Pistoleiros atacam acampamento Guarani-Kaiowa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – O acampamento Guarani-Kaiowa de Kurusu Amba foi atacado por tiros na noite de terça-feira, dia 12, em Coronel Sapucaia (MS). O ataque não deixou feridos, porém as crianças, assustadas, correram para o mato e ainda permanecem desaparecidas. Este ataque é o quarto sofrido pelos acampamentos Kurusu, onde quatro indígenas já foram assassinados na questão da luta pela terra.

do CIMI

Acampamento Guarani Kaiowa de Kurusu Amba é atacado a tiros

Indígenas acampados no tekoha Kurusu Amba foram atacados a tiros na noite de terça-feira, 12, em Coronel Sapucaia (MS), fronteira do Brasil com o Paraguai. Não há notícias de pessoas feridas, mas um grupo de crianças fugiu para o mato e permanece desaparecida. O relato é da liderança indígena do tekoha, Ava Jeguaka Rendy Ju, que presenciou a ação dos pistoleiros. Este é o quarto ataque desde fevereiro nos acampamentos de Kurusu, onde quatro indígenas já foram assassinados no contexto da luta pela terra.

Os Kaiowa tentaram informar a Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal da ocorrência, sem sucesso. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do ataque, e fez contato com a Polícia Militar para que fosse realizado policiamento na área, a fim de evitar consequências mais graves, como a agressão de pistoleiros em Caarapó na última segunda, 11, onde três indígenas foram atingidos por tiros.

.A investida começou por volta das onze horas da noite de terça, quando homens armados se aproximaram a pé do acampamento dos indígenas. “Eu estava comendo uma janta e comecei a ouvir tiro”, conta Ava Jeguaka. “Eles vieram quieto, sem carro”.

Quando saiu de casa, o indígena percebeu que os homens estavam espalhados ao redor do acampamento, efetuando tiros para o alto e e na direção dos barracos. “Todo mundo saiu para fora das casas e ficou com medo, era muito tiro, pareceu mais cem tiros em cima das pessoas. Todo mundo saiu correndo”.

Na fuga, os indígenas então se concentraram na casa – um barraco de lona – de uma das lideranças do acampamento. Os bebês de colo vieram com os pais, mas as crianças, tentando escapar dos tiros, correram em direção à área de mata do tekoha. “Elas estavam com muito medo, correram, se esconderam no mato e não voltaram. Não sabemos onde elas estão. A gente tá tentando sair pra procurar mas ainda tem muito tiro”, explica.

Histórico de ataques

Em março, horas depois da Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos e as Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, ter visitado o acampamento, pistoleiros a cavalo e em caminhonetes atacaram a comunidade a tiros. O ataque se repetiu, dois dias depois.

Em janeiro, os Kaiowa de Kurusu Amba foram atacados a tiros e um acampamento inteiro foi incendiado pelos pistoleiros.

Em junho de 2015, os indígenas haviam tentado ocupar a mesma fazenda, sendo violentamente expulsos pelos fazendeiros. O saldo do ataque foi de duas crianças desaparecidas, casas incendiadas e dezenas de feridos.

Em 2007, ano em que os Kaiowá iniciaram a retomada de Kurusu Ambá, duas lideranças foram assassinadas – uma delas, na mesma fazenda Madama. Entre 2009 e 2015, mais dois indígenas foram mortos em Kurusu, no contexto da luta pela demarcação de seus territórios tradicionais.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. quem estava aqui primeiro será o fazendeiro ou os indios?

      eu não tenho duvidas, tem terra para todos. não precisam matar por isso, não tem justificativa.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador