Massacre de negros impede que Brasil seja uma nação, por Mário Lima Jr.

Massacre de negros impede que Brasil seja uma nação, por Mário Lima Jr.

A notícia mais triste que o Brasil recebeu esse ano foi que o assassinato de negros aumentou 23,1% entre 2006 e 2016, segundo o último Atlas da Violência. O aumento não está associado apenas ao crescimento geral da criminalidade – o número de brancos assassinados caiu 6,8% (El País). O massacre contra negros cresceu porque o racismo secular continua forte nas nossas principais instituições, entre elas o próprio povo brasileiro, impedindo o desenvolvimento do país.

Não é o tamanho do Produto Interno Bruto que caracteriza uma nação digna, mas o respeito à individualidade humana independentemente da cor da pele e da classe social. No Brasil os assassinatos têm alvo certo: a cada 100 pessoas vítimas de mortes violentas, mais de 71 são negras. Apenas em 2016, 44,7 mil negros foram executados.

Além de negra, a maioria morta é jovem, do sexo masculino e de baixa escolaridade. “Isso tem um custo imensurável do ponto de vista humano – há um buraco imenso nas famílias que perdem seus meninos”, nas palavras de Daniel Cerqueira, coordenador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que realizou o estudo em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Algumas pessoas têm dificuldade para entender percentuais, matemática também me assusta. Imagine duas pessoas lado a lado encostadas em um muro, sendo uma negra e a outra branca. Se alguém der um tiro de longe contra essas pessoas, provavelmente ele vai atingir e matar a pessoa negra. Você pode apostar sua vida nessa probabilidade (se você não for negro). Voltando à estatística, a chance de um negro ser executado no Brasil é 2,5 vezes maior do que um branco.

O racismo está na desigualdade estrutural da sociedade e se estende até o dedo de quem puxa o gatilho. Algumas manifestações racistas são claras e públicas, como a dos estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Petrópolis, no último fim de semana. Eles jogaram uma casca de banana em um aluno e chamaram uma estudante de “macaca”. Não temos culpa pelos mais de 300 anos de escravidão praticada no passado, mas somos obrigados a combater o racismo do presente para a construção de uma nação justa.

O louvor de grandes sociólogos do século 20 à miscigenação de raças no território nacional pode causar confusão. É verdade que de forma única no mundo carregamos na pele as cores dos povos indígenas, da Europa e da África e que oficialmente o negro livre jamais foi impedido de entrar em um restaurante, por exemplo. No entanto entre os mais pobres três em cada quatro são negros (Agência Brasil). A desigualdade e a perseguição violenta rebaixam moralmente o futuro brasileiro e são motivos de vergonha dentro e fora do país.

Redação

14 Comentários

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  1. Porque enfatizar apenas os
    Porque enfatizar apenas os assassinatos dos negros? Índios e mulatos descendentes de índios, brancos e negros não pertencem a nação brasileira?

    1. acredito que são os índices, assustadores…

      adotar estes índices como suposto básico, além de gerar revolta justificável, também gera confusão e extrapolação

      o índice pode ser elevadíssimo, mas as mortes praticadas por uma minoria

      Mas que algo precisa ser feito urgentemente para reduzí-lo ao máximo, com certeza precisa

       

  2. Desculpe o mau jeito

    Mas na África o assassinato de “negros” é bem mais expressivo e em cada uma das nações que compõem o continente.

    O que nos impede que “sejamos uma nação” (que bem ou mal somos) são as políticas públicas fundadas no capitalismo voraz que promove as desigualdades e a miséria no mundo, sem poupar os países ricos, inclusive. 

      1. Brancos
         

        Não, cidadão, na Rússia, na Suécia e na Polônia nunca ninguém morreu assassinado por culpa do estado.

        Nunca ninguém  morreu, passou necessidade ou  foi perseguido, afinal, eram todos brancos.

