Eu sou o que sou e nasci assim. Optei apenas por ser feliz, por Gunter Zibell

https://www.youtube.com/watch?v=wV1FrqwZyKw]

E não há como provar que a homossexualidade não seja inata.

Mas não é raro esse assunto aparecer em grupos de discussão.

Recentemente participei de uma em que se defendia a tese de Alipio de Sousa Filho:

E A PARADA GAY DE SÃO PAULO CAPITULA FRENTE AO DISCURSO CONSERVADOR!

E foi oferecido, nessa discussão, como suporte à tese, um trabalho de Luciana Leila Fontes Vieira:

http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27112273006

Mas, o que é mais conservador? Prender-se a teorias elaboradas no passado ou aceitar o que a realidade apresenta?

Apesar de eu não ser nem sociológo, nem antropólogo nem psicólogo, entendo que posso questionar esse “determinismo acadêmico”, pois sei que não há consenso nessas profissões. E que, se houver maioria por uma posição, nos últimos vinte anos passou a ser a mais difundida, a de que a orientação sexual é sim inata.

Simplesmente não se trata de provar que seja, mas de que é impossível provar que não seja. De qualquer modo, uma afirmação em ciências sociais, mesmo que peremptória, não é prova para ciências naturais.  

Mesmo defensores da Teoria Queer percebem que não conseguem reunir depoimentos de pessoas que digam “escolhi ser gay”. Nem sequer “tornei-me gay”.

Não sei ao certo, mas talvez nem Foucault tenha dito algo assim.

Ora, o que não é escolhido é inato. Já recusar eventuais evidências disso é que é “uma opção”. E dogmática.

Como recentemente já me deparei com esse debate, contribuo aqui com a reprodução do comentário que fiz alhures e em tempo recente:

Amigos, li o artigo de Luciana Vieira.

Achei interessante e útil para apresentar a leigos a teoria de Freud.

Também apresenta muito rapidamente, mas sem muita argumentação de ligação, uma teorização Birman/Deleuze de fluidez.

E em nenhum momento apresenta comprovação de que a homossexualidade não possa ser inata. Nem se propõe a isso.

Mas uma teoria é teoria, não expressão cabal da verdade. Mesmo quando conveniente ao nosso pensamento. Teste científico deve ser aplicado também a teorias em ciências humanas. Se uma teoria nova surge e não for confrontada, impõe-se à anterior.

Eu não conheço história do pensamento da sexologia, mas percebo que ao longo das últimas duas décadas se alastrou a crença em teorização diferente, de que a homossexualidade (e hetero- e bi- também) é inata.

A fluidez e a escolha se dariam não em relação ao gênero do objeto de atração, mas em relação a como cada indivíduo lida com o que percebe de intrínseco: realizar o desejo ou conformar-se com imposições sociais?

E como teoria, também não é necessariamente verdade só por ser conveniente.

De qualquer modo, esse pensamento não pode ser chamado de conservador, posto que não é uma recuperação de pensamentos do passado. É antes o pensamento mais recente após a sequência clássicos/religiosos/médicos/psicanalistas/queers/neocons.

Mas também não é uma teorização estruturada, é muito mais senso comum e esteve por trás do tema da 19a. Parada, o “Eu nasci assim”.

Há uma suspeita, mas não prova, de cientificismo apenas pela coincidência de biólogos ultimamente acreditarem nela. Além de que algo não é errado só por ter inspiração em ciências naturais. Algo é errado apenas se estiver errado, como parece ser o caso com as teorias do tipo “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus” (que servem de suposta sustentação até a machismo) que são defendidas por antropólogos e religiosos (e não biólogos)

O “eu nasci assim” refere-se apenas a orientação sexual mesmo, mas não é determinismo. Não é uma tentativa de obrigar as pessoas a não experimentarem os mais diversos modos  de expressão de gênero ou de afetividade. Ao contrário, é apenas o abandono da heteronormatividade (de base religiosa, filosófica ou psicanalítica) como paradigma de naturalidade e normalidade. Grosso modo seria aceitar o gradiente de Kinsey como o paradigma de naturalidade, não como prisão.

