Sobre bandidos, moreninhos e repórteres

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Todo dia minha rotina é igual: checar e-mails, apurar fatos e descobrir o que a bandidagem andou fazendo durante a madrugada. Repórter policial, isso que sou. O diferencial é que, além de repórter, sou negra e sei bem o que é ser marginal: viver à margem da sociedade.

Na maioria dos crimes – as estatísticas não são exatas – estão envolvidos homens, jovens, geralmente de menos escolaridade e (claro) negros. Acontece que mesmo neste cenário desolador a negritude parece ser pejorativa. As descrições dos suspeitos feitas pelas vítimas aos policiais informam que um homem “de cor”, ou “moreno”, ou “escuro” praticou o crime.

Todo mundo sabe que o cara é negro, mas ninguém fala. Porque se falar pode ser racismo. E no Brasil não existe racismo. Os moreninhos criminosos são herança de negros e negras escravizados, libertos (“libertos”) e depois jogados à própria sorte. E depois de ter a condição de vida negligenciada, os negros também têm sua cor escondida.

Não, não é um mérito estar entre as estatísticas criminais para uma pessoa negra. Acontece que dados não são apenas dados. Dados são histórias e histórias demonstram os porquês. Só que nem a sociedade classe-média-burguesa-que-reclama-do-aeroporto-parecendo-rodoviária, nem as autoridades competentes querem saber dos porquês.

É mais fácil deixar o homem de cor criminalizado e sem conhecer também os fatos que o levaram a ser excluído. Também é mole proteger a família branca cristã que teve os objetos furtados pelos bandidos. Quando tanto vítima quanto polícia e até acusado se negam a enegrecer a descrição de uma pessoa, todos se negam também e admitir que sim, nós somos pretos. Aceitem isso. Sempre fomos e sempre seremos.

O homem escuro é tanto vítima quanto algoz. E nas indas e vindas em delegacias e batalhões de polícia militar realmente acredito que há – e há – bons policiais. Gente que quer defender gente. Mas inclusive eles não têm coragem de perceber o negro e entender a questão racial que permeia os boletins de ocorrência e os inquéritos policiais.

Outro dia um tenente viu uma tornozeleira com as cores da Jamaica usada por um homem (branco, pasmem!) detido por envolvimento com tráfico de drogas. Ele estava sentado e o discurso começou, enquanto ele cortava com um estilete o adereço:

– Eu não gosto disso. Não gosto do Bob Marley. Não gosto da música do Bob Marley e vou tirar isso… (pausa)

Eu olhando com uma cara de “continue” e os outros colegas da imprensa acompanhando a higienização.

(Olhando pra mim):

– Contra a cor dele eu não tenho nada, mas eu não gosto dele.

Os outros jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos imediatamente olharam para mim. Eu num riso meio sem saber o que fazer acendi um cigarro. Ser negra e estar ocupando um espaço antes delegado aos brancos (sim, estou na segunda graduação) como sujeito social ainda não é bem digerido pelas pessoas e alguns comentários podem ofender a “moreninha da imprensa”, que não é morena e sim negra.

E que fique claro, não creio que os criminosos não devam ser punidos. Devem, sim. Mas a gente não pode deixar de interpretar a história. É como diz o ditado: povo que desconhece a própria história tende a repeti-la.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

28 Comentários

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  1. A prova clara e contudente do

    A prova clara e contudente do quanto esse movimento negro é pelego é a completa ausencia de defesa por parte dele para com o Barbosa

    Fosse os condenados pelo Barbosa de qualquer outro partido nao só esse movimento negro vendido e pelego estaria fazendo o diabo como o governo atraves da patetica secretaria para ” igualdade ” racial ja teria se manifestado juntamente com esses mesmos colegas de blog que vivem a ofende-lo

    as frase de apoio por parte destes tais seriam as de sempre né?

    tipo:

