Instituições pedem respeito à Constituição

Jornal GGN – CNBB, OAB, ABI e Comissão Arns pedem, em nota conjunta, que a Constituição seja respeitada e que, atendendo à aspiração do povo, a democracia seja defendida.

Evidenciam que a Constituição foi o ‘fruto sofrido e amadurecido da redemocratização’ protagonizada por políticos reconhecidos e pelo povo, que soube reconquistar a liberdade e os direitos confiscados.

O povo merece respeito, e o respeito está evidenciado na Carta Magna. E não se pode permitir o enfraquecimento das instituições, que garantem o equilíbrio da democracia, sob pena de se pagar um alto preço.

As instituições clamam, e com urgência, que se neutralize essas ameaças e que não se fomente o caos do enfraquecimento e até da derrocada da nossa democracia.

E temos no Estado de Direito o equilíbrio para a sociedade brasileira, para que avancemos na luta por igualdade e direitos, tão pressionados pelo poder econômico.

E tais instituições se juntam para trazer esta mensagem e conclamar à luta.

Instituições pedem respeito à Constituição

Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, entre outros, “construir uma sociedade livre, justa e solidária, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Isto está escrito com todas as letras na nossa Constituição Federal de 1988 e é aspiração do povo brasileiro. É preciso reafirmar, no momento atual do país, com todas as nossas forças, que a democracia é o único regime político capaz de implementar a sociedade prevista na Carta Cidadã.

A democracia, considerados seus próprios limites, é um dom a ser desdobrado em valores e dinâmicas que garantam a participação, a liberdade e o incondicional respeito aos princípios de defesa da vida e da dignidade de toda pessoa humana. Por isso, é incontestável e merece defesa a democracia no Brasil, fruto sofrido e amadurecido da redemocratização inspirada na ação de destacados atores políticos, aos quais reverenciamos; entre eles, um povo que soube reconquistar a liberdade e os direitos confiscados.

Foi esse povo que também legitimou, por lutas sociais, os direitos cidadãos registrados na Carta Magna de 1988, comprometendo a todos na sua obediência irrestrita e práticas transformadoras, pelo dever cidadão da edificação de nossa sociedade sobre os alicerces da igualdade e da solidariedade, garantindo o tratamento de todos como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

O Brasil, por seus Três Poderes, segmentos e cidadãos todos, no horizonte e nos parâmetros sacramentados pela Constituição Federal, sobre os alicerces do Estado democrático de Direito, não pode permitir o enfraquecimento de suas instituições democráticas de poder-serviço, garantindo equilíbrio entre os Poderes da República, considerados, especialmente, o papel institucional do Poder Executivo, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, sem os quais a democracia mergulhará na escuridão e se pagará um preço ainda mais alto. Os Poderes exercem funções diferentes, mas nenhum é maior que outro. Sem eles, não há democracia.

É necessário e urgente, por uma lúcida compreensão e práticas democráticas, neutralizar e vencer as ameaças a essas instituições, pela obrigação moral de todos de defendê-las e fortalecê-las. Não se pode, absolutamente, fomentar o risco de levar os brasileiros ao caos do enfraquecimento e até à destruição da nossa democracia.

É no Estado democrático de Direito que se vai avançar na urgente busca do indispensável equilíbrio para a sociedade brasileira, detentora de todos os recursos para a superação dos vergonhosos cenários de misérias, com tanta pobreza, corrupção, privilégios, milhões de desempregados, com situações de crises humanitárias, exigindo velocidade e lucidez em respostas novas na economia, na educação e na saúde; avançar por meio de posturas adequadas no tratamento do meio ambiente, já tão pressionado pelos interesses econômicos; e avançar no cuidado prioritário dos pobres e pela exemplaridade responsável no exercício da política.

Por isso, preocupados com os riscos do clima de afrontas e de fomento à intolerância, juntamos forças em nossas entidades para levar esta mensagem ao povo brasileiro.

Marcados pelo sentido da solidariedade, sintam-se todos convocados a gestos e compromissos com a vida, superando bravamente as crises humanitárias, efetivando ações que façam o conjunto da sociedade brasileira trilhar os caminhos da Justiça, com lógicas e dinâmicas novas, na verdade e pela paz!

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)

Felipe Santa Cruz
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

José Carlos Dias
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns

Paulo Jeronimo de Souza
Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

Redação

Redação

View Comments

  • Cadê a nota conjunta, objetiva e contundente sem floreios gramaticais ou outros fatores amenizantes, das instituições mais diretamente atingidas pelo fascismo daqueles governantes que sabidamente incapazes se vestem, ou se cercam, de palhaços num momento mundial tão sensivel?
    Cade a indignação verdadeira do congresso e do stf? Estao acovardados demais para defender a democracia?
    Se estão, nao merecem sentar onde sentam nem segurar as canetas que seguram.

  • Nenhum dos três poderes respeitam a Constituição. O Supremo Tribunal Federal é o primeiro a desrespeitar aquilo que deveria ser sua principal missão, defender a Constituição. A vaidade pessoal de seus membros, bem como a covardia, os impedem de tal feito. No Congresso, a motivação de grande parte de seus membros, quer no senado, quer na câmara dos deputados, é com o enriquecimento pessoal, sendo a Constituição, apenas um instrumento utilizado para tal propósito. No executivo, a torpeza em suas ações, revela o descaso completo com a Carta Magna do Brasil, sua independência, seu caráter, seu povo e sua cultura. É neste poder que se revela nossa completa submissão aos interesses de outro país, os Estados Unidos da América, quer nas atitudes do presidente Bolsonaro, quer no entorno, com os militares que o cercam.

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