Yvonnne Bezerra de Mello, “a mulher que ajuda bandidos”

Sugerido por Fiódor Andrade

Entrevista publicada pela Marie Claire em fevereiro de 2009 com Yvonne Bezerra de Mello que, depois da chacina da candelária e do sequestro do ônibus 174 volta agora às manchetes ao ajudar o jovem negro que foi preso a um poste por um bando de “justiceiros”:

Da Marie Claire
 
“Nem toda criança pobre é bandida”
 
Em seu trabalho com meninos de rua, ela conheceu Sandro, o garoto que, anos após sobreviver à chacina da candelária, sequestrou um ônibus, fez refém e, cercado, pediu: “Chama a tia Yvonne”. Muito por isso, há quem a acuse de proteger criminosos
 
Por Milly Lacombe

O telefone tocou tarde da noite. Bom sinal não era. Yvonne, que ainda não tinha ido para a cama, atendeu logo para não acordar o marido, o empresário Alváro Bezerra de Mello, vice-presidente da rede de hotéis Othon. Era uma noite como outra qualquer no apartamento em que moravam, em uma área nobre do Rio de Janeiro. E o dia seguinte prometia ser menos comum: acordar cedo para montar. Cavalos são a paixão de Yvonne. Depois, ela iria à academia. A ligação, portanto, aconteceu em péssima hora. Do outro lado da linha, a voz desesperada de uma criança pedia ajuda. Yvonne só precisou de segundos para entender o que ocorrera: oito das 72 crianças da Candelária com as quais trabalhava tinham sido assassinadas. Ela saiu correndo. Era 23 de julho de 1993.

Yvonne Bezerra de Mello, 61 anos, é carioca, filha de uma funcionária pública e um comandante da Marinha. Estudou na França, na Sorbonne, onde conheceu seu primeiro marido, um diplomata sueco, com quem teve três filhos. Na Europa, trabalhou como intérprete simultâneo, fez mestrado e doutorado em linguística e filologia e saiu de lá fluente em seis idiomas. Quando, em 1989, separada, voltou ao Brasil, tinha 34 anos. Assim que chegou, notou o enorme número de crianças nas ruas e decidiu que iria trabalhar com elas, alfabetizando-as e ensinando-lhes algo a céu aberto. É parte de uma ideologia antiga: ela sempre acreditou que só diminuindo o abismo educacional entre as classes o Brasil irá melhorar. Foi, então, para a Candelária, onde, na época, meninos e meninas se agrupavam às dezenas. Lá, conheceu Sandro Nascimento -um dos sobreviventes da chacina, que, sete anos depois, sequestrou o ônibus 174 e foi o protagonista de outra tragédia, televisionada em rede nacional e encerrada com a chocante morte da refém. Yvonne fez seu mesmo trabalho com Sandro e, de certa forma, com ele fracassou.

Hoje, depois de lidar com mais de 2 mil crianças de rua, ela é tida por uma parcela da elite carioca como ‘a mulher que ajuda bandidos’, muito por causa da trajetória de Sandro -depois do sequestro do ônibus, ele foi detido pela polícia e morreu no camburão, conforme divulgado, por asfixia. A história até virou um longa de ficção, Última parada 174.

Naquela noite de 23 de julho de 1993, a vida de Yvonne começava a mudar radicalmente. Ela não sabia, mas a morte dos meninos acabaria, anos depois, salvando vidas. Ao chegar à Candelária, ela viu oito corpos no chão e dezenas de meninos correndo e gritando. Ali entendeu que era preciso fazer mais: nascia em sua cabeça o Projeto Uerê, que recupera, por meio da educação, crianças com poucas chances na vida – e se sustenta com doações e apoio de empresas. Num país de realidade distorcida como o nosso, Yvonne pode ser considerada marginal, protetora de bandido mirim. Numa sociedade menos míope, ela seria apenas uma mulher ordinária capaz de gestos extraordinários.