    -A sociedade branca de olhos azuis nao aceita um negro no STF prendendo Brancos

    e mais uma serie das frases imbecis que eles vivem vomitando na midia

    Eu particularmente sempre achei o Barbosa incapaz de exercer a funçao, mas na epoca da sua indicaçao toda a esquerdolandia tava tendo espamos de alegria com o STF rasgando a constituiçao para reconhecer raça como criterio legal para separar cidadaos

    A epoca dos fatos todo mundo achava lindo o STF nao se ater ao limite da lei e simplesmente reinventar a roda para apoiar a demagogia do governo no trato com o movimento negro pelego

    Mas foi só o STF reinventar a roda para colocar a Ptizada na cadeia e pronto…rs

    Isso passou a ser um absurdo,pois STF nao pode interpretar a lei ao sabor das opinioes pessoais dos ministros e bla bla bla

    Tudo o que era obvio , porem eles só descobriram depois de contrariados…rs

    1. Nossa quanta besteira e tese

      Nossa quanta besteira e tese de achismos…se acontecesse isso os comentaristas falariam isso, se fosse isso e aquilo…. aaaf

       

      Qual era o historico do barbosa antes de ser indicato tu conhece? ele era tão ou mais respeitado quanto qualquer um para o cargo, agora vem tu dando uma de sabichão como se conhecesse o historico profissional do J.B, tudo suposição de que tu conhece, tudo soposição do que poderia acontecer, tudo suposição de que o ministerio de igualdade racial é pelego (sem base nenhuma tua diga-se por sinal, senal no teu debio pensamento).

       

      Gilmar te uma empresa, fez contrato com o setor publico, o que claramente é ilegal e é tido no meio juridico como alguém competente.

       

      Não tem que confundir competencia com carater, uma coisa da para medir a outra o tempo nos mostra.

       

      Texto e pensamento tosco e sem sentido esse teu, so achismo e bravata!

  2. Não é bem assim …

    “Moreninho” ou “moreno” é um termo utilizado pela massa para definir o pardo, aquele que para a esquerda deveria definir-se negro sem ter ligação expressa com a África ou com suas “tradições”. 

    “De cor” é a forma de esconder a pele negra de alguém, justamente para evitar o racismo. “Escuro” é pejorativo, nunca li na imprensa um negócio desses – isso costuma ser coisa de policial, o mesmo que, como boa parte da classe baixa, identifica a bandeira da Jamaica com “maconheiros sem-noção”.

    Generalizar é o que a sociedade mais faz no dia-a-dia – e a matéria em questão também generaliza, ao dizer que todos esses termos deveriam ser trocados por “negro”. Virou moda na sociedade forçar que o cidadão assuma uma negritude com a qual não tem a mínima identidade.

    Se o cidadão não se identifica como negro nem no momento de ter orgulho (“a primeira negra medalhista”, “o primeiro negro presidente do STF”), menos identidade terá quando falarmos de crimes sórdidos, que poderiam ser feitos por brancos, amarelos ou indígenas.

    Respeite o negro por não querer se identificar com a escória da sociedade. Apenas isso, e basta.

  3. Se for negra gostosa, vem ser

    Se for negra gostosa, vem ser rainha da minha bateria….

    Essa historia de negro vs branco ja esta virando piada…

    Que tal os negros tambem se considerarem humanos e nao uma classe especial?

     

     

  4. Na escola aonde minha filha

    Na escola aonde minha filha estuda, em sua sala, há duas Mari, uma negra a cópia da Vanessa da Mata, a outra loira dos olhos azuis. Minha filha era sempre chamada de Mari pretinha enquanto que a outra apenas de Mari. O preconceito nasce em casa, criança é a imagem e semelhança dos adultos.

        1. Grande Lenita.

          Sem dúvida, expressar-se de forma escrita não é fácil. Umberto Eco, inclusive, considera todo texto como uma obra aberta.

          Sobre tema tão sensível, então, um risco.

          Mas, acontece que o texto de pai do Roberto me sensibilizou. Fui atrás de algo bonito para associar a ele.

          Achei a música de Jorge Ben.

  5. Defesa de Barbosa pelo

    Defesa de Barbosa pelo movimento negro?  Quer dizer que só porque a pessoa é negra ela deve ser defendida pelos seus pares de cor, senhor Leonidas? Putz, não dá nem para comentar. É o ex presidente do Irão fazendo escola de negação de fatos.

