Sugestão de executar Jean Wyllys foi brincadeira, diz desembargadora do TJ-RJ

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do ConJur

Sugestão de executar Jean Wyllys foi brincadeira, diz desembargadora do TJ-RJ

Por Sérgio Rodas

Foi “brincadeira”, diz a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, sobre seus comentários a respeito do deputado Jean Wyllys (Psol-RJ). Segundo o parlamentar, a magistrada disse num grupo no Facebook que ele deveria ser executado, por ser a favor de uma “execução profilática”. “O problema da esquerda é o mau humor”, se defende a desembargadora.

Na mesma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em que relatou as declarações da desembargadora, Jean Wyllys, reeleito deputado em outubro, disse que não vai tomar posse. Vai deixar o Brasil, diante das ameaças que vem recebendo. Uma das pessoas que ele diz contribuir para o clima de ódio e antagonismo que encontra nas ruas é a desembargadora Marília Castro Neves. Para ela, no entanto, a esquerda não tem senso de humor.

“A questão é a seguinte: a esquerda é dona de um mau humor profundo”, analisa a desembargadora, em entrevista à ConJur. “Isso foi falado no meu Facebook particular com um amigo, que não era magistrado. E o nome dele [Jean Wyllys] surgiu aleatoriamente na conversa. Eu não sugeri nada de morte dele. Meu amigo é que sugeriu que se houvesse… porque naquela época, tem uns três anos, se discutia intervenção militar, começaram a falar de intervenção militar, se os militares voltassem, o que iriam fazer. E esse meu amigo, de brincadeira – porque era tudo brincadeira no Face, até porque eu só usava o Face naquela época para brincadeira mesmo –, falou ‘mas quem você acha que seria fuzilado?’. Aí eu falei, de brincadeira também: ‘Quem não escaparia de um fuzilamento profilático eu acho que seria o Jean Wyllys’. Mas só isso. Não sugeri que ele fosse morto”, garante.

Na entrevista à Folha, publicada na quinta-feira (24/1), Jean relatou o seguinte:

“A violência contra mim foi banalizada de tal maneira que Marília Castro Neves, desembargadora do Rio de Janeiro, sugeriu a minha execução num grupo de magistrados do Facebook. Ela disse que era a favor de uma execução profilática, mas que eu não valeria a bala que me mataria e o pano que limparia a lambança. Na sequência, um dos magistrados falou que eu gostaria de ser executado de costas. E ela respondeu: ‘Não, porque a bala é fina’. Veja a violência com homofobia dita por uma desembargadora do Rio de Janeiro. Como é que posso imaginar que vou estar seguro nesse estado que represento, pelo qual me elegi?”

Na opinião da desembargadora, ela está sendo discriminada por suas opiniões, o que seria um desrespeito à sua liberdade de expressão. “Dizer, como eu disse, que o Jean Wyllys não vale a bala que o mate e o pano que o limpe, é uma opinião. Você vai me condenar pela minha opinião, por que eu não gosto do Jean Wyllys? Eu não gosto dele. Eu não quero que ele morra, eu não desejaria a morte dele, eu jamais promoveria um ato sequer. E se ele fosse ser julgado por mim, por outra ação qualquer, isso não afetaria o meu julgamento em relação a ele, o meu desgostar em relação à atuação dele como parlamentar, como pessoa, como ser humano. O que eu examino não é o nome da pessoa, é o direito que me põem”, garante.

Interpretação de texto
De acordo com a magistrada, o deputado federal faz declarações irônicas, mas, quando é alvo delas, diz que foram feitas a sério. Nesta sexta-feira (25/1), Marília divulgou no Facebook que contribuirá com uma vaquinha iniciada pela deputada e militante da rede social Carla Zambelli (PSL-SP). Ela foi condenada a dois anos de prisão, mais 620 dias-multa, por ter associado Jean Wyllys a pedofilia. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade.

