A ação de governos na América Latina

Um dos pilares de apoio da velha mídia em sua ação permanente na negação e, agora, desconstrução do Governo Lula, é a insistência na versão segundo a qual FHC preparou e semeou a economia, e Lula colheu os frutos da bonança internacional. 

Entre os fatos que comprovariam esta “verdade”, está o crescimento econômico de todos os “emergentes” e, principalmente, de toda a América Latina. Como para a nossa imprensa, apenas a “conjuntura internacional” poderia explicar qualquer ciclo virtuoso ao sul do equador, esta seria uma das “provas” de o governo brasileiro dos últimos oito anos, e demais cucarachos, terem apenas surfado a onda do crescimento chinês.

A ONU derrubou este pilar.

Da BBC Brasil

ONU atribui a ação de governos crescimento da América Latina em 2010

AsmeAs medidas de estímulo adotadas por governos da América Latina e do Caribe estão entre as principais razões da forte expansão econômica da região em 2010, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pela Unctad, conferência das Nações Unidas para o comércio e o desenvolvimento.

Os países da região cresceram, em média, 5,6% no ano passado, resultado considerado “excepcional” após a retração registrada em 2009, de 2,1%, em função da crise financeira internacional.

A recuperação foi ainda mais forte na região da América do Sul, onde o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,3% no ano passado.

Segundo o estudo, as medidas de estímulo adotadas por governos locais, em resposta à turbulência econômica, têm sido um “fator importante” na recuperação.

Dentre as medidas adotadas pelos governos estão a redução das taxas de juros, o aumento de salários acima da inflação e os subsídios governamentais.

Desemprego

“As medidas ajudaram a restaurar a confiança e a fortalecer a demanda doméstica ao longo de 2010”, diz o texto.

Uma das consequências mais positivas da recuperação, segundo a Unctad, tem sido a redução do desemprego.

De acordo com o estudo, o nível de desemprego na América Latina e Caribe caiu de 8,2% em 2009 para 7,8% no ano passado.

A partir de 2011, no entanto, a expectativa é de que os estímulos adotados pelos governos sejam “moderados”, de acordo com a Unctad, reduzindo o crescimento econômico da região para 4,1% neste ano e para 4,3% em 2012.

Na América do Sul, o crescimento deve cair para 4,5% este ano, prevê o órgão da ONU.

Riscos

Segundo o órgão da ONU, a região da América Latina e do Caribe deverá enfrentar alguns riscos econômicos nos próximos anos, sejam eles internos ou de origem externa.

O estudo destaca a ampliação dos deficits em contas correntes, rubrica que reflete as transações dos países com o exterior.

Enquanto em 2010 essas contas foram beneficiadas pelo preço das commodities, que impulsionaram as exportações, a tendência para 2011 é de “redução do ritmo” das vendas no mercado internacional, em função da valorização de moedas de alguns países da região.

México e América Central deverão ser os mais afetados por essa valorização, em função da forte dependência de suas economias em relação ao mercado americano, ainda em sérias dificuldades para estimular o consumo.

Quanto aos riscos domésticos, o relatório da ONU chama atenção para o perigo de “bolhas” de ativos, como no setor imobiliário, além da “falta de espaço” para a redução dos gastos governamentais na maioria dos países da região.

Países como Brasil, Chile e Peru têm aumentando suas taxas básicas de juros como forma de prevenir o surgimento de algumas bolhas de preços.

O estudo, no entanto, alerta que “taxas de juros mais elevadas poderiam atrair mais fluxos de capital, agravando a pressão sobre as taxas de câmbio”.

Luis Nassif

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