      1. O Barbosa não era desafeto do

        O Barbosa não era desafeto do PT. Ele tornou-se, não pela cor negra, mas pelas suas ações e palavras injuriosas. Como gosta de picuínhas esse homem, Deus meu ! vc não vive dizendo que a maioria aqui é de “protetores” da ditadura cubana.  Vc já foi à Cuba ? ou mesmo que nunca tenha ido, deve ter percebido que a maioria dos habitantes de lá é negra, assim como na nossa Bahia e a zona mais pobre do Rio de Janeiro. E não venha me dizer que é pq os irmãos Castro são brancos. Ou eu te denuncio rsrsrs. Cara chato, parece um carrapato!

        1. Putz Lenita…rs
          Acho que vc

          Putz Lenita…rs

          Acho que vc ta misturando as coisas…

          Dizer que a maioria aqui defende a ditadura Cubana nao é opiniao minha e um fato

          Sobre Barbosa a galera aqui nao malha ele porque é negro malha ela pq ele enquadrou petistas, alias ele nao ´né?

          o STF quase todo ( no que discordo pois acho que para condenar alguem deve haver provas claras ) 

          O que falo do MN ser pelego é que ( nao fosse hoje o Barbosa ser desafeto do PT ) ele tava defendendo o cara 

          Pois sao radicais racialistas e acham algo ou alguem certo primeiro pela cor da pele desse algo ou alguem 

          ok?

          Agradecido…rs

          1. Eu estive lá durante uma

            Eu estive lá durante uma semana, participando de um congresso e conhecendo o serviço de saúde de lá. Ou será que lá sós os negros (9%) estudam? O contrário do nosso país. Andei de ônibus lá e caminhei pelas ruas e fui até na famosa praia que era exclusividade dos amricanos, antes da revolução.

  6. Rame-rame antropológico de “porta de blog”.

    Prezados, eu acho que li algo que nos diz que a identificação com uma denominação relgiosa ou credo se dá pela frequência.

    Mistura a disciplina dos setores mais pobres (geralmente), que buscam na solidiariedade religiosa um alento, e um incentivo a busca por melhorias pessoais (comum nas religiões pentencostais), com a noção de religiosidade não-militante da classe média, mas que nem por isto é menos ferrenha em expressar seu viés ideológico quando provocada em questões-chave (aborto, união homoafetiva, etc).

    Não é incomum que as classes mais pobres e militantes religiosas sejam mais tolerantes que os que se declaram culturalmente mais esclarecidos.

    Mas o nosso sociólogo de caixa de comentário desconhece estes dados.

    E, como por mágica, chega a conclusão que “qualquer brasileiro minimamente informado” sabe que são os negros mais religiosos que os brancos, logo, a jornalista está errada!

    Divertido, bem divertido.

    1. Faz tempo.

      O blog posta sobre muitas coisas que incomodam o status quo e o ufanismo.

      Então aparece essa reação.

      Mas a gente não deve se preocupar. Esses comportamentos de nicho são comuns na internet, mas o mundo presencial não é assim.

       

  7. Para uma menina morena, com uma flor.

    Prezada Aline, que mistura de sentimentos dolorosos, que turbilhão de pensamentos mal resolvidos deram origem a esse seu texto?

    “Sobre bandidos, moreninhos e repórteres”.

    Vamos lá, começemos do começo:

    “O diferencial é que, além de repórter, sou negra e sei bem o que é ser marginal: viver à margem da sociedade.

    Não, não sabe. Ser preto não dá carteira de sócio remido da marginalidade. Nem creio que você realmente viva à margem da sociedade. 

    Portanto, por uma questão de integridade intectual, não assuma como experiência de vida algo que você nunca viveu.

    Ser reporter polícial pode ter dado a você uma ideia profunda do quanto o ser humano é cruel. E, sendo preta em um país racista, sem dúvida, você já deve ter sido discriminada de alguma forma ou de várias. Isso dói sempre, e pode doer muito alguma ou todas as vezes, mas não coloca ninguém na marginalidade social.