Marie Claire Como a chacina da Candelária mudou sua vida? 
Yvonne Bezerra de Mello
 Foi decisiva para a criação do Uerê. Meu trabalho não era organizado. Ali percebi que tinha um compromisso comigo e com os meninos de rua.

MC O que você fez depois da chacina? 
YBM
 Fui fazer doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e também na Loyola University, em Chicago (EUA), e comecei a desenvolver um projeto para preparar o cérebro de crianças sem estímulo, para que sejam receptivas à informação e ao armazenamento desta. [Em 2007, ela recebeu, na Alemanha, o Prêmio Paz no Mundo e Cidadania, da União Europeia, pela metodologia aplicada pelo Uerê no Complexo da Maré.]

MC Por que você foi a primeira pessoa a chegar à Candelária, antes da polícia? 
YBM
 Todas as noites, antes de ir para casa, deixava três fichas telefônicas com os meninos para que eles me ligassem se alguma coisa acontecesse. Assim que os tiros começaram, um deles me ligou. A cena era de massacre, não tinha ninguém lá ainda, nem polícia, nada.

MC Você entrou em pânico? 
YBM
 Fiquei angustiada, mas aquilo era previsível porque os meninos eram ameaçados todos os dias. Eles me contavam que os policiais falavam: ‘Nós vamos vir de noite para matar vocês’.

MC E não lhe ocorreu denunciar que eles estavam sendo ameaçados? 
YBM
 Fui à Subprefeitura do centro e avisei. Fiz o que me cabia. O governo tinha que fazer algo, só que nunca fez.

MC Quanto tempo a polícia demorou a chegar ao local? 
YBM
 Horas. Cheguei perto da meia-noite e ficamos sozinhos até as 6 da manhã. Só depois chegou a imprensa e o rabecão veio buscar os corpos. Aí coloquei os meninos no meu carro, que era uma perua, dava uns 10 dentro, e fui levando de dez em dez à 1a. DP da Praça Mauá.

MC É verdade que, depois, as crianças receberam proteção do tráfico? 
YBM
 Eles mandaram uma mensagem que, se eu quisesse ir com as crianças para um abrigo, poderia ir. E eu fui com eles para a favela do Cachoeirinho, no Meyer. Fiquei 15 dias lá com os meninos.

MC A polícia fuzilou, o tráfico protegeu. É uma realidade alterada. 
YBM
 No Brasil existem distorções. Muitas comunidades são salpicadas por milicianos do tráfico e o poder público atua pouco aí, né?

MC Essas crianças só têm chance se aceitarem a proteção do tráfico? 
YBM
 Essas crianças não têm chance.

MC Como assim? 
YBM
 Se não há políticas públicas adequadas, o buraco entre classes sempre existirá. E o buraco nem é de pobreza. É educacional. O problema do Brasil é esse. Quem não tiver estímulo intelectual estará condenado a ser subempregado, na melhor das hipóteses.

MC Você é uma mulher da classe alta, casada com empresário… Poderia ficar longe dessa realidade cruel. 
YBM
 No dia do meu aniversário de 13 anos, minha mãe me disse: ‘Você já é grandinha, pode começar a fazer algo pelo seu país’. E eu comecei. Fui ler para cegos, depois trabalhei no Instituto Pestalozzi com crianças com dificuldades, participei do Projeto Rondon no Ceará e resolvi que ia me dedicar a pesquisas com crianças em áreas de risco.

MC Quando você saiu do Brasil? 
YBM
 Com 18 anos, fui estudar na Europa. Lá, trabalhei como intérprete do Mercado Comum e, aos 20, casei com um diplomata sueco. Comecei a ir muito a África com ele, a países miseráveis, e vi que a situação daquelas crianças era semelhante à das brasileiras: havia enorme dificuldade de aprendizado. Fui estudar as causas e desenvolvi a metodologia que uso no Uerê. [Seu método inclui exercícios para desbloquear traumas, responsáveis, segundo ela, por dificuldades de aprendizado, e para estimular o cérebro, preparando-o para armazenar informações.]

