JK, Castelo Branco e o que é e não é ser um democrata, por Vandeck Santiago

Por Vandeck Santiago, via Facebook

A história mais curiosa do golpe de 64 é a que envolve Juscelino Kubitschek e Castelo Branco.

JK era presidente (1958) e estava avaliando a lista dos militares do Exército para promoção. Chegou ao nome de Castelo Branco. Se fosse promovido a general, Castelo continuaria na ativa; se não fosse, iria para a reserva – ou seja: não teria mais chance alguma de intervir na vida política nacional.

O ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, alertou:

– Presidente, o Castelo é um lacerdista ferrenho.

JK perguntou:

– Mas é um militar competente?

– Competente, é. Íntegro, respeitado na tropa – respondeu Lott.

– Isso é o que interessa. Ele tem tanto direito de ser lacerdista quanto eu de não sê-lo – respondeu JK, determinando a promoção de Castelo Branco a general. 

Seis anos depois Castelo foi o principal nome do golpe. O primeiro presidente da ditadura. E chegou às suas mãos o pedido de cassação de JK, feito pelos golpistas mais fanáticos.

JK era o favorito disparado para eleger-se presidente em 1965, se houvesse eleições. Se não houvesse, se elegeria para qualquer outro cargo.

Não havia nada que justificasse a sua cassação, a não ser o temor dos adversários do seu poderio eleitoral.

O destino de JK foi parar nas mãos de Castelo – que só estava ali, como presidente, porque anos antes fora promovido por ele. 
Mas Castelo não hesitou. 

Cassou JK, que nunca mais disputou uma eleição. Morreu em 1976, aos 73 anos. 

Poucas histórias definem tão bem o que é ser e não ser um democrata

Redação

29 Comentários

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  1. A História se repete, nem

    A História se repete, nem sempre como farsa. A presidenta Dilma conduziu e reconduziu o Janot a PGR. Ele, a exemplo do Castelo Branco, comanda o golpe contra ela e contra a democracia, em parceria com tudo o que há de pior na política atual. Enquanto engaveta tudo que acuse os tucanos, especialmente o Aécio,

  2. Se o Ministro da Guerra
    Se o Ministro da Guerra tivesse dito a palavra que não deve ser dita: Golpe, em vez de lacerdista, talvez a história fosse diferente… Não nos enganemos portanto com as palavras, para sermos democratas temos que chamar de Golpe o Golpe e de golpistas os golpistas.

  3. Coração partido,

    Me partiu o coração como uma facada no peito pois esta passagem da história eu não conhecia!

    Caramba estamos no perigo de tudo isto novamente acontecer……Por mais que sejamos calejados, certas coisas no machuca profundamente.   

    1. Led.João

      Fiz aqui um comentário impróprio; na verdade mal educado mesmo. Porque o post dá por verdade uma lenda do folclore político para ilustrar a biografia ficcional de JK. Foi uma irritação descabida da minha parte, tanto que os admnistradores do blog deletaram a besteira. Se leu, deve ter se aborrecido. Peço-lhe sinceras desculpas.

  4. Republicanismo

    É este tipo de republicanismo ingênuo que fez com que 52 anos depois do golpe ainda tenhamos forças armadas conservadoras ou de extrema-direita. Militares competentes e patriotas que não seguem ou seguiram a ideologia da Escola das Américas foram aos poucos afastados e isolados. Enquanto isso, os republicanos indicam os Janots, Barbbosas e Fuxs da vida que, como o Castelo na história não tem o menor remorso de desempenhar um papel vergonhoso devido ãs suas ideologias políticas e nada republicanas 

    1. A Escola das Americas no

      A Escola das Americas no Panama fechou há mais de 30 anos e não há mais militares na ativa que tenham feito cursos lá.

      1. E?

        Ora, o fato de não haver mais militares na ativa que tenham sido doutrinados na Escola das Américas ou que esta tenha sido fechada 10, 20, 30 ou 40 anos atras não muda o fato de que nossa alta oficialidade, salvo raras exceções, é composta por militares que, ideologicamente, são filhos daquela escola.