    Para tanto, é necessário a miséria. Aquela miséria que faz com que não possamos distinguir a cor dos mendigos jogados nas calçadas. A miséria tem uma cor própria, não é preta, não é branca, não é morena. Ela tem a cor de uma crosta de sujeira e o sem brilho de um cadáver. Daqueles que tem por si apenas um cobertor surrado e se agarram a ele como alguém que se agarra ao que resta. Isso é viver à margem, ou talvez, mais próprio seria dizer morrer à margem.

    A seguir:

    “As descrições dos suspeitos feitas pelas vítimas aos policiais informam que um homem “de cor”, ou “moreno”, ou “escuro” praticou o crime.Todo mundo sabe que o cara é negro, mas ninguém fala. Porque se falar pode ser racismo. E no Brasil não existe racismo”. 

    Que sentimento confuso esse.

    A vítima de um crime é responsabilizada por disfarçar seu presuposto racismo manifesto na forma como descreve seu agressor. Creio que aqui você se refere a uma vítima imaginada branca. A ideia ficaria meio sem sentido se não fosse.

    O que cobrar de uma vítima? A vítima é vítima tão somente. Alguém fragilizado, amedrontado e revoltado.

    Sua negritude, Aline, impede você de ser solidária? Não, não creio, são só os tantos sentimentos dolorosos embaralhando a razão.

    Vou parar nestes dois pararágrafos de seu texto, não é necessário mais. Ele, como um todo, é a como a descrição que Rubem Fonseca (você o conhece, com certeza) faz dos sonhos: “vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.

    Um sonho ruim, por certo.

    1. Sou branco e estou indgnado

      Sou branco e estou indignado com seu comentário racista travestido de liberal. É esta marginalização que ela critica! Ela tem todo o direito de denunciar e eu presenciei isto milhares de vezes em minha vida. Negro sempre é classificado de cidadão de segunda, e em muitas vezes, nem como cidadão são tratados.

  8. “Imagina que você é negra,

    “Imagina que você é negra, Nilva, você é uma morena tão bonita e inteligente.”

    “Você é a única morena que não me dá bola”

    “Você não é negra, tem uma cor exótica “

     

    Numa guia de acidente de trabalho que sofri. – Cor – branca.

     Eu – Por favor, retifique o relatório, eu não sou branca.

    Atendente loiro de olhos azuis – “Claro que é. Você é muito parecida com a minha mulher. Mesma cor, mesmo tipo físico, mesmo tipo de cabelo. Tão bonita quanto ela”

    Eu – Olha, num retrato falado eu nunca serei encontrada, pois não sou branca.

    Atendente – “Bobeira sua, é branca sim, que papo é este? “

    Chama um colega de trabalho  bem mais escuro que eu – “Zé, qual é a cor dela? Ela está dizendo que é negra”

    Zé – Olha, depende.

    Eu – Depende do que?

    Zé – Depende do que você acha, eu sou moreno.

    Eu – Entendi – Você conhece a esposa dele? Eu me pareço com ela?

    Zé – Verdade, parece mesmo !

    Eu – E ela é branca?

    Zé – Acho que é.

    Eu – Entendi. Então quer dizer que fulano casou enganado e ainda não se deu conta, quando se der, pode entrar na justiça por erro de sujeito.

    Eles – o que é isso que você falou?

    Eu – Deixa pra lá, por favor, só corrija a minha cor aí na guia ou eu mesma o farei. 

    Atendente – “Tudo bem, se você prefere, mas eu continuo achando que você não é negra”

    E corrigiu contrariado.

     

     

  9. Para uma menina racista: vá estudar mais

     

                Tem sido comum a publicação de textos denunciando o racismo e fazendo apologia de direitos raciais segregados. Raramente, porém, se vê um texto com tão alta taxa de ´vitimice´ aquela enfermidade em que o portador espera a piedade do outro, a base ideológica das cotas raciais. Os próprios comentaristas ficaram constrangidos ou pior, paternalistas, conforme o Saraiva.