“Ele [Jean Wyllys] viu nisso uma forma de se promover, porque ele disse coisas muito piores de outras pessoas. Ele cuspiu na cara do Bolsonaro. Ele fez uma ameaça, que foi claramente uma ironia. Leda Nagle perguntou a ele o que ele faria se o mundo acabasse amanhã. Ele respondeu: ‘Eu usaria todas as drogas ilícitas e transaria com todo mundo’. E aí foi questionado sobre isso, e ele disse: ‘Essas pessoas não percebem que é ironia?’. Quando é contra ele, é sério. Quando é dele para os outros, é ironia. O problema da esquerda é o mau humor”, insiste.

Ela nega que tenha contribuído para o clima de homofobia e violência relatados pelo deputado. E duvida que ele seja sincero quanto aos motivos alegados para deixar o país.

“Não sei qual é a razão pela qual ele está saindo. Eu posso até ter uma opinião a respeito, eu posso imaginar a razão, mas acredito que não é essa que ele declarou. Espero que ele seja muito feliz nessa opção, de sair do pais, e que em breve se descubra a razão real da saída dele”, afirma.

Marília foi marcada no Facebook em um compartilhamento da entrevista que Wyllys deu à Folha. O juiz do Trabalho Ney Rocha comentou na postagem: “Pra mim isso tem um misto de vitimismo e fuga. Está se fechando o cerco ao tal Adélio que deu a facada no Bolsonaro. Jean Wyllys seria um dos possíveis contatos de Adélio”. A magistrada respondeu: “Ney Rocha, eu tenho certeza absoluta disso”.

À ConJur, Marília Castro Neves negou que tivesse acusado Jean Wyllys de ligação com a facada em Bolsonaro. “O ‘certeza absoluta’ não era em relação a isso. Era em relação a algo que o Ney Rocha tinha falado antes. Eu não posso dizer que ele esteja envolvido com a facada. Eu não sei. Não tenho a menor ideia.”

“Não sou especialista”
A desembargadora diz que não é homofóbica e já até abrigou um casal gay em casa. “A minha questão é a seguinte: não consigo identificar as pessoas por cor de pele, orientação sexual, credo. Eu tinha um assessor negro e só me dei conta que ele era negro quando eles fizeram uma brincadeira entre eles”.

A desembargadora nega que tenha divulgado mensagens de ódio em redes sociais. Recentemente, compartilhou uma notícia sobre a deputada democrata norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez, Marília escreveu: “Socialistas são doentes, são psicopatas, devem ser segregados do convívio social!”.

Para Marília, é esquerda quem dissemina ódio. Como exemplo, citou uma palestra que disse ser do reitor da UFRJ, Roberto Leher — na verdade, a palestra é de Mauro Iasi, candidato a presidente pelo PCB em 2014. Nela, Iasi recita o poema “Perguntas a um homem bom”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Com base nele, diz que oferecerá à direita e ao conservadorismo uma “boa bala” e uma “boa cova”.

Questionada pela ConJur se o discurso de Iasi não era semelhante, na mensagem, à publicação dela sugerindo o fuzilamento de Wyllys, Marília negou veementemente e retomou os ataques à esquerda.

“Claro que não. Imagina. Não estou mandando matar ninguém. Há um parecer médico, que viralizou na internet, dizendo que o esquerdismo é uma doença mental. Foi um médico, não fui eu que disse.” Não se tem notícia desse laudo médico.

“A senhora considera que o esquerdismo é mesmo uma doença mental?”, perguntou a ConJur. “Eu não considero nada. Eu não sou médica, não sou especialista. Eu acho que eles são perigosos. Eu acho que socialistas com esse tipo de pensamento… As pessoas que dizem que nós, conservadores, temos que ser tratados à bala, têm que ser segregadas da sociedade. Essas pessoas são perigosas. Pessoas que invadem fazendas, lideradas pelo Boulos [líder de um movimento por moradia], pelo Stédile [líder do MST], são criminosos”, respondeu a desembargadora.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

28 Comentários

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  1. Logo vão dizer que coronel

    Logo vão dizer que coronel Ustra não torturava. Era tudo uma brincadeira saudável. Os “comunistas” é que não entendiam…

  2. Gente,vamos acreditar na

    Gente,vamos acreditar na desembargadora. Todos temos o direito de brincar.

