Cíntia Alves
Jornal GGN – A permissão de uso do imóvel que o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, repassou ao Exército durante os anos de chumbo para instalação da Oban (Operação Bandeirantes) e, posteriormente, operação formal do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), foi revogada na última terça (18). A decisão aconteceu a partir de um projeto de decreto legislativo apresentado pelo deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade “Rubens Paiva”. O petista buscava essa vitória desde 2012.
O prédio histórico, localizado na Rua Tutóia, 921, no bairro Paraíso, foi tombado em janeiro passado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo). No local funcionou oficialmente, a partir de 1979, um dos principais centros de repressão e tortura do país, financiado pelos adeptos do golpe militar que derrubou o governo João Goulart, há quase cinco décadas.
Apesar de ter sido extinto automaticamente com o término da ditadura militar, em 1985, o decreto para uso do imóvel permaneceu em vigor até os dias de hoje.
A revogação da cessão de uso do espaço foi classificada como “oportuna” por Adriano Diogo. O petista comemorou a notícia lembrando do ato “Ditadura Nunca Mais: 50 anos do Golpe no Brasil” , previsto para o dia 31 de março, a partir das 9h, no pátio externo do imóvel da Rua Tutóia. O manifesto é organizado pela Comissão da Verdade do Estado e conta com apoio de mais de uma centena de organizações e entidades ligadas aos direitos humanos.
Palco de tortura e prisão de milhares de pessoas, e de pelo menos 50 homicídios, o prédio do DOI-Codi hoje abriga o 36º Distrito Policial e um depósito e garagem da Polícia Civil.
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