Brasil cumpriu com antecedência dois Objetivos do Milênio, mostra relatório

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O Brasil cumpriu integralmente dois dos oito Objetivos do Milênio (ODM) das Nações Unidas (ONU) com anos de antecedência. A meta de reduzir a mortalidade infantil em dois terços em relação aos níveis de 1990 até 2015 foi cumprida em 2011, quatro anos antes do prazo assumido perante a organização. A meta de reduzir a fome e a miséria foi outro objetivo cumprido antes do prazo. De acordo com a ONU, a extrema pobreza tinha de ser reduzida pela metade até 2015 em relação aos níveis de 1990. O Brasil adotou metas mais rigorosas e estabeleceu a redução a um quarto desse mesmo nível, o que foi cumprido em 2012.

Os dados estão no Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, entregue hoje (23) à presidenta Dilma Rousseff, durante cerimônia de lançamento da Política Nacional de Participação Social. No documento estão dados sobre os principais indicadores sociais relacionados a esses objetivos – como índices nas áreas de saúde, educação, trabalho e meio ambiente.

Dilma comemorou os dados do Brasil. “Nós, de fato, reduzimos a desigualdade, não reduzimos tirando de ninguém, mas aumentando o crescimento da renda dos mais pobres. Os mais ricos do Brasil, a renda deles cresceu, mas foi muito menos do que cresceu a renda dos mais pobres. É uma onda que vai empurrando de baixo para cima todo mundo e a onda é mais forte naqueles que queremos pegar primeiro, que são os eternamente excluídos deste país”.

Em relação às metas cumpridas com antecedência, a taxa de mortalidade no Brasil, de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos em 1990, diminuiu para 17,7 em 2011. Os dados do relatório mostram que a redução mais intensa dos óbitos ocorreu na faixa de 1 a 4 anos de idade. O avanço é atribuído ao incentivo ao aleitamento materno, ao acompanhamento pelos programa Saúde da Família e Saúde Indígena.

“Porém, o nível de mortalidade ainda é elevado. Por essa razão, muita ênfase tem sido dada às políticas, aos programas e às ações que contribuem para a redução da mortalidade na infância”, informa o relatório.

 

Sobre a redução da extrema pobreza, o nível atingiu 3,6%, mais de 10 pontos percentuais a menos do que em 1990 – quando 13,4% da população viviam com menos de R$ 70 por mês, considerado o limite de extrema pobreza para a ONU.

“Já atingimos há alguns anos a meta de redução da extrema pobreza. Com isso, estamos próximos da superação”, explicou o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri. De acordo com parâmetros do Banco Mundial, quando a taxa de extrema pobreza está abaixo dos 3%, considera-se que está superada.

O Objetivo do Milênio de melhorar a saúde da gestante e reduzir a mortalidade materna não será cumprido – nem pelo Brasil nem pelo restante do mundo. O número de óbitos maternos a cada 100 mil nascimentos no país passou de 143, em 1990, para 63,9, em 2011. Para reduzir a meta a um quarto do nível de 1990, seria preciso chegar a 35. Ainda assim, os níveis do Brasil são melhores do que os dos países em desenvolvimento em geral e da América Latina – de 240 e 72 óbitos a cada 100 mil nascidos vivo, respectivamente.

“No Brasil, um fator que dificulta a redução da mortalidade materna é o elevado número de cesarianas. O percentual desse tipo de parto tem se mantido em patamares muito altos e com tendência de crescimento em todas as regiões”, conforme o relatório. Do total de partos feitos em 2011, 54% foram cesáreas. Em 1996, esse índice era menos de 41%.

Em relação aos demais objetivos, as perspectivas são positivas e o Brasil acredita que as metas serão cumpridas. Em educação, cuja meta é a universalização da educação primária, o país está com 97,7% das crianças de 7 a 14 anos frequentando o ensino fundamental – mais do que os 81,2% de 1990. 

Nos demais ODMs – paridade de gêneros, combate a HIV/aids, qualidade de vida, respeito ao meio ambiente e parceria mundial para o desenvolvimento – a expectativa é seguir avançando nos índices. 

“Tendemos a olhar a mudança [no Brasil] como superficial e quando vemos os objetivos [cumpridos] e características estruturais, como mortalidade infantil, acesso à creche, vamos ver que é uma transformação profunda, no sentido de estrutural e na base”, disse Marcelo Neri.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. Caro Nassif e demais
    Boa

    Caro Nassif e demais

    Boa notícia, mas será transformada em péssima pela mídia, se é que irá sair.

    Saudações

    1. Quando não sai truncada…

      Avelino, a nossa mídia, sempre procura omitir fatos relevantes como estes, e quando são “obrigados” a divulgar, sempre tem o maldito “mas”

      Mas ainda temos mortalidade infantil;

      Mas ainda temos pobreza;

      Mas…

       

  2. Lendo essa matéria e

    Lendo essa matéria e comparando com o artigo do presidente do tribunal de Justiça de São Paulo publicada ontem aqui no blog, se percebe com clareza a ignorância dos nossos letrados.

    1. ASSIS, É MUITO APROPRIADA SUA OBSERVAÇÃO

      Realmente, os nossos “intelectuais” da Casa Grande sequer conhecem os programas sociais.

      Sua observação é exatamente o que eu pensei ao ler aquele artigo.

      Parabéns. Muito bem observado.