              O texto revela uma pessoa doentia absolutamente crente nos dogmas da classificação racial iniciada na século 18 e consolidade no século 19 e que acabou desaguando nas tragédias das doutrinas de estados racistas no século 20, passando pelas convicções arianistas, eugenistas e separatistas dos EUA, Alemanha e África do Sul.

              Pesquisando no google ela informa que é também estudante de sociologia. Não deve ter passado das lições iniciais e ainda não chegou a SERGIO BUARQUE DE HOLANDA, a GILBERTO FREYRE, a ORACY NOGUEIRA, a FLORESTAN FERNANTES, a OTAVIO IANNI, a DARCY RIBEIRO e FHC, pois teria compreendido que não existem ´raças´ humanas, mas tão somente a espécie humana. Espero que ainda aprenda que o ambiente social da miséria, somada a ausência do estado, à perversa e negativa má distribuição de renda e de oportunidades, bem como o consumismo endeusado – louvados pelos funqueiros de ´rolezinhos´- desintegrando famílias, retirando ou sonegando a melhor educação e empregos dignos é que fazem dos mais pobres participantes de pequenos delitos patrimoniais. Ela ainda poderá aprender que no Brasil, 70% dos mais pobres, são ´moreninhos´, pretos e pardos.

            Com algum esforço já teria compreendido que a cor não é característica racial, mas simples recurso biológico de proteção contra os raios ultravioletas e que o mapeamento genético certifica uma dezenas de gens dentre 25.000, como sendo os genes definidores da cor da pele dos humanos. Espero que compreenda, como ensinava FLORESTAN, que no Brasil, os pretos e pardos não são discriminados pelo pertencimento racial, mas pela herança de terem sido escravizados por mais de três séculos, a base propulsora do sistema econômico do mercantilismo que produziu as riquezas viabilizadoras do capitalismo.

            Se estudar um pouco mais, aprenderá com STEVE BIKO, que o racismo e o capitalismo são as duas faces da mesma moeda. E poderá beber na sabedoria militante de FRANTZ FANON que numa sociedade onde há a cultura de raças, a presença do racista, será, pois natural.

            Se continuar estudando aprenderá que não somos ´a raça negra´ e que nenhum dos ´moreninhos criminosos´ é um cara ´negro´. Aprenderá que negro uma designação racial recém criada no século 18 para designar a ´raça negra´ como sendo a raça inferior.  Se continuar estudando aprenderá que negar a ´raça´ de moreninhos não é racismo é humanismo. Todos: pretos, pardos e brancos são simplesmente humanos e nem deveriam ser identificados pela cor da pele. Aprenderá, talvez, que não foram os brancos-cristãos-classe-média-burguesa os grandes algozes da escravidão africana. Mas um sistema econômico que tinha numa das pontas reis e chefes de tribos africanos.

             Aprenderá, espero, não destilar ódio racial remunerado ou não.

            A crença na identidade racial e na doutrina racista que consagrou a divisão da única espécie humana em diversas raças, com uma hierarquia, em que a ´raça negra´ seria a raça inferior, a conduz a celebrar a maior presença de pretos e pardos nas ocorrências policiais como se uma fatalidade histórica, e não uma degração social decorrente da miséria e falta de oportunidades reservadas a todos os pobres, e aos pretos e pardos, ainda mais em razão do racismo que ela acredita inata na condição humana.

           Tal crença, comum entre os ativistas profissionais dos movimentos negros encostados nos puxadinhos de gabinetes políticos e ONGs subvencionadas para a defesa de um estado com segregação de direitos raciais – as cotas raciais -, como todas as crenças ela cega. Entorpece o raciocínio. Produz manifestações insensatas. Insanas e desprovidas de cultura sociológica, antropológica e histórica.

          Os pretos e pardos – afro-brasileiros – precisam do combate ao racismo e às discriminações e mais que isso, melhores políticas públicas que lhe entregue condições igualdade de tratamento e de oportunidades o lhes assegure o exercício de dignidade e não a cantilena da piedade.