O “tudo é possível” da fluidez, sem anteparo no “eu nasci assim”, no entanto, presta-se à sua própria desconstrução: faz crer que é possível a “cura gay”. Se é possível a multiplicidade, é possível a padronização, vai-se para a defesa de modelos (como se dá em Economia: sabe-se que a propriedade privada não é natural, mas discute-se se podemos ou devemos permiti-la.)

Mas, oras, isso é contestado pela História da Humanidade. Estamos há 3 mil ou mais anos defendendo um modelo familiar-sexual único (e nem a Grécia clássica o afrontava), impondo condenações à homossexualidade, proibindo que se fale dela e o que ocorre?

Homossexuais nascem, não se tornam. Estimular, ou mesmo obrigar em algumas situações, heterossexuais a se comportarem homossexualmente não é alterar suas psiques.  Não se conhece caso de alguém que voluntariamente tenha mudado sua “objetificação” sexual. Conhece-se é lavagem cerebral.

Mesmo sem pesquisar cientificamente, mesmo sem debater filosoficamente, é fácil inferir (que é mais fraco que deduzir) que orientações sexuais sejam algo mais natural e inato que monogamia, poligamia (ou poliandria), indissolubilidade do casamento, patriarcalismo (ou matriarcalismo), desejo de reprodução, padrões de beleza, todos estes claramente propagandeados culturalmente e por isso mesmo suspeitos de não serem inatos.

A dificuldade em aceitar que a homossexualidade (ou bissexualidade em várias gradações ou heterossexualiade) seja inata não decorre (nem nunca decorreu) de comprovação científica. Sempre foi decorrente de resistência a partir de valores absorvidos de alguma doutrinação socialmente construída.

Negar que a homossexualidade é inata e atribuir tudo à vontade (ou ao desenvolvimento na infância) é sugerir algo perverso:  que as pessoas homossexuais e bissexuais propositadamente são masoquistas em relação à sociedade, que querem ser perseguidos. Ou que se negam a realizar o desenvolvimento “normal”. Não há nada de libertário nisso.

Por outro lado, quando se diz que a homossexualidade é inata, diz-se também que a religiosidade e a ideologia política não são inatos. E isso sim é libertário, abre muitas possibilidades e impede teocracias, autoritarismos e messianismos em geral. Frequentemente são políticos e religiosos que desejam que se acredite que a homossexualidade não é inata, pois pode haver uma certa “inveja da naturalidade” que não possuem para seus discursos heteronormativos (ou mesmo homofóbicos) de conveniência.

O que temos?

A)     Do ponto de vista das ciências naturais e biológicas, tem-se hoje que o mais provável é que a homossexualidade seja inata. Mas definida por volta do 5º ou 6º mês, o que inviabiliza que se pense em eugenia.

B)      Do ponto de vista das ciências sociais, aceitar a tese da homossexualidade inata é o mais conveniente para a ética, a justiça e a liberdade. Ciências sociais não buscam apenas diagnosticar o que é real (como a sociedade é e se estrutura), mas também levar esse real a um estágio superior e melhor sob algum parâmetro.

Para que se contrapor? Apenas se acreditamos que ou A) ou B) estão errados.

Também podem ser vistos meus comentários ao artigo de Luciana. São as partes em negrito no documento anexo.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=9bX4D-pFWt0

Redação

27 Comentários

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  1. Por um amigo no facebook:

    Benjamin Bee Belo post, Zibell. Gostaria que você também considerasse um ponto negligenciado nos estudos científicos que apontam que a homossexualidade é inata. Ainda não existe, que eu saiba, uma estatística formal sobre a opinião dos próprios homossexuais a esse respeito. O que se tem, e que penso que também vale, é o consenso geral entre os homossexuais (e muitos héteros) de que a homossexualidade é inata. Se vox populi é vox Dei então não mais o que se pesquisar, é inata. Acho até que para o Vaticano, Obama e outros essa ficha está caindo, daí porque estão abrindo-se para compreender a homossexualidade como não desordenada. A Holanda fez há já algum tempo um estudo que leva à mesma conclusão, embora esse estudo não tenha utilizado como universo estatístico apenas homossexuais (a falha do estudo).

