Justiça italiana condena militares e ex-presidentes da Operação Condor

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Operação Condor
 
Jornal GGN – A Justiça italiana condenou oito ex-presidentes e militares da América do Sul que atuaram na Operação Condor à prisão perpétua por assassinatos durante as ditaduras. É a primeira sentença de um país europeu contra a frente erguida entre os regimes militares sul-americanos.
 
Entre os condenados estão o ex-presidente da Bolívia Luis García Meda Tejada (1980-1981), o general boliviano Luis Arce Gómez, o ex-chanceler uruguaio Juan Carlos Blanco, o ex-presidente do Peru Francisco Rafael Bermúdez Cerruti (1975-1980), o ex-chefe dos serviços secretos peruano Luis Figueroa e o coronel peruano Pedro Richter Prada, o comandante militar do Chile Hernán Jerónimo Ramirez e o ex-oficial da artilharia chileno Rafael Ahumada Valderrama.
 
A ação partiu de familiares dos opositores políticos, vítimas dos sequestros, assassinatos e desaparecimentos. Diante da falta de respostas nos países da América do Sul, essas famílias levaram o caso à Roma, há 17 anos. A medida foi justificada porque parte dessas vítimas tinham dupla nacionalidade, então cidadãos italianos.
 
Com a investigação, o Ministério Público da Itália acusou 33 militares pela morte de 25 pessoas. Seis deles eram argentinos, outros quatro chilenos e mais 14 uruguaios. Além deles, outras 20 vítimas uruguaias foram assassinadas por Jorge Nestor Troccoli. Apesar de viver na Itália, o ex-militar, contudo, foi absolvido do processo.
 
Ainda, com o passar dos anos, alguns acusados já morreram, reduzindo para 27 pessoas denunciadas. Entre os que faleceram estava o tenente-general Gregorio Alvarez, presidente do Uruguai entre 1981 e 1985.
 
Em fevereiro, a Justiça italiana deve começar o julgamento de quatro brasileiros acusados de participação, durante a ditadura do regime militar no Brasil, no sequestro e morte do argentino Lorenzo Viñas, também com nacionalidade italiana. Marco Aurélio da Silva Reis, João Osvaldo Leivas Job, Carlos Alberto Ponzi e Átila Rohrsetzer eram funcionários do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), do Serviço Nacional de Informações (SNI) e da Secretaria de Segurança.
 
A juíza Evelina Canale anunciou a sentença nesta terça-feira (17), condenando-os à prisão perpétua. Outros militares foram absolvidos. Todos os condenados poderão recorrer da decisão. 
 
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Julgamentos

    Só o Brasil não questiona a ditadura, não julga, não acusa. Por isso estamos ainda vivendo um sistema legal que faz água por todos os lados.

    Tristes Trópicos, os brasileiros.

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