Juíza libera bloco de Carnaval paulistano que faz homenagem a torturadores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Bloco fascista celebra o torturador e membro do Esquadrão da Morte, Sergio Paranhos Fleury, e o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra
 

Do Jornalistas Livres

Em decisão que acaba de ser divulgada, a juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, da 39ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, liberou a propaganda, divulgação e o desfile do Bloco de Carnaval denominado “Porões do Dops”, patrocinado pelo grupo ultraconservador Direita São Paulo.

Veja AQUI a decisão da juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição

Com estréia marcada para o próximo dia 10 de fevereiro, o Bloco celebra a prática de tortura do período militar, enaltecendo e homenageando gente como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o policial Sergio Paranhos Fleury, sinistros assassinos e torturadores que fizeram centenas de vítimas durante a Ditadura Militar.

Os cartazes de divulgação do Bloco Carnavalesco estão aí em cima, e trazem imagens dos dois torturadores. O nome “Porões do Dops” refere-se às câmaras de suplícios clandestinas, instaladas nos Departamentos de Ordem Política e Social (Dops), para onde eram levados adversários da Ditadura.

Com sua decisão, a juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição junta-se aos seus colegas de toga que vêm cobrindo o Judiciário de vergonha. Motivos não faltam:

  1. Daniela diz que “Conceder a liminar, tal como pleiteado, seria suprimir e ainda invadir a esfera essencial de proteção dos direitos fundamentais, notadamente da liberdade de expressão e de pensamento.”

Nãããããão, cara juíza! Não há liberdade de expressão e de pensamento que autorize o incitamento a crimes, o desrespeito às vítimas da Ditadura, a chacota com a dor e o sofrimento indizíveis. Imagine-se um bloco carnavalesco que resolvesse “brincar” com a temática da pedofilia, ou do racismo, ou do feminicídio, ilustrando sua propaganda com retratos de predadores de crianças, negros e mulheres —e enaltecendo-os!

Pela lógica da triste juíza, nada se poderia fazer nesses casos, em nome da “liberdade de expressão”.

  1. O que já está ruim, fica muito pior, quando a juíza expõe seus parcos conhecimentos de história. Diz ela: “Já a nomeação do bloco, por si só, não configura exaltação à época de exceção ou das pessoas lá indicadas que, sequer, foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial, em razão da posterior promulgação da Lei da Anistia (que teve como finalidade buscar a paz social, a segurança jurídica o convívio plural entre os iguais), a qual posteriormente foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, para reconhecer sua aplicação não apenas aos opositores ao regime da época, como também aos opressores.”

Nãããããããão, doutora Daniela! A Lei da Anistia de fato tentou passar um pano nas responsabilidades de agentes civis e militares sobre a brutal repressão aos opositores do Regime Militar. Mas daí a dizer que Brilhante Ustra ou Fleury nem “sequer foram reconhecidos judicialmente como autores de crimes” vai uma longa distância. A senhora deveria saber que Brilhante Ustra foi inclusive condenado em 2008 por decisão do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo,tornando-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por seqüestro e tortura durante o regime militar (1964-1985).

Depois disso, houve o Relatório da Comissão Nacional da Verdade, cuja leitura os Jornalistas Livresrecomendam fortemente à senhora, para evitar mais vergonhas neste campo.

  1. Por fim, doutora, a senhora diz a certa altura em sua decisão:
    “A meu sentir, conceder a tutela antecipatória além de violar a isonomia material, porque muitas pessoas também se manifestarão de diversas maneiras no período do Carnaval, e por óbvio haverão abusos na liberdade de expressão e pensamento, cabe ao Poder Judiciário, como ente Estatal manter e preservar pelo menos o conteúdo essencial dos direitos fundamentais.”

Nããããããããão, doutora! Além de graves problemas de pontuação, a senhora perpetrou um grave atentato contra a Língua Portuguesa. O verbo haver no sentido de existir ou ocorrer, é considerado impessoal, ou seja, não tem sujeito. Assim, em vez de “haverão abusos”, o correto é “haverá abusos”. Da mesma forma que “haverá juízes melhores”. Entendeu?

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

17 Comentários

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  1. Magistrados covardões em peso
    Magistrados covardões em peso no bloco fascista….Carmem Lúcia a rainha fantasiada de Beto Carrero o vampirāo, quer dizer, com tanta semelhança, fantasia pra que…

  2. É a banalização do mal…

    É a banalização do mal. É o nazismo em estado bruto. Qualquer um que participe desses blocos são verdadeiros monstros bestializados.

  3. Pesssoas ignorantes acreditam

    Pesssoas ignorantes acreditam que carnaval é época para se cometer todo tipo de bestialidade.

    Terão na vida, um curriculum de porre carnavalesco.

    porre

    1.estado de bêbedo; bebedeira, embriaguez.

     

  4. agora sim vai ficar divertido !!!

    as galinhas verdes farão novas revoadas

     

    Membro de grupo que faz apologia à tortura apanha e reclama nas redes

    03 de fevereiro de 2018 18  0  Facebook Twitter 

    O grupo Antifa’s reivindicou a agressão: “O recado está dado, não importa onde vocês estão, nenhum movimento Fascista irá ganhar espaço no Brasil”

    Da Redação

    Membro do grupo Direita São Paulo, reconhecido como Jonas, foi agredido na porta de local onde acontecia a palestra “O que foi o regime militar”, na tarde deste sábado, em São Paulo.

    O grupo Antifa’s, de inspiração no grupo homônimo americano, reivindicou a agressão e postou nas redes: “O recado está dado, não importa onde vocês estão, nenhum movimento Fascista irá ganhar espaço no Brasil”.