MC Como começou a trabalhar com crianças de rua? 
YBM
 Aos 34 anos, separada, voltei ao Brasil e notei que havia um número enorme de crianças na rua. Comecei a trabalhar com um grupo em Copacabana, depois fui para a Candelária. Criei uma escola sem portas nem janelas e esbocei ali o método que desenvolvi.

MC Você viu o filme Última parada 174
YBM
 Várias vezes. Conversei muito com o Bruno [Barreto, o diretor] antes de ele filmar. Ele pegou a essência da vida do Sandro, que foi a passagem de um menino de favela, que brincava, ia à escola, jogava bola de gude e tal, e mostrou a mudança desse menino que estava havia um tempo na rua. Esse momento me emociona muito e me emociona também quando esse menino, lá do ônibus, grita: ‘Chama a tia Yvonne!’. Aquilo até hoje me dá agonia. Penso: ‘Se eu tivesse sabido o que estava acontecendo e ido até lá, talvez o desfecho fosse outro’. Mas eu não soube, não fui, paciência.

MC Você tem pesadelos com isso? 
YBM
 Não, todas as minhas tensões deixo na ginástica. São duas horas de malhação todos os dias e, daí, às 8 da noite, tô pronta para o marido, para as coisas normais da vida. Nunca fiz terapia. O meu psiquiatra é o meu cavalo. Monto desde os seis anos e não saberia viver sem meus cavalos.

MC O que se lembra do Sandro? 
YBM
 Ele era calado, tinha sofrido demais. Antes de ir para a rua, tinha casa, mãe, ia à escola. Mas a mãe foi assassinada e ele não tinha mais ninguém. Precisou procurar outros caminhos, a rua foi um. Ao ver o filme, me emocionei muito quando ele foi mudando de um rosto de criança para um rosto de dureza. Lembrei de quantos rostos vi mudar e de quantas crianças vi morrer.

MC Você já se sentiu excluída? 
YBM
 Claro. A exclusão não é só de pobre. A minha era ter pais separados numa sociedade católica, que não aceitava isso. Estudava em colégio de meninas ricas, porque minha mãe era funcionária pública do Dasp, ex-órgão ligado ao Ministério da Fazenda, e eu ganhava bolsas de estudo. Mas não tinha aquele nível de riqueza. Mãe que trabalhava, naquela época, era outra causa de exclusão.

MC Como é lidar com essas crianças de rua e seus dramas? 
YBM
 Sou uma pessoa ideológica, com sonhos para o País. Eu realmente acho que é possível educar crianças em países como o Brasil para eliminar a diferença entre as classes. O que não pode é a criança achar que, porque nasceu pobre, vai ser pobre a vida toda. A pobreza é uma circunstância que pode ser eliminada, se você tiver as ferramentas intelectuais.

MC O que esses meninos e meninas têm de especial? 
YBM
 Todas as crianças são especiais. Elas, mesmo na maior pobreza, ainda querem ser crianças, querem fazer parte de alguma coisa.

MC As crianças do Uerê frequentam sua casa? 
YBM
 Gosto que eles conheçam a minha vida e vejam as coisas que faço. Um dia minha filha perguntou se eu diferenciava meus netos das crianças do Uerê. Eu disse: ‘De jeito nenhum. Pra mim, criança é criança, mesmo que não seja do meu sangue’. A princípio ela não entendeu. Mas, depois, sim. Quando você sente um amor incondicional por essas crianças, não tem como diferenciar.

MC Você leva uma vida muito diferente da delas. Isso não gera revolta? 
YBM
 Sou transparente. Pergunto como foi o fim de semana delas, elas perguntam do meu, se montei a cavalo. É assim com todos os professores do Uerê. E às vezes falo o que minha mãe dizia sobre conseguir as coisas. Éramos de classe média, não havia dinheiro sobrando em casa. Ela dizia: ‘Não temos dinheiro, mas temos cérebro. Use o cérebro’.

