Jornal GGN – Junto com três estudantes, a mãe de um aluno denunciou, na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a atuação da polícia durante os protestos contra o fechamento das escolas em São Paulo, no final do ano passado. “Assisti na TV ao vivo meu filho ser algemado e preso”, disse Tereza Rocha, que disse que seu filho foi agredido sem motivo e que, ao tentar denunciar o agressor em uma delegacia, o delegado indiciou o estudante por desacato.
O estudante Igor Miranda, de 17 anos, disse que, por lutar por um direito, os estudantes foram “torturados psicologicamente, agredidos, cercados em nossas próprias escolas, sufocados, perseguidos e presos pela polícia”.
Na audiência, o governo do Estado de São Paulo foi representado pelo procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos, que defendeu o governo alegando que os alunos impediram doentes de chegar a hospitais ao bloquear a avenida Paulista. A comissária Margarette Macaulay rebateu o procurador dizendo que os jovens tinha o direito de protestar e questionando se convocar a PM foi a melhor estratégia para lidar com os protestos. “Quando a polícia é trazida, há violações de direitos humanos a torto e a direito”, afirmou.
Da BBC Brasil
‘Vi meu filho ser preso ao vivo na TV‘, diz mãe que denunciou PM-SP nos EUA
Três estudantes e a mãe de um aluno que participaram das manifestações contra o fechamento de escolas em São Paulo no fim de 2015 denunciaram na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington, a atuação da polícia nos protestos.
“Assisti na TV ao vivo meu filho ser algemado e preso”, disse na audiência Tereza Rocha, mãe de um estudante que se opunha a um projeto de reorganização das escolas estaduais paulistas, que acabou suspenso.
Rocha afirma que o filho – que não viajou a Washington – foi agredido sem motivos por um policial ao ser detido na avenida Doutor Arnaldo e que ela foi à delegacia para tentar denunciar o agressor. Em vez disso, porém, afirma que o delegado indiciou o jovem por desacato e desobediência.
Membro do Comitê de Mães e Pais em Luta, grupo que apoia as manifestações estudantis em São Paulo, Rocha e os três estudantes fizeram uma campanha na internet para arrecadar os recursos para a viagem e apresentaram suas queixas na última quinta-feira ao lado da ONG Artigo 19, que solicitou a audiência.
A BBC Brasil gravou a audiência e um passeio do grupo pelos arredores da Casa Branca, residência do presidente Barack Obama.
“Por lutar por um direito humano fomos torturados psicologicamente, agredidos, cercados em nossas próprias escolas, sufocados, perseguidos e presos pela polícia”, disse o estudante Igor Miranda, 17 anos.
Miranda participou da ocupação da escola estadual Fernão Dias Paes (Pinheiros), que durou quase dois meses.
Comandado pelo governador Geraldo Alckmin, o projeto previa o fechamento de escolas e a transferência de milhares de alunos.
O governo estadual argumentava que a reorganização respondia ao declínio no número de estudantes no Estado e tornaria mais eficiente a gestão dos recursos.
Já estudantes contrários à iniciativa diziam que ela agravaria a qualidade do ensino e criaria transtornos para os alunos transferidos. A proposta foi engavetada após a reação negativa.
Além de ocupar dezenas de escolas, que tiveram as aulas regulares suspensas, os manifestantes realizaram protestos em vários pontos do Estado. Eles dizem que a polícia agiu com violência nos atos e os intimidou durante as ocupações.
O governo de São Paulo foi representado na audiência pelo procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos.
Segundo o procurador, ao bloquear a avenida Paulista, os alunos impediram doentes de chegar a hospitais.Ramos afirmou que o governo paulista teve de agir porque os estudantes ocuparam prédios públicos e fecharam importantes avenidas de São Paulo sem comunicar as autoridades.
“Pessoas perdem o direito à vida em função de manifestações não avisadas previamente.”
Ramos afirmou ainda que o governo não recebeu nenhuma queixa formal sobre a atuação da polícia nas manifestações, mas que investigaria e puniria eventuais abusos.
O governo paulista levou um puxão de orelha na audiência.
“Eles são crianças e estavam protestando, o que eles tinham o direito de fazer”, afirmou a comissária de direitos humanos Margarette Macaulay.
“Não teria sido melhor para o Estado não ter mandado a polícia repressora?”, questionou.
“Temos muitos exemplos de que, quando isso acontece, o protesto geralmente esfria, porque eles sentem que foram ouvidos. Quando a polícia é trazida, há violações de direitos humanos a torto e a direito.” Macaulay sugeriu que, em vez de recorrer à força, o governo tivesse enviado o próprio procurador-geral para negociar com os estudantes.
A comissão formulou uma série de questionamentos sobre a atuação da polícia nos atos e poderá decidir abrir uma investigação sobre o caso. Processos no órgão costumam resultar em recomendações aos governos envolvidos. Quando as sugestões não são atendidas, a comissão pode levar o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em San José (Costa Rica).
Reportagem: João Fellet, da BBC Brasil, em Washington
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Brasileiros do Brasil
Isso não vai passar em branco. ANOTEM!!!
violência contra estudantes
Muito boa a iniciativa de levar essa reclamação à Comissão. A repressão ao movimento dos meninos por mais educação foi um dos espetáculos mais hediondos protagonizados pelo atual governo paulista ;
Bater em menor de idade, roubar merenda, sonegar água e educação…. não é à toa que SP vem merecendo o nome de “Tucanistão”…
Parabéns ao estudantes e familias
“Ramos afirmou ainda que o governo não recebeu nenhuma queixa formal sobre a atuação da polícia nas manifestações, mas que investigaria e puniria eventuais abusos.”
A Policia que mais mata no Brasil, quiça que no mundo, é essa de SP e vem o procurador do estado dizer que puniria “”eventuais”” abusos.
Esses caras estão tão desacreditados e dizem não saber o porquê.