      1. Ai Dude ! Não gostam de ler

        Ai Dude ! Não gostam de ler artigos muito compridos. Dá uma canseira ! Melhor ler apenas as manchetes, como andam fazendo muitos “intelectuais” e “artistas” brasileiros. Daí que as FSP, Globo, etc, só se importam com as manchetes e até nelas eles conseguem deturpar.

  3. Vai te catar dona Laurita

    Lembro que era uma tragédia nacional  o abandono das crianças, a UNICEF fazia campanhas permanentes, a meninada ficava nas margens das estradas tampando buracos para ganhar o que comer no dia, hoje, a gente as vê dentros de  veículos do transporte escolar, quem viaja pelas estradas vê os micro-onibus na área rural recolhendo a criançada, que bom, fico muito feliz e é por essas e outras que foi de Dilma. Voltar ao passado nem pensar, tá bom dona Laurita,  ah dizem por ai que a senhora mesma é uma fantasma do passado, e ai depois de tere considerado legal as propagandas antecipadas dos partidos da oposição agora o PT está sendo censurado, va te catar

  4. A incrível manchete do e.m.

    O e. m., capacho e vassalo humilde e triste do pig, nào conseguiu dar a boa notícia. Vejam a manchete de hoje “Brasil reduzir em dois terços os indicadores de mortalidade de crianças de até cinco anos”. Não é engano não, ali esta realmente “Brazil REDUZIR (??????) em DOIS TERÇOS (????) os INDICADORES (??????) …”. Percebe-se que não houve erro, mas, como a notícia era incontroversa e boa, ele não conseguiu dar a manchete. NÃO CONSEGUIU! Não houve jeito.

    Simplesmente não conseguiu dar a notícia ( iam receber uma bronca do aecio?). Falta-lhe um mínimo de vergonha do papel que fazem. Estam perdidos. Se abaixaram muito e agora… Ali estão jornalistas que puxam o saco de dono que por sua vez puxa o saco de dono (o pig do rio e sp).

    Com o artigo do inaceitável presidente do tj de sp forma uma dupla realidade de como estão contra tudo de bom que acontece e que nos orgulha. É o pig bandido.

    PS: Li no uai digital e neste exato minuto retiraram a manchete. Não sei como está no em das bancas.

     

    1. E na faia (sempre ela), a

      E na faia (sempre ela), a manchete do Ronaldo se dizendo envergonhado com o Brasil! Lembro que envergonhado fiquei eu, e talvez muitos outros, qdo ele foi apanhado com um travesti e depois tentado desdizer tudo!

    2. Falando em PIG, até que hoje

      Falando em PIG, até que hoje o Jornal Hoje da Globo, falando s/ um transplante múltiplo realizado pelo HC de SP, disse que foi tudo pago pelo SUS. Nem acreditei no que ouvia. Parece que estão dando uma maneirada, pelo menos nesse jornal, único que assisto lá. Imaginei que iam creditar tudo ao picolé de xuxu.

  5. Publicações desse tipo

    Publicações desse tipo levanta nosso ânimo. Faz-me lembrar de uma debate que mantive aqui no blog com um colega face este insistir em afirmar que os tempos idos eram melhores. 

    Avançamos, avançamos muitos nessas útlimas duas décadas. Isso não quer dizer que tudo vai a mil maravilhas e que não tenhamos ainda alguns indicadores vergonhosos, a exemplo dos referentes à criminalidade. O importante é que progredimos, queimamos etapas, apesar da renhida disputa político-ideológica e a torcida dos pessimistas desonestos. 

  6. Os dois mais importantes.


    Dentre os oito objetivos, que a ONU estipulou como meta de desenvolvimento social, para os países siganatários da organização, os dois mais importantes e mais urgentes, já foram atingidos pelo Brasil, e bem antes do ano previsto e pedido pela ONU, 2015.

    Exatamente a diminuição da mortalidade infantil, e a diminuição da extrema pobreza, que são os mais urgentes problemas sociais do mundo em desenvolvimento, sairam de uma posição gravíssima, para a posiçaõ de exemplar, e isso, sem sacrificar o restante da sociedade civil.

    Basta coragem e vontade política, e isso o PT teve de sobra.

    Quanto aos demais ítens, eles são secundários, porem estamos seguindo a instrução da ONU, e certamente alcançaremos sucesso, se a sociedade civil, não trocar o atual tipo de governo, que é voltado para o social, para uma aventura, que poderá nos levar a um retrocesso. 

  7. Ah! fico me lembrando dos

    Ah! fico me lembrando dos tempos em que estudei Saúde Pública. Nossa pirâmide populacional era uma verdadeira pirâmide egípcia. Sentia uma inveja danada daquelas de outras nações, com seus formatos mais prá pera. É que além de terem passados muitos anos desde aqueles tempos, ainda estudávamos baseados em população de quase 20 anos atrás, pois nossas estatísticas eram do tempo do “onça”. Ainda tínhamos os problemas dos dados “sumidos” dos anos terríveis das grandes  epidemias, como a dos anos 1970, de meningite. Agora , sobre a Dengue, que está mais forte em SP e MG, tb andam sumindo das manchetes. Qdo era no Rio, não se falava em outra coisa, exatamente como acontece agora com as greves dos ônibus e a inflação, que estão deixando o PIG desarvorado, porém sem mostrar de quem é a culpa.

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