MC Quantas crianças o Uerê ajudou? 
YBM
 Cerca de 2.200. Dessas, 325 morreram assassinadas por razões diversas.

MC Conte uma história de sucesso. 
YBM
 Tem a Viviane, que chegou ao Uerê com 10 anos. Foi uma aluna brilhante e, com 15, foi aceita num estágio de hotelaria. Aos 18, foi contratada como assistente júnior do diretor de um hotel. Hoje, continua na empresa e é secretária do departamento jurídico. Cursa o terceiro período de administração, mora num bairro de classe média com a mãe.

MC Você recebe ameaças de morte? 
YBM
 Tem muita gente que acha que os meninos que ajudo são bandidos. As ameaças normalmente acontecem quando tem um assassinato cometido por um menor. Aí as pessoas acham que indiretamente a culpa é minha. Nem toda criança pobre é bandida. Claro que uma ou outra pode se tornar bandida, assim como os ricos também podem.

MC Você sente medo? 
YBM
 Nunca tive medo de nada.

MC O que move você? 
YBM
 A grande satisfação é ver uma criança chegar bloqueada e vê-la já começar a sonhar por conta do trabalho que a gente fez. Tenho uma turma em que nenhuma criança conseguia falar. Elas tinham medo porque, até aquela hora, ninguém tinha se interessado em ouvi-las. Elas existiam só no coletivo, em grupo. De repente, uma delas escuta: ‘Nossa, como você tá bonitinha hoje’. Olha, é uma coisa miraculosa. Em dois meses, a diferença é brutal. Elas começam a pensar lá no subconsciente: ‘Eu existou, eu sou, eu estou’.

MC Tem os que não aprendem? 
YBM
 Se uma criança tem milhões de problemas, mas tem uma tia, um vizinho, que presta atenção nela, a gente sempre consegue alguma coisa. Agora, quando não tem ninguém no mundo, aí a gente pode conseguir ou não. Tem uns 8% que não consigo melhorar.

MC Como é sua relação com a PM? 
YBM
 Cordial, mas tensa. Eles estão aqui [na região do Complexo da Maré, no Rio, onde fica o Uerê] todos os dias, atirando e coisa e tal, mas tento fazer com que o Uerê seja neutro, e eles respeitam porque é um lugar com mais de 400 crianças. Não deixo a polícia entrar se não tiver mandado. Pergunto por que querem entrar e eles dizem que estão procurando alguém. Digo que aqui não tem ninguém que eles estejam procurando porque só tem criança.

MC E a relação com o tráfico? 
YBM
 Tranquila. A gente não vê as ações que eles fazem, não tenho contato com eles. É claro que tem tiroteio, mas aqui dentro tem filhos deles.

MC O tráfico tira crianças do Uerê? 
YBM
 É a criança que vai para o tráfico, não o contrário. Mas nenhuma do Uerê está no tráfico e nunca ninguém tentou tirar uma criança daqui. A coisa é mais crua do que você pensa. O tráfico não sai por aí apanhando meninos, não.

MC Como você vai à favela todo dia? 
YBM
 Com meu Peugeot 307, ano 2000. Não tenho segurança, nem motorista, nem carro blindado, nem nada.

MC O que é dia bom para você? 
YBM
 É dia sem tiroteio, sem gente morta nem criança traumatizada.

 

Redação

15 Comentários

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  1. Acho ótimo que ela tenha

    Acho ótimo que ela tenha ajudado o cara no posto.

    Mas após ser medicado, ele deveria ter sido preso. Assim como as pessoas que o colocaram no poste.