    E não aconteceu o contrário. Não foi a opinião das figuras carimbadas que levou a esmagadora maioria dos homossexuais a reconhecer sua identidade sexual como inata. Nem tampouco a propalada Teoria Queer não foi suficiente para mudar esse reconhecimento, como também não bastou a propaganda exclusivamente heterossexista desde sempre para impedir esse reconhecimento.

    A massa homo não se tem feito ouvir pela ciência que por sua vez busca incansavelmente a prova biológica. Ao menos o fato da biologia estar apontando agora seus estudos para explicar gênese está passando a concentrar as pesquisas nesse sentido. O que também é uma indicação mais que forte, irrefutável. 

    Não é possível que incontáveis milhões de homossexuais ao longo da história se “pervertam” daquilo que a cultura heteronormativa tem imposto ao longo dos séculos. 

    Penso que só falta à ciência, exata ou humana, essa investigação que acabo de citar.

  2. De comportamento e orientação.

    Em outro post a colega Anarquista Lúcida expõe:

    Há analistas conservadores e posiçs ruins da Psicanálise

    por parte de alguns que fazem uma leitura muito literal de Freud. Mas dizer que um comportamento humano é inato é a coisa mais conservadora que existe! Sabe aquele menino lobo de Avignon, que deu origem ao filme de Truffault? Nem saber como se faz sexo ele sabia… Algumas crianças criadas por animais nem andam eretas quando sao encontradas. E isso em coisas muito mais básicas do que sexualidade…

    E, do ponto de vista da homossexualidade ser quase impossível de reverter, de nao haver “cura gay” etc., dizer que ela é um resultado da estruturaçao da personalidade na saída do Édipo dá no mesmo, sem cair em biologicismo.

    xxxxxxxxxxxxx

    Eu comentei:

    De comportamento avarento, comportamento religioso, comportamento homofóbico, comportamento machista, ninguém diz que são comportamentos inatos.

    Pessoas podem voluntariamente experimentar quaisquer comportamentos. Eu não acredito em biologismo de gênero, já demonstrei em outros posts. Papéis de gênero, fidelidade, monogamia, postura dócil ou agressiva, gostos, etc são aprendidos. Nunca houve prova de que fossem ligados à biologia, por mais que escrevam livros no estilo “Homens são de Marte e Mulheres fazem amor”.

    O que eu digo é que orientação sexual é inata. Ou, ao menos, que não se pode provar que não seja. 

    Orientação não é comportamento. Mais ou menos como ser destro ou canhoto. 

    Nascer com uma orientação sexual apenas indica que se o comportamento depois for consoante, bom, a gratificação afetiva será plena. Já alguém que nasça gay ou bissexual e seja forçado a se comportar heteronormativamente pode não ser feliz em sua vida afetivo-sexual.

    Não fosse assim 100% das pessoas seria hétero, pois esse sempre foi o único paradima de ensino.

    Uma criança precisar aprender a fazer sexo, acredito. Desconfio seriamente que numa situação Lagoa Azul os participantes só com muita tentativa e errp chegariam a um inetrcurso.

    Mas ninguém nunca tentará fazer experimentação com isso e é necessário ter centenas de crianças na mesma situação para se poder falar de homossexualidade ou bissexualidade. Seria um cruel absurdo buscar ciência desse modo.

    Dizer que é estruturação da personalidade dá no mesmo, em relação a teorias de reversão, que dizer que é inato.

    O problema é apenas que não parece verdadeiro, no mínimo é “um dizer”, não uma prova.

    E o apego a dizeres do passado é sim conservadorismo.

    Dizer que algo não é biológico sem evidência é tão anticientífico como dizer que algo é biológico também sem evidência.

    Já há pesquisas biológicas (não na área da genética) falando que orientação sexual provavelmente é inata. Não há biológos questionando. Uma teoria de ciência social, como a psicanálise, não pode ser usada para questionar uma teoria de ciências naturais.

    Seria como dizer que o Sol gira em torno da Terra porque acreditamos que sim!

    Nós temos sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual inatos.

    E temos comportamento sexual, religioso e afetivo, ensinados e/ou validados socialmente.

    E conservadorismo, finalmente, seria se cada vez mais pessoas acreditassem numa ideia do passado. É o contrário o que ocorre. A ideia do passado era a de que nasciamos com uma ficha em branco no que se refere a orientação sexual.

