo as palavras “cachorra”, “puta” e “estupro” postadas ao longo de três semanas (23 de abril a 15 de maio).

    Em seguida, usando algoritmos como filtros, foram separadas as postagens intencionalmente agressivas das que usavam os termos em vários outros contextos. Resultado da pesquisa: metade dos disseminadores da linguagem misógina mais abusiva no Twitter era mulher e garota. À deriva do seu meio social? Não, diz a pesquisa, inseridas.

    O resultado confirma levantamento anterior feito dois anos atrás nos mesmos moldes, quando metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos gratuitos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher.

    Em nota que acompanha a divulgação da pesquisa, Alex Krasodomski-Jones, um de seus autores, encontra alento no reconhecimento político e preocupação pública (pelo menos na Inglaterra) quanto ao faroeste digital que atinge sobretudo as mulheres.

    “Já se tornou evidente que, enquanto o mundo digital criou novas oportunidades para o debate público e a interação social, ele também construiu novos campos de batalha para os piores aspectos do comportamento humanos. Captamos apenas um instantâneo superficial do que pode ser uma experiência muito pessoal e traumática para mulheres”, diz ele. Sobretudo quando o tiroteio vem de todos os lados.

    O estudo focou no Twitter porque a empresa se dispôs a colocar seus dados à disposição dos pesquisadores, mas sendo a misoginia prevalente em toda a mídia social, seria importante que os gigantes da indústria também se envolvessem na discussão, acredita Krasodomosky-Jones. “Não se trata de policiar a internet, e sim de lembrar que em geral somos piores cidadãos on-line do que offline”, argumenta ele.

    Dawn Foster é uma jornalista inglesa voltada para temas sociais. Em recente artigo para o diário “The Guardian”, ela conta que, depois de publicar um artigo sobre abuso sofrido ao trafegar pela cidade de bicicleta, o primeiro comentário on-line que recebeu dizia “Se eu vê-la na rua algum dia, espero que leve um tiro”.

    Ao longo dos dois anos seguintes, ela ocupou um cargo no jornal que considera ter sido o pior emprego de sua vida — foi moderadora on-line do jornal. Os comentários não publicáveis eram tão tóxicos, racistas, homofóbicos e sexistas que lhe tiravam o sono — isso, num jornal liberal como o “Guardian”. E quando os autores disponíveis para um chat eram mulheres, a intensidade dos insultos recebidos quintuplicavam.

    Não espanta, assim, o corolário de impropérios e ofensas que não cessam de brotar nas redes à menção da jovem estuprada no Morro da Barão.

    O importante, para a saúde e confiabilidade da mídia neste caso, é que nas próximas semanas, meses, anos — ou o tempo que for necessário — não haja trégua na apuração miúda de um caso que tanto comoveu o país. Nenhum canto deve permanecer obscuro. A dubiedade serve apenas à manutenção da treva.

    Para a consagrada escritora feminista Jessica Valenti, autora do recém-lançado “Sex Object, a Memoir”, que trata do dilema político universal das mulheres, “somos pessoas doentes sem termos qualquer doença”. Nem a inabilidade para ser vulnerável nem a recusa a ser vítima protegem a mulher, apenas encobrem o que está torto.

    Dorrit Harazim é jornalista

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