        Não fosse assim, como explicar o comandante das Agulhas Negras chamar Jair Bolsonaro para fazer palestra aos cadetes, sabendo quem ele é, politicamente (sem esquecer o oportunismo e a insubordinação que o catapultaram das casernas para a política nos anos 1980…)? Nossos meninos continuam a ser doutrinados dentro dos meios princípios ideológicos de 50 anos atras, e isto graças à Escola das Américas, mãe do direitismo guerra fria dentro das forças armadas de toda América Latina…

        1. Atualize-se. A Guerra Fria

          Atualize-se. A Guerra Fria acabou há 20 anos e o atual Ministro da Defesa é um quadro historico do Partido Comunista do Brasil, muitissimo bem aceito e respeitado pela oficialidade das Forças Armadas.

          Não confunda NACIONALISTA com extrema direita. As Forças Armadas são nacionalistas, foram essenciais para a criação da Petrobras e defendem a integridade do Pais e o fortalecimento do Estado Nacional.

          O Exercito é uma das tres instituições que formaram a Nação, o Exercito é mais antigo que o Estado brasileiro, existe desde 1624 na luta contra os holandeses, com tropa formada por nascidos no Brasil e que venceram a Batalha de Guararapes contra os invasaores da Companhia das Indias Ocidentais.

          Quem está contra a integridade do territorio nacional são forças a serviço de “causas” como reservas indigenas ilimitadas, que já ocupam 13% do territorio nacional e zona de fronteiras como a Reserva Raposa do Sol, toda uma politica indeginista a serviço de ONGs estrangeiras e contra os interesses do Estado brasileiro.

          Todo Exercito do planeta se modifica em cada geração, o Exercito americano hoje é voluntario, completamente diferente do Exercito da Segunda Guerra e da Guerra do Vietnam.

          A grande alteração no Exercito brasileiro a partir de 64 é a não formação de lideranças na tropa, a se exigir a rotação de comandos a cada dois anos,  medida promovida pelo General Castelo Branco, um erro historico que tornou o Exercito burocratico e impessoal e em decorrencia menos presente na vida nacional.

           

          1. A grande alteração no

            A grande alteração no Exercito brasileiro a partir de 64 é a não formação de lideranças na tropa, a se exigir a rotação de comandos a cada dois anos,  medida promovida pelo General Castelo Branco, um erro historico que tornou o Exercito burocratico e impessoal e em decorrencia menos presente na vida nacional.

             

            Não sei, mas esse mecanismo me parece ser producente para a estabilidade do comando. É perigoso se fortalecer muito vínculos de lealdade pessoais numa estrutura altamente hierarquizada. Um líder de projeção que viesse a se insubordinar teria um potencial destrutivo ampliado.

  5. Como disse o Barroso……..ai meu deus do céu…..

    Peraí. Desde quando um Presidente da República é responsável pela promoção de algum militar? Conversa mole, conto da carochinha. O Exercito, a Marinha e a Aeronáutica têm regras próprias. Esquisitíssimas para nós civis. Mas não dependem de nenhum ocupante do Executivo. 

    1. Na Republica de 1946 o

      Na Republica de 1946 o Presidente tinha poder sobre as promoções de oficiais generais, hoje esse poder teoricamente existe mas na pratica não é usado, especialmente após a criação do Ministerio da defesa e a nova configuração das corporações militares.

      Tampouco é verdade que Castelo cassou juscelino sem hesitação. Hesitou muito e não queria faze-lo, foi obrigado pela linha dura e nesse processo ficou muito mal com o grupo chefiado por Costa e Silva, pode-se dizer que Castelo cassou JK para não ser deposto pela linha dura. Roberto Campos foi testemunha desse conflito e ele mesmo, Campos, recusou-se a assinar como Ministro a cassação de JK, colocando o cargo à disposição, pois tinha sido Embaixador de Juscelino em Londres.

      Castelo entendeu a recusa de Campos e avalizou sua permanencia no Ministerio do Planejamento, o que tmbem lhe custou

      perda de poder nesse processo.

    2. Desde sempre

        A promoção de qualquer oficial superior ( posto máximo, coronel e/ou capmar e guerra ), ao generalato é e sempre foi de competencia exclusiva do Presidente da Republica, o qual com base nos históricos de carreira dos oficiais selecionados pelos respectivos comandos das Forças singulares, delibera a promoção em conjunto com a epóca os ministros militares e desde a criação do MinDef , com a anuência deste. 

