Indígenas de SP pedem reparação por violência durante ditadura militar

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Por Bruno Bocchini 
 

Líder indígena ouvido ontem (4) pela Comissão da Verdade do estado de São Paulo Rubens Paiva, o cacique Timóteo Popyguá, da aldeia Taquari, município de Eldorado, pediu reparação à violência e às perdas sofridas pelos indígenas, impostas pelo governo no período militar. Coordenador da Comissão Nacional de Terra Guarani Yvy Rupa, ele disse que há documentação farta sobre os prejuízos dos indígenas no período.

“Há provas documentais, películas, e testemunhos oculares. Temos anciãos que acompanharam o processo na ditadura, muitos povos sofreram barbárie”, destacou. “O que nós esperamos é que não fique somente na documentação, mas que, de fato, aconteça uma reparação benéfica para as comunidades indígenas. Nós queremos que sejam reparadas as comunidades”, disse.

Hoje, a Comissão da Verdade de São Paulo teve a terceira etapa da audiência pública sobre a violência contra indígenas e comunidades tradicionais. Um relatório sobre as violências contra os índios, cometidas durante a ditadura, foi repassado à comissão pela liderança indígena, e será encaminhado à Comissão Nacional da Verdade.

“Os indígenas estão em um capítulo difícil de enquadrar. Índio nunca foi objeto de reparação. A Comissão Nacional da Anistia, por exemplo, nunca considerou a possibilidade da reparação, porque eles não estão incluídos na resistência política, é um espectro mais amplo da repressão”, disse o presidente da Comissão da Verdade paulista, deputado Adriano Diogo (PT).

Também foi ouvida a jornalista Memélia Moreira, hoje residente nos Estados Unidos, que cobriu episódios envolvendo indígenas no período da ditadura. Ela falou sobre o julgamento de 1980, do Tribunal Bertrand Russel, hoje chamado Tribunal dos Povos, que condenou o Brasil por genocídio indígena. A jornalista ressaltou as dificuldades impostas pelo governo para evitar que o cacique xavante Mário Juruna pudesse ter autorização para ir a Rotterdã, na Holanda, para depor.

Ela acompanhou o processo e fez parte da comitiva à Holanda, que incluía o cacique Álvaro Tucano, o escritor Márcio de Souza e o antropólogo Darcy Ribeiro.

Em outubro, Memélia já havia sido ouvida pela Comissão da Verdade. Ela disse ter testemunhado o extermínio de populações indígenas no Amazonas. “As aldeias chegaram a ser bombardeadas com napalm”, ressaltou.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Estão virando eximinios

    Estão virando eximinios caçadores de indenizações em todos os niveis, descobriram um tesouro. Se não há mativo, se inventa qualquer coisa, indios paraguaios já pediram indenização no Paraná, sempre alguma coisa podem descolar.

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