    E cada vez mais há médicos e psicólogos concordando com isso. 

    Nunca aconteceu de um movimento na comunidade científica ser de retrocesso, porque seria diferente agora?

  3. Parei na afirmaç de que o q nao é escolhido é inato

    Ninguém sabe conscientemente quais sao as escolhas mais importantes que fez, elas foram feitas em época remota, sao inconscientes. Claro que ninguém vai dizer que escolheu o que escolheu simplesmente porque nao sabe ter escolhido. Identidade sexual e de gênero sao escolhas desse tipo.

    E falar de inatismo desse modo, hoje, é ignorar completamente a história dessa discussao (aconselho, para atualizar um pouco isso, o livro Rethink Innateness, de Elman et al, MIT Press). Hoje já se sabe que quase nada é totalmente inato, sobretudo nao no sentido de “contido nos genes”. Até a visao e a marcha nao sao inatas nesse sentido, a retina se desenvolve como fruto da experiência! Os bebês humanos nao desenvolvem a marcha bípede quando criados por animais. Nem o sexo biológico é totalmente inato, pois depende tb do nível de testosterona no útero da mae. Sem falar que essa visao do inatismo depende de uma concepçao completamente ultrapassada do que fazem os genes e do modo do funcionamento deles. Isso nao é “ciência social” nao (e que desprezo pelas ciências sociais, hem? coisa conservadora…), é Biologia.

     

    1. Um pitaco…

      A homosexualidade tem diversas causas diferentes e não pode ser entendida como um fenômeno único. Trata-se de uma expressão da variabilidade genética tanto no aspecto genotípico quanto fenotípico. É resultado da genética, da embriologia, do ambiente, da sociedade, tudo junto, parte disso, misturado ou não.

      Só se pode dizer que é resultado da variabilidade das populações e nesse sentido é absolutamente normal. Todas as características e com portamentos se distribuem em uma população segundo uma curva normal, que pode ser mais distribuída ou concentrada em torno de um máximo considerado a norma. Mas as variâncias, inclusive as que se situam fora do desvio padrão são importantíssimas para das à população (e à espécie) a flexibilidade necessária para se adaptar ao meio ambiente. Todas as variedades são necessárias mesmo as que não influem na adaptação ao ambiente, pois se o ambiente muda, são elas que garantem a adaptação às novas condições.

      É normal haver diferenças e portanto os diferentes são normais. Normais e necessários, mesmo que não sejam a maioria.

      É óbvio que fiz uma análise com fortíssimo viés biológico e evolucionista, semdo portanto parcial e deixando de abordar inúmeros aspectos sociológicos, hsitóricos, psicológicos, entre muitos outros, mas é natural, pela minha formação, que faça uma abordagem desse tipo.

      Eu acho uma falsa questão essa de ser o homosexualismo inato ou adquirido. Deve ocorrer uma coisa, outra e as duas juntas em diferentes graus, mas não acho possível, nem necessário, nem desejável, nem pertinente se determinar de forma objetiva uma coisa ou outra. Simplesmente não importa.

       

      1. Concordo c/ mto disso, mas 1 viés biológ nao implica inatismo

        Como aliás está dito no que vc diz, mas nao muito explicitamente. Hoje se sabe q o percurso dos genes às características é muito indireto, nao biunívoco (fora raras exceçoes), passa pelo que ocorre no processo embrionário e de desenvolvimento posterior e que praticamente sempre a experiência é necessária p/ o desenvolvimento dessas características (até na visao!). E há uma grande dose de aleatoriedade no decorrer de todo esse processo. Segundo Edelman, nem o cérebro de 2 gêmeos idênticos tem a mesma ramificaçao fina.

        Mas concordo com você que o principal nao é a homossexualidade ser inata ou adquirida. Gostei muito do texto que o Gunter linkou, mas nao disse aqui o que dizia… No fundo é assumir o ponto de vista conservador ter que dizer que a homossexualidade é inata. É como se reconhecessem que ela é em princípio negativa e precisaria ser justificada, e que os homossexuais “nao têm culpa” de serem assim, porque nasceram assim. Conservadorismo sem dúvida.

