Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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A agricultura com Bolsonaro, por Rui Daher, em CartaCapital

Agricultura

A agricultura com Bolsonaro

por Rui Daher

em CartaCapital

Bem, os indicativos já estavam todos dados. Vista assim do alto ou com a lupa, era possível perceber o aparelhamento ideológico do capitão-reformado, que disso nunca passará, e seu gari econômico, Paulo Guedes. A escolha para a agropecuária brasileira prometia manter os mesmos inconvenientes e privilégios do passado.

Mas, confessemos, há nisso algumas considerações pregressas, de nossa lavra, ainda que as pensemos menos graves. Não são, pois de moto próprio ao relativizar a força do Acordo Secular de Elites.

 

Começa no relativo abandono da deposta presidente, Dilma Rousseff, aos movimentos sociais reivindicatórios dos campos rurais. Abdicou de programas de apoio à agricultura familiar em favor de campeões de “nada além de um minuto ou de ilusões neoliberais”. Pensava assim manter o mandato até o ponto Joaquim Levy, sem imaginar o quanto eles são farinha do mesmo saco.

Continuou-se no pós-golpe. A ilegitimidade de Temer aprofundou o desastre ao descaracterizar o Desenvolvimento Agrário, como ministério autônomo. Passou-se a trabalhar, sob lobby ruralista e das multinacionais, em incursões para afrouxamento da venda de terras a estrangeiros, liberar agrotóxicos fora dos controles sanitários, inação do ministério do Trabalho em tratamentos patronais escravos, demarcação de terras indígenas e quilombolas sem intervenções de INCRA e FUNAI.

Para fora, baixavam-se calçolas em retrocessos nos acordos mundiais de preservação ambiental, postergados pela camarilha atual de raposas velhas para efetivação pela matilha de lobos que chegava.

Rapidamente. Basta verificar o mapa de votação das últimas eleições. Por que uma região céu de azul-anil e outra vermelha? Porque a última sabe de onde o sangue escorrerá.

Um senão: burros, inabilitados, vaidosos, donos de forças armadas pífias, quando comparadas à nossa extensão territorial e potencial de riqueza, os parvos costumam não acreditar que fora de seus umbigos existe uma correlação plena de diversidades e interesses, completamente à par das tendências políticas, econômicas, sociais e tecnológicas atuais, que estão vendo o Brasil de Moro, Guedes e Bolsonaro, como uma grande regressão oportunista e risível.

Não mexendo com a China em sua enviesada política, se darão bem por algum tempo. Não muito. Tendências direitistas nas Américas do Sul e Central não são mais bem-vistas como no passado. As hostilidades prometidas contra Venezuela e Cuba não serão toleradas na comunidade internacional, e muito a menos pela China em sua volúpia de conquistas. Vide a reação da ONU à oportunista, injusta e sem provas prisão de Lula, hoje em dia explícita na cínica indicação de Sérgio “Premiado” Moro.

Tecnologicamente, vivo afirmando que, em proporção, pouco evoluiremos sobre EUA, Argentina e, mesmo certas regiões do continente africano. A China mapeia e cadastra clientes atuais e futuros, como presas fáceis do neoimperialismo. Mas, isto, é assunto futuro livro: “Agricultura sem nome”.

Quem for pobre e votou 17 espere nada, pois, de Bolsonaro, campo ou cidade. Hoje em dia, o golpe engendrado, a partir de 2013, quando um movimento de ruas claramente cooptado pela direita e extrema ingenuidade nossa, reificou os interesses dos mais ricos. Nada além.

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

6 Comentários

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  1. Desculpe, Ruy,

    Desculpe, Ruy, intromissão

    Peço aos administradores do blog ou a alguém aqui que possa me ajudar.
    Como faço para me descadastra do blog?
    Tá parecendo feicebuk, tvacabo …
    Não acho essa opção em lugar nenhum,
    Enviei e-mail pelo brasilianas, nehum retorno
    não há telefone …
    Quero retirar meus dados do cadastro
    Por favor, coisa tão simples, posso estar meio burro, mas não consigo sair do cadastro

    Desculpem, comentaristas

  2. A posição do Agro é Pop nas presidenciais 2018

    O segmento do agronegócio endossou, no primeiro turno, o candidato do Partido Novo, Amoedo, tendo, inclusive, um de seus como o vice da chapa – Christian Lohbauer, professor de relações interncionais, conselheiro da ABAG e ex-VP de Assuntos Corporativos da Bayer no Brasil. A saber que o segmento inclui a associação dos grandes produtores, os executivos “das tradings”e “das multis”, assim como as diversas associações corporativas e os variados sindicatos patronais.

    Por uma questão de alinhamento de discursos, o segundo turno foi Bolsonaro. Trata-se de um fato não surpreendente, na medida em que o discurso do dito “Partido Novo” é, na agenda de interesses do segmento, muito mais alinhada ao candidato vencedor (embora no período de Lula, nunca antes na história deste país se tenha dado tanto crédito para esse segmento), para não entrar no tradicional conservadorismo inerente ao setor. 

     

    A voz do agro já presente antes da posse:

    O própio recuo de Bolsonaro em fundir o MAPA com o Ministério do Meio Ambiente face ao “posicionamento do próprio agronegócio”, já é um aperitivo de o quanto este segmento pode ter neste novo governo. Certamente, o agora “pega mais leve” com os chineses e o “esfriamento” da maluquice de transferir a nossa embaixada de Tel Aviv para Jerusalém tem o peso da voz do Agro é Pop.

    Next: Saber agora quem será o comandante da pasta (ou quem o Agro sugeriu?…)

     

     

     

    1. Eden SP,

      os fundamentos estão todos aí e serão continuados, até ampliados. Meu texto de hoje, em CartaCapital, que aqui publicarei amanhã poderá ajudá-lo.

      Abraços

  3. ATÉ TU, BRUTUS?!

    Shakespeare retratou brilhantemente em ‘Julio César’ o que é ser apunhalado pelas costas. Tamanha incoerência do Personagem em pensar estar debatendo entre Iguais. Só percebeu o erro na tragédia. Mas falando em Agropecuária, gostaria de falar aos meus Conterrâneos Brasileiros, que o estado do Mato Grosso tem território semelhante ao da Alemanha e França, juntos. Estes dois países tem População de 150 milhões de Habitantes. O Mato Grosso tem população de menos de três milhões e meio de habitantes. População menor que certos bairros da cidade de São Paulo como São Miguel ou Santo Amaro. Alemanha e França nem de perto ou conjuntamente tem as terras férteis do MT. Nem a topografia, nem o Sol, nem as águas,… Sozinho, este único estado brasileiro poderia alimentar e sustentar todo restante do Brasil. Estamos falando apenas de um estado. E em 2018, estamos ainda, nas infindáveis vitimização e fatalismo, plantados e cultvados nestes 88 anos, falando em pobreza? Em analfabetismo? Em desemprego? Em fome? Em atraso? Em falta de terras para o trabalho? Em falta de urbanização? Em falta de moradias?  O Mato Grosso ( e somente o MT) tem 4 vezes o território de São Paulo com menos de 8% da sua população. Se chegamos, Medíocres até 2018, é porque Medíocres permitimos que nos trouxessem até aqui. E mais nada. O pesadelo é obra da nossa imaginação. abs. 

    1. Zé Sérgio,

      não entendi, você nega o Brasil ser um país onde há muito miséria, louva a capacidade de alemães e franceses farerem mais com muito menos, ou apenas critica nossos gestores nos últimos cem anos?

      Abraços

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