A geopolítica do petróleo

Coluna de 17/08/2006

Esta semana, falei da geopolítica do gás. Vamos à do petróleo.

Nos próximos dez ou quinze anos, haverá grandes reestruturações e definições de projetos de grande porte no setor petrolífero na América Latina. Uma das questões estratégicas mais relevantes, é como ficará especificamente o mapa do petróleo.

O Brasil possui produção crescente e reservas relevantes em petróleo pesado; e produção crescente de refino de petróleo leve. Os dois outros grandes produtores do continente, a Venezuela e o México, também são grandes produtores de petróleo pesado, mas enfrentam problemas da estabilização ou declínios das reservas. Os demais países do continente têm ou produção ou reservas declinantes.

Numa visão de longo prazo, desenvolvida pela Petrobrás, o sistema de produção de petróleo na América do Sul passa por uma aproximação estratégica entre Brasil, Venezuela e México.

O grande problema inicial é que os três países é justamente serem grandes produtores de petróleo pesado, com preço crescentemente abaixo do petróleo leve -já chegou a 19 dólares o barril. O petróleo leve produz derivados cuja demanda de consumo aumenta, como diesel, gasolina, e GLP (gás liquefeito de petróleo). Já o petróleo pesado tem como subproduto o óleo combustível. A diferença de preço entre o diesel e o óleo chegou a 45 dólares o barril. Há a necessidade, então, de investimentos pesados em unidades de conversão de coque, para mudar a estrutura de refino.

Com o aumento da produção de gás natural na América Latina, haverá um deslocamento mais rápido do óleo combustível. E, com a ampliação da capacidade de refino para derivados leves, a América Latina deverá assumir uma importância crescente na geopolítica mundial do petróleo em um horizonte de dez anos – um quase nada, já que entre a descoberta e a exploração de um poço o prazo médio é de oito anos. Com as últimas descobertas, o Oriente Médio continuará dominando o mercado mundial de petróleo. Mas a América Latina, com 100 bilhões de barris de reservas, colou na Europa e na África.

E, aí, há diferenças fundamentais entre a Petrobrás, a venezuelana PEDEVESA e a mexicana Pemex. A Petrobrás atua fundamentalmente no mercado interno. Os investimentos são ligados ao preço internacional do petróleo, e parte dos custos também são internacionais. Mas a dependência do mercado interno impede o repasse das altas do petróleo para o consumo interno – faz parte da contrapartida pelo quase monopólio de que dispõe.

Em futuro breve a segurança energética mundial dependerá de dois fatores:

1. Da expansão das fontes n tradicionais de petróleo: águas profundas e áreas difíceis de produção. A Petrobrás é líder dessa tecnologia e, em breve, poderá chegar ao Golfo do México.

2. Da descoberta de alternativas entre os biocombustíveis. O Brasil é o único país do mundo com estrutura de distribuição e logística do álcool. Com o aumento massacrante de vendas dos carros com motores “fluex fuel”, em breve se resolverá um dos principais problemas do biocombustível, que é a paridade do álcool.

Habemus posição estratégica nos dois pontos.

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Luis Nassif

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