    2. Eventualmente ninguém sabe com certeza.

      Concordo que não deve se referir a genes. Genética é apenas um campo da biologia.

      Mas se não se pode comprovar uma escolha, consciente ou não, segue a tese da orientação sexual inata (que é diferente de comportamento sexual aprendido.)

      jajaja eu não tenho nenhum desprezo por ciências sociais, muito ao contrário. Só que uma teoria em ciências sociais não é capaz de comprovar que orientação sexual não seja inata. Isso é uma circunstância e limitação da Teoria Queer.

       

  4. Caraca ! Socorro ! Será que

    Caraca ! Socorro ! Será que vou precisar sair do armário ?

    O negócio neste post está sério.

    Ousei discordar, democraticamente, da posição  autor, e o comentário não foi publicado.

    Então para que publicar neste espaço um post  como este.

    O público aqui é diversificado, seria melhor a sua publicação num público segmentado.

    Só lembrando, contra-rede.

  5. homossexualismo

    A monogamia é uma opção.

    A poligamia é uma opção.

    A abstenção sexual é uma opção.

    Se o comportamento homossexual for uma opção, qual é o problema?

    No referente ao homossexualismo, a discussão sobre ser inato ou adquirido é pertinente apenas no contexto das ciências comportamentais. Não se trata – ou não deveria se tratar – de questão ética ou moral.

  6. “Ora, o que não é escolhido é

    “Ora, o que não é escolhido é inato.”

    A minha primeira língua é o português.

    Eu não escolhi isso.

    E não é inato.

    Portanto a sua disjuntiva é falsa. Há coisas que não são escolhidas e não são inatas.

    E não vejo o que isso muda. Porque ninguém nasce falando português, ou ídiche, justifica-se, por acaso, o extermínio dos falantes do português – ou, mais relevantemente, do ídiche?

    É obrigação de gente civilizada respeitar os indivíduos de todas as escolhas, de todas as características inatas, e de todas as características que não são nem inatas, nem escolhas. E é só isso.

  7. Inatismo.

    Inaísmo anda de mão dada com o nazismo, e atrelar a tal conceito uma metafísica da felicidade é errôneo. Afirmar que nascemos com orientação inata para a sexualidade e que se não cumprirmos com essa orientação seremos insatisfeitos ou menos felizes é dogmático. Inatísmo vem da tentativa humana em agrupar objetos através de características análogas aos integrantes do grupo em comum. A ontologia basicamente fala do  ser. O ser é, e como ser é singular. Para respeitarmos as particularidades do indivíduo não precisamos de Inatísmo, de dogmatismo, de pseudociência ou de turgescência de erudição desnecessária. Basta reconhecermo-nos  como ser e reconhecermos o ser individual do outro.

  8. Qual a opinião da Marina
    Qual a opinião da Marina Silva sobre a decisão da Suprema Corte dos EUA?

    Muitos já alteraram as fotos de perfil nas redes sociais com as cores do arco-íris. E a Marina? E o Aécio???

  9. Bom, eu concordo que todo ser

    Bom, eu concordo que todo ser humano deve ser livre para fazer o que bem quiser, desde que não ponha em risco a vida de terceiros. Logo, pra mim, tanto faz ser heterossexual, homossexual, bissexual ou qualquer outra coisa. O que interessa é ter caráter, ser justo, honesto. O que cada um faz na sua privacidade é problema de cada um, portanto, cabe a cada indivíduo escolher o que é melhor para si. Dito isso, discordo da parte do seu argumento que aponta de forma implícita como indício do inatismo o fato de ninguém querer propositalmente se comportar diferente do padrão social e considera perverso o pensamento daquele que considera não ser inato, mas escolha, e aponta que isso seria aceitar: “que as pessoas homossexuais e bissexuais propositadamente são masoquistas em relação à sociedade, que querem ser perseguidos. Ou que se negam a realizar o desenvolvimento “normal”. Não há nada de libertário nisso.” Caso esse argumento fosse válido, para ficar só num caso, teríamos que concordar que  o ato de se prostituir, por exemplo, é também inato, e não fruto do desejo ou da escolha. Já que ninguém  gostaria de contrariar de forma voluntária o consenso social e sofrer as consequências dessa escolha. Apesar de ser bastante usado, considero esse argumento inválido, por considerar que assim, todo comportamento, posição, desejo, etc., que seja rejeitado por parcela considerável da sociedade, e, portanto, possa gerar sofrimento, seria inato e nunca uma escolha ou fruto simplesmente da vontade. Por fim, quero deixar claro que independentemente de ser inato ou não, defendo sempre o direito de cada um viver a vida como quiser (exceto, no caso de colocar em risco a integridade física e a vida de terceiros). Parabéns a sociedade estadunidense por essa conquista. Espero que o Brasil siga no mesmo caminho. 