    Pago o advogado de quem matar essa mulher até a noite de hoje. (brincadeirinha,não pago não)

  3. Falta de noção do cargo e do seu papel.

    Para quem vive da palavra escrita e falada esta juíza parece não perceber seu papel dentro de uma rede. E quanto mais se desculpa mais se compromete.

    1. boa pergunta…

      Certamente iria usar sua autoridade para punir o autor da “brincadeira”.  

      Provavelmente a difamação que ela tentou impor à Marielle também foi uma brincadeira… 

  4. ???????!!!!!!!!!!!!
    O uncio

    ???????!!!!!!!!!!!!

    O uncio comentário possível a ser feito é que enquanto “juizas” como essa provecta senhora não forem afastadas de suas funções, o Brasil não será um país civilzado.

    Será que essas aberrações sempre estiveram no judiciário, mas só com as redes sociais puderam se exibir em todo seu esplendor? Com a falta de pudor da louca que tira a roupa em praça pública explicitando suas exuberantes pelancas e varizes? Não deixa de ser uma ousadia.

    1. ao que tudo indica, sempre estiveram…

      com CNJ e com tudo, brincam com a segurança das pessoas, como se a brincar de matar os que lhes dão valor e importância

      1. Sempre estiveram , mas depois

        Sempre estiveram , mas depois de moro et caterva lavatense puderam se mostrar totalmente. E o que se viu foi Dorian Gray no espelho. Horripilante. 

      2. O controle do judiciario

        O controle do judiciario deveria ser externo……pois todo poder emana do povo…..

         

        Caso isso fosse feito vários sujeitos em vez de serem aposentados estariam devidamente presos…….

    2. Sempre estiveram lá, sim. A

      Sempre estiveram lá, sim. A questão é que ela é tida como mais importante, o pessoal faz loas a juízes, lhes atribui poderes além dos legais;

      “Ah, deixa que eu resolvo isso aí prá você, tenho um amigo que é desembargador.”

      “E ele cobra caro?”

      “Que isso? Ele não é corrupto. A única coisa que ele cobra é que a gente continue atribuindo a ele poderes ‘especiais’. Por exemplo, como faremos no seu caso.”

  5. realidade nua e crua…

    aínda há defensores de grupos de extermínio dentro do próprio judiciário

     

    livres, leves, soltos e muito bem pagos por nós e pelas vítimas para brincarem de fazer justiça com as próprias mãos

  6. Magistrados que brincam com a
    Magistrados que brincam com a vida de seus desafetos… Com o agravante de que, ainda assim declaram que num caso concreto julgariam suas “presas” de forma isenta e justa.

  7. essas pessoas é que julgam a

    essas pessoas é que julgam a esquerda e querem exterminá-la….

    degradante…

    e ainda se dizem imparciais,

    que cara de pau. gepeto…..

  8. A internet abriu as portas

    Não fosse a internet e não teríamos Bolsonaro presidente, essa louca desembargadora propondo com alguns colegas a execução de políticos da esquerda ou atacando a reputação de uma vereadora assassinada, a internet abriu as portas desse hospício que se revelou o Brasil. Tem razão Jean Wyllis, melhor ir embora, nada vale a pena pois a vida é pequena.

  9. Seria possível outro

    Seria possível outro qualificatifo modo diferente de bandida de toga, considerando as atitudes e o cinismo dessa desembargadora? É isso o Judiciário, ainda mais nesse nível, ameaçar pessoas, no caso um deputado federal eleito,  e depois cinicamente dizer que é brincadeira? O Judiciário não tem limites, não tem controles, não exige de seus membors o cumprimento do Artigo 37º da Cosntituição que, inclusive exige moralidade e transparência nos atos dos agentes públicos? Não pune juizes e desembargadores por não cumprirem com o decoro do cargo?

  10. Já eu acho que essa

    Já eu acho que essa desembargadora poderia muito bem ser morta profilaticamente, em favor da liberdade de opinião: uma pessoa cuja opinião tem importância, como a dessa desembargadora frequentemente na mídia, não pode discriminar assim outra pessoa por acreditar  no Socialismo como bem coletivo nem por suas preferências afetiva-sexuais, mas principalmente para que se encaminhe com essa morte uma interrupção ao incitamento a crimes, como tem sido prática recorrente e corriqueira entre a turma da “direita”, os capitalistas.

