Presos no RJ, torcedores têm última chance de serem soltos antes de 2017

Jornal GGN – Nesta terça (13), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deverá julgar os pedidos de habeas corpus de mais de 20 torcedores do Corinthians que foram presos há 50 dias, após confronto contra policiais no Maracanã.

Os familiares, advogados e especialistas criticam a detenção de boa parte dos corintianos, falando em falta de provas e arbitrariedade. Se os pedidos de HC não entrarem na pauta do tribunal, os torcedores ficarão mais um mês presos no Rio de Janeiro, já que esta semana é a última antes do recesso do Judiciário.

Após o confronto no estádio, a Polícia Militar do RJ segurou os torcedores no local, exigindo que eles permanecessem sentados e sem camisa. 60 homens foram separados do grupo de torcedores e os advogados dizem que eles foram torturados dentro do Maracanã.

Vinte e seis torcedores tentam um habeas corpus desde o dia da detenção. Um torcedor menor de idade foi liberado depois que a vara da infância conclui que ele não estava no estádio na hora da briga.
 
Leia mais abaixo:

Da Folha

Corintianos detidos no Rio têm última chance de deixar prisão antes de 2017

JÚLIA BARBON

O Tribunal de Justiça do Rio deve julgar nesta terça-feira (13) pedidos de habeas corpus de até 22 corintianos que foram presos há 50 dias após confronto entre torcedores e policiais no estádio do Maracanã.

A detenção e a denúncia da maioria deles são criticadas por familiares, advogados e especialistas em direito penal, pela suposta arbitrariedade e falta de provas. Alguns detidos apresentaram imagens que indicam que eles não estavam na briga.

Caso os pedidos não sejam colocados na pauta da sessão do TJ, que é a última antes do recesso do Judiciário (de 20 de dezembro a 6 de janeiro), os torcedores passarão pelo menos mais um mês em prisão preventiva no Rio.

A história dos corintianos começou em 23 de outubro, um domingo, cerca de 30 minutos antes do jogo de reabertura do estádio carioca após a Rio-2016, contra o Flamengo.

Torcedores rubro-negros jogaram copos na direção da torcida adversária, que tentou invadir a área flamenguista. Policiais militares reagiram, mas a quantidade de guardas não foi suficiente, e o confronto começou. Terminou sem feridos graves.

Uma hora após a partida, a PM separou os homens das mulheres e crianças e deteve cerca de 3.000 corintianos, ordenando que tirassem a camiseta. A ordem era para o reconhecimento dos que participaram da confusão.

Segundo advogados e familiares dos réus, os policiais, com base em imagens de TV, teriam selecionado cerca de 60 homens, todos com biotipo parecido (barbudos, tatuados, com excesso de peso e carecas). Eles alegam que foram torturados numa área do Maracanã sem câmeras.

Depois, foram levados a Bangu, onde 28 deles estão até hoje. Um teve o nariz quebrado, outro chegou à penitenciária de cadeira de rodas. Só puderam fazer uma refeição 20 horas depois da prisão, ainda de acordo com parentes.
“Por uns três ou quatro dias, a gente só se informou pela mídia, porque eles não deixaram eles darem telefonema”, diz a manicure Mariana Lima, mulher de um dos 31 presos, Vinicios Casimiro.

No dia seguinte ao encarceramento, a Justiça converteu a prisão em flagrante dos torcedores em preventiva. Na decisão, da juíza Marcela Caram, constavam imagens de TV de apenas quatro dos 31 presos -a detenção se baseou no depoimento de quatro policiais.

Desde então, 26 deles tentam um habeas corpus poder aguardar o julgamento em liberdade. Dois conseguiram. Outro, menor de idade, foi liberado após a vara da infância concluir que ele não estava no estádio na hora do confronto com a PM.

A desembargadora Suinei Cavalieri, relatora dos dois habeas corpus, reconheceu que é “impossível conferir tal peso ao reconhecimento feito de forma generalizante pelos PMs quando […] imagens de vídeo disponíveis mostram o Paciente […] observando à distância a confusão”.

Apesar de apresentar provas de que estava longe da briga, Victor Hugo de Oliveira, 20, continua preso.

“No dia do aniversário dele, ele não parava de chorar. Dizia: ‘Mãe, não fiz nada, não sei por que estou aqui’. Eu não conseguia dar dois passos quando saí de lá”, diz Rebeca de Souza, mãe do torcedor.

Para o advogado de Victor Hugo, Gustavo Proença, houve uma resposta “desproporcional” do poder público.

Um dos argumentos do TJ para manter uma das prisões provisórias foi de que os fatos “ganharam grande repercussão social, de modo que a liberdade dos acusados, ao menos neste momento, certamente colocará em cheque a credibilidade da Justiça”.

A denúncia do Ministério Público inclui tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa, cujas penas somam de 8 a 21 anos de prisão.

Apesar das queixas de agressão por PMs, o resultado dos exames feitos nos corintianos pelo IML (Instituto Médico Legal) e as imagens das câmeras do Maracanã até agora não estão nos autos.