        E essa onda de refugiados e imigrantes  que hoje vagueiam pela Europa e América  é pura invencionisse da imprensa.

        Na verdade eles são turistas menos afortunados.

         

         

    1. eu também gostei, muito bonito, arte integrada…

      pudesse eu ter o muro de minha casa grafitado assim

      se alguém me pedisse, permitiria com o maior prazer e até contribuiria para as tintas, pagaria, e pelo trabalho

      muito bonito mesmo

  3. Caramba!

    Ate aqui, quando se destaca o que acontece com os negros, vêm os “democratas” falar de outras coisas! Haja paciência! Até agora, nenhuma “revolução” resolveu por si só as questões do racismo, do machismo e do antissemitismo, pois elas são específicas e pedem soluções específicas. Quem não sabe disso, não sabe de nada. Devia ficar calado e virar poeta pela gentileza com os ouvidos alheios.

  4. vou sair que minha cabeça está quase explodindo…

    sempre fico assim ao ver minorias causando tantas mortes e estragos

    e maiorias como se nada de ruim para a nação estivesse acontecendo

  5. O genocídio dos negros

    O genocídio dos negros continua. Mas para isso ninguém bate panela… Se houvesse alguma justiça no mundo, essa nossa classe média seria toda fuzilada.

    1. Não seja tão superficial

      Como se a classe média não fosse formada por negros também. Essa divisão surreal de identidades fixas: negros e brancos não serve para pensar o Brasil. Isso é imposição de uma sociologia norte-americana que penetrou na nossa academia via financiamento de bolsas.

  6. E os pardos?

    Eu tenho dificuldade de entender por qual a razão a esquerda continua comprando essa narrativa que fragmenta a exploração e a opressão sofrida por todos os pobres. Além disso, essas pesquisas consideram os pardos como negros, mas somente quando se conta o número de mortes ou de presidiários. Quando o mesmo instituto vai pesquisar, por exemplo, a composição “racial” de universitários os pardos são considerados brancos. O pardo, ou a questão hibrida da formação do povo brasileiro, que não tem nada de democrático, diga-se de passagem, serve apenas para inflar narrativas desonestas. O pardo serve pra ser negro na lista de mortos, mas não serve para o sistema de cotas.

     

     

    1. E TER QUE ACORDAR CEDO E TRABALHAR? TÁ LOUCO?!!

      Caro sr. Collingwood, não entendeu como sobrevive nossa Elite Esquerdopata que ascendeu com o Caudilhismo Ditadorial de Quartéis de 1930? Promovendo e alimentando a Indústria da Pobreza, da Miséria, do Atraso, do Confronto, da Eterna Falta de Soluções, do AntiCapitalismo. Se tais problemas começarem a ser resolvidos. E já foram em diversas épocas, como sobreviverá tal Elite? Ou Marina Silva está pensando no Meio Ambiente, dos Córregos e Rios fétidos dos milhares de Municipios Brasileiros que servem como Rede de Esgoto e Escoamento de Fezes a disseminar doenças por todo o país? Isto não dá fama internacional, nem indicação ao Nobel. Muito menos Cidadania Européia e Amizades com Banqueiros Multimilionários. Pra isto é preciso de muita Verba Pública a sustentar ‘nosso’ AntiCapitalismo. Já Fomos a Nação que mais crescia no Mundo, com Eleições Livres e Facultativas, onde Pessoas Livres desenvolviam sua  Capacidades. Independente da Origem ou da Cor. O país de Cruz e Souza. De Lima Barreto. De Machado de Assis. De Luis Gama. De Nilo Peçanha,….Excepcionalidade Genial da Primeira República construída sob o alicerce do Partido Republicano Paulista germinado na Faculdade de Direito do Largo São Francsico. Quando estas Politicas atuais de descriminação e racismo estatal, produziram resultados e intelectualidade semelhantes? O Brasil é de muito fácil explicação. abs.        

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