    Uma emboscada, como a que foi armada para Mariele, teria um custo baixíssimo em relação ao benefício que essa morte traria ao sistema judiciário e à Democracia. Melhor ainda se fosse uma morte lenta e dolorosa, depois de uns dias de tortura num cativeiro. Talvez até deixá-la morrer de fome, quem sabe? Enterrá-la viva…

    Depois seu cadáver mutillado e torturado deve ser exemplarmente exposto em práça pública e sua família também deve ser executada para evitar que sofram a perda da desembargadora, acho eu. Mas isso é apenas uma opinião de um homem comum.

  11. Essa imbecil não sabe a

    Essa imbecil não sabe a diferença entre uma ironia e uma ofensa a pessoas que, por sua condição, são alvos de “piadinhas” desde o dia em que nasceram. Quem tem um amigo negro pode saber, através dele, as inúmeras situações ofensivas que geralmente nos passam desapercebidas. Qualquer homossexual pode dizer o inferno que foi sua infância e juventude, sobretudo na escola. 

  12. Pensando, assim, rapidão…

    me vem na cabeça umas vinte brincadeiras “super engraçadas” que eu proporia a

    “desembraguilhadora”…uma de exemplo:

    Alguem sabe a composição de uma desembargadora?

    50% agua

    20% “materia fecal”

    20% silicone

    10% botox…..não é engraçadissimo?

    vou ficar so nessa para evitar processo pro Nassif….

  13. Demissão sumária a bem do

    Demissão sumária a bem do serviço público por NÃO se portar com a honra e dignidade exigidas para o cargo. Sem prejuízo, lógico, das ações cíveis e penais pertinentes. 

    Simples assim.

    1. Deveria ser assim, demissão

      Deveria ser assim, demissão sumária a bem do serviço público.

      Mas o Judiciário é uma casta, e no máximo vai ser “aposentada” com vencimentos integrais.

  14. O que faz ela agir assim é a

    O que faz ela agir assim é a certeza absoluta da impunidade. Depois da vaza jato cada otoridade do judiciário é um poder aut^nomo. Não deve explicação pra ninguém.

  15. “Eu tinha um assessor negro e

    “Eu tinha um assessor negro e só me dei conta que ele era negro quando eles fizeram uma brincadeira entre eles”

      De que planeta essa senhora veio? Desde quando não ter preconceito é não se dar conta da cor, etinia ou orientação sexual do outro? Ainda bem que pelo menos aqui ela nos poupou de relatar a tal “brincadeira”. Não quero nem imaginar.

  16. #

    Essa mulher poderia ser até uma ótima animadora de auditório, ou uma humorista circense, ou até uma gerente de bordel, mas NUNCA uma desembargadora. Ela não honra seu cargo. É pessoa de baixo caráter. (isso não é uma brincadeira)

     

  17. Desembargadora

    A vontade de aparecer, de sobressair e tornar-se uma celebridade, anda fazendo com que até pessoas de uma certa idade e com cargos importantes, se ombreiem, em comportamento ,  com qualquer mocinha simples, de pouca instrução e educacão , desejosa de ser rica e feliz (?) e crente que só com o dinheiro alcancará seu sonho.

    Nossos valores necessitam urgentemente de serem mudados!

  18. Desembargadora do Rio de Janeiro que ameaçou Jean Wyllys.
    Qual será a punição da desembargadora? Brincadeira de ameaça de morte? Que desculpa mais esfarrapada é essa? Ela deve ser afastada e sem receber seus vencimentos, pois é indigna de receber seu salário e de ser desembargadora. Não esquecendo do outro indivíduo colega da mesma, a punição deve ser aplicada a todos os envolvidos, com a mesma falta de compaixão por querer atentar contra a vida humana. Isso é sadismo, intolerância, homofóbia, irresponsabilidade e além de ser uma mulher totalmente sem classe. Não deve ser admitido tal comportamento sem escrúpulos.E vou cobrar uma resposta das autoridades.

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