Militares preparam resposta à Comissão da Verdade para falta de cooperação

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – A Comissão Nacional da Verdade entrega nesta quarta-feira (10) o relatório final dos trabalhos, e a expectativa, levando em conta todo o processo de investigação, é de que os membros da CNV endossem as críticas ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas, principalmente, por falta de cooperação.

O jornal O Globo publicou nesta segunda-feira (8) que os militares estão se antecipando ao movimento da CNV. Eles elaboraram uma lista na qual apontam o volume de demandas que foram atendidas a pedido da Comissão.

“Nessa relação, a qual O Globo teve acesso, as Forças Armadas citam o encaminhamento de 151 fichas de alteração de oficiais que atuaram na época em unidades do Exército, várias delas de repressão. Uma dessas fichas – em que constam dados da carreira do militar, promoções e por onde passou – ajudou a demonstrar o envolvimento do coronel José Antônio Nogueira Belham na morte do deputado Rubens Paiva”, escreveu o jornal.


O Ministério da Defesa argumenta que atendeu a mais de 63 requisições de documentos solicitados pela CNV, incluindo pedidos como acesso a “microfilmes de documentos militares, nomes de oficiais responsáveis pela guarda de documentos, critérios para classificação de documentos e informações sobre pessoas desaparecidas”. A Pasta ainda lembrou que liberou amplo acesso de membros da Comissão às instalações militares onde funcionaram centros de tortura e prisões.

Responsabilização

Em entrevista recente ao jornalista Fernando Rodrigues (UOL), o coordenador da CNV Pedro Dallari disse que a entrega do relatório final impulsionará um debate histórico sobre a responsabilização dos agentes envolvidos em crimes praticados durante a ditadura militar.
Segundo ele, as instâncias competentes poderão reacender o debater em torno da revisão da Lei da Anistia.

Leia mais: Responsabilização por crimes na ditadura provocará discussão sobre Lei da Anistia

Os trabalhos da CNV também foram marcado por inúmeras manifestações solicitando que os militares fizessem um “mea culpa” perante o que aconteceu após o golpe de 1964. Os comandos resistem, sob proteção do próprio ministro Celso Amorim. Ele argumenta que os militares de hoje não se sentem obrigados a responder por erros de agentes do passado.

O relatório da Comissão da Verdade será divulgado no dia 10 em solenidade no Palácio do Planalto. O evento ocorrerá no Dia Mundial dos Direitos Humanos. Após o encontro, será feita uma apresentação pública do documento na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Que debate histórico, cara-pálida?

    O Sr Dallari está delirando, se realmente acredita que haverá algum “debate histórico” no país, em torno da pretendida revogação da Lei da Anistia. Se ainda não percebeu, a esmagadora maioria da sociedade rejeita a agenda antimilitar, revanchista e movida a ressentimentos, proposta pelos setores ideológicos que ele representa. E, como profissional do Direito, ele deve saber que o STF não pretende rever a questão, como deixou claro o ministro Marco Aurélio Mello, em entrevista ao “Estadão”.

    Por outro lado, se agir com o necessário bom senso em relação ao assunto, a presidente Dilma deve agradecer os membros da CNV, pelos relevantes serviços prestados à memória nacional, condecorá-los com alguma medalha, como a Ordem do Mérito de Segunda Classe, disponibilizar o relatório final da comissão na internet e virar a página. O país, às voltas com uma pletora de problemas realmente sérios, agradeceria penhorado.

  2. Os militares brasileiros

    Os militares brasileiros deram um golpe de estado a soldo da CIA, torturaram e mataram brasileiros que defenderam a legalidade do regime constitucional da  CF/1946 e ainda querem entrar para a História do Brasil como patriotas e heróis. Na boa mano… estes filhos da puta tinham que se ajoelhar em frente do Congresso e pedir perdão ao povo brasileiro. Mas como eles ainda não fizeram isto, se depender de mim eles não ganharão medalhas e sim tiros de metralhadora nos anus. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador