A propaganda da Skol e uma vitória importante, por Matê da Luz

Presenciei hoje, arrepiada e com lágrima nos olhos, uma baita vitória: duas mulheres derrubaram a campanha pré-carnaval da Skol.

Indignadas com o “Esqueci o não em casa”, completaram a campanha com “e trouxe o nunca”, compartilhando uma foto com dedo em riste praquilo que consideram absurdo: uma mensagem facilitadora e sem limites dias antes do carnaval.

Pra quem não entendeu, “deixei o não em casa” significa que tudo bem, pode vir, não precisa nem perguntar – remetendo ao clima ~descontraído~ desta época do ano. Porém, contudo, todavia, esta época do ano é também a recordista nacional em casos de estupro, de abuso sexual e (vale citar) de acidentes por embriaguez. Esquecer o não em casa é, pra dizer o mínimo, irresponsável.

Pois bem. Chamadas de “feminazis” em alguns grupinhos da internet e aplaudidas em seus perfis e outros blogs, as moças não arredaram o pé. Até porque não tinham motivo para: foram geniais e pronto. Na velocidade da web, o primeiro post, que aconteceu há cerca de cinco horas, gerou um barulho maior do que a gigante Skol pôde suportar e as postagens na página da marca no Facebook começaram a sumir, sendo apagados um a um.

Acontece que quem tem estrela é feito pra brilhar e as moças receberam contato do diretor de comunicação da Skol que, num primeiro momento, tentou a onda do “veja bem, não é bem assim”. Não colou. Sábio, ele pediu uns minutos e, numa segunda ligação, comprometeu-se a retirar a campanha do ar. Detalhe: a campanha foi offline, o que significa um investimento e força tarefa de exclusão de peças físicas, especialmente em pontos de ônibus.

O desabafo de celebração da Pri Ferrari, neste print pego na internet, transparece a sensação de que quando um assunto tão sério é colocado na pauta do dia pela internet, por “gente comum”, e o desfecho é positivo, há esperança e sim, vale o registro de uma vitória importante – não só do feminismo, mas da expectativa por estruturas sociais mais coerentes e válidas.

 

Mariana A. Nassif

44 Comentários

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    1. Por que “Falso moralismo”,

      Por que “Falso moralismo”, Eduardo? 

      Essas meninas que pretendem beijar 50 no carnaval vão “forçar” os caras a beijá-las mesmo que eles digam “não”? 

      As feministas que protestaram contra a campanha não são contra o Carnaval nem contra o beijo (ou o que mais rolar), e sim contra o beijo FORÇADO e a possibilidade de estupros ou demais abusos que cresce muito nessa época do ano. 

      Se alguém disser NÃO, seja homem ou mulher, esse NÃO deve ser respeitado.

      1. Eu diria não a estas mulheres.

        Primeiro, porque não preciso que saiam me beijando, já tenho uma que me beija todos os dias. E se fosse o caso, não comungo da ideia do macaco simão de que carnaval e época de contrair herpes.

        E convenhamos, beijar 50 é pouco, pois o macharedo não resiste a um rabo de saias. Do contrário seria mais difícil, as mulheres são muito mais seletivas do que nós, homens.

        Por último: não gosto de cerveja, não acho a menor graça e álém do mais, brasileiro não gosta desta bebida, pois a bebe muito gelada, o que atrapalha as pupilas gustativas. Eu tenho uma colega de trabalho que adora cerveja e evita tomar as muito geladas, pois perdem o sabor. Essa entende do assunto. Eu gosto de vinho, mesmo no verão, pois tem os brancos refrescantes.

    2. Ah, o recalque!

      Eduardo, meu filho, quee você tenha problema algum de rejeição para resolver demonizar as mulheres pela liberdade QUE ELAS TÊM DIREITO, isso é uma coisa.

      Agora, não seja igualmente ridículo, sabe-se lá em nome de que problema sexual seu, de defender implicitamente (defendendo essa bobajada de propaganda da Skol) que os homens teriam algum direito de cruzar o sinal, inclusive forçando a barra, só porque é carnaval.

      Propaganda de cerveja no Brasil já é uma primor de machismo. Metida a atrevidinha ainda por cima, fica ainda mais grosseira.

      1. Hoje em dia o que eu mais vejo é mulher reclamar de rejeição

        Sério, mais do que os homens, o que eu mais vejo hoje em dia é mulher reclamar de rejeição. Algumas até assumem que começaram a se relacionar com mulheres porque “faltava” homem, não conseguiam se relacionar ou não eram correspondidas em suas pretensões de um relacionamento mais estável.

  1. Pois é, mesmo que a crítica

    Pois é, mesmo que a crítica sobre as feministas de agora tenha lá a sua pertinência, nesse caso aí elas fizeram gol de bicicleta com a resposta que deram. Atropelar o “não” de alguém que bebeu demais e não consegue se defender é estupro puro e simples, uma mazela cultural que precisamos tanto nos livrar, não consolidar, como a propaganda em questão faz.

  2. Desculpe Eduardo, mas você

    Desculpe Eduardo, mas você não pode generalizar toda uma população pelo modo como uma pequena parcela da sociedade feminina age.