  10. Clap, clap, clap !
     
    Quem não

    Clap, clap, clap !

     

    Quem não pensa como o Militão é ignorante, racista, vitimista e destila ódio racial remunerado. Ah, e é negro.

    Preciso aprender a lutar contra o racismo com ele pois jamais o vi tão agressivo assim com não-negros.

  11. Sabé o que é o mais

    Sabé o que é o mais engraçado, povo que critica cotas raciais e sociais não sabem do que estão falando, acreditam que não tem que exisitir.

    Perdem 20 minutos do dia pesquisando na internet (na maioria dos casos em sites e portais duvidosos e racistas que contam histórias resumidas e segundo seu interesse e ponto de vista) depois vem com papo de que isso não funcionou nos USA, etc. etc… povo não faz ideia de como essa politica se deu lá fora, em que contexto ocorreu, como era asociedade na época, o interesse politico e a forma legal que foi feita, não sabe como está sendo feito no Brasil, não conhece o Ministerio de igualdade… não conhece o projeto da ONU que está ocorrendo em varios países do mundo com metas e relatórios, já tem alguns anos, e sai com suas teses de meia hora falando bobagem.

     

    Quando deram cotas para negros e sociais na universidades eram rios de argumentos toscos que hoje cairam por terra, agora o novo das cotas raciais para concurso são essas comparações descabidas de quem faz pesquisa de 30 minutos para defender a visão preconceituosa que tem e ainda se acham na razão.

     

    Lamentavél!

    1. ´Cotas raciais: as alforrias no século 21

      COTAS RACIAIS: as alforrias do século 21    

      Num comentário no post de ´rolezinhos em Miami´ – http://jornalggn. com.br/noticia /rolezinho-de-brasileiro-quem-diria-e-proibido-em-miami-e-a-piada-e-boa – um comentarista citou a existência de uma forte classe média afro-americana, razão pela qual, isso seria um sintoma da não existência de racismo nos EUA ou evidencia de sua redução, graças às ´cotas raciais´. Com base na existência de cerca de 10% de afro-americanos, quatro milhões, usufruindo as benesses consentidas para a classe média é suficiente para a alegação da redução do racismo ou do sucesso das cotas raciais nos EUA? 

      A alusão a tal classe média se refere a uma falácia: as políticas de cotas raciais que beneficiou o surgimento dessa classe média. Entretanto, essa exemplaridade de classe média não signifca a redução do racismo que infelicita aos afro-americanos. Neste sentido basta a verificação de alguns dados sociais dos EUA. Atualmente, 2014, nada menos que 6% dos afro-americanos estão sob custódia da justiça, ou seja, cerca de 2,5 milhões dos 40 milhões.

      No Brasil com 100 milhões de afro-brasileiros e sob um estado com sistema penal conhecido como destinado aos quatro Pês – pretos, pardos, pobres e putas – agora, episodicamente extensivo também a petistas, temos apenas 300 mil pretos e pardos nas prisões e o total de 500 mil, estimados, condenados. Entre 0,3% a 0,5% do total. Todos são pobres a pré-condição de miserabilidade que os leva para a criminalidade.  Na mesma proporção dos EUA a gente teria mais de seis milhões.

      No Brasil escravocrata do século 19 houve um inédito uso do instituto da alforria para acalmar as rebeliões nas senzalas. Em 1830 mais de 30% dos pretos e pardos eram alforriados. Com isso é possível dizer que não existia a escravidão no Brasil?

      Tal argumento esquece que essa classe média, foi construída com a pior política pública nos aos 1960/1990, com base em cotas raciais que tinha exatamente essa proposição: criar uma pequena classe média e manter os restantes 90% excluídos e, pior ainda, desestimulados e vítima da baixa-estima em razão do estado ter afirmado através das cotas raciais uma presunção de inferioridade ´racial´, exatamente a antiga doutrina do racismo.