         Os oficiais superiores, em final de posto, que não são promovidos, automaticamente passam a reserva.

      1. Não é assim que funciona a coisa

        Não senhor. A carreira obedece a Regulamentos Disciplinares; tempo, idade, progressões, estagio de patente,  méritos, cursos, etc. Cumpridos os requisitos, são indicados e o Ministerio da Defesa só referenda  (obs: nem é o presidente). Ninguem nomeia, senão vira zona. Se for assim, um Cabo simpático, vira Capitao, Major, ou, nessa desgovernança atual, Marechal.

        1. Nada a ver. Nem todos

          Nada a ver. Nem todos coroneis podem chegar a general de brigada, nem todos os de brigada podem chegar à disivsão e menos ainda podem chegar a general de exercito, há uma serie de funis que vão se estreitando, a seleção não é e nunca poderia ser automatica, ha sempre um JULGAMENTO SUBJETIVO em qualquer força aramada do planeta e esse julgamento envolve sim o Chefe de Estado que referenda ou não o julgamento do Alto Comando, ocorreram casos famosos de não promoção como o do General Newton Cruz que não foi promovido ao ultimo posto da carreira quando todos esperavam que fosse. No Governo Militar os casos de NÃO PROMOÇÃO foram muitos e complicados, gerando crises.

          A regra geral nos exercitos do mundo é uma seleção pelo Alto Comando depois referendados pelo Chefe do Governo ou pelo Ministro da Defesa por delegação deste mas é sempre um crivo porque não há como promover todos, alguns ficam pelo caminho e vão necessariamente para a reforma.

          Registro para o prezado comentarista que o nosso colega JUNIOR50 tem  grande conhecimento do sistema militar, portanto

          para rebate-lo é preciso muita vivencia nessa area que ele conhece  profundamente.

          1. Replicar concordando é chover no molhado

             

            Essa discussão está hilária. Parece conversa de velhos surdos.

            O Junbior50 me replicou afirmando que nomeação de general é comepetência exclusiva do Presidente. Eu rebati, falei que é do Alto Comando, Ministro da Defesa, depende do prontuário, da capivara de cada um, pontuação, etc e tal. Ninguem nomeia, há um curriculum a ser ponderado.Por isso é que Andreaza morreu coronel, Passarinho também (só que está vivo ainda, rs) que não chegou a presidente porque Costa e Silva disse que não bateria continência para Cel.

            Num comentário intermediario vc afirmou lembrando 1946 que isso (nomeação pelo presidente) deixou de existir, tal e tal. E agora vem replicar com um comentário que , no fundo, corrobora o meu e mantem coerência com o seu anterior. Vc consegue  então ser coerente e incoerente ao mesmo tempo. Só para “defender” o Junior50 que…..não precisa….leio sempre os comentarios dele e percebo qualidade, embasamento e competência. 

            Também acompanho seus comentarios que, quando excelentes, viram post. Admiro e aplaudo. Ambos, você e o  Junior50, enriquecem o blog e têm a minha admiração e o meu respeito.

            Entrei na discussão porque achei o post uma porcaria que desmerece o blog. A estorinha é mentirosa mas pega bem para a biografia ficcional do JK. Parece aquelas em que o Sebastião Nery se tornou especialista. Essa aí do post é uma lenda, é folclore.  Desafio você, o Junior50, o Nassif e o autor a citar fontes fidedignas, respeitáveis, confiáveis.

            Alem de achar um lixo me irritei com um comentarista crédulo e ingênuo que disse “de coração partido com esse fato histórico”. Bem, reconheço, fui grosso, mal educado. E me arrependi. E foi deletado pelo blog. Merecí. 

  6. Vai vendo o que a história
    Vai vendo o que a história nos reserva e nos ensina.Isso parece, e muito, com as nossas nomeações de pessoas para o STF que depois nos apunhalam.Parece também com o republicanismo tosco alardeado por altos dirigentes do nosso governo  e partido. 

