A armadilha da liquidez, por Rodrigo Zeidan

Em artigo, economista diz que BNDES deveria assumir os riscos de crédito para emprestar capital a pequenas e médias empresas

Jornal GGN – Embora o Banco Central tenha liberado mais de R$ 1 trilhão para o sistema financeiro, esse dinheiro segue parado nos cofres das instituições devido ao aumento do risco de pequenas e médias empresas (PMEs), uma vez que não se sabe ao certo quais empresas estarão em pé após a crise do coronavírus.

“Assim, os bancos, para não contaminar seus balanços com créditos ruins, simplesmente sentam em cima dessa montanha de dinheiro. Os critérios de concessão de crédito ficaram mais restritivos”, explica Rodrigo Zeidan, doutor em economia pela UFRJ e professor da New York University Shanghai (China) e da Fundação Dom Cabral, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

Zeidan explica que a economia brasileira está presa na chamada armadilha de liquidez – que ocorre quando o sistema financeiro trava no momento em que mais se precisa de crédito. Para que isso se resolva, o economista lista três alternativas: “criar novas regulações para punir bancos privados que segurem crédito, mandar algum banco público assumir mais riscos (BB, Caixa ou BNDES) ou dar mais poderes ao Banco Central”.

O economista diz que a melhor alternativa seria o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) assumir mais de 50% dos riscos dos empréstimos para PMEs, por exemplo, e com garantia do Tesouro Nacional, uma vez que essa instituição tem relacionamento com os bancos públicos e privados.

“Não é para sair nada perfeito, mas uma solução para o empoçamento de crédito tem que vir logo. O cenário de incerteza é mortal, com o presidente dizendo uma coisa e seus ministros falando outra, enquanto alguns governadores mantêm uma quarentena mais forte e outros não”, diz o articulista.

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