Morador de rua preso é colocado em ‘solitária’ após tentar fugir

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Sugerido por Leo V

O que estão fazendo com o Rafael… e mesmo a imprensa de esquerda fica muito calada diante disso.

Do G1 Rio

Preso em ato no Rio tenta fugir da cadeia após ter que ficar na ‘solitária’

Rafael Vieira foi punido com isolamento pela segunda vez após atraso.
‘Punição é torturante’, diz Lucas Sada, um dos advogados de defesa. 

Por Gabriel Barreira

 Henrique Coelho/G1 )

Rafael Braga Vieira foi condenado a 4 anos e oito meses de prisão por portar material inflamável (Foto: Henrique Coelho/G1 )

O morador de rua Rafael Braga Vieira, detido em protesto em junho de 2013 com uma garrafa de plástico que teria material inflamável, tentou fugir do Instituto Penal Francisco Spargoli Rocha, em Niterói, onde cumpre pena. A evasão aconteceu no último dia 10 de dezembro, quando ele se apresentou com atraso ao presídio após mais um dia de trabalho extramuro. Por conta da demora, foi comunicado de que seria punido pela segunda vez com 10 dias na “solitária” — uma cela isolada, sem direito a banho de sol. Rafael teria aproveitado um descuido dos agentes penitenciários para passar pelo portão da frente, mas foi encontrado nas proximidades da cadeia e conduzido novamente à cela.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que Rafael só voltou ao presídio “no dia seguinte” e “tentou fugir da unidade minutos depois”.

No final de outubro, Rafael foi fotografado ao lado de uma pichação no muro do presídio com a frase “Você só olha da esquerda para direita, o estado te esmaga de cima para baixo”. Devido à imagem, ele foi punido com seus primeiros 10 dias de solitária. De acordo com o advogado Lucas Sada do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (DDH), um dos defensores do morador de rua, a punição reincidente deixou Rafael “desesperado”.

“Em um momento que viu a porta aberta, correu, saiu e fugiu. Ele se evadiu, mas ficou por ali mesmo, ficou meia hora sumido. Foi o desespero de chegar pouco tempo atrasado e receber mais uma vez uma punição que é torturante. Ele estava traumatizado”, afirmou Sada.

O advogado disse ainda que Rafael se atrasou na apresentação por conta da doença da mãe. Após a tentativa de fuga, Rafael foi transferido para uma unidade de regime semi-aberto, mas a administração da casa pediu a regressão de regime. Com isso, ele não pode mais trabalhar fora do presídio. Os advogados de Rafael dizem que vão recorrer.

‘Não estou envolvido com nada errado’

Em entrevista exclusiva ao G1 em outubro, Rafael negou que portava material inflamável quando foi preso — e disse ainda que as provas foram adulteradas. “Nem sabia de nada que estava acontecendo naquele dia. O que eu queria era guardar o material que eu tinha recolhido para vender na feira”, diz ele. Rafael afirma que conseguia até R$ 500 por semana vendendo o material recolhido Centro do Rio, como a feira do Morro da Providência. “Não estou envolvido com nada errado”, garante ele.

 Reprodução/Facebook/DDH)

Rafael Braga Vieira posa ao lado de pichação na porta de presídio (Foto: Reprodução/Facebook/DDH)

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. justicia

    Leo V,

    O Rafael não é considerado gente, não é Paulo Maluf , não é empreiteiro de Lava Jato nem procurador que doou 12% do município de Búzios, por isto está preso por motivo possivelmente “plantado”, como cita a matéria.

    E ainda deve se dar por contente pois, sabe-se lá como, ainda está vivo.

    Este o brasilsil de sempre, o brasilsil da justicia prá ingrês ver.  

     

    1. Manter essa oratória

      Manter essa oratória condenatória, antiga e datada da década de 90, diante desse caso é um conforto que a esquerda não deveria dar a si mesma. Nesse caso quem falhou foi a coalizão de Esquerda, que deixou a imensa guerra do discurso pelos direitos humanos para vencer uma mediana batalha eleitoral, como se os manifestantes nas ruas de 06/13 fossem aquele bloco de direita do Lobão. Só que ninguém explica onde Rafael e Hideki se encaixam na banda do roqueiro da direita.

      A Justiça está sendo ela mesma nesse caso, a conservadora de sempre, e o velho discurso não cola quando o outro lado – a esquerda – optou por não defender os seus nem pelo discurso dos parlamentares ou dos partidos, muito menos pela ação de uma secretaria de direitos humanos. Esse sujeito é um mártir do direito fundamental à manifestação, como o Lula jovem foi para o direito constitucional do livre exercício do sindicalismo. Que os grupos políticos organizados se mexam para tirá-lo da cadeia, porque até o pessoal da década de 70 não teve negado o seu direito à anistia.

  2. esse se enquadra na PPP

    crime tipificado no Código Moral , o mais poderoso de todos, na Capítulo da PPP (pobres, putas e pretos) com pena de reclusão em regime super fechado sem atenuantes nem regime de progressão de penas..cumpra-se..

    Juiz da Enésima Vara Incandescente do Inferno de Dante,,

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