     

     

     

  2. A propósito da tragédia do

    A propósito da tragédia do 174, o nome da professora morta é Geisa Gonçalves, foi atingida pelo Sandro quando este foi capturado vivo pela policia… “instintivamente” ele atirou nela… ai eu pergunto qual seria a reação de alguem depois de ver ele fazer isso? Dar um banho nele, roupas limpas e ouvir a triste história de vida dele que levou a matar a professora? A tragédia ali aconteceu por que um policial não pode fazer o que TODOS os manuais de enfrentamento de sequestros preconiza, quando ele ainda armado, se recusando a se entregar e com refens… deveria ter levado um tiro na cabeça…é assim que TODAS as policias de 1º mundo fazem… foram pensar em direitos humanos… deu no que deu, a trágedia da morte de uma inocente, por que o bandido se fossem seguidos os protocolos de tratamento de situações assim deveria morrer mesmo.

    Sejamos pragmáticos, olhem a experiencia que dão certo… a primeira coisa que diminuia violência é o nivel de certeza da punição… depois a eficiencia do castigo… isso para os delinquentes, pensar em tratar deliquentes com politicas sociais não da muito certo… politica social é para população de uma forma geral, não para delinquentes.

    Fazer um tratamento de choque para um adolescente que esta começando a delinquir pode salvar a vida dele! Ele tomar conhecimento de que delinquir não tem nada de heroico mas sim pode levar ele a muito sofrimento e humilhação pode fazer ele mudar de ideia… não sou a favor da humilhação que o delinquente sofreu, mas talvez isso faça com que ele tenha consciencia de que o papel dele não é de predador da sociedade, mas sim de futura vítima das reações violentas que a sociedade tem contra os delinquentes, afinal a policia, milicias, outros bandidos etc se encarregam disso

    Então essa humilhação publica pode ter salvo a vida dele no futuro, isso se ele tomar vergonha na cara… aliais queria saber uma estatistica de quantos delinquentes saem da bandidagem em função de suporte de organizações de direitos humanos… não estou dizendo que não existam, estou querendo saber quantos são…

    1. Quatro tiros…

      Quatro tiros levou a professora e você diz que só Sandro atirou…

      Tudo que você está falando ocorreu: policiais de elite, punição e castigo.

      O soldado que ERROU os tiros era do grupo de elite da PM. SE ele tivesse atingido o jovem Sandro seria hoje, herói nacional. 

      Agora, convenhamos: acreditar que nível de certeza da punição é o que diminui a violência? Putz, então, nos EUA, onde existe pena de morte, não ocorreriam crimes. Eficiência do castigo?? Acredite, nem eu, nem você, aguentamos um dia nos presídios brasileiros.

      E ainda acredita que a humilhação pública que o jovem sofreu ao ser amarrado nu em um poste salvará a vida dele no futuro. Ah, sim, você acredita que as pessoas, estas crianças, são ruins de nascença… e que um corretivo desses as endireitará. 

      1. Vamos aos fatos… as

        Vamos aos fatos… as evidencias apontam que o bandido Sandro realmente atirou na professora, reação instintiva de quem sabia que tinha perdido o controle da situação, revelando talvez que diante da prisão iminente tenha praticado ato covarde de retaliação contra a refem.

        Sobre a ação do policial, realmente foi um ato totalmente impensado, estava na situação errada e com arma inadequada, a melhor oportunidade de ação já tinha se perdido quando o atirador de elite não foi autorizado a dar um tiro na cabeça do bandido, o tipo de intervenção tentada pelo policial exigia que ele estivesse usando uma arma de calibre maior do que uma submetralhadora para garantir um impacto maior que desabilitasse o bandido Sandro antes que ele pudesse tentar qualquer coisa contra Professora Geisa, uma pistola 9 mm com balas de ponta concava dariam conta perfeitamente do caso. Sinto pena da professora que faleceu, não merecia o que houve com ela… o bandido teve o fim que sempre buscou, pena que não tenha sido antes via ação realmente eficaz da policia.