  7. O erro mesmo foi ter dado a anistia

    Promover a pessoa errada é um erro que qualquer um pode cometer, já que não há como prever o futuro. O verdadeiro erro de JK não foi esse, e sim haver prontamente anistiado os rebeldes da aeronáutica. Ele fez isso “em nome da governabilidade”, pois queria estabelecer a paz com seus adversários a fim de dedicar-se apenas a seu projeto de governo. Ora, isso é uma ingenuidade, a menos que seu projeto de governo fosse um sucesso tão absoluto que uma vez concluído, levasse todos os seus adversários a se arrependerem. Não foi o que aconteceu.

    JK foi talvez o último idealista da política nacional. Mas também o último ingênuo.

  8.  
    Aqui na Bahia ocorreu algo

     

    Aqui na Bahia ocorreu algo assim, quando o íntegro Waldir Pires derrotou de forma acachapante o tiranete ACM nas urnas, primeira derrota do grande corrupto arenista que governou a boa Terra como servidor capacho dos generais . Os milicos que faziam rodízio durante duas décadas ocupando a cadeira que tomaram em assalto de mão-armada no dia primeiro de abril de 64. Bem, como dizia, eleito, Waldir assume e, no governo, não desempregou nenhum dos serviçais empolerados nas empresas do Estado e nas diversas Secretarias. Todos os aparelhados, ficaram nos cargos e boicotaram permanentemente o governo “republicano” de Waldir Pires, tanto que não demorou, e o calhorda do acm retornou.

    Comentava-se na época, que duas vezes por mês, ACM ia a Brasília prestar contas ao general de plantão e, nunca esquecia de levar duas latas de leite ninho cheias de cocada baiana embrulhadas pra presente. Sendo uma de cocada branca, e outra de cocada preta, com essa bajulação o velho sabujo agradava os homens de verde-oliva, ao tempo em quê, por detrás, era alvo de chacotas impoblicavéis. Mas, isso não vem ao caso. Anos depois, FHC, protagoniza novela parecida, trocando BA x Brasília por Brasília x Washington D.C. Naturalmente, tirando os sapatos após o desembarque no império.

    Ai, vem o PT com o Lula à frente. Noviço, ainda acreditando na conversa mole das elites de merda, que o povo acabara de enxotar, colocando-o no lugar. Ai,  foi o que vemos agora. Lula atua muito bem na área social, e, sobretudo nas relações internacionais, atuando com altivez inédita pra nossos hábitos vira-latas. Mas, inovou onde não devia mexer, nesse tal de republicanismo…terminou por criar cobras venenosas que agora o atacam em massa.  E, nem o Butantam pode fazer nada.

    Tá certo que aqui, não houve um procedimento cirúrgico como o necessário aplicado em Cuba. O tempo, dizem, era outro, a doença do paciente cubano era mais grave, tudo bem. O fato é que o Dr. Fidel e os rapazes fizeram uma intervenção cirúrgica de alta-complexidade, como se diz hoje. Remove radicalmente todo tecido gangrenado, promovendo uma assepsia profunda, desde Sierra Maestra até Havana. Aqui, nós usamos uns uguentos da medicina Homeopática, não que não trate alguns males do corpo, mas, é um tratamento muito demorado, e de efeitos mais notáveis na alma. Mesmo os chineses e sua milenar paciência aguentariam tanto vai-não-vai-que-assim-é-de-lascar, haja-paciência.

    A propósito de paciência e da prudência Oriental, contam que o primeiro ministro chinês Chu En-Lai, ainda no governo de Mao Tse Tung.  Certa vez, foi inquerido por um jornalista Ocidental sobre qual a avaliação o lider comunista chinês fazia,  sobre a revolução francesa. Chu En-Lai responde de pronto:  não haver ainda, o tempo necessário para uma avaliação mais isenta, sem sofrer a influência do calor dos fatos ocorridos, segundo o ministro chinês, ainda frescos na memória.

    Enquanto aqui, uns atulemados procuradores da república do moro, querem atribuir aos patos-pedalinhos dos netos de Dona Marisa a responsblização pelo pato-inflável (seria algo pornô?) que a FIESP roubou do artista europeu, e se recusa a pagar.