Na época, o major Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), Silvio Luiz, negou excessos à Folha. “Tivemos o cuidado de aguardar o final do jogo, pois sabemos que muitas famílias vieram ao estádio”, disse.

PRISÕES COMPLETAM 50 DIAS
 
23.out

Por volta das 16h30, corintianos e PMs entram em confronto; após a partida, cerca de 60 são detidos.

25.out

A juíza Marcela Caram determina a prisão preventiva de 31 dos torcedores, entre eles um menor de idade.

9.nov

O Ministério Público do Rio denuncia os 31 corintianos, por tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa.

16.nov

A vara da infância do Rio libera o adolescente, após concluir que ele não estava no estádio na hora da briga.

29.nov

A desembargadora Suimei Cavalieri concede habeas corpus a Michael Ricci e Gustavo Inocêncio; 28 ainda estão presos preventivamente.

13.dez

O TJ do Rio deve julgar os pedidos de habeas corpus de até 22 torcedores, na última sessão do tribunal antes do recesso do Judiciário.

Redação

7 Comentários

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  1. presos…

    Bucha de canhão. O futebol nacional está mudando. Os verdadeiros “gângsters” não precisam mais destes garotos de periferia, nem da sua violência para fazer o seu “serviço”. O tráfico movimenta mais de 1 bilhão no RJ. Mas você só vê na TV, a garotada mal nascida do morro dando e levando tiro. Onde está tanto dinheiro? (P.S. Só uma dica? Talvez, eu disse talvez, com o dono daquele helicóptero que transportava 550 Kg de cocaína. Com o dono e não o piloto. O piloto não deveria ter uns 2 milhões de dólares na conta para pagar pelo produto, nem aos menos possuir helicóptero) Por sinal dirigente de time de futebol. O dono e não o piloto. Assim é no futebol. Os grandes “capi di tutti capo” não são da periferia, não estão em organizadas. tem cargos de muito poder no Serviço Público e acesso o orçamento e destino de clubes e do futebol. Estes, a imprensa nunca escurraça nem revela. E a Justiça nunca prende. O Brasil se explica. E se lamenta. 

    1. Foi tudo armado pelos criminosos pró ditadura.

      Têm que ficar em cana, quem promove a estrutura social injusta deste país, que é a causadora de grupos violentos de todos os tipos.

      E os torcedores do outro time, que provocaram a briga, porque não foram contidos ou punidos?

      Não deu para perceber que é perseguição ao time, pelo qual torce o ex-presidente Lula? Com, prisão  de inocente, tortura , todas as canalhices ligadas à ditadura assassina.

      1. Essa ignorância de torcidas

        Essa ignorância de torcidas que vão às ruas para se degladiarem é coisa muito antiga, não é de agora e não tem nada a ver com política.

        Pode até ser que a reação das autoridades, nesse caso, esteja sendo exagerada EM COMPARAÇÃO com o faziam antes: NADA.

         

    2. Concordo

      Concordo! O cara que sai de casa disposto a dar porrada em alguém, não deveria estar em casa e sim num hospício ou na cadeia.

      Seja corinthians, flamengo, palmeiras, s paulo ou a PQP.

  2. Na verdade se trata de um

    Na verdade se trata de um caso muito estranho, senão vejamos:

    1- Noutros tempos, para diminuir a superpopulação carcerária, a tortura policial e resgatar a dignidade humana a juiza adotou outro procedimento que não a prisão – CLIQUE AQUI  e  AQUI

    2- Torcedores do Flamengo praticaram atos de vandalismo e não mereceram o mesmo tratamento – CLIQUE AQUI

    3- Torcedores alegam que aqueles que tinham CNH foram liberados. Critério de absolvição face ao poder aquisitivo? – CLIQUE AQUI

    4- Torturas praticadas pela PM, ou seja, confissão mediante tortura, foram ignoradas – CLIQUE AQUi

    5-  No calor da emoção e inconformismo, torcedores alegaram que a Juiza seria flamenguista e por isso compartilharam foto da mesma usando uniforme do Flamengo,  o que gerou outra leva de prisões seguidas de buscas e apreensões em vários locais

    “Apesar da confirmação de alguns dos presos, Cabral se manifestou classificou as prisões de arbitrárias. “Hoje em dia a prisão preventiva virou regra e não exceção. Se prende para investigar. Eles poderiam ser intimados, porque tem ocupação lícita e residência física. Não trazer esse transtorno para o Estado”, disse o advogado que assumiu a defesa de todos os presos.

     

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-11/operacao-prende-sete-corintianos-acusados-de-ameacar-juiza-por-redes-sociais

     

    6- Enquanto isso, rola a festança na Ilha da Fantasia

     

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/No-ar-O-Direito-de-Destruir-/4/37396

     

    1. na verdade….

      Não se trata de violência. Bem ou mal, começaram a ter opnião política e demonstrá-la. Este é o verdadeiro Brasil, a reação e a vingança foram imediatas

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