    As mulheres tem tanto direito quanto os homens de sairem por ai e ficarem com quem bem entenderem, o fato em questão é que elas não tem de dizer sim para qualquer cara que aparecer. 

  3. skol
    Nao tomar skol no carnaval seria verdadeiramente impactante. Que tal todos que curtiram e comentaram a atitude das meninas tivessem a atitude de dizer “nao tomo skol nesse carnaval”?

    1. Eu já não bebo essa porcaria

      Eu já não bebo essa porcaria há muito tempo porque é ruim mesmo e por causa das propagandas ridículas. E agora veio mais essa. Mesmo que eles tenham suspendido a campanha, já foi o suficiente.

      Outra coisa: é bom também identificar qual agência de publicidade foi responsável solidária por mais essa peça ridícula.

  4. Ponto e Vírgula

    Se me permitem expor minha opinião,

    O carnaval está cada vez mais decadente, a grande massa que frequenta realmente tem essa ideia em mente, deixar o não em casa. O target da Skol claramente é esse público jovem que provavelmente (em sua maioria) não ficam lendo blogs e opinando. As meninas que postaram a resposta para a Ambev claramente não faziam parte do público enfatizado pela campanha, mas o erro foi esse meme ter caido na internet, para algo viralizar neste canal é questão de segundos, realmente uma campanha dificilmente irá agradar a gregos e troianos. Agora se o efeito foi positivo para o target, isso só uma pesquisa irá dizer.

    Em questão à moralidade e à ética, o carnaval já está decadente a partir do momento que a globo utiliza uma atriz semi-nua em seus comerciais, não respeitam horário nem programas, para mim isso é “coisificação feminina”. Nada contra as escolas de samba, as tradicionais marchinhas e ao público que realmente vai ao carnaval para brincar, mas eu estou achando que isso está virando minoria. E voltando para a Skol, ela como qualquer empresa não está preocupada com moralidade, e sim com a melhor formar de lucrar. Somente isso.

    1. Isso!
      Legal era na época em

      Isso!

      Legal era na época em que cantavam “Olha a cabeleira do Zezé”(homofobia), ˜lança…lança perfume”(apologia às drogas), “o teu cabelo não nega mulata…”(racismo) etc.

      Olha só: a retirada desta propaganda da skol não vai alterar em nada o número de estupros. Nada. Nadica. Zero. Nem aumenta nem diminui.

      Só faz uma dupla de mulheres que nao tem nada o que fazer ganhar algum destaque.

    1. Não entendi foi o seu comentário

      Não entendi seu comentário. Como não faz o menor sentido. Mais claro que isso, nem se desenhasse. Talvez falte um pouco de interpretação de texto.

  5. “O desabafo de celebração da

    “O desabafo de celebração da Pri Ferrari, neste print pego na internet, transparece a sensação de que quando um assunto tão sério é colocado na pauta do dia pela internet, por “gente comum”, e o desfecho é positivo, há esperança e sim, vale o registro de uma vitória importante – não só do feminismo, mas da expectativa por estruturas sociais mais coerentes e válidas.”

    Não entendi o que Pri Ferrari tem a ver com o post. E também não entendi que print é esse citado no post. Caíram de paraquedas no texto.

    Não ficou claro se o print citado é a resposta das duas meninas à propaganda da Skol, o que teria derrubado a campanha. Continuo sem saber quem é Pri Ferrari. Alguma feminista que repercutiu o caso?

      1. Quem não entendeu nada foi você, como sempre

        O objetivo do meu comentário foi mostrar o lixo em que se traduz o texto para explicar o caso para as pessoas que antes não entraram em contato com ele. Do ponto de vista jornalístico, o post desinforma as pessoas, é um lixo completo. Pri Ferreira é uma das que contestaram a propaganda da Skol. Isso eu soube lendo outras reportagens e não esse post lixo, que não explica nada e fala para uma plateia que já estava a par do caso.

        1. Vamos ver se desenhando você entende…

          Acontece que quem tem estrela é feito pra brilhar e as moças receberam contato do diretor de comunicação da Skol que, num primeiro momento, tentou a onda do “veja bem, não é bem assim”. 

           

          Como nao é dito que a Pri foi uma das que questionaram a publicidade? Só para quem nao sabe ligar as coisas, tem dificuldade cognitiva. 

           

  6. Pois eu vi, estupefato…

    Pois eu vi, estupefato, dezenas de mulheres avisando, no Facebook, que participariam de um Bloco intitulado “A Seita que dói menos”.

    Será que só eu vejo incitação ao estupro nisso?

  7. #

    Antigamente, bem antigamente mesmo, ou seja, no tempo em que o lança-perfume era parafernália indispensável no carnaval, de uso permitido, o grito de guerra carnavalesco “deixei o não em casa” seria uma das maiores “sacadas” do carnaval da época: no sentido da pura diversão! E o “trouxe o nunca”, então, seria um sucesso retumbante! Nem “guerras” de serpentinas, nem “guerras” de confetes no salão fariam tanto sucesso! Seria uma espécie de “guerra dos sexos”! Os “homens” com “seus traços tortos”; as mulheres com suas “réguas e compassos”! Só isso!

