A demissão de Adilson Primo, da Siemens

Aquilo deu (só) nisso

Do Estadão
Presidente da Siemens no Brasil é demitido, acusado de desviar dinheiro
Segundo fontes, Adilson Primo, que estava na Siemens havia 34 anos, teria desviado cerca de  7 milhões para uma conta pessoal na Europa em 2007
11 de outubro de 2011 | 23h 00

Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo

A gigante alemã Siemens surpreendeu o mercado nesta terça-feira, 11, ao anunciar a demissão do presidente da subsidiária brasileira, Adilson Primo. Em comunicado mundial, a empresa nomeou Paulo Ricardo Stark para o comando da unidade do Brasil e escancarou o motivo do afastamento de Primo.

Segundo a multinacional, após investigação interna, foi descoberta uma “grave contravenção das diretrizes da Siemens” envolvendo diretamente o executivo, que iniciou a carreira como trainee da empresa na sede na Alemanha. No mesmo local, 34 anos depois, Primo recebeu a notícia de sua demissão do presidente mundial, Peter Löscher, e encerrou sua história na empresa.

O executivo estava em Munique desde domingo para participar de uma convenção anual da Siemens, mas apenas foi informado da decisão na manhã desta terça. Primo não foi encontrado para rebater as acusações de supostas irregularidades. Até mesmo diretores próximos a ele não conseguiram contactá-lo até o fim da tarde.

Segundo fontes ligadas à empresa no Brasil, a grave contravenção destacada no comunicado da Siemens se refere a desvio de dinheiro da subsidiária para uma conta pessoal do executivo na Europa. As operações teriam ocorrido entre 2005 e 2006 e envolveriam a cifra de  7 milhões.

Após a descoberta de escândalos de pagamento de suborno a consultores em várias partes do mundo, a tradicional multinacional alemã decidiu implementar um rígido programa de ações preventivas contra corrupção em suas unidades. “A Siemens aplica o princípio de tolerância zero para os casos de contravenção de compliance. A empresa defende com convicção os negócios honestos – sempre e sem exceções”, destacou a companhia no comunicado.

Foi nesse pente fino que a suposta operação feita por Primo teria sido detectada e mais tarde comprovada por auditoria do escritório Debevoise & Plimpton.

Apesar disso, a contravenção continua sob investigação, mas pela decisão de ontem já há certeza de que alguma prática ilegal foi cometida na unidade brasileira. A notícia sobre a demissão teve anúncio praticamente simultâneo no mundo todo. Em cerca de três horas, o comunicado estava concluído para ser divulgado.

Surpresa. O afastamento de Primo e o suposto desvio de recursos da companhia pegou todo mundo de surpresa no mercado. Entre diretores de outras empresas que conheciam o executivo, a prática não condiz com a imagem criada por Primo durante sua carreira na Siemens. Nos últimos três anos, ele ganhou status no grupo por conseguir turbinar o desempenho da subsidiária brasileira acima do verificado por países como China e Índia.

Diante dos resultados positivos, foi fácil convencer o comando alemão a liberar recursos para novos investimentos no Brasil. Em cinco anos, Primo conseguiu abrir oito fábricas no País. “Tinha gente que achava que ele era tão bom a ponto de acreditar que poderia liderar a matriz na Alemanha”, afirmou uma fonte ligada à unidade nacional. No ano fiscal de 2010, a empresa alcançou faturamento de  1,8 bilhão e pedidos no total de  2,1 bilhões.

Depois de três décadas, Primo fazia planos para se aposentar. “Por isso mesmo foi espantoso saber dessa notícia”, disse o executivo de uma empresa do setor elétrico e eletrônico. Ele descreve o ex-presidente da Siemens como um homem extremamente educado, acima de qualquer suspeita. “Caí do cavalo.” Na unidade brasileira, ele era caracterizado pela liderança rígida e correta. Era firme e transparente. “Ia direto ao assunto sem ser deselegante.”

Segundo fontes, Paulo Ricardo Stark já estava sendo preparado para substituir Primo após sua aposentadoria. Com 42 anos de idade, ele iniciou sua trajetória na Siemens em 1988. Passou pela antiga Siemens Mobile e depois seguiu para o México e Alemanha, onde ocupou a diretoria de uma unidade de negócios do setor industrial. No ano passado, retornou ao Brasil, e agora assume o comando de cerca de 10 mil empregados.

Além de manter o desempenho positivo da subsidiária brasileira, Stark também terá a missão de apagar mais um escândalo que abala a imagem da companhia.
http://economia.estadao.com.br/noticias/neg%C3%B3cios,presidente-da-siem…

Do Estadão
Ministério Público investiga contratos da Siemens no País
Apuração em São Paulo mira possíveis irregularidades em obras no metrô

18 de dezembro de 2008 | 0h 00

Eduardo Reina – O Estadao de S.Paulo

O Ministério Público Estadual investiga quatro grandes contratos entre a Siemens e o governo paulista. Agora, com a descoberta da Justiça alemã de dois brasileiros envolvidos em suposto esquema de propina, informações serão solicitadas ao Tribunal de Munique. As apurações em São Paulo são sobre possíveis irregularidades em contratos de construção da Linha 5 (Lilás)e da Linha 3 (Verde) do Metrô e de estação da Linha 4 (Amarela), além de fornecimento de trens para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os contratos somam cerca de R$ 1 bilhão.

Os quatro procedimentos investigatórios estão, até agora, no campo da improbidade administrativa. O Ministério Público apura como foram efetuados reajustes de preço e se houve superfaturamento. A questão da propina, destacada na Alemanha, será uma nova etapa da investigação. “Vamos entrar em contato com a Justiça na Alemanha para trocar informações”, disse o promotor de Justiça e Cidadania, Antonio Celso Campos de Oliveira Farias, que investiga o contrato da Linha 5.

Farias aguarda que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) envie cópias do processo que analisou o contrato de construção da linha entre o Capão Redondo e o Largo Treze. O TCE julgou regulares os 11 reajustes do contrato da Linha 5. Um dos relatores do processo é Robson Marinho, também investigado pelo MPE por suposto envolvimento com a Alstom, empresa francesa envolvida em escândalo de pagamento de propina a políticos paulistas.

Contrato de consultoria firmado em 10 de abril de 2000, para projeto junto à CPTM, mostra uma triangulação de pagamentos entre a matriz da Siemens na Alemanha, a filial em São Paulo e um agente consultor em Montevidéu, Uruguai.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ministerio-publico-investiga…

Luis Nassif

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