        Aliais tempos depois aconteceu caso semelhante na Tijuca, onde um bandido pegou uma jovem como refem, foi prontamente neutralizado por um tiro na cabeça, depois disso a consequencia foi que bandidos tem evitado de manter refens em confrontos com a policia.

        Se a policia fosse mais técnica e tivesse respostas eficazes para essas ações logo a bandidagem ia aprender que certas atitudes não levam a nada.

        Voltando ao caso do delinquentente acorrentado ao poste, em entrevista ele admitiu que foi pego 4 vezes antes, 3 por roubo e uma por agressão, multiplique isso por 30 no minimo e vai ter uma ideia do numero de vitimas dessa figura, não vejo ninguem querendo saber quem são e como estão essas pessoas agora, são vitimas anonimas, dessas ninguem quer saber ou apoiar

      2. Não acredito que são ruins de

        Não acredito que são ruins de nascença! Não falei isso em momento algum! Acredito que são pessoas que fizeram escolhas erradas e talvez não tenham tido educação correta da familia, que não passou os valores corretos… mas convem lembrar que estatisticamente falando é uma imensa minoria da população que opta pela vida de crimes, isso independente de classe social.

        Uma coisa eu lamento mais do que qualquer outra… a tolerância de parte da sociedade com criminosos, sempre se encontra uma justificativa para o criminoso… quando é bandido de rua é vitima da sociedade… quando é politico é por que as coisas funcionam assim e coisa e tal… fica parecendo que errados são os que não roubam!!!

        As pessoas deviam parar de se enganar, o que diminui a criminalidade a curto prazo é a pena, a certeza de punição… o que muda a criminalidade a longo prazo é educação… e olha que mesmo com todos os nossos problemas não acredito que o percentual da população brasileira que esta envolvida com crime, não acho que esse numero seja maior que o americano por exemplo.

    2. A tragédia é a falta de solidariedade

      Mas a professora Yvone não disse (e ninguém aqui também o dira), que o Sandro é apenas uma vitima. Ele foi uma vitima e se transformou em algoz. Como diz Yvone, não da para salvar a todos, porque a realidade é cruel ( ter cinco, sete, dez, doze anos e ir para a rua, sem um teto, sem afeto, sem cuidados, sem saber se vai comer ou não, é aterrador). Alguns, pela experiência de quem trabalha com esse universo, não conseguem escapar do “calobouço” em que foram jogadas.

      Sobre estaticas de quantos deliquentes (sic) saem da “bandidagem”… ha algumas sim. A propria Yvone da estatistica do Uerê, das crianças que são salvas. 

      Agora, eu acho que não são apenas organizações de direitos humanos que podem ajudar, qualquer cidadão pode fazer algo para salvar uma, uma so criança do destino de ter sido despejada na rua, sem lenço nem documento e virar um ente invisiel, que ninguém quer saber, ninguém se importa.

      Alias, quando fala-se em aborto neste Pais, todos os reacionarios sobem nos tamancos para acusar de assassinos os que pedem que o aborto seja liberado. Mas quando matam-se meninos nas ruas, dizem o mesmo que a jornalista Sherazade disse na TV, em suas salas de jantar.  

  3. De repente, uma delas escuta:

    De repente, uma delas escuta: ‘Nossa, como você tá bonitinha hoje’. Olha, é uma coisa miraculosa. Em dois meses, a diferença é brutal. Elas começam a pensar lá no subconsciente: ‘Eu existo, eu sou, eu estou’.

    Acho isso uma das coisas mais importantes, a autoestima. Uma criança numa situação de risco está fechada, na defensiva, para ela tudo é uma questão de sobrevivência, o que eu vou comer hoje, onde eu dormir. Em geral para quem tem uma vida estruturada,cresceu numa família com conforto e segurança é difícil imaginar uma situação dessas, nunca ter levado um abraço, um voto de confiança, se sentir querida. Dizer que a criança ou adolescente está nessa vida porque quer e que o caminho é a punição, sendo pragmático como disse um comentarista, é no mínimo insensibilidade social.