    Bons “tempos”!

    Hoje, os “tempos” são outros!

    Aprovo a reação das meninas!

    As mulheres, como sempre, “sempre” um passo à frente!

  8. Um não à Skol

    As outras marcas dessa bebida estão precisando tbém de uma resposta dessa envergadura. Exprapolando faz tempo.

    As mulheres dando  rumo aos comerciais sem  noção!    Parabéns.

  9. As outras marcas dessa bebida

    As outras marcas dessa bebida estão precisando tbém de uma resposta dessa envergadura.

    As mulheres dando  rumo aos comerciais sem  noção!    

  10. “Verão”

    Itaipava ou Nova Schin que a Dona Vera mostra a bunda? Tão anos 80.

    Eu tomo Heineken e morro de inveja do comercial mais visto da Budweiser este ano, em que não há uma fala sequer, somente um rapaz, um filhote de labrador e alguns cavalos e já supera 30 milhões de visualizações no youtube e foi o recorde de audiência do Super Bowl. 

  11. É natural do ser humano a escolha

    É natural do ser humano a escolha. 

    Decidir o que é melhor para si é sempre uma forma de carinho e de preservar a autoestima.

    Neste sentido, “deixar o não em casa” é perder as referências e a força pessoal para escolher.

    É uma campanha bem bolada, se o interesse for vender mais bebida.

    Afinal, pessoas que decidem por si e escolhem o melhor para si, terão atitudes mais equilibradas.

    Ou seja, a imensa maioria dos que agirem equilibradamente irão beber menos ou nem beber.

     

    Uma boa propaganda é aquela que consegue influenciar pessoas. Eles gastam muito dinheiro para isto: influenciar pessoas. 

    A questão é: será que a sociedade deve aceitar que o poder econômico queira continuar influenciando comportamentos ruins?

    Deve ser proibido qualquer tipo de marketing de bebidas alcoólicas.

    Deixo um texto para reflexão:

    Como a propaganda te influencia sem você perceber

    http://www.psicologiaracional.com.br/2013/04/como-propaganda-te-influencia.html

     

    Abraço,

     

    Regis Mesquita

     

     

    1. Parabens por mais este

      Parabens por mais este comentário e também pelo excelente blog Regis.

      Sou seu leitor há muito tempo e ja indiquei seu blog para muita gente.

      Abraço.

    1. bebe skol, imbecil.

      Quem bebe skol e acha isso chique, precisa aprender o significado de “cereais não maltados”. Cerveja vagabunda, para gente imbecil, que compra propagandinha vagabunda e machista.

  12.   Alguns comentários aqui

      Alguns comentários aqui mesmo neste blog justificam a contra-campanha.

      É incrível. Cada um pode dispor de seu corpo como bem lhe aprouver, o que não significa que deve estar ao dispor de quem aparecer.

      Não é à toa que não entenderam o que tem de ofensivo esse “deixei o não em casa”; “afinal, se disse “sim” para alguém tem que dizer para mim também”, não é mesmo, neandertais de plantão?

  13. Moralismo irrefletido…

    Em que momento disseram que a propaganda é destinada ao público masculino? Não entendi onde isto é sugerido…

    Para mim, a propaganda é destinada a ambos os sexos, hetero ou homossexuais. Não entendi o por quê de ter visto na internet tantas menções a “machismo” nesta propaganda. Ou será que estão jugando que os homens não dizem “não”, e desta forma a propaganda só se destinaria às mulheres?

    Achei boa a iniciativa, no que tange ao controle que a mídia tenta impor, em todos. Mas a propaganda não é sexista, não mesmo. Chamar isto de sexismo é admitir preconceitos dentro de sua própria mentalidade, na minha opinião.

     

  14. Porque uma skrota nunca desce redonda…

     

    Já que a questão está no lucro, é possível ganhar os “mesmos ou até mais dinheiros” com civilidade,leveza e elegância. Não somos obrigados a engolir p* nenhuma, seja redonda ou quadrada. “Os bons momentos da vida”, Srs criadores Skolados, precisam sim ser saboreados. A dubiedade pode ser divertida e rica. Nao precisa ser “skrota” (suas amantes, filhas, namoradas, mulheres, mães, amigas, cuidadoras, colegas merecem usufruir de suas inteligências… mostre-as!).Finalizando, obrigada as mulheres que iniciaram esta denúncia. 

  15. Ponto para as duas moças,

    Ponto para as duas moças, reagiram rápido, com eficiência e inteligência, parabéns pela coragem de colocarem no ar o que pensam.

     

    A campanha da cerveja é  imbecil, apelativa e sexista, é por essas e outras que o Brasil tem a imagem de um imenso bordel no exterior, ainda mais no carnaval quando parec e não haver limites para nada.

     

    Quem mais denigre nossa imagem no exterior é a rede globo de televisão, que todo carnaval coloca uma mulher pelada dançando dia e noite na tv aberta, não sei porque ninguém faz nada contra esse absurdo e vergonha para nosso país.

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