      Essa ´classe média´ com doutores, jornalistas, empresários, executivos, médicos e professores, serviriam com exemplaridade aos demais, alegam os defensores de cotas raciais, conforme o então candidato e atual Ministro do STF Luis Roberto Barroso:  https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/sobre-cotas-e-justica-social?page =1#comment-1364615 . Entretanto a partir das cotas raciais nos EUA não há na história humana nenhuma sociedade que encarcerou tanto a juventude quanto os afro-americanos. Em alguns estados do sul, mais de 50% dos jovens afro-americanos estão cumprindo penas. Em 1960 eram apenas 2%. Mais de 70% das crianças são filhas de mães-solteiras. Em 1960 eram 13%. O desemprego exclui 60% dos jovens que não estão nas prisões: são presas fáceis do vício e do tráfico de drogas. Na campanha de 2008, o candidato OBAMA afirmou que o niilismo social leva a essa desintegração familiar: a pior catástrofe que se abate sobre a comunidade afro-americana.

      Por isso que o presidente OBAMA abandonou, olimpicamente, qualquer política pública em bases raciais. Aliás, esse o modelo defendido pelo Senador José Sarney que se auto-proclama “o maior defensor da ´raça negra no Brasil” – foi o autor em 1997 do primeiro projeto de leis de cotas raciais no Brasil – e que o governo e parlamentares do PT resolveu transformar em política de ´estado´: a segregação de direitos raciais sob o rótulo de cotas raciais.

      Além da adoção das cotas raciais para ingresso nas universidades – onde o estigma da inferioridade presumida – passa a acompanhar qualquer afro-brasileiro com algum título universitário, estamos agora adotando por Projeto de Lei de iniciativa da Presidente Dilma, o sistema de segregação de direitos raciais – cotas raciais – em todos os concursos públicos federais. Pelo princípio da isonomia da lei, logo serão obrigatórias também nos concursos estaduais e municipais e por decorrência, igualmente nos empregos privados. Passamos a viver numa sociedade em que a identidade racial nos outorga ou retira direitos. O velho sonho dos ideais racistas dos séculos 19 e 20.

      Como o senador Sarney é um conhecido herdeiro do escravismo – foi na Província do Grão Pará e Maranhão, onde no final do século 18 ocorreu o maior programa de importação de escravos – tal tipo de poítica pública não é e jamais será anti-racista. 

      Tanto as cotas raciais quanto as alforrias, são benefícios individuais visando aprofundar e fortalecer os fundamentos do sistema. As alforrias neutralizavam a luta contra o racismo. As cotas raciais se destinam a fortalecer as crenças em hierarquias raciais com a presunção da ´raça inferior´ e assim preservando o racismo tal conforme a doutrina norte americana – “iguais, mas separados” – sendo, portanto o equivalente ao instituto da alforria: retira alguns indivíduos da senzala, lhes confere uma cidadania de 2ª e preserva o sistema (então escravista, hoje racista).

      No movimento abolicionista não há nenhum alforriado na frente das lutas. Luis Gama, o advogado dos escravos, não foi alforriado, conforme muitos pensam e divulgam, equivocadamente. O manumisso tinha um papel estratégico de legitimar o sistema escravista. A maioria deles ao adquirir algum recurso se tornava proprietário de seu próprio escravo. Machado de Assis, em ´Memórias Póstumas de Brás Cubas´ nos relata a tristeza e surpresa do personagem ao ver seu antigo escravo, que havia alforriado, tratar com desumanidade e crueldade a um escravo que havia adquirido.

      Nos EUA as cotas raciais incentivadas pelo estado neutralizaram a verdadeira luta contra o racismo impedindo o surgimento de novas lideranças políticas desde 1970. A única foi na área cultural: Spike Lee. Mas o benefício de direitos segregados fez nascerem tipos caricatos de afro-americanos ´servidores do sistema´ que os beneficiou individualmente: o general Colin Powell; a Secretária de Estado, Doutora Condolessa Rice e lógico o presidente Obama. Entre nós, já criou um exemplar pronto e acabado.

      O Ministro Joaquim Barbosa, beneficiário da cota racial de Lula para o Supremo Tribunal é também exemplar do que fazem as cotas raciais. 

       

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