    Sem cair no maniqueísmo, ou passa a mão na cabeça ou prende e segrega mais ainda. Claro que é terrível ser abordado na rua e ter sua bicicleta ou outros bens roubados por um delinquente juvenil e não tem nada de romântico e a polícia tem que agir mesmo. Mas a questão de fundo é a iniquidade social.

    Em Brasília teve um projeto, lá pelos anos 60, de acolhimento de meninos de rua que se chamava Granja das Oliveiras. O projeto consistia em casas comandadas por um casal, com seus próprios filhos, que abrigava mais 10 crianças. Todas faziam parte da família, com os mesmos direitos e deveres. A granja possuia oficinas de marcenaria e serralheria, escola, cursos profissionalizantes, horta, apiário, quadras de esporte e áreas de lazer. Conheço alguns ex-residentes de lá que são pessoas integradas na sociedade, profissionais liberais ou empresários, que são gratos até hoje por terem passado pela Granja, que de outra forma talvez teriam um destino muito diferente. Outros não conseguiram, mas nem todo mundo consegue ter sucesso na vida. No mesmo local existe hoje em dia uma espécie de Febem, um depósito de jovens infratores. Que diferença de mentalidade.

    A gente precisa de mais pessoas como a dona Yvonne.

  4. EXEMPLO A SER SEGUIDO

    Parabéns, Yvonne. 

    Infelizmente, o seu trabalho, o seu despreendimento … não são seguidos por muitas mulheres de sua mesma classe social, que só pensam em festas, banquetes, badalaçoes. 

     

  5. EXEMPLO A SER SEGUIDO

    Parabéns, Yvonne. 

    Infelizmente, o seu trabalho, o seu despreendimento, o seu apreço pelos desamparados … não são seguidos por muitas mulheres de sua mesma classe social, que só pensam em festas, banquetes, badalaçoes. 

     

  6. O trabalho com as crianças

    O trabalho com as crianças parece incrível. Quem dera o Estado o fizesse, teriamos de fato menos crimes. Mas não dá pra ser tão inocente. Ler o texto nos dá a nítida impressão que o Sandro foi uma vítima. Vítima foi a sua refém, como é vítima o povo brasileiro (a maioria tão pobre quanto os bandidos) que todos os dias são roubados, agredidos, e mortos por menores. Concordo que a educação é a saída mais digna para esta situação, mas não sou hipócrita. Sem punição adequada e exemplar, em nenuhum lugar chegaremos.

  7. Difícil demais de julgar

    Eu ainda acho que o caminho é um controle de natalidade eficaz. Muito difícil o nosso lugar como vítimas emuito difícil o lugar desses menores que muitas vezes não tem referências nenhuma. A pobreza não é justificativa para o crime assim como nenhum outro motivo, mas se pensarmos muitos são como animais que não tiveram nenhuma orientação e ajuda.

  8. Saudação Ivone boa tarde, tenho saudades de você, fui muito feliz por aqui vivi um grade amor Viver na Suíça, nada fácil faz cinco anos que meu marido partiu no Brasil o pais que ele tanto amou, enquanto estive de férias escrevi minha autobiografia criei minha própria editora a duras penas. Estive na Bienal 2019 na área dos independentes. com a pandemia tudo foi pra baixo não conseguir continuar agora com muito esforço o livro foi traduzido para o Frances.
    Estória de uma menina guerreira que saiu de Maceió em 1954 aos dez anos com a mãe e dois irmãos para São Paulo, minha vida não foi diferente das crianças de rua por esse motivo eu trabalhava com elas, quero saber seu endereço para envia-lhes um exemplar um forte abraço meu endereço- La Villette,209 1450 Le Chateau-Croix -VD-Suíça

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