    Douglas Garcia, que se autodenomina o autor do bloco “Porões do Dops”, correu em defesa do rapaz supostamente agredido em um post na sua conta do Facebook.

    Com estreia marcada para o próximo dia 10 de fevereiro, o Bloco celebra a prática de tortura do período militar, enaltecendo e homenageando gente como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o policial Sergio Paranhos Fleury, assassinos e torturadores que fizeram centenas de vítimas durante a Ditadura Militar.

    A juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, da 39ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, liberou a propaganda, divulgação e o desfile do Bloco de Carnaval.

    O post de Douglas é seguido por vários outros, repletos de impropérios, palavrões e xingamentos.

    AGREDIR OS MEUS?

    QUEM FEZ ESSE BLOCO FOI EU! É AUTORIA MINHA!!! AGREDIRAM UM DOS MEMBROS DO DIREITA SÃO PAULO!

    Jonas foi agredido em frente a sede do DSP onde ocorria palestra sobre O Que Foi o Regime Militar.

    Bando de filhos da puta! Quem é a porra dos intolerantes? O autor do evento Bloco Porão do DOPS sou EU, PORRA!!! VENHAM ATRÁS DE MIM!

    Deixem os meus em paz.

    Jonas foi atacado com spray de pimenta nos olhos e recebeu uma pancada na cabeça. Está sangrando bastante… Vamos levá-los ao hospital. Precisamos de ajuda aqui para levar os nossos até a estação de metrô.

    Covardes do caralho!!! Atacaram em grupo e ainda com spray de pimenta!!!

    Vocês não vão nos calar!!! O Bloco vai acontecer.

     

     

  5. isso é organização de

    isso é organização de milícia.. estão até fazendo chamadas no Google, etc.. receberam autorização para organizar a milícia..

  6. A CF proibe organizaçőes e partidos nazi
    A CF proibe organizaçőes e partidos nazi fascistas…nunca imaginei existir magistrada tão leiga e que nem sabe escrever…como será que ela conseguiu ser aprovada no concurso…não deve saber nadica de nada de lei e por isso permite esse evento de apologia ao crime e a tortura…a bizarra juristocrata Dona Carmem Beto Carrero ainda quer respeito a “justissa”…ta bom

  7. Caraca ! Aqui no Rio não tem
    Caraca ! Aqui no Rio não tem essa palhaçada de bloco de direta.

    Se aparecer, os caras vão tomar tanta porrada, tanto tapa na orelha que vão vazar rapidinho. Vão meter o pé.

    Putz ! Vou te contar, em SP aparece cada coisas . É brincadeira !

  8. “Este é um país que vai pra frente”…
    Nassif, embora só um “Xadrez do Xadrez” teu possa avaliar corretamente os prós, contras e desdobramentos dessa sentença macabra, como ex-hóspede desse porão não posso me furtar ao dever de observar:
    1 . Se a premissa da magistrada pega, em breve teremos a apologia dos campos de concentração da 2ª Guerra Mundial, bem como um revival nostálgico das bombas atômicas que dizimaram Hiroshima e Nagasaki, sob o pretexto de não se poder limitar a liberdade de expressão;
    2 . O propalado confronto entre o auto-denominado grupo Antifa’s e o grupo Direita São Paulo – responsável pelo bloco “Porão do Dops” -, retratado num post abaixo, em que o suposto agrupamento de esquerda utiliza uma arma privativa das Forças Armadas e Policiais, o gás de pimenta, para agredir militante uniformizado do “Direita São Paulo” – se enquadra como luva na previsão de que, face às previsões eleitorais mais recentes demonstrarem a invencibilidade de Lula na eleição deste ano, o jeito é cancelar esta última, imputando ao PT a utilização de armamento militar para agredir jovens direitistas desarmados e indefesos;
    3 . Face à crescente onda de indignação contra as regalias e mordomias moralmente indefensáveis dos membros do Judiciário brasileiro, estes podem antecipar a prisão de Lula como chefe de facção guerrilheira, que se antes se limitava a brandir holerites à porta das fábricas em processo de renegociação salarial, agora deve ser proscrita como ameaça à democracia brasileira.
    4 . Como o ano só começa depois do Carnaval no Brasil, este 2018 pode nascer natimorto, uma vez que sua continuidade não interessa mais ao mantenedor do até agora silente Tribunal de Justiça de São Paulo, o Governo Alckmin e seus recordes de rejeição popular, assim como ao Governo Michel Temer, agora às voltas com a nomeação de ministra do Trabalho acusada de desrespeito às leis trabalhistas e suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas.
    Para tanto, já que Sérgio Paranhos Fleury e Brilhante Ustra serão celebrados e festejados, só falta recriar-se seu filho pródigo, o DOI-CODI, para reinstaurar-se o regime ideal para – como dizia a velha marchinha publicitária lançada em carnavais dos anos sessenta do século passado – este “país que vai pra frente”. Qual seja, uma “democracia coercitiva” à moda paulista…

  9. Membro do bloco “Porões do

    Membro do bloco “Porões do Dops” que faz apologia à tortura sofre agressão e vai reclamar na web. Grupo denominado “Antifa’s” reinvidicou autoria da agressão. Estamos virando um país de fundamentalistas. Clique AQUI.

    A história parece com aquele caso dos panacas que foram à Paulista pedir intervenção militar. Ela veio rápida e os idiotas começaram a reclamar “da falta de liberdade”.  

    [video:https://youtu.be/rK4W3ONWp7c%5D

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