    Orlando

     

  9.  
    Isso não é ser democrata.
    É

     

    Isso não é ser democrata.

    É não ter malícia.

    Lacerda era fanático.

    Quem segue um fanático é igual.

    Juscelino foi ingênuo.

     

     

  10. JK e o golpe: falta uma história

    Essa história da promoção de Castelo também tem a participação de Tancredo, parente de Castelo. Mas, o que de fato importa, no meu entendimento e que tem forte relação com o que ocorre hoje, é a leniência de JK com o golpe em preparação; sua inação quando de sua ocorrência em 01-02 de abril de 64; seu voto em Castelo na eleição indireta em 10 de abril de 64 (Tancredo não votou em Castelo). JK pensou ser o grande ganhador da situação posta. Dos que apoiaram o golpe, seja pela inação, seja pela ação, foi o maior perdedor.  

  11. Já que
    o juiz moro anda cavucando coisas do tempo do ronca, porque ele não pede uma investigação do acidente aéreo que vitimou o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Hein, hein, cumpade?

  12. O que foi dito sobre JK é

    O que foi dito sobre JK é verdade, ele se comportou, no referido episódio, como democrata. E foi um verdadeiro democrata em quase toda sua carreira política. Quase toda. Houve um episódio em específico, porém, em que o político moderado e honesto JK, em um momento decisivo, deu lugar a um JK omisso, traidor, cúmplice dos golpistas, acreditando que assim seus próprios interesses seriam preservados. No momento do golpe contra Jango, JK era senador da República, um ex-presidente com grande possibilidade de futuro político (liderava com margem considerável as sondagens para as presidenciais de 1965). Era odiado pela UDN e pela direita, porque, mesmo estando longe de ser um socialista ou coisa do tipo e não era exatemente nem progressista nem esquerdista, o centrista JK era uma barreira às pretensões da direita brasileira de então.

    Entrementes, Jango e seus correligionários do PTB que lhe eram fiéis ficaram se equilibrando, desde o retorno do presidencialismo, entre o centrismo e as pautas da esquerda. Depois de um ano de hesitações, Jango anunciou, com ações e palavras, a guinada de seu governo à esquerda. Jango era muito popular, mais do que nenhum político então. Ele foi vice-presidente eleito duas vezes, sendo que em ambas as oportunidades venceu com mais votos que o candidato vencedor a presidente. Era identificado pela população como o herdeiro único e legítimo de Vargas, seu sucessor na defesa da soberania nacional e do direito dos mais pobres. Jango foi, ademais, o grande vencedor do pleibicito sobre a forma de governo. Pesquisas indicavam que se Jango mudasse a constituição e se candidatasse eventualmente a uma reeleição, Jango seria o favorito, e não JK. Era o único cenário em que JK não venceria. Evidentemente, Jango sempre foi um democrata coerente e jamais deu nenhum indício que cogitasse a possibilidade de mudar a constituição em proveito próprio. E mesmo que se aventurasse nisso, ele não detinha maioria no Congresso para mudar a Constituição. Isso de mudar a Constituição para criar o instituto da reeleição em proveito próprio é coisa de tucano malandro, é coisa de golpista, não de democratas do tipo que Jango era. De toda maneira, Jango com suas reformas e sua opções nacionalistas, estava mais preocupado com o legado que ia deixar para o seu sucessor. Tratava-se de um Estado social brasileiro nascente. Provavelmente, tendo êxito o reformismo de Jango, uma candidatura à esquerda teria chance de vitória. Brizola era um nome forte, embora houvesse a séria dúvida se ele poderia ser candidato por ser cunhado do presidente. Havia outros nomes à esquerda, Arraes, por exemplo, entre outros. Outro cenário possível era que a eminência de uma vitória de um candidato esquerdista apoiado por Jango em 1965 pudesse criar um maniqueísmo em que o único adversário competitvo contra o candidato governista seria um candidato de direita. Tanto no cenário em que a esquerda se fortalece como no cenário em que esquerda e direita se duelam, a candidatura de JK, um centrista detestado e odiado pela direita e que se tornou um adversário da esquerda, estaria fora do jogo. Foi assim que, política e estrategicamente, o golpe de 1964 foi muito conveniente a JK. Sem as reformas de Jango e sem o apoio de Jango e a máquina do PTB, não haveria candidatura à esquerda competitva; JK continuaria favorito absoluto. Nas semanas que antecederam ao golpe, JK, consciente do que poderia acontecer, não usou de sua amizade com Jango para advertir o presidente sobre o que aconteceria; não usou sua liderança no PSD para barrar o golpe; não usou seu prestígio internacional e entre amplos setores da sociedade brasileira para desarticular o golpe. Optou pela omissão. E pagou caro. Uma vez exilados Jango e Brizola, estando Arraes preso, e todos os políticos de esquerda “subversivos” de destaque nacional presos, exilados ou cassados, JK se tornou o inimigo número 1 dos golpistas. 

