A baixa qualidade do serviço das operadoras de celular

Do O Globo

Operadoras de celular estão no topo do ranking das reclamações

Na casa onde mora em Copacabana, Zona Sul do Rio, Douglas da Silva Conrado só consegue fazer ligações de seu TIM na sala. Nos outros cômodos não há sinal. No mês passado, o que era ruim ficou pior. Por 15 dias não conseguiu realizar chamadas ou acessar a internet do plano pós-pago. Em casa ou no trabalho, no Centro, não havia sinal. Foram duas semanas praticamente incomunicável, não fosse o serviço de mensagem SMS. Problemas com operadoras de telefonia móvel, como o de Conrado, multiplicam-se pelo país e colocam as empresas do setor entre as mais reclamadas nos rankings de órgãos de defesa do consumidor. Elas estão no topo da lista de setores com mais problemas no Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça. Foram 70.223 registros contra as operadoras no primeiro semestre deste ano.

No Procon-SP, Claro, TIM e Oi, punidas com a suspensão das vendas de novos planos pela Anatel , ocupam, respectivamente, o terceiro, o sexto e o 11 lugares do ranking geral de atendimentos, de janeiro até a última terça-feira. Juntas, somam 6.953 reclamações. A Vivo, segunda empresa mais reclamada, com 5.215 queixas, ficou de fora da ação da agência reguladora. No ano passado, 81% das intermediações feitas pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) estavam relacionadas às operadoras de telefonia móvel. Para a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, a suspensão resolverá apenas parte dos problemas:

— As reclamações vêm se acumulando desde a privatização do setor, nos anos 90, para só agora a Anatel agir. O governo precisa ser mais enérgico. Precisa impor metas de universalização e de investimentos às operadoras.

Juliana Pereira, secretária da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vê a atitude da Anatel como uma resposta às demandas dos consumidores:

— Quando a Anatel toma uma medida dessa envergadura está em consonância com a expectativa dos Procons e com o próprio papel da agência reguladora.

Juliana afirma, ainda, esperar que as empresas apresentem rapidamente um plano emergencial de melhoria de qualidade com resultados efetivos. A expectativa é compartilhada pelo diretor-executivo da Fundação Procon-SP, Paulo Arthur Góes:

— A qualidade do serviço deve melhorar porque só assim as empresas poderão voltar a atuar normalmente.

É o que quer Conrado, cujo serviço só foi restabelecido pela TIM depois de ele protocolar reclamação na Anatel. Em relação ao seu caso, a TIM informou lamentar o ocorrido e que todas as observações apontadas pelo consumidor serão utilizadas para aprimorar serviços e processos de atendimento.

Luis Nassif

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