  10. Se alguém dissesse que a

    Se alguém dissesse que a homossexualidade era inata nos anos 70, iria sofrer ataques da….comunidade gay!!!

    Olha só, não há nada de errado em ser gay. Mais: não há nada de errado em escolher ser gay.

    Há vários homens que sentem atração por homens e mulheres, e escolhem com quem ter relações sexuais.

    Há homens que se apaixonam por mulheres, mas sentem prazer em relações sexuais com outros homens. Ter ou não essas relações vai ser uma questão de opção. Ele não vai se apaixonar por outro homem, mas apenas ter prazer.

    A sexualidade humana é muito mais complexa do que deseja a comunidade gay de hoje. A idéia de que não há opção é uma defesa contra o preconceito. Se não há escolha, por que ter preconceito. Melhor seria dizer que sim, há um campo de escolha, e isso é um direito individual. Ou seja, ainda que seja uma escolha, não há nada de errado.

  11. Sem medo de ser feliz

    Boa Gunter. Sem medo de ser feliz.

    Eu sou hétero. Nasci assim, não escolhi nem me tornei hétero.

    E daí? Ninguém tem nada com isso.

    Certamente assim como ninguém tem nada a ver com com é gay.

    Tão difícil de compreender? 

  12. A depender deste observador

    A depender deste observador todos os posts do Gunter Zibell seriam nesse estilo. Ou se querem a verdade mesmo: não partidarizasse um tema tão importante, cativante e complexo como esse relacionado com a homossexualidade..Ou mais exatamente envolvendo a homofobia. 

    Claro que a sugestão acima foi só para “quebrar o gelo”. Como cidadão ele tem TODO o direito de se expressar como quiser. Por isonomia, tenho também o direito de criticá-lo nesse aspecto. 

    O post é simplesmente ótimo. Aprendi muita coisa com ele e com os comentários subsequentes. No universo de questionamentos(no sentido epistemológico) da homossexualidade certamente que essa questão da inerência é a mais instigante. Vou opinar, mas com o máximo de cuidado para não emular o sapateiro na famosa estória protagonizada pelo pintor Apeles. 

    À falta do conhecimento teórico nos socorremos na nossa própria experiência de vida. Por esse aspecto, suspeito que a orientação sexual (expressão que deploro conforme justificativa adiante) é inata, não “aprendida” ou mimetizada. Nos meus seis decênios de vida NUNCA conheci nenhum caso de homossexualidade justificada por alguma das últimas opções. Dito de outra forma: jamais no meu pequeno mundo relacional vi, assisti ou me foi narrado a mutação de um hétero para um homo. 

    Por essas coincidências da vida, passei pela experiência riquíssima de vivenciar duas ambiências que segundo a lenda são incubadoras da homossexualidade:: o colégio interno(internato) e a prisão. Nesta última, esclareço aos mais ansiosos, como trabalhador e não como “hóspede”.. A primeira em 1966 quando com 11 anos fui agraciado pelos padres lazaristas em missão na minha cidade com uma vaga em um Seminário  em Fortaleza. Lá durante cinco anos seguidos estudei e adquiri uma base cultural que me serviu para toda a vida. 

    Nesse ambiente coabitado em média por 150 crianças de 11 a 16 anos, não mais de cinco, repito cinco, internos eram tidos(não se comentava abertamente por motivos óbvios) como afeminados, “veados”(não se conhecia o termo homossexual). Todos eles egressos de seus lares já com essa tendência, orientação ou o nome que se queira dar. Entraram e saíram com essa condição. Muito tempo depois tive a oportunidade de rever dois deles mais do que assumidos. A parte triste é que um, já padre, foi assassinado por um amante num motel.