    Nesse história, quem foi democrata e talvez ingênuo por isso foi Jango. Foi Jango que respeitou Castelo Branco, mesmo sabendo que politicamente eram antagônicos. Jango tinha respeito pelas instituições e prezava pelos militares. Foi Jango quem escolheu Castelo Branco para ser chefe do Estado maior do Exército.

    A lição que retenho é que o pior erro é o de omissão. Foi este, a meu ver, o grande erro de JK e que macula a história desse grande democrata e estadista, mas que, em uma série de atos dominados pelo egoísmo em um momento decisivo, cedeu à traição e se tornou cúmplice daqueles que pouco tempo depois arruinaram sua vida e o país que JK buscou construir.

  13. isso define o que é ser um idiota

    esse tipo de idiotice é a cara da IDIOTA DA DILMA QUE NOMEU TODOS OS GOLPISTAS. e ainda deu ao canalha do Temer a linha de sucessão. aqui no Rio Grande do Norte, o deputado Henrique Eduardo Alves chafurdou no poder, sempre trazendo nas costas um homem  visceralmente anti Lula e anti PT, seu primo Garibaldi Alves como presidente do senado e depois como ministro. malandro é malandro. mané é mané

  14. E ……………….

    ” ………o Exercito americano hoje é voluntario,… ” 

    Quando se fala em guerra fria, vem logo oo AA dizendo que ela findou em mais de 30 anos.

    Bom, não podemos discordar, mas tb não podemos ser omisso em não dizer que os tempos são outros e que os métodos foram drasticamente aprimorados.

    Se não existe mais a guerra fria, algo de muito mais aperfeiçoado a substituiu!!!! É só analisar os fatos, as intervenções feitas pelo império do norte e veremos que tais métodos continuam a serem postos em prática, e alguns, para meu descontentamento, muito eficazes. Vide o artigo – ” 

    Pepe Escobar: Brasil e Rússia estão sob ataque da “Guerra Híbrida”

    Em seu mais recente artigo, o analista de geopolítica internacional Pepe Escobar analisa o atual cenário político do Brasil à luz da influência externa sobre o país. Para ele, tanto o Brasil, como a Rússia, estão sob ataque do que o autor chama de ‘Guerra Híbrida’, uma mistura de ‘revolução colorida’ com ‘guerra não-convencional.”

    Assim, fica o registro para ser contestado, mais com argumentos convincentes, senão nem lerei!

    Rebato tb – ” … o Exercito americano hoje é voluntario”, (por favor corrija – norte-americano), voluntário e tb mercenário, diga-se!!!!!!!!!!!!!

    Leiam mais em  – www.swissinfo.ch/por/100-bilhões_mercenários–um…/35026812   

     

  15. Dois personagens que se tivessem prosseguido na vida política do Brasil, hoje a Democracia no Ocidente seria outra, com a nossa hegemonia ! JK e Lott. Mas não demos essa sorte, essa decisão JUSTA, DO PASSADO converteu-se numa desgraça futura que perduraria por 21 anos. Pode-se também acrescentar ao diálogo em foco a frase proferida pelo Senador Vitorino Freire (PSD do Maranhão) logo após JK ter dado seu voto a Castelo na votação indireta para Presidente em abril de 64: “Vais pagar caro por esse voto, Juselino”- profecia desgraçada! Castelo Branco era realmente COMPETENTE E INTEGRO como dissera LOTT, ERA VERDADE, MAS ERA VINGATIVO!

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