Após críticas da ONU, polêmicas na Comissão que analisa PEC que quer proibir aborto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Agências da ONU manifestaram preocupação com PEC 181/15. Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão.

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Jornal GGN – A comissão especial da Câmara dos Deputados discutiu, nesta terça-feira (21), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 181, aprovado há duas semanas, e que tenta impedir o abordo nos casos que hoje são garantidos por lei: estupro, risco à vida da mulher ou de feto anencéfalo.
 
Como o próprio tema, o debate foi polêmico. De acordo com críticos, as mudanças proibem a prática do aborto em qualquer circunstância. A reunião foi cercada por manifestantes e parlamentares bateram boca durante a sessão, que teve início efetivamente somente às 16h de hoje, quando atingiu o quórum de 18 deputados.
 
Manifestantes protestavam contra a PEC, enquanto a deputada Érika kokay (PT-DF) levava seus argumentos pela rejeição do texto. Já Evandro Gussi (PV-SP), que presidiu a sessão, defendeu as mudanças. A deputada afirmou que as propostas eram um tipo de “cavalo de troia”, que escondia as reais intenções, e que seus colegas parlamentares eram “mais desonestos do que pensava”.
 
Para Érika, o tema foi incluído na PEC de maneira “oportunista”, sem a previsão do texto original. A intenção, completou, era criminalizar o aborto em qualquer situação. “Acham que seus dogmas são superiores aos dados científicos, à toda a constituição humana. É uma concepção misógina, covarde dos que querem utilizar instrumentos sorrateiros porque essa é uma PEC de Troia. No bojo dela não existe uma conquista das mulheres, que seria a extensão da licença maternidade para partos prematuros, mas a destruição do seu próprio direito”, afirmou.
 
“É uma modificação na cláusula pétrea, portanto estão querendo transformar em cláusula pétrea a inviolabilidade da vida desde a concepção sem nenhuma exceção”, acrescentou. 
 
“Desde o início tínhamos certeza que o texto não interferiria nas situações de estupro e risco a gestantes. Oferecemos proposta de acordo para deixar isso ainda mais claro, mas não querem isso. Na verdade, querem o aborto”, tentou remediar Gussi, rebatendo Érika.
 
Mais cedo, a PEC 181, que pode proibir o aborto em qualquer circunstância no brasil, foi duramente criticada por diversos movimentos, entidades e inclusive agências da ONU, que divulgaram comunicado manifestando preocupação com o texto.
 
“As agências da ONU lembram que, de acordo com relatores do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a negação de serviços de abortamento nos casos já previstos em lei pode colocar em risco a saúde física e mental de mulheres e meninas cujo sofrimento pode constituir tortura e/ou tratamento cruel, desumano ou degradante”, divulgou em nota as Nações Unidas.
 
“No processo legislativo, houve a decisão recente da Comissão Especial da Câmara dos Deputados de adicionar tema alheio à proposta original, com a inclusão do conceito de ‘concepção’ como o início da vida e/ou condição para os direitos básicos das pessoas”, completou o comunicado da ONU.
 
O UNFPA, a ONU Mulheres, a OPAS/OMS e o ACNUDH lamentaram “o retrocesso que a eventual aprovação da PEC 181/15 em seus termos atuais pode acarretar”:
 
“A PEC 181/15 em sua redação atual coloca as mulheres e meninas em uma situação que comprometeria o exercício de seus direitos humanos e que limitaria a capacidade do Estado, como garantidor desses direitos, no cumprimento de suas obrigações em matéria de direitos reprodutivos”, assinaram.
 
A sessão na Câmara foi suspensa e deve ser retomada amanhã (22).
 
 
1 Comentário

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  1. Matando dois coelhos

    Olha só a maravilha das propostas protetoras da vida antes da vida:

    Proibir o aborto e deixar a mulher e mãe  trabalhadora em licença maternidade por 240 dias.

    Essa prática  tiraria  as mulheres mães  do mercado, aumentaria ainda mais o desemprego entre as mulheres solteiras e garantiria  o resultado do estupro.

    As vantagens para o ego masculino, entretanto,  seriam compensadoras até a página dois. O marido, enquanto provedor único, sentir-se-ia “o cabeça do casal”, poderia deixar a esposa querida em casa, descalça e sempre grávida e os filhinhos ranhentos pedindo donativos e cestas-básicas na igreja quando tivesse desempregado ou em beneficio previdenciário.

    Já vimos esse filme.

    Como diriam os servos  do senhor:

    “é uma bênça”!

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