    Na prisão da mesma maneira: todos os reclusos, pelo que se sabia e observava,  entravam e saiam com a mesma orientação mesmo que muitas vezes fossem impelidos incondicionalmente para experiências fora da “normalidade”. 

    Isso não prova nada, admito, mas nos força a pensar. Um pensar que sempre me infduz a uma conjectura totalmente diversa do estabelecido com relação a homossexualidade, qual seja, a de que esta é mais, se não toda mesmo, de fundo emocional, psicológica, e não física. Uma concepção tão arraigada que não consigo entender, apreender, a esfera da homossexualidade pelo sexo, e sim, pelos sentimentos. AQUI o foco é a impulsão, o que dá partida, o necessário, sendo a relação sexual apenas contingente, Já expus certa vez essa minha percepção num comentário aqui exarado e prontamente fui contestado por um comentarista homossexual. 

    É por essa percepção que avalio como ridícula a existência de homossexualidade em animais não racionais nos quais prepondera o instinto e não a empatia e o amor. Amor no seu sentido mais amplo.

    1. Caro JB Costa.

      Obrigado pelo elogio e participação. Relevantes suas vivências e eu concordo com você no assunto. O LGBT que lhe questionou provavelmente acredita, para esse ponto, na Teoria Queer. Mas isso além de nunca ter sido um consenso está caminhando agora para a interpretação que damos.

      xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

      Não é o caso deste post, voltado para uma discussão de antropologia e sociologia, mas é necessário sim envolvermos questões partidárias quando elas surgem. Infelizmente a vida humana ainda está nesse estágio…

      Senão como poderíamos ser honestos conosco mesmos, não é verdade?

      Não fomos nós que partidarizamos, foram alguns partidos que se envolveram na negociação de Direitos Humanos por apoios diversos. Agora é necessário desatar o nó. Enquanto os responsáveis pelo erro não o desfizerem não há muita solução.

      O importante, sempre, é a verdade e a conscientização das pessoas. É esse o caminho para uma sociedade melhor.

      Abraços.

  13. Sociedade atomizada

    Exatamente isso é o que propaga o consumismo: atomizar o mercado individualizando as opções e tornando egoísta o sentido da felicidade, do tipo, cada um procura a sua própria felicidade.

    “Optei por ser feliz”: que frase cheia de egoísmo! Nunca ouviremos essa frase sair de um verdadeiro líder ou de alguém que luta por ideais coletivos na sociedade onde vive.

    Acho que existe uma luta desigual entre o poder econômico global – que atomiza o mercado e destrói a família convencional, os povos e nações – contra a teorização ou “intelectualização” ingênua dos entes manipulados.

  14. Genes x Meio

    Essa controvérsia é algo que normalmente não me meteria. Mas a discussão sobre a dicotomia genes x meio é algo que acho interessante. E não tenho dúvida nenhuma de que o comportamento é intrinsecamente ditado pelos genes. Meu argumento é simples…

    Pegue dois gêmeos idênticos recém nascidos. Leve um para os EUA e outro para a Alemanha nazista. Um se torna uma pessoa de esquerda, o outro se torna um fascista. Ai alguns teóricos vão dizer… Viu, está provado que é o meio e não os genes. Só que deve-se fazer outra pergunta…

    Se pegarmos outro par de gêmeos e levarmos para os mesmos lares, novamente teremos a mesma combinação, um de esquerda e outro fascista?

    Óbvio que não. Há pessoas que submetidas ao mesmo ambiente se orientam a formas de pensar completamente opostas. Essa é a questão evidente.

    Isto é, no primeiro caso, o individuo tinha como inato a característica de que no meio “EUA” se orientaria a ser um comunista e no meio “Alemanha” um nazista. Já um outro individuo completamente diferente, tanto no meio “EUA” como “Alemanha” se tornaria igualmente apolítico, por exemplo.

    Ou seja, quando o meio influencia uma orientação qualquer, o mecanismo que processa a influência externa é um sistema interno, e esse sistema é sua forma de funcionamento é inerente ao ser vivo. Não há escapatória. A dicotomia é falsa definitivamente.

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